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Avicultura

Nanotecnologia deve melhorar relação da avicultura com antibióticos, aponta pesquisador

Novas alternativas tecnológicas que prometem aprimorar o desempenho da produção e possibilitar uma maior biosseguridade

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Foto: Arquivo/OP Rural

Com o propósito de auxiliar o crescimento, bem como atenuar a população de patógenos no intestino das aves, fortalecendo a absorção dos nutrientes para um bom sistema de produção, os antibióticos são muito utilizados na produção de ovos e da carne de frango. Entretanto, cada vez mais, essa prática está sendo utilizada de forma mais consciente e eficaz, reduzindo a utilização e também acrescida de novas alternativas tecnológicas que prometem aprimorar o desempenho da produção e possibilitar uma maior biosseguridade.

Médico-veterinário e pesquisador da Embrapa, Humberto de Mello Brandão – Foto: Arquivo Pessoal

Uma das novas possibilidades é a utilização da nanotecnologia na produção de aves. Isso porque as nanopartículas possuem tamanho maior do que as moléculas e átomos, porém, são menores que as bactérias. Essa característica é o que vem atraindo os pesquisadores porque controlando o tamanho do material, quando introduzido na produção animal, apresentam potencial para aumentar as respostas em várias frentes, como a resposta imune de vacinas, a absorção de nutrientes e a eficácia de fármacos.

Durante o 23º Simpósio Brasil Sul de Avicultura (SBSA), que aconteceu de 04 e 06 de abril, o pesquisador da Embrapa e médico-veterinário Humberto de Mello Brandão fez a palestra nanotecnologia contra a resistência bacteriana a antibióticos. O pesquisador em entrevista ao jornal O Presente Rural, destacou que a nanotecnologia é uma ciência multidisciplinar e transversal e que pode ser utilizada de diversas formas, sendo que todas elas possibilitam maior eficácia na produção de carne de frango.

O palestrante ressalta que o uso da nanotecnologia é uma possibilidade para diminuir o uso dos antibióticos e para tornar esta utilização desse grupo de moléculas mais eficaz. “Os antibióticos são ferramentas muito importantes no processo de produção animal, dificilmente eles serão completamente extintos do sistema produtivo de carne e ovos. Entretanto, o que é necessário é que esse grupo de medicamentos seja utilizado de forma apropriada, com segurança e boa prescrição, pois as bactérias querem sobreviver, e por isso procuram novos mecanismo de adaptação. A batalha entre humanos e bactérias será eterna, por isso temos que usar nossas armas da forma mais eficaz”, destaca.

Bactérias resistentes

O pesquisador adverte sobre a importância de ficar atento à ocorrência da resistência bacteriana a antibióticos. “Existem dois mecanismos de seleção de bactérias multirresistentes. Uma lembra muito a forma clássica de seleção que é feita com os animais. Nela, você coloca uma pressão de seleção, que consiste em aplicar pequenas doses de antibiótico e, desta maneira, as colônias de bactérias mais resistentes acabam sobressaindo sobre as demais populações bacterianas. Com o tempo teremos uma grande população de bactérias resistentes ao antibiótico utilizado. Via de regra, as pessoas tendem a achar que este é o mecanismo mais comum de seleção de bactérias resistentes. Porém, ele não é o único e em muitas situações nem o mais importante. No caso de bactérias, existe o mecanismo de seleção de bactérias multirresistente por transmissão horizontal, de forma simplista, é bastante comum quando a bactéria morre ou ela libera uma vesícula contendo um pouco de DNA e as vezes este conteúdo de DNA leva a um gene de resistência a determinado antibiótico de uma bactéria para outra. Este processo pode ocorrer dentro da mesma espécie ou interespécies de bactérias. Assim, aquela bactéria que morreu deixou ali um DNA contendo um gene de resistência e este DNA, em condições muito especiais, pode ser incorporado em uma outra bactéria que não era resistente”, explica.

Nanotecnologia e avicultura

A nanotecnologia pode ser uma grande aliada na avicultura porque ela permeia diferentes atividades na cadeia avícola. “A nonotecnogia pode ser usada para desenvolver sensores que podem ser usados dentro dos galpões, também é possível desenvolver biossensores para detectar doenças de forma muito rápida e in loco, diagnosticando enfermidades de forma mais rápida e precisa. Aqui na Embrapa trabalhamos muito com a liberação controlada de princípios ativos fazendo o uso da nanotecnologia. É possível ainda desenvolver vacinas com nanotecnologia, além da liberação controlada de antibióticos, fazendo o direcionamento deste fármaco e, com isso, aumentando sua eficácia e diminuindo a quantidade de resíduo”, informa.

