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VOZ DO COOP

Bovinos / Grãos / Máquinas Ajuda a manter preços em alta

Nem um Mato Grosso inteiro sacia a fome da China por carne bovina brasileira

Estado que mais produz carne bovina do Brasil não dá conta do apetite dos asiáticos. Esse é um dos fatores que devem manter preço da arroba em patamares elevados neste ano

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Arquivo/OP Rural

O estado de Mato Grosso possui o maior rebanho bovino de corte do país, chegando a quase 31 milhões de cabeças. É responsável por cerca de 450 a 500 mil abates de cabeças por mês. É também o que mais exporta. Mas nem mesmo o Estado que mais produz carne bovina no Brasil é capaz de alimentar o apetite chinês, que necessita de 600 mil carcaças todos os meses. Essa fome dos orientais, acrescida de outros fatores, como a alta do dólar, estimulando embarques para mais de 140 países, e a seca de 2020 que reduziu a disponibilidade de pastagens, pode explicar porque a arroba bovina saltou de R$ 200 para 300 em um ano e porque os preços devem permanecer nesses patamares ao longo de 2021.

O médico veterinário e diretor técnico da Associação dos Criadores de Mato Grosso (Acrimat), Francisco de Sales Manzi, explica que para entender a alta do preço da arroba é preciso analisar o cenário do ano passado sob vários aspectos. “Em 2020 tivemos uma redução no abate (450 mil cabeças a menos do que em 2019). Os preços pagos ao produtor pela indústria tiveram uma valorização expressiva, chegando a R$ 100,00 a mais por arroba no período compreendido entre janeiro de 2020 a janeiro de 2021. Para que ocorresse essa alta diversos foram os fatores. Um deles é o ciclo pecuário. Após um significativo abate de matrizes entre os anos de 2016 a 2019, houve valorização no preço dos bezerros, o que fez com que o produtor retivesse matrizes que concorriam com o boi na indústria. Outro é o aumento das exportações, não só para a China, nosso maior mercado, mas para mais de 140 países impulsionados pela alta dólar”, equaciona o diretor da Acrimat.

Com relação à China, esmiúça Manzin, “além da pandemia, houve aumento também em função da peste suína africana que praticamente dizimou o plantel de porcos daquele país. O que está acontecendo é praticamente uma mudança na fonte principal de proteína de suína para bovina para os chineses”.

Manzin menciona ainda a intensa seca de 2020 que “reduziu significativamente a disponibilidade de pastagens, diminuindo ainda mais a quantidade de animais prontos para o abate”. Ele explica que em MT a situação foi mais aguda porque o modelo de criação é basicamente a pasto. “Vale lembrar que 85% dos nossos animais são criados, recriados e engordados a pasto”, menciona.

O diretor explica que esse é o momento de o produtor faturar mais, depois de anos de preços não corrigidos. No entanto, lembra que os custos de produção também aumentaram. “Há bastante tempo a pecuária brasileira vem se profissionalizando e em Mato Grosso não é diferente. Não há mais espaço para amadores. Se os preços estão numericamente maiores, isso não se reflete diretamente na margem. Grande parte do valor que a arroba tem alcançado trata-se apenas de correção, pois desde 2015 o preço não era corrigido, tanto é que muitas matrizes foram para o frigorífico para o produtor pagar as contas. Na mesma linha, os custos de produção aumentaram muito e alguns itens muito mais que a arroba, como por exemplo o arame utilizado nas cercas que subiu mais de 100% e o milho, principal componente da dieta de suplementação que decolou de menos de R$ 30 para mais de R$ 70 a saca”, pondera o dirigente.

Para este ano, Manzin espera um mercado com preços ainda em alta, com forte participação da China. “O estado de Mato Grosso possui o maior rebanho do país, chegando a quase 31 milhões de cabeças, e abate entre 450 e 500 mil cabeças por mês. A China importa do Brasil cerca de 600 mil cabeças por mês. Ou seja: o Estado maior produtor do Brasil não produz suficiente para cumprir o contrato nacional com a China, que é o maior destino da exportação brasileira de carne”, acentua, avaliando um cenário de oportunidades.

O diretor da Acrimat destaca que é preciso profissionalização para aproveitar o bom momento do setor de carne bovina e pensar em usar parte dos recursos para a promoção de investimentos nos sistemas produtivos. “O produtor precisa cada vez mais se profissionalizar. Aquele que tem conhecimento dos seus custos tem melhores condições de entender as suas margens. Se entrar no mercado de opções, por exemplo, pode fazer uma previsão de investimentos a prazos maiores e ser mais competitivo”, orienta Francisco de Sales Manzin.

