Avicultura
Nanotecnologia na avicultura? Pesquisador garante que sim
Tema volta aos debates durante importante evento do agronegócio nacional, em Porto Alegre, RS
Por enquanto, são só alguns estudos produzidos no Brasil e no mundo, mas o assunto nanotecnologia na produção animal vem sendo cada vez debatido entre lideranças da academia e da indústria. Um dos últimos debates aconteceu durante o Congresso e Feira Brasil Sul de Avicultura, Suinocultura e Laticínios, que aconteceu em Porto Alegre, RS, no fim de novembro. Para um dos principais estudiosos do assunto no país, a aplicação da nanotecnologia na produção de aves é iminente, apesar dos mitos que, em sua opinião, ainda cercam a tecnologia.
O pós-doutor em antimicrobianos Gerson Nakazato, professor da Universidade Estadual de Londrina (UEL – PR), garante que a tecnologia é capaz de melhorar a atividade com melhores respostas na nutrição, no diagnóstico de doenças, na vacinação e no combate a microbianos. Para o professor, porém, a tecnologia esbarra no que ele classifica como mitos: “ainda dizem que a nanopartícula é muito cara e que é toxica”, avalia o professor, que desde 2012 dedica esforços a essa área da ciência.
De acordo com o professor, nanopartículas são um agrupamento de moléculas de determinado elemento químico. “Uma nanopartícula equivale mais ou menos ao tamanho de um vírus. É maior que as moléculas e átomos, mas menor que bactérias”, explica. E é exatamente o tamanho dessa partícula que, segundo o professor, está atraindo a atenção de pesquisadores brasileiros. Para ele, essas partículas, maiores que as moléculas encontradas nos elementos químicos, aumentam as respostas em várias frentes, como a imunológica ou a absorção nutricional, quando inserida na produção animal. “Em breve a avicultura vai começar a aplicar nanotecnologia no Brasil. Estamos saindo da era da computação e entrando na era da nanotecnologia”, afirma categoricamente o pesquisador.
Tamanho é Documento
Se você dividir um em um bilhão de partes, vai chegar a um nanômetro. A maioria das nanopartículas, explica Nakazato, são partículas que variam de um a cem nanômetros, podendo chegar, em poucos casos, a 200 nanômetros. Esse tamanho, segundo ele, que lhe confere maior área de contato em relação ao volume, é a chave para o melhor aproveitamento das rações, vacinas e antimicrobianos, além de facilitar diagnósticos.
Ainda segundo o professor do Paraná, a nanotecnologia apresenta vantagem em relação a outras moléculas por outras propriedades, como melhor condução de corrente elétrica e propriedade magnética. As vantagens, garante, já conquistam o setor de proteína animal. “A nanotecnologia já é usada na produção de bovinos de leite com o intuito de prevenir contaminações microbianas”, cita.
Sintetização
O pesquisador explica que as nanopartículas são produzidas em laboratório, com uso de elementos químicos tradicionais. “Você pega um sal, um nitrato de prata, por exemplo, e sintetiza as nanopartículas em laboratórios. São vários físicos, como um simples aquecimento, método químico, por meio de reações químicas, ou até mesmo método biológico, utilizando enzimas de plantas, bactérias e fungos. Depois as nanopartículas são caracterizadas no seu tamanho e forma, o que lhes confere diferenciação na atividade biológica. A nanotecnologia envolve ganho de elétrons, que favorece a agregação dessas partículas”, reforça.
Uso
Para o professor da UEL, a avicultura pode se beneficiar da nanotecnologia nos campos da nutrição, combate a agentes microbianos, diagnóstico de enfermidades e vacinação.
Na nutrição, ele explica que as nanopartículas atuam na absorção mais lenta dos nutrientes, garantindo maior aproveitamento pelas aves. “Na dieta, a vantagem do agregado (nanopratícula) é ter uma liberação mais controlada dos nutrientes, o que diminui a toxidade, e aumenta a biodisponibilidade ao reter mais os nutrientes”, comenta.
Os benefícios do uso dessa ferramenta, segundo o professor, são observados também em diagnósticos mais rápidos de enfermidades. “Por conduzir corrente elétrica com mais facilidade, atuar na propriedade magnética (do elemento), por conta da sua maior área de superfície, oferece vantagens na detecção de doenças. Isso porque, muitas vezes, a detecção envolve uma ligação do antígeno, do vírus que você quer detectar. E essas características podem ajudar na ligação e também na transmissão de uma corrente elétrica. Ele potencializa esse efeito, o que oferece melhor leitura no diagnóstico”, conta. “Poderíamos fazer testes com resultados quase imediatos”, avalia.
Em vacinas, a nanotecnologia melhora a resposta do animal, garante o pesquisador. “A nanopartícula melhora o sistema imunológico da ave. Alguns estudos mostram que as nanotecnologias podem estimular mais o sistema imunológico, melhorando a eficiência na produção de anticorpos”, comenta.
Para Nakazato, a mais fácil aplicação das nanopartículas ocorre no campo do tratamento a agentes patógenos, conciliando o seu uso aos antimicrobianos tradicionais para melhorar a ligação do tratamento com a enfermidade. “O carro chefe no uso de nanopartículas seria com relação aos tratamentos antimicrobianos. Isso porque é o de mais fácil aplicação, porque se faz de forma direta para destruir bactérias. A característica da nanopartícula está mais associada com a carga, que vai ligar melhor nos microrganismos, nos patógenos. Por conta de seu tamanho, com maior área de contato na razão com o volume, favorece a atividade antimicrobiana para destruir as bactérias”, avalia.
Desafios
Para o professor, um dos desafios da cadeia avícola – e outras – é acabar com o que ele classifica como preconceito com essa ferramenta. “Para que o uso comece de fato no Brasil, falta desmitificar mitos, especialmente sobre o custo. A nanotecnologia não é cara tendo em vista o que você consegue de resultados”, sugere.
Para ele, o mercado ainda crê que a nanotecnologia é tóxica aos animais e homens em sua plenitude. “Outro mito é o da toxicidade. As pessoas têm apreensão, medo com relação a isso, mas não estudam o assunto. Essas questões ainda têm dificultado a implantação da nanotecnologia”, comenta.
Mais informações você encontra na edição de Aves de fevereiro/março de 2017 ou online.
Fonte: O Presente Rural