“Quando eu faço o uso da nanotecnologia eu tenho a opção de ter novas partículas com a ação antimicrobiana, como por exemplo nanopartícula de prata ou de cobre. Elas têm ação antimicrobiana e podem ser usadas junto com o antibiótico normal. Associando os dois temos um efeito sinérgico, você consegue trabalhar com um princípio ativo que as vezes está desgastado (as bactérias já possuem resistência) e que adicionado a uma nanopartícula metálica tem seu efeito antimicrobiano rejuvenescido. Isso chamamos de efeito sinérgico que possibilita um ganho terapêutico enorme”, afirma.

A grande vantagem em dinamizar os antibióticos clássicos está na possibilidade de liberação gradativa do medicamento. “Quando você usa uma nanopartícula você começa a liberar gradativamente o fármaco, então, automaticamente eu tenho uma liberação sustentada deste antibiótico, quando eu tenho uma liberação sustentada é possível conseguir uma concentração do medicamento mais constante dentro do sistema circulatório do animal, isso reduz a mão de obra na propriedade e aumenta a eficácia do medicamento”, declara.

Outro mecanismo que as nanopartículas possibilitam é o uso direcionado do antibiótico. “Quando você associa a nanopartícula com o antibiótico, você altera a biodistribuição do fármaco. Nesse caso você consegue fazer o direcionamento do antibiótico para o local da infecção. Com isso conseguimos alcançar altas concentrações do fármaco, enquanto que nos tecidos periféricos trabalhamos com dosagens mais baixas que as que ocorrem com o fármaco convencional. A consequência é que para o tratamento de uma mesma enfermidade verificamos que você vai gastar menos antibiótico e terá o mesmo efeito”, informa.

O pesquisador também cita duas outras vantagens. Uma diz respeito ao menor número de excreções de medicamento nas camas dos animais e a outra vantagem está relacionada com a proteção deste antibiótico contra substâncias que poderiam degradá-lo perifericamente. “Por exemplo, se você encapsular um betalactâmico você consegue protegê-lo contra a ação de lactamases bacterianas. Com isso você consegue melhorar a eficácia deste fármaco contra as bactérias resistentes”, explica.

Redução da resistência

O pesquisador aponta que estudos mostram que a nanotecnologia pode ser aplicada para dificultar a seleção de bactérias resistentes. “Hoje temos dados e ampliamos muito o escopo de ensaios clínicos com um bom volume de dados. Esses números mostram a grande potencialidade que temos com o uso da nanotecnologia. Neste momento, vemos uma grande oportunidade e acreditamos que agora é só uma questão de ajuste de mercado para que esta tecnologia chegue ao produtor. Também acreditamos que seu uso será muito natural e que logo os produtores utilizarão medicamentos nanoestruturados e muitos nem saberão que eles contêm nanopartículas”, opina.

Em tempos cada vez mais de restrição a antibióticos na produção de aves, o uso das nanotecnologias faz sentido porque elas buscam inovar melhorando o uso dos antibióticos que muitas vezes já são utilizados na rotina. “Cada vez mais precisamos difundir o uso consciente e estratégico dos antibióticos. Acredito que nunca vamos deixar de usar esses medicamentos, sendo que a nanotecnologia veio para ser um auxílio, pois ela possibilita o uso de antibióticos de forma mais eficiente e, em alguns casos em doses mais baixas. Desta maneira, nanotecnologia permite uma resposta terapêutica adequada com uma concentração mais baixa de antibióticos por quilo de carne ou ovos produzido”, sustenta.

Para ficar atualizado e por dentro de tudo que está acontecendo no setor avícola acesse gratuitamente a edição digital Avicultura Corte e Postura. Boa leitura!

Fonte: O Presente Rural

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Apesar de isolado, foco de Newcastle no Rio Grande do Sul preocupa setor

Uma eventual suspensão das compras de carne de frango brasileira que exceda os 21 dias do embargo já imposto pelo próprio País pode resultar em um aumento acentuado da disponibilidade interna da proteína, seguido de fortes quedas de preços.

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Foto: Shutterstock

A confirmação de um foco da doença de Newcastle numa granja comercial de frangos no município de Anta Gorda (RS), na região do Vale do Taquari, no final da semana passada, vem deixando o setor em alerta.

Segundo pesquisadores do Cepea, uma eventual suspensão das compras de carne de frango brasileira que exceda os 21 dias do embargo já imposto pelo próprio País pode resultar em um aumento acentuado da disponibilidade interna da proteína, seguido de fortes quedas de preços, podendo, inclusive, afetar a relação de competitividade com as concorrentes bovina e suína.

Diante disso, no curto prazo, pesquisadores do Cepea explicam que devem ocorrer ajustes no alojamento de aves.

