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Nanocápsulas feitas de polímeros naturais causam menos impactos ao meio ambiente

Os pesquisadores acreditam que, com base nos resultados, o uso de nanosistemas de encapsulação com polímeros pode ser útil na busca de soluções que produzam menor impacto ambiental. Assim, o aprimoramento do conhecimento das aplicações da nanotecnologia na agricultura ajudará na gestão de risco em direção a soluções mais sustentáveis em relação às alternativas convencionais.

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Cientistas da Embrapa e da Universidade Estadual Paulista (Unesp), testaram o impacto, em ambientes aquáticos, de dois compostos envoltos em nanocápsulas feitas de polímeros. Polímeros são macromoléculas formadas por unidades estruturais menores que podem ser naturais ou artificiais. No estudo, os pesquisadores verificaram que polímeros naturais causam menos impactos ambientais. As nanocápsulas são usadas para se obter uma liberação gradual de seu conteúdo ao longo do tempo.

Os compostos analisados tinham funções distintas. O primeiro foi o inseticida dimetoato, usado no controle de pragas com o objetivo de torná-lo menos tóxico aos organismos. O segundo: o ácido ascórbico, a popular vitamina C, é aplicado na alimentação de peixes, e o trabalho buscou meios de se evitar sua rápida degradação. Cada um deles foi testado na formulação nanoencapsulada em comparação à formulação convencional.

A avaliação ecotoxicológica foi feita com a exposição a nanopartículas feitas com quitosana, um polímero natural e alternativa viável de menor custo para a síntese de nanopartículas. Nos dois casos avaliados (inseticida e vitamina) as nanoformulações com quitosana apresentaram alta eficiência de encapsulação e boa estabilidade físico-química por 90 dias.

Nos ensaios ecotoxicológicos, foram testadas a nanoformulação e formulações convencionais de dimetoato (técnica e comercial) quanto à sua toxicidade durante o desenvolvimento de peixes-zebra (Danio rerio), na fase embrio-larval. A exposição a nanoformulação apresentou menor toxicidade em relação às do dimetoato técnico e comercial. Ela também não afetou o comportamento das larvas nos testes realizados que mediram a velocidade e a distância de natação.

A nanoformulação da vitamina C, além de conferir a proteção necessária quanto a degradação, promoveu o ganho de peso dos peixes. Esses animais, em consequência, apresentaram maior atividade de natação em comparação aos peixes alimentados com a vitamina C sem a nanoencapsulação.

Conforme a pesquisadora da Embrapa Vera Castro, entre os polímeros, os que têm chamado mais atenção são os derivados de fontes naturais e renováveis, por causa do menor impacto ambiental já que são biodegradáveis e com menor toxicidade. “O encapsulamento pode ser feito para o composto de interesse – seja suplemento nutricional de peixes, seja para pesticidas e visa a diminuição da possível toxicidade da formulação devido a outras substâncias químicas e metais”, explica.

“A nanoformulação apresentou menor toxicidade, pois aumentou a concentração necessária para causar letalidade em 50% da população dos peixes após 96 h de exposição em relação ao dimetoato”, explica Castro relatando que ela também não afetou o comportamento das larvas nos testes realizados. Os peixes-zebra, ou paulistinha, são usados como organismos de teste para avaliar um possível efeito ambiental, uma vez que parte da quantidade de produtos usados nas lavouras acabam alcançando o sistema aquático.

Já o ácido ascórbico, essencial em vários aspectos fisiológicos como na reprodução, no crescimento e em mecanismos imunológicos, tem que ser adicionado na dieta. Porém o professor Leonardo Fraceto, da Unesp, explica que ele é instável devido à influência da luz, altas temperaturas e oxigênio. “Dessa forma, a nanoencapsulação pode ser usada para protegê-lo e, em consequência, preservar suas características e propriedades físico-químicas por um maior período de tempo”.