Outras notícias você encontra na edição de Bovinos, Grãos e Máquinas de março/abril de 2021 ou online.

Fonte: O Presente Rural

Bovinos / Grãos / Máquinas

Governo do Paraná promove encontros em Londrina e Francisco Beltrão para discutir mercado do leite

Importação de leite em pó dos países do Mercosul teve aumento expressivo nos últimos anos, prejudicando produtores de todo o País. Eventual taxação do produto na entrada no Paraná pode ser uma solução para o Estado. Os eventos serão em abril: na Expo Londrina, em Londrina, dia 11, e em Francisco Beltrão, dia 16.

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Foto: Arnaldo Alves AEN

O Governo do Paraná, por meio do Sistema Estadual de Agricultura (Seagri), e entidades do setor produtivo vão realizar dois grandes encontros para discutir a questão da importação anormal de leite observada nos últimos anos, o que tem prejudicado os produtores brasileiros, incluindo os do Estado. A partir dessas conversas serão apontados caminhos que podem passar por aumento da taxação nas entradas do produto em pó. Os eventos serão em abril: na Expo Londrina, em Londrina, dia 11, e em Francisco Beltrão, dia 16.

“O consumidor paga caro no mercado, mas o produtor está preocupado, fruto de uma importação nunca vista”, disse o secretário estadual da Agricultura e do Abastecimento, Norberto Ortigara. “O que precisamos neste momento é encontrar meios de minimamente proteger os produtores, porque queremos transformar esse setor em mais uma cadeia vitoriosa até o final da década”.

Segundo o Agrostat, plataforma do Ministério da Agricultura e Pecuária que acompanha o comércio de produtos agropecuários, o Brasil importou 199,2 mil toneladas de leite em pó no ano passado, a um custo de US$ 738,5 milhões. O produto veio praticamente todo da Argentina e Uruguai, que responderam por 195,4 mil toneladas. Como integrantes do Mercosul, os países que fornecem leite em pó são isentos da Tarifa Externa Comum (TEC), cobrada de países fora desse bloco.

O volume representa aumento de 87,2% sobre as 106,4 mil toneladas trazidas em 2022, que custaram US$ 440,3 milhões. Em 2021 o Brasil tinha importado menos ainda, 75,7 mil toneladas, a um custo de US$ 246,4 milhões. Nos dois primeiros meses deste ano já chegaram ao País 34,5 mil toneladas, contra 27,8 mil toneladas entre janeiro e fevereiro de 2023.

No caso do Paraná, a importação de 2023 foi de 6,5 mil toneladas de leite em pó. Do total, 2,8 mil toneladas vieram da Argentina, o mesmo volume do Uruguai, e as outras 800 toneladas tiveram origem no Paraguai. O volume representa aumento de 183% em relação às 2,3 mil toneladas importadas em 2022.

De 2021 para 2022, o salto já tinha sido considerável, 194% superior às 782 toneladas importadas de leite em pó, ao custo de US$ 2,5 milhões. Nos dois primeiros meses de 2024 o Paraná importou 250 toneladas, volume 77,2% inferior às 1,1 mil toneladas de janeiro e fevereiro de 2023.

Em relação ao preço, o Departamento de Economia Rural (Deral) contabilizou que os produtores paranaenses receberam, em média, em 2021, R$ 2,08 por litro de leite, subindo para R$ 2,58 em 2022. No ano passado caiu para R$ 2,56 o litro e, em 2024, até agora, a média está em R$ 2,19. Comparando-se fevereiro de 2023, quando o litro custava R$ 2,68, com fevereiro deste ano, que ficou em R$ 2,23, a queda é de 16,8%.

O assunto está em pauta desde maio do ano passado. Os secretários estaduais da Agricultura se reuniram com o vice-presidente da República, Geraldo Alckmin, para propor a suspensão da importação por um período, com vistas a ajuste no mercado. “Mas de lá pra cá avançou muito pouco, sem nenhum resultado prático”, disse Ortigara. “Agora precisamos ter capacidade de reação, sob pena de inviabilizar uma atividade importantíssima, que congrega 60 a 70 mil famílias no Paraná”.

Fonte: AEN-PR
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Bovinos / Grãos / Máquinas

Verão quente e úmido impacta produção leiteira no Rio Grande do Sul 

Os percentuais médios de perda individual diária ficaram entre 22% a 34%.

