Avicultura Postura
Mudanças na produção de ovos são iminentes, sustenta especialista
Investir em marketing, agregação de valor e ver o melhor modelo de produção são alguns dos conselhos dados por Cláudio Machado

A produção de ovos no Brasil vem sofrendo grandes transformações nos últimos anos. A principal delas é sobre
atender as exigências do novo consumidor. Agora, não é somente produzir ovos, pontos como bem-estar animal, produção cage free ou free range, ou mesmo ovos orgânicos. São vários os nichos de mercado. A adaptação deve vir não somente do produtor, mas também da indústria. O diretor técnico comercial da Vencomatic, doutor Cláudio Machado, abordou este assunto durante a 2ª Conbrasul Ovos, que aconteceu em junho em Gramado, RS.
De acordo com o especialista, a transformação global no setor de ovos que vem acontecendo está muito ligada ao consumidor, a como ele quer um produto diferente, mas sem perder a parte do custo. “Achei interessante um dado apresentado, em que 85% das pessoas querem esse produto diferente. Mas essas mesmas 85% quando vão ao mercado e veem um produto que custa R$ 4 e outro que custa R$ 10, compram o de R$ 4”, analisa. Segundo ele, isso acontece porque o poder econômico da população não é elevado.
Produção diferente, preço diferente
Algo que tanto o consumidor quanto o produtor devem entender ainda são os diferentes tipos de produção de ovos que há. “Nós sabemos que cage free, free range e orgânico são três modos de produção distintos que têm preços totalmente diferentes. Assim como os de gaiolas sabemos que é mais barato”, comenta. Isso acontece, explica Machado, pelo fato de que em uma produção cage free são 10 aves por metro quadrado, assim como no free range, mas neste ainda há a área externa que é preciso ter. Já na produção de ovos orgânicos são seis aves por metro quadrado, além do controle de alimento, já que o milho deve ser orgânico, e de água. “Ou seja, esse vai custar muito mais caro”, afirma.
Assim, o especialista explana, é preciso fazer com que o consumidor enxergue esses nichos diferentes e entenda o valor dos produtos, não o preço. “Quando você vai aos Estados Unidos, vê que a produção cage free tomou conta, porque o preço dele está chegando próximo ao ovo de gaiola. Então começa a ter força”, conta. Ele afirma que é perceptível que o fato de tirar a galinha da gaiola e dar condições de poleiro, de dormir, aumenta a produtividade de uma forma grande, além de a ave ficar mais saudável. “Não é preciso dar tanto medicamente, fazer tantos tratamentos, além de reduzir a diarreia e outros problemas”, conta.
Não é fase
Machado explica que algo que se percebe é que o produtor não acredita que vai acontecer uma mudança na forma de produzir o ovo. “Grande parte ainda acha que é somente um momento”, comenta. Assim, ele foi pesquisar e buscar como chegar nesse novo consumidor. “Temos que fazer isso. Como chegar nesse novo consumidor que acabou com o táxi, que está acabando com os canais de televisão aberta?”, questiona.
Segundo ele, algumas transformações são muito fortes e terão que acontecer. “Esse consumidor que chegava no mercado e ia pelo cheiro comprar o ovo não existe mais. Essa pessoa quer um produto diferente e ele precisa ser respeitado”, afirma. Além do mais, aquele produtor que não seguir as tendências não conseguirá sobreviver muito mais tempo na atividade. “Se essa pessoa não tiver poder de investimento, se não investir e correr atrás, 30% dos produtores serão engolidos”, diz Machado. “O cage free, por exemplo, é uma escolha legal para fazer uma transição”, avalia.
O problema ainda é a falta de percepção de valor pelos consumidores, aponta. “O problema aqui é o preço. O consumidor e a indústria querem o produto diferenciado, mas querem pagar o mesmo valor, e isso é injusto, é incoerente”, afirma. “As indústrias estão dizendo que as gaiolas vão acabar, mas o grande foco disso é que é preciso aumentar a quantidade de produtores para reduzir o custo”, avisa.
É preciso investir em marketing
O especialista ainda ressalta a importância de o setor de ovos investir mais em marketing. “Se não trabalhar o marketing, as pessoas, o consumidor, não vão ver o trabalho que está sendo feito”, diz. Ele comenta que é importante que atualmente o produtor de ovos, no momento da venda, tenha “algo a mais” a oferecer ao consumidor. “Seja uma embalagem mais bem-feita, uma certificação, o ovo mais bem apresentável. É preciso trabalhar nisso”, afirma.
Um problema destacado por Machado é que o produtor aprendeu a vender comodities. “Porém, comodities é o que não tem valor agregado, e é preciso encontrar formas de agregar valor. O tempo que temos é curto”, atenta.
Além do mais, ele conta que nos Estados Unidos, por exemplo, há produtor como omelete e ovo cozido prontos para vender no mercado. “Você chega e compra a omelete e é só colocar na frigideira, o ovo cozido é vendido dentro de potes. O que eles fazem? Colocam valor no produto e não ficam fazendo muita frescura”, afirma.
Atender aos diferentes mercados
Machado explica que muitas vezes o produtor de ovos brasileiro está muito preocupado em competir com grandes produtores, como a Fazenda da Toca e a Korin, por exemplo. “Essas duas são referências, o investimento que eles têm e o nível que estão hoje mostram que eles estão na ponta. Mas, o consumidor vê o seguinte: se uma bandeja de ovo custa R$ 20 e outra custa R$ 5, qual ele vai comprar? Temos que ver que o ovo, por ser orgânico, custa caro. Então, o produtor deve perceber que não é com este mercado que ele deve competir”, afirma.
Ele explica que há um nicho de mercado em meio ao orgânico, que é mais caro, e a comodities. “Tem dois tipos de ovos, o cage free e o free range, que tem a produção com um custo mais baixo, não precisa mudar a alimentação das aves, pode colocar mais aves por metro quadrado. O ovo cage free é aproximadamente 30% mais caro, porém, o orgânico está custando três vezes mais que isso”, salienta.
Machado reitera que o que o produtor deve fazer é ver esta oportunidade diante dele. “O que eu estou vendo é uma produção com sustentabilidade. Se eu fosse investir, não gastaria um real em gaiolas. Eu investiria em melhorar a qualidade e a apresentação do meu produto, além do marketing”, afirma. Para ele, o avicultor deve tirar da cabeça essa ideia de somente produzir em quantidade e começar a pensar em como agregar valor ao produto dele. “Quanto custaria para uma granja ou no processo fazer uma omelete e vender no mercado? Imagina quanto agregaria no valor, no nosso produto. Esse tipo de coisa ninguém está olhando no Brasil, não estão vendo este segmento”, diz.
Outras notícias você encontra na edição de Aves de junho/julho de 2019 ou online.