Os pesquisadores acreditam que, com base nos resultados, o uso de nanosistemas de encapsulação com polímeros pode ser útil na busca de soluções que produzam menor impacto ambiental. Assim, o aprimoramento do conhecimento das aplicações da nanotecnologia na agricultura ajudará na gestão de risco em direção a soluções mais sustentáveis em relação às alternativas convencionais.

Nanotecnologia com sustentabilidade
A pesquisadora conta que o uso da nanotecnologia para fins agroalimentares é considerado mais sustentável ambientalmente do que formulações convencionais e que, além de serem capazes de aumentar a produtividade agrícola, trazem mais segurança ao e ao ambiente.

Os nanopesticidas abrangem uma ampla variedade de produtos. As nanoformulações são capazes de aumentar a solubilidade de ingredientes pouco solúveis, liberá-los de uma maneira lenta e direcionada a um alvo e protegê-los contra a degradação prematura do princípio ativo. Por exemplo, o emprego da nanotecnologia como sistema de entrega de pesticidas no controle de pragas pode diminuir o uso desses produtos e, em consequência, reduzir o impacto ambiental das práticas agrícolas com a diminuição de resíduos e contaminação.

Muitas nanoformulações convencionais combinam vários surfactantes, polímeros e metais e, substâncias que podem causar toxicidade. Por outro lado, o uso dos polímeros naturais nas nanoformulações traz uma vantagem importante: eles podem ser degradados por microrganismos do solo, resultando em produtos ambientalmente menos tóxicos em comparação aos de origem sintética.

Uma vez que a quitosana é estável, tem baixa toxicidade e requer métodos preparativos simples, além de possuir biocompatibilidade, biodegradabilidade e baixa toxicidade. Além disso, essas nanoformulações de materiais naturais podem ser incorporadas com segurança à matriz alimentar sem afetar suas propriedades sensoriais (o gosto dos alimentos) e são comparativamente mais seguras e menos tóxicas do que as sintetizadas quimicamente. Assim, atualmente, há interesse no uso desses polímeros para se obter produtos mais sustentáveis.

Ecotoxidade
Por outro lado, o uso e o destino de nanopesticidas e nanoprodutos podem ser influenciados por diferentes fatores ambientais como temperatura, luminosidade, composição do solo, etc. Por isso, é importante investigar o potencial ecotoxicológico dos nanomateriais em diferentes ambientes a fim de se avaliar os riscos de contaminação.

A nanotecnologia é usada na agricultura visando à obtenção de alternativas mais sustentáveis para aumentar a produtividade agrícola e ser mais segura para o consumo humano, animal e para o ambiente.

Essas características são boas para, por exemplo, reduzir o impacto ambiental decorrente do uso de pesticidas como também reduzir os possíveis danos à saúde devido à exposição direta (trabalhadores) e indireta (consumidores). No caso de suprimentos alimentares, também há a redução de custos para o produtor devido à proteção do ingrediente ativo de interesse.
Polímeros
A união de moléculas leva a formação de moléculas maiores, denominadas polímeros. Os polímeros naturais são os presentes na natureza e que fazem parte da composição orgânica da fauna e da flora. A quitosana, por exemplo, é derivada da quitina, presente nas carapaças de crustáceos

Fonte: Embrapa Meio Ambiente

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Santa Catarina registra avanço simultâneo nas importações e exportações de milho em 2025

Volume importado sobe 31,5% e embarques aumentam 243%, refletindo demanda das cadeias produtivas e oportunidades geradas pela proximidade dos portos.

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Foto: Cláudio Neves

As importações de milho seguem em ritmo acelerado em Santa Catarina ao longo de 2025. De janeiro a outubro, o estado comprou mais de 349,1 mil toneladas, volume 31,5% superior ao do mesmo período do ano passado, segundo dados do Boletim Agropecuário de Santa Catarina, elaborado pela Epagri/Cepa com base no Comex Stat/MDIC. Em termos de valor, o milho importado movimentou US$ 59,74 milhões, alta de 23,5% frente ao acumulado de 2024. Toda a origem é atribuída ao Paraguai, principal fornecedor externo do cereal para o mercado catarinense.