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Foto: Fernando Dias

A elevação das temperaturas máximas e da umidade relativa do ar durante este verão colocou os animais em situação de desconforto térmico ao longo do trimestre, afetando significativamente a atividade leiteira, com sérios prejuízos econômicos ao produtor rural.

Estes são os resultados das análises de dados publicadas no Comunicado Agrometeorológico 67 – Especial Biometeorológico Verão 2023/2024, editado pelo Departamento de Diagnóstico e Pesquisa Agropecuária da Secretaria da Agricultura, Pecuária, Produção Sustentável e Irrigação (DDPA/Seapi) do do Rio Grande do Sul .

O Comunicado analisa as condições meteorológicas ocorridas no período, como precipitação pluvial, temperatura e umidade do ar. Utilizando o Índice de Temperatura e Umidade (ITU), a publicação documenta e identifica as faixas de conforto/desconforto térmico às quais os animais foram submetidos, estimando os efeitos na produção de leite. “A associação de temperaturas mínimas e máximas e umidades relativas do ar elevadas desencadearam situações de estresse térmico calórico ao longo do trimestre, principalmente no mês de fevereiro, em que os animais estiveram em conforto térmico apenas 30,5% do período avaliado. Inclusive, houve situações perigosas à saúde dos animais durante 13,9% desse mês”, detalha a pesquisadora Ivonete Tazzo, uma das autoras do Comunicado.

Quatro regiões se destacaram no trimestre: Serras do Sudeste e do Nordeste, com os maiores percentuais do período em conforto térmico, e Vale do Uruguai e Baixo Vale do Uruguai com os menores valores. Os municípios de Passo Fundo e Bento Gonçalves foram os únicos em que não foram registradas situações emergenciais ao longo da estação.

Estimativas potenciais de queda de produção diária de leite devido às condições meteorológicas do verão 2023/2024 foram mais acentuadas em vacas de maior produtividade. “Os percentuais médios de perda individual diária ficaram entre 22% a 34%. Para mitigar essa queda os produtores rurais tomaram medidas de manejo a fim de diminuir os efeitos climáticos”, expõe Ivonete.

Em 13 municípios, a queda estimada de produção diária de leite foi superior a quatro quilos, destacando-se as possíveis maiores perdas registradas para Maçambará (5,1 kg), Itaqui (4,8 kg) e Uruguaiana (4,7 kg) em fevereiro.

A publicação é uma iniciativa do Grupo de Estudos em Biometeorologia, constituído por pesquisadores e bolsistas das áreas da Agrometeorologia e Produção Animal.

Fonte: Assessoria Seapi
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Bovinos / Grãos / Máquinas Saúde Animal

Tripanossomose x Tristeza Parasitária bovina

Diagnóstico diferencial entre as doenças é indispensável para implementação do tratamento adequado no rebanho

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Foto e texto: Assessoria

As hemoparasitoses representam um desafio significativo para a pecuária bovina em todo o mundo, afetando a saúde do rebanho e causando prejuízos econômicos consideráveis.

Entre as enfermidades causadas por hemoparasitas, a tripanossomose e a tristeza parasitária bovina se destacam. Os agentes causadores dessas enfermidades são distintos. A tristeza parasitária bovina, é classicamente causada por protozoários intracelulares do gênero Babesia (B. bigemina e Babesia bovis) e por bactérias do gênero Anaplasma (A. marginale, é a mais importante em nosso meio, também intracelular). Já a tripanossomose bovina tem como agente, o protozoário extracelular Trypanosoma vivax.

“A tripanossomose tem se mostrado um obstáculo crescente no rebanho bovino brasileiro, com casos relatados tanto no gado leiteiro, como no de corte. Com os sintomas pouco específicos, a doença pode passar despercebida pelos pecuaristas e ser responsável por inúmeros prejuízos. Além da forma aguda (clínica), em que os sinais de doença são evidentes, a tripanossomose também pode se apresentar de forma subclínica e até mesmo crônica”, explica Rafael Queiroz, médico veterinário gerente de produtos da Linha Leite da Ceva Saúde Animal.

Os sintomas da manifestação clínica são mais intensos e podem evoluir para o óbito do animal, sendo um alerta importante a redução do apetite sem motivo aparente e rápida perda de peso, febre intermitente, depressão, anemia intensa, salivação excessiva, diminuição na produção leiteira, aumento dos linfonodos (“ínguas”), incoordenação motora, diarreia, aumento das frequências cardíaca e respiratória, cegueira e dificuldade respiratória.