Avicultura
Indústria avícola amplia presença na diretoria da Associação Brasileira de Reciclagem
Nova composição da ABRA reforça a integração entre cadeias produtivas e destaca o papel estratégico da reciclagem animal na sustentabilidade do agronegócio brasileiro.

A Associação Brasileira de Reciclagem (ABRA) definiu, na última sexta-feira (12), a nova composição de seu Conselho Diretivo e Fiscal, com mandato até 2028. A assembleia geral marcou a renovação parcial da liderança da entidade e sinalizou uma maior aproximação entre a indústria de reciclagem animal e setores estratégicos do agronegócio, como a avicultura.
Entre os nomes eleitos para as vice-presidências está Hugo Bongiorno, cuja chegada à diretoria amplia a participação do segmento avícola nas decisões da associação. O movimento ocorre em um momento em que a reciclagem animal ganha relevância dentro das discussões sobre economia circular, destinação adequada de subprodutos e redução de impactos ambientais ao longo das cadeias produtivas.
Dados do Anuário da ABRA de 2024 mostram a dimensão econômica do setor. O Brasil ocupa atualmente a terceira posição entre os maiores exportadores mundiais de gorduras de animais terrestres e a quarta colocação no ranking de exportações de farinhas de origem animal. Os números reforçam a importância da atividade não apenas do ponto de vista ambiental, mas também como geradora de valor, renda e divisas para o país.
A presença de representantes de diferentes cadeias produtivas na diretoria da entidade reflete a complexidade do setor e a necessidade de articulação entre indústrias de proteína animal, recicladores e órgãos reguladores. “Como único representante da avicultura brasileira e paranaense na diretoria, a proposta é levar para a ABRA a força do nosso setor. Por isso, fico feliz por contribuir para este trabalho”, afirmou Bongiorno, que atua como diretor da Unifrango e da Avenorte Guibon Foods.
A nova gestão será liderada por Pedro Daniel Bittar, reconduzido à presidência da ABRA. Também integram o Conselho Diretivo os vice-presidentes José Carlos Silva de Carvalho Júnior, Dimas Ribeiro Martins Júnior, Murilo Santana, Fabio Garcia Spironelli e Hugo Bongiorno. Já o Conselho Fiscal será composto por Rodrigo Hermes de Araújo, Wagner Fernandes Coura e Alisson Barros Navarro, com Vicenzo Fuga, Rodrigo Francisco e Roger Matias Pires como suplentes.
Com a nova configuração, a ABRA busca fortalecer o diálogo institucional, aprimorar práticas de reciclagem animal e ampliar a contribuição do setor para uma agropecuária mais eficiente e ambientalmente responsável.
Avicultura
Avicultura supera ano crítico e pode entrar em 2026 com bases sólidas para crescer
Após enfrentar pressões sanitárias, custos elevados e restrições comerciais em 2025, o setor mostra resiliência, retoma exportações e reforça a confiança do mercado global.