Foto: Claudio Neves

A tendência de expansão no abastecimento externo se intensificou no segundo semestre. Em outubro, Santa Catarina importou mais de 63 mil toneladas, mantendo a curva ascendente registrada desde julho, quando os volumes mensais passaram consistentemente da casa das 50 mil toneladas. A Epagri/Cepa aponta que esse movimento deve avançar até novembro, período em que a demanda das agroindústrias de aves, suínos e bovinos segue aquecida.

Os dados mensais ilustram essa escalada. De outubro de 2024 a outubro de 2025, as importações variaram de mínimas próximas a 3,4 mil toneladas (março/25) a máximas superiores a 63 mil toneladas (setembro/25). Nesse intervalo, meses como junho, julho e agosto concentraram forte entrada do cereal, acompanhados de receitas que oscilaram entre US$ 7,4 milhões e US$ 11,2 milhões.

Exportações crescem apesar do déficit interno
Em um cenário aparentemente contraditório, o estado, que possui déficit anual estimado em 6 milhões de toneladas de milho para suprir seu grande parque agroindustrial, também ampliou as exportações do grão em 2025.

Até outubro, Santa Catarina embarcou 130,1 mil toneladas, um salto de 243,9% em relação ao mesmo período de 2024. O valor exportado também chamou atenção: US$ 30,71 milhões, alta de 282,33% na comparação anual.

Foto: Claudio Neves

Segundo a Epagri/Cepa, essa movimentação ocorre majoritariamente em regiões produtoras próximas aos portos catarinenses, onde os preços de exportação tornam-se mais competitivos que os do mercado interno, especialmente quando o câmbio favorece vendas externas ou quando há descompasso logístico entre oferta e demanda regional.

Essa dinâmica reforça um traço estrutural conhecido do agro catarinense: ao mesmo tempo em que é um dos maiores consumidores de milho do país, devido ao peso das cadeias de proteína animal, Santa Catarina não alcança autossuficiência e depende do cereal de outras regiões e países para abastecimento. A exportação pontual ocorre quando há excedentes regionais temporários, oportunidades comerciais ou vantagens logísticas.

Perspectivas
Com a entrada gradual da nova safra 2025/26 no estado e no Centro-Oeste brasileiro, a tendência é que os volumes importados se acomodem a partir do fim do ano. No entanto, o comportamento do câmbio, os preços internacionais e o resultado final da produção catarinense seguirão determinando a necessidade de compras externas — e, por outro lado, a competitividade das exportações.

Para a Epagri/Cepa, o quadro de 2025 reforça tanto a importância do milho como insumo estratégico para as cadeias de proteína animal quanto a vulnerabilidade decorrente da dependência externa e interestadual do cereal. Santa Catarina continua sendo um estado que importa para abastecer seu agro e exporta quando a lógica de mercado permite, um equilíbrio dinâmico que movimenta portos, indústrias e produtores ao longo de todo o ano.

Fonte: O Presente Rural
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Brasil e Japão avançam em tratativas para ampliar comércio agro

Reunião entre Mapa e MAFF reforça pedido de auditoria japonesa para habilitar exportações de carne bovina e aprofunda cooperação técnica entre os países.

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Foto: Percio Campos/Mapa

OMinistério da Agricultura e Pecuária (Mapa), representado pelo secretário de Comércio e Relações Internacionais, Luis Rua, realizou uma reunião bilateral com o vice-ministro internacional do Ministério da Agricultura, Pecuária e Florestas (MAFF), Osamu Kubota, para fortalecer a agenda comercial entre os países e aprofundar o diálogo sobre temas da relação bilateral.

No encontro, a delegação brasileira apresentou as principais prioridades do Brasil, incluindo temas regulatórios e iniciativas de cooperação, e reiterou o pedido para o agendamento da auditoria japonesa necessária para a abertura do mercado para exportação de carne bovina brasileira. O Mapa também destacou avanços recentes no diálogo e reforçou os pontos considerados estratégicos para ampliar o fluxo comercial e aprimorar mecanismos de parceria.

