Suínos Saúde Animal
Mudanças de comportamento e reações fisiológicas em suínos resultantes do estresse térmico
Diversos desafios enfrentados nos lotes são ampliados em razão do clima frio e podem também reduzir a produtividade da granja

Artigo escrito por Ítalo Ferreira, zootecnista e coordenador Técnico na BTA Aditivos e Rafael Soares, médico veterinário, mestrando em Produção Animal e coordenador Técnico da Divisão Animal da BTA Aditivos
O período de inverno, com clima mais frio e seco, apresenta alguns desafios para o manejo dos animais. É também um momento propício para adequar a ambiência animal e garantir um melhor desempenho e produtividade da granja. Outro ponto que deve ter atenção redobrada nos meses mais frios do ano é a sanidade dos lotes, uma vez que o aparecimento de doenças respiratórias tende a se agravar nesta época.
A maioria dos animais domésticos possuem a capacidade de regular a temperatura corporal perante o ambiente, a chamada homeotermia. Porém, os suínos têm certa dificuldade na manutenção de tal parâmetro. Este problema se dá quando há uma variação da temperatura ambiente para valores fora da zona de conforto térmico dos animais. Quando isso acontece, ocorre o estresse térmico que desencadeia reações fisiológicas e mudanças de comportamento.
Usualmente, no Brasil, os maiores problemas enfrentados ocorrem em razão da temperatura acima do recomendado, devido ao clima tropical. Porém, nos períodos mais frios do ano e na região Sul do país ocorre justamente o oposto: o estresse térmico oriundo de temperaturas baixas. Buscando contrapor a redução da temperatura ambiente, os animais aumentarão o consumo voluntário de ração, ficarão mais próximos entre si e, quando em descanso, deitarão em cima das patas.
Este desafio causa, principalmente, redução do consumo do colostro e redução de movimento em recém-nascidos, resultando no aumento da mortalidade e diversas perdas produtivas ao longo da vida do animal. Já na fase de creche, pode-se observar animais deitados uns sobre os outros. Este tipo de comportamento, demonstra a busca por reduzir a dissipação de calor e o uso de outros animais como fonte de aquecimento, o que pode causar a redução no consumo de ração e, consequentemente, menor peso e homogeneidade do lote na fase final da creche.
Manejo de ambiência para melhor conforto
O controle da temperatura, umidade relativa do ar e concentração de gases no ambiente dos galpões é o primeiro ponto a ser trabalhado quando se busca minimizar os desafios do clima. Diferente dos períodos mais quentes do ano, quando o principal desafio é a redução da temperatura ambiental para os animais nas fases de crescimento, terminação e reprodução, no inverno trabalha-se, principalmente, na tentativa de elevar a temperatura dos galpões de maternidade e creche.
O manejo de ventilação e a utilização de aquecedores na produção intensiva de aves e suínos entram como duas ferramentas importantes que auxiliam no controle ambiental. O aquecimento se dá usualmente por meio de resistências elétricas, pisos aquecidos e sistemas de aquecimento por convecção, que objetivam manter os animais do galpão na zona de conforto térmico. Já o controle do fluxo de ar se dá, normalmente, por abertura ou fechamento das cortinas laterais, que devem ser envelopadas e mantidas em boas condições, objetivando o controle da umidade relativa do ar, redução da temperatura interna e minimização dos gases presentes no ambiente.
É importante ficar atento para a elevação das concentrações de gases no ambiente como, por exemplo, a amônia. Sua formação ocorre naturalmente, em razão dos dejetos dos animais e ambientes sem renovação de ar. A abertura da parte superior das cortinas, em apenas um lado do galpão, facilita a eliminação dos gases e renovação do ar, sem comprometer muito a temperatura interna e o custo com aquecimento das instalações.
Considerando que quanto menor a idade dos animais maior é o desafio de controle da temperatura corporal, os leitões na fase de creche são os mais afetados pelas variações de temperatura, necessitando ao nascer de ambiente entre 30 °C e 32 °C. A principal ferramenta para redução dos desafios térmicos destes animais é o escamoteador, que tem como objetivo servir de abrigo térmico ao animal, prezando por manter o ambiente limpo e seco. Quando se faz um manejo correto deste equipamento haverá um ganho, ainda, da redução de leitões esmagados, uma vez que os animais não irão buscar a mãe como fonte de calor, evitando acidentes.
Para a fase de creche é necessário que, no momento do recebimento, o ambiente esteja seco e com temperatura próxima aos 30 °C, de modo a minimizar o estresse causado pela movimentação dos animais. Com o passar dos dias é possível promover a redução da temperatura interna das salas de acordo com as temperaturas mostradas na tabela abaixo.