O Brasil é, atualmente, o maior exportador de carne de frango do mundo. No segundo trimestre, os embarques superaram em 12,1% os dos três primeiros meses do ano e em 4,1% os de abril a junho do ano passado, conforme dados da Secex compilados e analisados pelo Cepea.

 

Fonte: Assessoria Cepea
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Área de emergência zoossanitária para contenção da doença de Newcastle é limitada a cinco municípios gaúchos

Durante sua vigência, há o isolamento sanitário da área afetada, com a restrição da movimentação de material de risco relacionado à disseminação da doença, incluindo o direcionamento de trânsito por vias públicas para desinfecção, ou mesmo o bloqueio de acessos.

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Foto: Julia Chagas

O Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) restringiu a área de abrangência da emergência zoossanitária para contenção da doença de Newcastle, limitando-a aos municípios que estão no raio de dez quilômetros a partir do foco confirmado: Anta Gorda, Doutor Ricardo, Putinga, Ilópolis e Relvado. O Governo do Estado publicou, na quinta-feira (25), decreto em que declara estado de emergência de saúde animal nos mesmos municípios.

Inicialmente, o Ministério havia publicado, em 18 de julho, uma portaria colocando todo o Rio Grande do Sul em estado de emergência zoossanitária. “O trabalho da Secretaria da Agricultura foi essencial para a revisão do perímetro do estado de emergência zoossanitária no Rio Grande do Sul. Foi com nossos dados e informações que o Ministério se embasou para tomar esta decisão”, detalha a diretora do Departamento de Vigilância e Defesa Sanitária Animal da Secretaria da Agricultura, Pecuária, Produção Sustentável e Irrigação (DDA/Seapi), Rosane Collares.

O estado de emergência tem duração de 90 dias, podendo ser prorrogado em caso de evolução do estado epidemiológico. Durante sua vigência, há o isolamento sanitário da área afetada, com a restrição da movimentação de material de risco relacionado à disseminação da doença, incluindo o direcionamento de trânsito por vias públicas para desinfecção, ou mesmo o bloqueio de acessos.

Até quarta-feira (24), o Serviço Veterinário Oficial do estado já havia vistoriado todas as propriedades dentro do raio de três quilômetros (área perifocal) e iniciava revisitações a estes locais. Foram visitados 78% dos estabelecimentos incluídos no raio de dez quilômetros (área de vigilância) a partir do foco. Somando as duas áreas, são 858 propriedades no total, entre granjas comerciais e criações de subsistência.

As barreiras sanitárias continuam funcionando, ininterruptamente, em quatro pontos na área perifocal e dois locais na área de vigilância. Até o momento, foram abordados 726 veículos alvo na área perifocal e 415 na área de vigilância.

Após o caso confirmado que levou ao decreto de estado de emergência zoossanitária, não houve novas suspeitas de foco da doença. Duas amostras coletadas no município de Progresso, com suspeita fundamentada de síndrome respiratória e nervosa das aves, foram encaminhadas para o Laboratório Federal de Defesa Agropecuária de Campinas (SP) e apresentaram resultado negativo.

Todas as suspeitas da doença, que incluem sinais respiratórios, neurológicos ou mortalidade alta e súbita em aves, devem ser notificadas imediatamente à Secretaria da Agricultura, por meio da Inspetoria ou Escritório de Defesa Agropecuária, pelo sistema e-Sisbravet ou pelo WhatsApp (51) 98445-2033.

Fonte: Assessoria Seapi
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Carne de frango ganha cada vez mais espaço na mesa do brasileiro

Preço acessível, alto valor nutricional e ampla aceitação cultural e religiosa estão entre as vantagens da proteína.

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Produção do frango é mais rápida e sustentável do que outras proteínas - Foto: Jonathan Campos

Considerada uma das melhores opções nutricionais para compor o cardápio, a carne de frango é a proteína animal mais consumida no Brasil. A preferência é atribuída a vários fatores, incluindo preço acessível, alto valor nutricional, versatilidade na culinária e ampla aceitação cultural. De acordo com a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), em 2023, o consumo per capta de carne de frango no país chegou a aproximadamente 45,1 kg, confirmando suas vantagens nutricionais e acessibilidade econômica. Em 2009, o consumo individual no Brasil era de 37,5 kg por ano, mas vem crescendo a cada ano.