O ano de 2025 entra para a história recente da avicultura brasileira como um dos anos mais desafiadores. O setor enfrentou pressão sanitária global, instabilidade geopolítica, custos de produção elevados e restrições comerciais temporárias em mercados-chave. Mesmo assim, a cadeia mostrou capacidade de adaptação, coordenação institucional e resiliência produtiva.
A ação conjunta do Governo Federal, por meio do Ministério da Agricultura e Pecuária (MAPA), da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) e de entidades estaduais foi decisiva para conter danos e recuperar a confiança externa. Missões técnicas, diplomacia sanitária ativa e transparência nos controles sustentaram a reabertura gradual de importantes destinos ao longo do segundo semestre, reposicionando o Brasil como fornecedor confiável de proteína animal.
Os sinais de retomada já aparecem nos números do comércio exterior. Dados preliminares indicam que as exportações de carne de frango em dezembro devem superar 500 mil toneladas, o que levará o acumulado do ano a mais de 5 milhões de toneladas. Esse avanço ocorre em paralelo a uma gestão mais cautelosa da oferta: o alojamento de 559 milhões de pintos em novembro ficou abaixo das projeções iniciais, próximas de 600 milhões. O ajuste ajudou a equilibrar oferta e demanda e a dar previsibilidade ao mercado.
Para 2026, o cenário é positivo. A agenda econômica global tende a impulsionar o consumo de proteínas, com a retomada de mercados emergentes e regiões em recuperação. Nesse contexto, o Brasil – e, em especial, o Paraná, líder nacional – está bem-posicionado para atender ao mercado interno e aos principais compradores internacionais.
Investimentos contínuos para promover o bem-estar animal, biosseguridade e sustentabilidade reforçam essa perspectiva. A modernização de sistemas produtivos, o fortalecimento de protocolos sanitários e a adoção de práticas alinhadas às exigências ESG elevam o padrão da produção e ampliam a competitividade. Mais do que reagir, a avicultura brasileira se prepara para liderar, oferecendo proteína de alta qualidade, segura e produzida de forma responsável.
Depois de um ano de provas e aprendizados, o setor está ainda mais robusto e inicia 2026 com fundamentos sólidos, confiança renovada e expectativa de crescimento sustentável, reafirmando seu papel estratégico na segurança alimentar global.
Avicultura
Avicultura encerra 2025 em alta e mantém perspectiva positiva para 2026
Setor avança com produção e consumo em crescimento, margens favoráveis e preços firmes para proteínas, apesar da atenção voltada aos custos da ração e à segunda safra de milho.

O setor avícola deve encerrar 2025 com desempenho positivo, sustentado pelo aumento da produção, pelo avanço do consumo interno e pela manutenção de margens favoráveis, mesmo diante de alguns desafios ao longo do ano. A avaliação é de que os resultados permanecem sólidos, apesar de pressões pontuais nos custos e de um ambiente externo mais cauteloso.
Para 2026, a perspectiva segue otimista. A expectativa é de continuidade da expansão do setor, apoiada em um cenário de preços firmes para as proteínas. Um dos principais pontos de atenção, no entanto, está relacionado à segunda safra de milho, cuja incerteza pode pressionar os custos de ração. Ainda assim, a existência de estoques adequados no curto prazo e a possibilidade de uma boa safra reforçam a visão positiva para o próximo ano.

No fechamento de 2025, o aumento da produção, aliado ao fato de que as exportações não devem avançar de forma significativa, tende a direcionar maior volume ao mercado interno. Esse movimento ocorre em um contexto marcado pelos impactos da gripe aviária ao longo do ano e por um desempenho mais fraco das exportações em novembro. Com isso, a projeção é de expansão consistente do consumo aparente.
Para os próximos meses, mesmo com a alta nos preços dos insumos para ração, especialmente do milho, o cenário para o cereal em 2026 é considerado favorável. A avaliação se baseia na disponibilidade atual de estoques e na expectativa de uma nova safra robusta, que continuará sendo acompanhada de perto pelo setor.
Nesse ambiente, a tendência é de que as margens da avicultura se mantenham em patamares positivos, dando suporte ao crescimento da produção e à retomada gradual das exportações no próximo ano.
Já em relação à formação de preços da carne de frango em 2026 e nos anos seguintes, o cenário da pecuária de corte deve atuar como fator de sustentação. A menor disponibilidade de gado e os preços mais firmes da carne bovina tendem a favorecer a proteína avícola. No curto prazo, porém, o setor deve considerar os efeitos da sazonalidade, com maior oferta de fêmeas e melhor disponibilidade de gado a pasto, o que pode influenciar o comportamento dos preços.