Manejo sanitário para prevenir zoonoses
Assim como para os humanos, os períodos frios são os que apresentam maiores desafios para os animais, com alta incidência de doenças respiratórias. Para que se consiga garantir a manutenção da saúde dos animais neste período é necessário cuidados para blindar a propriedade das enfermidades. Usualmente, no controle de doenças respiratórias, são trabalhados quatro pilares importantes: programa de biosseguridade, controle de fatores de risco, vacinação e tratamento antimicrobiano.
Visando o crescimento da produção, tem-se mantido os animais mais confinados, elevando a densidade das instalações e aumentando o número de granjas na mesma região. Isso traz como consequência um grande o risco de contaminação, principalmente no período de inverno onde as doenças respiratórias são mais eminentes. Dentre as principais doenças respiratórias, está a Pneumonia Enzoótica Suína, causada pela bactéria Mycoplasma hyopneumoniae. Amplamente prevalente nos rebanhos comerciais brasileiros, esta bactéria pode persistir por longos períodos no trato respiratório dos suínos, levando a lesões discretas até a falta de apetite e queda no desempenho.
A Influenza Suína tem seu potencial zoonótico, caracterizado pela capacidade de mutação da sua estrutura antigênica e criação de novas cepas. É uma doença respiratória de grande importância devido à sua rápida transmissão, causada pelo vírus influenza A, dividido em subtipos, de acordo com a natureza antigênica de sua hemaglutinina e da neuraminidase (“H” e “N”). Os três sorotipos mais comuns que afetam os suínos são H1N1, H1N2 e H3N2.
Os sinais clínicos aparecem rapidamente após a infecção com tosse, dificuldade para respirar, febre, queda na produção, além das porcas que chegam vazias à área de parto, natimortos e partos lentos.
A Pleuropneumonia Suína, é uma doença respiratória grave causada por Actinobacillus pleuropneumoniae. Tem como fonte de contaminação animais doentes, provenientes de granjas infectadas, que não apresentam sinais clínicos, além de manejos inadequados, diminuição ou ausência de vazios sanitários e estresse térmico.
No caso da Pasteurella multocida tipo A, considerada uma doença oportunista secundária, sua ação ocorre sempre após uma infecção primária como a Influenza suína, e causa danos pulmonares, levando a pneumonia aguda, febre alta, corrimento nasal e tosse.
Ácidos orgânicos para contribuir no manejo nutricional
Assim como nos humanos, a temperatura ambiental afeta intensamente o comportamento alimentar dos suínos e, consequentemente, a composição da carcaça dos mesmos. Em ambiente frio os animais tendem a aumentar a ingestão de ração devido ao aumento da exigência energética direcionada à manutenção da temperatura corporal. Outro fato observado é uma maior eficiência na utilização dos ingredientes da dieta que causarão, também, um aumento na deposição de gordura na parte externa da carcaça quando comparado com animais alocados em temperatura neutra e acima do conforto térmico, quando há uma maior deposição nos órgãos internos.
Reduzir a densidade energética das dietas para animais que recebem alimento à vontade é uma forma de ajustar o consumo de nutrientes e evitar aumentos nos custos da dieta e perda da eficiência na conversão alimentar. Isso ocorre principalmente em animais nas fases de terminação e reprodução, que possuem grande capacidade de consumo voluntário de alimento.
Certo de que o organismo do animal irá direcionar nutrientes para a produção de calor é imperativo se trabalhar uma melhor eficiência da dieta, principalmente em animais mais jovens. Dentre as ferramentas presentes no mercado pode-se fazer uso de ácidos orgânicos, prébióticos, probióticos e óleos essenciais. Existe um blend de ácidos orgânicos e óleos essenciais e, ácidos orgânicos microencapsulados, respectivamente. Esses produtos auxiliam melhorando a saúde e morfologia intestinal, facilitando a digestão e potencializando a absorção de nutrientes, trazendo assim, aumento do desempenho zootécnico e redução do custo da dieta.
Percebe-se que os diversos desafios enfrentados nos lotes são ampliados em razão do clima frio e podem também reduzir a produtividade da granja. Porém, com o manejo correto, gestão sanitária e observação das características dos animais é possível minimizar os danos e garantir o bem-estar e o sucesso produtivo da suinocultura.
Outras notícias você encontra na edição de Suínos e Peixes maio/junho de 2021 ou online.

Suínos
Aurora Coop lança primeiro Relatório de Sustentabilidade e consolida compromisso com o futuro
Documento reúne práticas ambientais, sociais e de governança, reforçando o compromisso da Aurora Coop com transparência, inovação e desenvolvimento sustentável.