Nesse mercado, o Paraná é o maior produtor e exportador de aves e derivados do Brasil. O estado é responsável por cerca de 36% da produção nacional, além de 42% do volume de exportações do segmento. O empresário Roberto Kaefer, presidente do Sindicato das Indústrias de Produtos Avícolas do Estado do Paraná (Sindiavipar), destaca que os mercados nacional e internacional estão atentos às vantagens e ao custo-benefício da carne de frango, o que vem impulsionando a demanda gradativamente. “Além do consumo interno, o produto brasileiro tem compradores em diversos países, em especial na Ásia e Oriente Médio, que são locais com grande demanda em função de questões religiosas e culturais”, analisa.

Em países com predominância de culturas muçulmanas e hindus, o consumo de carne bovina é proibido ou restrito devido às práticas religiosas. O frango, por outro lado, é amplamente aceito, pois não está sujeito às mesmas restrições religiosas. “Além disso, a culinária asiática e do Oriente Médio inclui muitas receitas tradicionais que utilizam carne de frango”, comenta Kaefer.

Custo-benefício

A eficiência produtiva da carne de frango é outro diferencial. Cassiano Marcos Bevilaqua, diretor associado de Marketing LatCan, explica que a produção de frango possui um ciclo significativamente mais curto e econômico comparado a outras proteínas animais. Segundo ele, um frango consome cerca de 1,5 kg de ração para cada quilo de carne produzida, levando aproximadamente 42 dias para atingir o peso ideal de abate. O prazo é bem inferior ao da produção de suínos e bovinos, que têm ciclos de produção muito mais longos e menos eficientes.

Bevilaqua fala que um porco, por exemplo, precisa consumir 3 kg de ração e leva mais de 150 dias para ser abatido. No caso do boi, a taxa de conversão é de 4×1 e precisa de pelo menos dois anos para ser abatido. “Por ter um ciclo mais rápido e mais eficiência produtiva, o frango elimina menos dejetos, consome menos alimento e necessita de menos espaço para a produção, o que torna a carne de frango muito mais sustentável do que as demais”, esclarece.

Dieta equilibrada

Foto: Divulgação/OP Rural

Um dos grandes atrativos da carne de frango é o seu valor nutricional. Trata-se de um alimento rico em proteínas de alta qualidade e que fornece todos os aminoácidos essenciais que o corpo humano necessita, segundo a USDA National Nutrient Database. Em 100 gramas de peito de frango cozido, por exemplo, há cerca de 31 gramas da proteína, essencial para o crescimento e reparação dos tecidos.

Outra vantagem é o baixo teor de gorduras saturadas, especialmente quando consumida sem pele, com aproximadamente 3,6 gramas de gordura total por 100 gramas, e um total de 165 kcal. A carne de boi, por outro lado, contém mais gorduras saturadas (10g de gordura total por 100g de carne magra cozida) e é mais calórica (250 kcal por 100g). O mesmo ocorre com os suínos, que tem de 10 a 12g de gordura total por 100g de carne magra cozida e 242 kcal.

Composição nutricional

Roberto Alexandre Yamawaki, gerente de Serviços Técnicos e Produtos para a América Latina da Hubbard, aponta outros benefícios nutricionais. Ele pontua a presença de nutrientes que são essenciais para a dieta, tais como aminoácidos essenciais e proteínas de alta qualidade, importantes para a construção e reparação de tecidos, bem como para a produção de enzimas e hormônios.

Segundo o especialista, o consumo regular de carne de frango oferece múltiplos benefícios para a saúde. A inclusão da proteína na dieta pode ajudar no controle de peso, fortalecer o sistema imunológico, melhorar o crescimento muscular e fornecer energia sustentável.

Entre os nutrientes presentes no frango estão Omega-6 e colina, vitaminas do Complexo B – como Vitamina B3 (Niacina), Vitamina B6 (Piridoxina) e a Vitamina B12 (Cobalamina) –, além de minerais como fósforo, selênio e zinco. “A carne de frango possui vários benefícios específicos que a torna uma escolha adequada e popular para o consumo. Pois ela possui uma grande versatilidade culinária, o que a torna uma opção prática para diferentes refeições e estilos de culinária”, reforça.

Sindiavipar

O Sindiavipar representa as indústrias de produtos avícolas. A carne de frango produzida no Paraná é exportada para 150 países.

O processamento de aves no Paraná se concentra em 29 municípios e 35 indústrias. Além disso, a avicultura gera 95,3 mil empregos diretos e cerca de 1,5 milhão de empregos indiretos no Estado. São mais de 19 mil aviários, aproximadamente e 8,4 mil propriedades rurais distribuídas em 312 municípios paranaenses. As indústrias associadas ao Sindiavipar são responsáveis por 94% da produção estadual.

Segundo o Relatório da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), o Brasil ocupa o primeiro lugar no mercado global de carne de frango, sendo o principal exportador do produto.

 

Fonte: Assessoria Sindiavipar
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