Os representantes japoneses compartilharam seus interesses e expectativas, demonstrando disposição para intensificar o diálogo técnico e buscar convergência nas agendas de interesse mútuo.

Fonte: Assessoria Mapa
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Bioinsumos colocam agro brasileiro na liderança da transição sustentável

Soluções biológicas reposicionam o agronegócio como força estratégica na agenda climática global.

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Fotos: Koppert Brasil

A sustentabilidade como a conhecemos já não é suficiente. A nova fronteira da produção agrícola tem nome e propósito: agricultura sustentável, um modelo que revitaliza o solo, amplia a biodiversidade e aumenta a captura de carbono. Em destaque nas discussões da COP30, o tema reposiciona o agronegócio como parte da solução, consolidando-se como uma das estratégias mais promissoras para recuperação de agro-ecossistemas, captura de carbono e mitigação das mudanças climáticas.

Thiago Castro, Gerente de P&D da Koppert Brasil participa de painel na AgriZone, durante a COP30: “A agricultura sustentável é, em sua essência, sobre restaurar a vida”

Atualmente, a agricultura e o uso da terra correspondem a 23% das emissões globais de gases do efeito, aproximadamente. Ao migrar para práticas sustentáveis, lavouras deixam de ser fontes de emissão e tornam-se sumidouros de carbono, “reservatórios” naturais que filtram o dióxido de carbono da atmosfera. “A agricultura sustentável é, em sua essência, sobre restaurar a vida. E não tem como falar em vida no solo sem falar em controle biológico”, afirma o PhD em Entomologia com ênfase em Controle Biológico, Thiago Castro.

Segudo ele, ao introduzir um inimigo natural para combater uma praga, devolvemos ao ecossistema uma peça que faltava. “Isso fortalece a teia biológica, melhora a estrutura do solo, aumenta a disponibilidade de nutrientes e reduz a necessidade de intervenções agressivas. É a própria natureza trabalhando a nosso favor”, ressalta.

As soluções biológicas para a agricultura incluem produtos à base de micro e macroorganismos e extratos vegetais, sendo biodefensivos (para controle de pragas e doenças), bioativadores (que auxiliam na nutrição e saúde das plantas) e bioestimulantes (que melhoram a disponibilidade de nutrientes no solo).

Maior mercado mundial de bioinsumos

O Brasil é protagonista nesse campo: cerca de 61% dos produtores fazem uso regular de insumos biológicos agrícolas, uma taxa quatro vezes maior que a média global. Para a safra de 2025/26, o setor projeta um crescimento de 13% na adoção dessas tecnologias.

A vespa Trichogramma galloi e o fungo Beauveria bassiana (Cepa Esalq PL 63) são exemplos de macro e microrganismos amplamente utilizados nas culturas de cana-de-açúcar, soja, milho e algodão, para o controle de lagartas e mosca-branca, respectivamente. Esses agentes atuam nas pragas sem afetar polinizadores e organismos benéficos para o ecossistema.

Os impactos do manejo biológico são mensuráveis: maior porosidade do solo, retenção de água e nutrientes, menor erosão; menor dependência de fertilizantes e inseticidas sintéticos, diminuição na resistência de pragas; equilíbrio ecológico e estabilidade produtiva.

Entre as práticas sustentáveis que já fazem parte da rotina do agro brasileiro estão o uso de inoculantes e fungos benéficos, a rotação de culturas, a integração lavoura-pecuária-floresta (ILPF) e o manejo biológico de pragas e doenças. Práticas que estimulam a vida no solo e o equilíbrio natural no campo. “Os produtores que adotam manejo biológico investem em seu maior ativo que é a terra”, salienta Castro, acrescentando: “O manejo biológico não é uma tendência, é uma necessidade do planeta, e a agricultura pode e deve ser o caminho para a regeneração ambiental, para esse equilíbrio que buscamos e precisamos”.

Fonte: Assessoria Koppert Brasil
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