A Aurora Coop acaba de publicar o seu primeiro Relatório de Sustentabilidade, referente ao exercício de 2024, documento que inaugura uma nova etapa na trajetória da cooperativa. O lançamento reafirma o compromisso da instituição em integrar a sustentabilidade à estratégia corporativa e aos processos de gestão de um dos maiores conglomerados agroindustriais do país.
Segundo o presidente Neivor Canton, o relatório é fruto de um trabalho que alia governança, responsabilidade social e visão de futuro. “A sustentabilidade, para nós, não é apenas um conceito, mas uma prática incorporada em todas as nossas cadeias produtivas. Este relatório demonstra a maturidade da Aurora Coop e nossa disposição em ampliar a transparência com a sociedade”, destacou.
Em 2024, a Aurora Coop registrou receita operacional bruta de R$ 24,9 bilhões, crescimento de 14,2% em relação ao ano anterior. Presente em mais de 80 países distribuídos em 13 regiões comerciais, incluindo África, América do Norte, Ásia e Europa, a cooperativa consolidou a posição de destaque internacional ao responder por 21,6% das exportações brasileiras de carne suína e 8,4% das exportações de carne de frango.

Vice-presidente da Aurora Coop Marcos Antonio Zordan e o presidente Neivor Canton
De acordo com o vice-presidente de agronegócios, Marcos Antonio Zordan, os números atestam a força do cooperativismo e a capacidade de geração de riqueza regional. “O modelo cooperativista mostra sua eficiência ao unir produção, competitividade e compromisso social. Esses resultados são compartilhados entre os cooperados e as comunidades, e reforçam a relevância do setor no desenvolvimento do país”, afirmou.
A jornada de sustentabilidade da Aurora Coop foi desenhada em consonância com padrões internacionais e com base na escuta ativa dos públicos estratégicos. Entre os temas prioritários figuram: uso racional da água, gestão de efluentes, transição energética, práticas empregatícias, saúde e bem-estar animal, segurança do consumidor e desenvolvimento local. “O documento reflete uma organização que reconhece a responsabilidade de atuar em cadeias longas e complexas, como a avicultura, a suinocultura e a produção de lácteos”, sublinha Canton.
Impacto social e ambiental
Em 2024, a cooperativa gerou 2.510 novos empregos, alcançando o marco de 46,8 mil colaboradores, dos quais 31% em cargos de liderança são ocupados por mulheres. Foram distribuídos R$ 3,3 bilhões em salários e benefícios, além de R$ 580 milhões em investimentos sociais e de infraestrutura, com destaque para a ampliação de unidades industriais e melhorias estruturais que fortaleceram as economias locais.
A Fundação Aury Luiz Bodanese (FALB), braço social da Aurora Coop, realizou mais de 930 ações em oito estados, beneficiando diretamente mais de 54 mil pessoas. Em resposta à emergência climática no Rio Grande do Sul, a instituição doou 100 toneladas de alimentos, antecipou o 13º salário dos colaboradores da região, disponibilizou logística para doações, distribuiu EPIs a voluntários e destinou recursos à aquisição de medicamentos.
O relatório evidencia práticas voltadas ao uso eficiente de recursos naturais e à gestão de resíduos com foco na circularidade. Em 2024, a cooperativa intensificou a autogeração de energia a partir de fontes renováveis e devolveu ao meio ambiente mais de 90% da água utilizada, devidamente tratada.
Outras iniciativas incluem reflorestamento próprio, rotas logísticas otimizadas e embalagens sustentáveis: 79% dos materiais vieram de fontes renováveis, 60% do papelão utilizado eram reciclados e 86% dos resíduos foram reaproveitados, especialmente por meio de compostagem, biodigestão e reciclagem. Em parceria com o Instituto Recicleiros, a Aurora Coop atuou na Logística Reversa de Embalagens em nível nacional. “O cuidado ambiental é parte de nossa responsabilidade como produtores de alimentos e como cidadãos cooperativistas”, enfatiza Zordan.
O bem-estar animal e a segurança do consumidor estão no cerne da atuação da cooperativa. Práticas rigorosas asseguram o respeito aos animais e a inocuidade dos alimentos, garantindo a confiança dos mercados internos e externos.
Futuro sustentável
Para Neivor Canton, a publicação do primeiro relatório é um marco institucional que projeta a Aurora Coop para novos patamares de governança. “Este documento não é um ponto de chegada, mas de partida. Ao comunicar com transparência nossas ações e resultados, reforçamos nossa identidade cooperativista e reiteramos o compromisso de gerar prosperidade compartilhada e preservar os recursos para as futuras gerações.”
Já Marcos Antonio Zordan ressalta que a iniciativa insere a Aurora Coop no rol das empresas globais que aliam competitividade e responsabilidade. “A sustentabilidade é o caminho para garantir longevidade empresarial, fortalecer o vínculo com a sociedade e assegurar alimentos produzidos de forma ética e responsável.”
O Relatório de Sustentabilidade 2024 da Aurora Coop confirma o papel de liderança da cooperativa como referência nacional e internacional na integração entre desempenho econômico, responsabilidade social e cuidado ambiental. Trata-se de uma publicação que fortalece a identidade cooperativista e projeta a instituição como protagonista na construção de um futuro sustentável.
Com distribuição nacional nas principais regiões produtoras do agro brasileiro, O Presente Rural – Suinocultura também está disponível em formato digital. O conteúdo completo pode ser acessado gratuitamente em PDF, na aba Edições Impressas do site.
Suínos
Swine Day 2025 reforça integração entre ciência e indústria na suinocultura
Com 180 participantes, painéis técnicos, pré-evento sanitário e palestras internacionais, encontro promoveu troca qualificada e aproximação entre universidade e setor produtivo.