Quando a tripanossomose se apresenta na forma subclínica, os sintomas são pouco específicos, porém geram um grande impacto na produtividade da fazenda, como o atraso no desenvolvimento corporal, redução nos índices reprodutivos (anestro, reabsorção embrionária precoce, queda na produção leiteira, aumento da ocorrência de outras enfermidades (comorbidades) até então controladas.

Na Tristeza parasitária, os sinais clínicos são muito semelhantes aos da tripanosomose bovina, sendo o diagnóstico diferencial fundamental para a introdução do tratamento e de programas de controle.

Assim, a nível de campo, o diagnóstico diferencial entre as doenças é um desafio, pois ambas compartilham características que as tornam difíceis de distinguir apenas com base nos sinais clínicos. Ainda é importante no estabelecimento do diagnóstico uma avaliação epidemiológica realizada pelo médico veterinário, onde o mesmo fará um estudo das condições que irão favorecer a cada uma das doenças como: presença de vetores (transmissores) específicos, emprego de material compartilhado em aplicações injetáveis, histórico de entrada recente de animais no rebanho ou proximidade de outras propriedades com grande rotatividade de animais, presença de reservatórios silvestres ou domésticos que possam albergar os parasitas, dentre outros fatores. Também é importante mencionar que os animais podem estar expostos a mais de um desses hemoparasitos, agravando ainda mais a situação.  “Em muitas regiões, as áreas de endemia para essas doenças se sobrepõem, o que significa que os produtores podem lidar com ambas as enfermidades ao mesmo tempo. Isso contribui para a demora no reconhecimento do desafio presente no rebanho e aumenta substancialmente os impactos produtivos”, detalha Rafael

Apesar das similaridades existentes é importante esclarecer que as formas de contaminação mais comuns e o tratamento destes patógenos podem ser diferentes.

No caso da tripanossomose, as principais fontes de transmissão incluem, principalmente, e a reutilização de materiais que possam entrar em contato com o sangue de animais portadores e posteriormente utilizados em outros animais, como agulhas para aplicação de medicamentos ou vacinas, bisturis, canivetes, luvas de palpação retal e, picada de moscas hematófagas (mutucas, moscas dos estábulos e moscas dos chifres). Também pode haver a transmissão transplacentária, culminando com perdas de gestação ou nascimento de crias fracas que morrem logo a seguir.

Já no caso de contaminação por Babesia spp. e Anaplasma marginale, o carrapato é o principal agente transmissor. Entretanto o uso de materiais compartilhados sem os devidos cuidados além da presença de moscas hematófagas também pode ser importante. Ambas também podem ser transmitidas de forma transplacentária, e esse fator deve ser levado em conta durante a implementação de programas de controle dessas enfermidades.

“Embora ambas afetem os glóbulos vermelhos dos bovinos e compartilhem sintomas semelhantes, o tratamento e manejo dessas doenças são distintos. Portanto, a identificação correta do agente etiológico é fundamental para um diagnóstico preciso e para garantir um tratamento eficaz e reduzir os impactos negativos na saúde e na produção dos bovinos”, esclarece Rafael.

A utilização de exames laboratoriais é imprescindível para confirmar o tipo de microrganismo responsável pela sintomatologia apresentada pelo rebanho. Para o diagnóstico da tripanossomose podem ser empregados métodos sorológicos (RIFI ou Reação de Imunofluorescência Incompleta; ELISA; Imunocromatografia também denominado Teste Rápido). Há também métodos moleculares (PCR). O diagnóstico direto através da detecção e identificação dos parasitos em amostras sanguíneas são os de “padrão ouro”. Entretanto nos casos da tripanosomose (esfregaços sanguíneos corados, Teste do Microhematócrito o de Woo, análise de gota espessa, por exemplo) podem levar a erros quando os parasitos não são visualizados uma vez que estes testes diretos possuem baixa sensibilidade (capacidade de detectar animais parasitados), pois  necessitam de um número enorme de parasitos circulantes no momento da coleta das amostras. Este momento tem uma janela curta após a infecção.

O diagnóstico diferencial preciso entre a tristeza parasitária e a tripanossomose é indispensável por várias razões. Cada doença requer um tratamento específico, e o tratamento incorreto pode não ser eficaz, e as medidas de controle não serem aplicadas convenientemente. A demora na identificação e, consequentemente na adoção do tratamento adequado pode resultar em perdas econômicas significativas para produtores, incluindo a perda de animais, diminuição da produtividade e custos adicionais com tratamentos desnecessários.

Fonte: Assessoria Ceva
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