Avicultura
Com 33 anos de atuação, Sindiavipar reforça protagonismo do Paraná na produção de frango
Trabalho conjunto com setor produtivo e instituições públicas sustenta avanços em biosseguridade, rastreabilidade e competitividade.

O Sindicato das Indústrias de Produtos Avícolas do Estado do Paraná (Sindiavipar) celebra, nesta quarta-feira (19), 33 anos de atuação em defesa da avicultura paranaense. Desde sua fundação, em 1992, a entidade reúne e representa as principais indústrias do setor com objetivo de articular políticas, promover o desenvolvimento sustentável e fortalecer uma cadeia produtiva que alimenta milhões de pessoas dentro e fora do Brasil.

Foto: Shutterstock
Ao longo dessas mais de três décadas, o Sindiavipar consolidou seu papel como uma das entidades mais relevantes do país quando o assunto é sanidade avícola, biosseguridade e competitividade internacional. Com atuação estratégica junto ao poder público, entidades setoriais, instituições de pesquisa e organismos internacionais, o Sindiavipar contribui para que o Paraná seja reconhecido pela excelência na produção de carne de frango de qualidade, de maneira sustentável, com rastreabilidade, bem-estar-animal e rigor sanitário.
O Estado é referência para que as exportações brasileiras se destaquem no mercado global, e garantir abastecimento seguro a diversos mercados e desta forma contribui significativamente na segurança alimentar global. Esse desempenho se sustenta pelo excelente trabalho que as indústrias avícolas do estado executam quer seja através investimentos constantes ou com ações contínuas de prevenção, fiscalização, capacitação técnica e por uma avicultura integrada, inovadora, tecnológica, eficiente e moderna.