Realizado nos dias 12 e 13 de novembro, na Faculdade de Veterinária da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), o Swine Day chegou à sua 9ª edição reunindo 180 participantes, 23 empresas apoiadoras, quatro painéis, 29 apresentações orais e oito espaços de discussão. O encontro reafirmou sua vocação de aproximar pesquisa científica e indústria suinícola, promovendo ambiente de troca técnica e atualização profissional.
O evento também contou com um pré-evento dedicado exclusivamente aos desafios sanitários causados por Mycoplasma hyopneumoniae na suinocultura mundial, com quatro apresentações orais, uma mesa-redonda e 2 espaços de debate direcionados ao tema.
As pesquisas apresentadas foram organizadas em quatro painéis temáticos: UFRGS–ISU, Sanidade, Nutrição e Saúde e Produção e Reprodução. Cada sessão contou com momentos de discussão, reforçando a proposta do Swine Day de estimular o diálogo técnico entre academia, empresas e profissionais da cadeia produtiva.
Entre os destaques da programação estiveram as palestras âncoras. A primeira, ministrada pelo Daniel Linhares, apresentou “Estratégias epidemiológicas para monitoria sanitária em rebanhos suínos: metodologias utilizadas nos EUA que poderiam ser aplicadas no Brasil”. Já o Gustavo Silva abordou “Ferramentas de análise de dados aplicadas à tomada de decisão na indústria de suínos”.
Durante o encerramento, a comissão organizadora agradeceu a participação dos presentes e anunciou que a próxima edição do Swine Day será realizada nos dias 11 e 12 de novembro de 2026.
Com elevado nível técnico, forte participação institucional e apoio do setor privado, o Swine Day 2025 foi considerado pela organização um sucesso, consolidando sua importância como espaço de conexão entre ciência e indústria dentro da suinocultura brasileira.
Suínos
Preços do suíno vivo seguem estáveis e novembro registra avanço nas principais praças
Indicador Cepea/ESALQ mostra mercado firme com altas moderadas no mês e estabilidade diária em estados líderes da suinocultura.

Os preços do suíno vivo medidos pelo Indicador Cepea/Esalq registraram estabilidade na maioria das praças acompanhadas na terça-feira (18). Apesar do cenário de calmaria diária, o mês ainda apresenta variações positivas, refletindo um mercado que segue firme na demanda e no escoamento da produção.
Em Minas Gerais, o valor médio se manteve em R$ 8,44/kg, sem alteração no dia e com avanço mensal de 2,55%, o maior entre os estados analisados. No Paraná, o preço ficou em R$ 8,45/kg, registrando leve alta diária de 0,24% e acumulando 1,20% no mês.
No Rio Grande do Sul, o indicador permaneceu estável em R$ 8,37/kg, com crescimento mensal de 1,09%. Santa Catarina, tradicional referência na suinocultura, manteve o preço em R$ 8,25/kg, repetindo estabilidade diária e mensal.
Em São Paulo, o valor do suíno vivo ficou em R$ 8,81/kg, sem variação no dia e com leve alta de 0,46% no acumulado de novembro.
Os dados são do Cepea, que monitora diariamente o comportamento do mercado e evidencia, neste momento, um setor de suínos com preços firmes, porém com oscilações moderadas entre as principais regiões produtoras.