Foto: Shutterstock
Nos últimos anos, o Sindiavipar ampliou sua agenda estratégica para temas como inovação, sustentabilidade, educação sanitária e diálogo com a sociedade. A realização do Alimenta 2025, congresso multiproteína que reuniu autoridades, especialistas e os principais players da cadeia de proteína animal, reforçou a importância do debate sobre biosseguridade, bem-estar-animal, tecnologias, sustentabilidade, competitividade e mercados globais, posicionando o Paraná no centro das discussões sobre o futuro da produção de alimentos no país.
Os 33 anos do Sindiavipar representam a trajetória de um setor que cresceu com responsabilidade, pautado pela confiança e pelo compromisso de entregar alimentos de qualidade. Uma história construída pela união entre empresas, colaboradores, produtores, lideranças e parceiros que acreditam no potencial da avicultura paranaense.
O Sindiavipar segue atuando para garantir um setor forte, inovador e preparado para os desafios de um mundo que exige segurança, eficiência e sustentabilidade na produção de alimentos.
Avicultura
União Europeia reabre pre-listing e libera avanço das exportações de aves e ovos do Brasil
Com o restabelecimento do sistema de habilitação por indicação, frigoríficos que atenderem às exigências sanitárias poderão exportar de forma mais ágil, retomando um mercado fechado desde 2018.

A União Europeia confirmou ao governo brasileiro, por meio de carta oficial, o retorno do sistema de habilitação por indicação da autoridade sanitária nacional, o chamado pre-listing, para estabelecimentos exportadores de carne de aves e ovos do Brasil. “Uma grande notícia é a retomada do pré-listing para a União Europeia. Esse mercado espetacular, remunerador para o frango e para os ovos brasileiros estava fechado desde 2018. Portanto, sete anos com o Brasil fora”, destacou o ministro da Agricultura e Pecuária, Carlos Fávaro.

Foto: Freepik
Com a decisão, os estabelecimentos que atenderem aos requisitos sanitários exigidos pela União Europeia poderão ser indicados pelo Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) e, uma vez comunicados ao bloco europeu, ficam aptos a exportar. No modelo de pre-listing, o Mapa atesta e encaminha a lista de plantas que cumprem as normas da UE, sem necessidade de avaliação caso a caso pelas autoridades europeias, o que torna o processo de habilitação mais ágil e previsível. “Trabalhamos três anos na reabertura e, finalmente, oficialmente, o mercado está reaberto. Todas as agroindústrias brasileiras que produzem ovos e frangos e que cumprirem os pré-requisitos sanitários podem vender para a Comunidade Europeia”, completou.
A confirmação oficial do mecanismo é resultado de uma agenda de trabalho contínua com a Comissão Europeia ao longo do ano. Em 2 de outubro, missão do Mapa a Bruxelas, liderada pelo secretário de Comércio e Relações Internacionais, Luís Rua, levou à União Europeia um conjunto de pedidos prioritários, entre eles o restabelecimento do pre-listing para proteína animal, o avanço nas tratativas para o retorno dos pescados e o reconhecimento da regionalização de enfermidades.
Na sequência, em 23 de outubro, reunião de alto nível em São Paulo entre o secretário Luís Rua e o comissário europeu para Agricultura, Christophe Hansen, consolidou entendimentos na pauta sanitária bilateral e registrou o retorno do sistema de pre-listing para estabelecimentos brasileiros habilitados a exportar carne de aves, o que agora se concretiza com o recebimento da carta oficial e permite o início dos procedimentos de habilitação por parte do Mapa. O encontro também encaminhou o avanço para pre-listing para ovos e o agendamento da auditoria europeia do sistema de pescados.

Foto: Ari Dias
Na ocasião, as partes acordaram ainda a retomada de um mecanismo permanente de alto nível para tratar de temas sanitários e regulatórios, com nova reunião prevista para o primeiro trimestre de 2026. O objetivo é assegurar previsibilidade, transparência e continuidade ao diálogo, reduzindo entraves técnicos e favorecendo o fluxo de comércio de produtos agropecuários entre o Brasil e a União Europeia.
Com o pre-listing restabelecido para carne de aves e ovos, o Brasil reforça o papel de seus serviços oficiais de inspeção como referência na garantia da segurança dos alimentos e no atendimento às exigências do mercado europeu, ao mesmo tempo em que avança em uma agenda de facilitação de comércio baseada em critérios técnicos e cooperação regulatória.
Avicultura
Exportações gaúchas de aves avançam e reforçam confiança do mercado global
Desempenho positivo em outubro, expansão da receita e sinais de estabilidade sanitária fortalecem o posicionamento do estado no mercado externo.

O setor agroindustrial avícola do Rio Grande do Sul mantém um ritmo consistente de recuperação nas exportações de carne de frango, tanto processada quanto in natura. Em outubro, o estado registrou alta de 8,8% no volume embarcado em relação ao mesmo mês do ano passado. Foram 60,9 mil toneladas exportadas, um acréscimo de 4,9 mil toneladas frente às 56 mil toneladas enviadas em outubro de 2023.
A receita também avançou: o mês fechou com US$ 108,9 milhões, crescimento de 5% na comparação anual.
No acumulado de janeiro a outubro, entretanto, o desempenho ainda reflete os impactos do início do ano. Os volumes totais apresentam retração de 1%, enquanto a receita caiu 1,8% frente ao mesmo período de 2024, conforme quadro abaixo:

O rápido retorno das exportações de carne de aves do Rio Grande do Sul para mercados relevantes, confirma que, tanto o estado quanto o restante do país permanecem livres das doenças que geram restrições internacionais.
Inclusive, o reconhecimento por parte da Organização Mundial de Saúde Animal (OMSA) e muitos outros mercados demonstram a importância do reconhecimento da avicultura do Rio Grande do Sul por parte da China, ainda pendente. “Estamos avançando de forma consistente e, em breve, estaremos plenamente aptos a retomar nossas exportações na totalidade de mercados. Nossas indústrias, altamente capacitadas e equipadas, estão preparadas para atender às demandas de todos os mercados, considerando suas especificidades quanto a volumes e tipos de produtos avícolas”, afirmou José Eduardo dos Santos, Presidente Executivo da Organização Avícola do Rio Grande do Sul (Asgav/Sipargs).
Indústria e produção de ovos
O setor da indústria e produção de ovos ainda registra recuo nos volumes exportados de -5,9% nos dez meses de 2025 em relação ao mesmo período de 2024, ou seja, -317 toneladas. Porém, na receita acumulada o crescimento foi de 39,2%, atingindo um total de US$ 19 milhões de dólares de janeiro a outubro deste ano.
A receita aumentou 49,5% em outubro comparada a outubro de 2024, atingindo neste mês a cifra de US$ 2.9 milhões de dólares de faturamento. “A indústria e produção de ovos do Rio Grande do Sul está cada vez mais presente no mercado externo, o atendimento contínuo aos mais diversos mercados e o compromisso com qualidade, evidenciam nosso potencial de produção e exportação”, pontua Santos.

Exportações brasileiras
As exportações brasileiras de carne de frango registraram em outubro o segundo melhor resultado mensal da história do setor, de acordo com a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA). Ao todo, foram exportadas 501,3 mil toneladas de carne no mês, saldo que superou em 8,2% o volume embarcado no mesmo período do ano passado, com 463,5 mil toneladas.

Presidente Eeecutivo da Organização Avícola do Rio Grande do Sul, José Eduardo dos Santos: “A indústria e produção de ovos do Rio Grande do Sul está cada vez mais presente no mercado externo, o atendimento contínuo aos mais diversos mercados e o compromisso com qualidade, evidenciam nosso potencial de produção e exportação”
Com isso, as exportações de carne de frango no ano (volume acumulado entre janeiro e outubro) chegaram a 4,378 milhões de toneladas, saldo apenas 0,1% menor em relação ao total registrado no mesmo período do ano passado, com 4,380 milhões de toneladas.
A receita das exportações de outubro chegaram a US$ 865,4 milhões, volume 4,3% menor em relação ao décimo mês de 2024, com US$ 904,4 milhões. No ano (janeiro a outubro), o total chega a US$ 8,031 bilhões, resultado 1,8% menor em relação ao ano anterior, com US$ 8,177 bilhões.
Já as exportações brasileiras de ovos (considerando todos os produtos, entre in natura e processados) totalizaram 2.366 toneladas em outubro, informa a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA). O número supera em 13,6% o total exportado no mesmo período do ano passado, com 2.083 toneladas.
Em receita, houve incremento de 43,4%, com US$ 6,051 milhões em outubro deste ano, contra US$ 4,219 milhões no mesmo período do ano passado. No ano, a alta acumulada chega a 151,2%, com 36.745 toneladas entre janeiro e outubro deste ano contra 14.626 toneladas no mesmo período do ano passado. Em receita, houve incremento de 180,2%, com US$ 86,883 milhões nos dez primeiros meses deste ano, contra US$ 31,012 milhões no mesmo período do ano passado.




