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Moscas e ratos determinam sucesso ou fracasso na suinocultura

Além de serem carreadores de doenças, urinam, defecam, perdem pelos dentro do sistema, depredam as instalações e consomem toneladas de ração

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Arquivo/OP Rural

As patas de uma única mosca podem transportar mais de 250 bactérias, como Salmolla e E. Coli. Nos sistemas intensivos de produção de suínos, a mosca representa sérios riscos na transmissão de doenças para os animais. Já um único casal de ratos, em um ano, pode gerar quase 13 mil descendentes. Além de serem carreadores de doenças, urinam, defecam, perdem pelos dentro do sistema, depredam as instalações e consomem toneladas de ração. Juntos, moscas e ratos podem ser decisivos para o sucesso ou o fracasso da atividade suinícola. Por isso é tão importante manter um rigoroso controle desses vetores na produção de suínos.

Alisson Mezalira, mestre em Medicina Veterinária, tratou do tema com centenas de profissionais envolvidos com o setor durante o Simpósio Brasil Sul de Suinocultura (SBSS), que aconteceu no início de agosto, em Chapecó, SC. Ele foi convidado pelo Núcleo Oeste de Médicos Veterinários e Zootecnistas de Santa Catarina (Nucleovet) para aprofundar as discussões sobre a importância da identificação e controle de vetores para a suinocultura. “Esses vetores conseguem viver em condições extremamente adversas, e os sistemas de produção (de suínos) oferecem condições favoráveis ao aumento das populações”, menciona.

As moscas, destaca Mezalira, são talvez as principais vilãs, já que o contato direto delas com os suínos é praticamente inevitável. “As extremidades das patas das moscas podem carregar até 250 bactérias. Devido ao amplo contato direto com os suínos, por exemplo, a mosca doméstica é a espécie que tem a maior chance de ser positiva e carrear Lawsonia”, microrganismo causador da Enteropatia Proliferativa dos Suínos (EPS). Os sintomas incluem fezes diarréicas escuras e sanguinolentas, fraqueza, letargia, anemia e anorexia. De acordo com a Associação Brasileira de Criadores de Suíno (ABCS), “a mortalidade pode ser superior a 6%. A morte geralmente ocorre em 48 horas, no entanto alguns animais se recuperam quando tratados a tempo. Fêmeas gestantes podem abortar”. “A forma crônica geralmente se manifesta como uma enterite necrótica associada com a diminuição do consumo de alimentos e ganho de peso. Animais de 6 a 20 semanas são os principais afetados”, esclarece a ABCS.

Além de doenças, as moscas causam estresse ao animal e aos seres humanos que trabalham na granja. “As moscas são vetores mecânicos, que voam por até 1,6 quilômetro, mas podem ser transportadas, por exemplo, por veículos, para distâncias maiores. Elas são sugadoras e regurgitam sobre os alimentos. Além dos problemas com doenças, elas aumentam o nível de estresse do animal, o que acaba diminuindo seu ganho de peso diário. É comum ver suínos com inquietação, fazendo movimentos contínuos de cauda e cabeça (para afastar mocas)”, alerta o profissional.

Controle das moscas

O controle das moscas, alerta Mezalira, deve ser iniciado muito antes de o inseto ser visto voando, espalhando desafios dentro da granja e incomodando os animais. O controle começa com a eliminação das larvas.“Poucos produtores fazem o controle larval de moscas. Se você começar tarde o controle de moscas, vamos ter uma infestação de larvas e uma rápida multiplicação”, aponta.

O profissional cita que uma mosca adulta vive cerca de duas semanas. Nesse período, pode colocar entre 400 e 900 ovos. Entre as primeiras oito e 24 horas a mosca já deposita os ovos. Em cerca de 12 dias os ovos “amadurecem” e já são novos adultos. Pela velocidade do ciclo, o descuido pode castigar. “É importante saber o ciclo biológico da mosca. Devemos ter atenção com os indivíduos adultos no início da infestação, mas foco na eliminação das larvas das moscas. Para se ter um controle das larvas das moscas é indicado pulverizar a cada sete dias sobre os focos de larvas ou pontos onde as larvas saem das estruturas”, indica.

Para o controle de moscas adultos, o profissional sugere “aplicar inseticida de forma localizada ou espacial conforme efeito residual do produto, preferencialmente nas superfícies metálicas e plásticas da granja, como fios, canos, bordas de comedouros, divisórias de baias, cortinas, forros e telas, sempre avaliando o efeito residual do produto usado”. O especialista ainda aconselha: “O importante é iniciar as aplicações quando a infestação ainda é baixa”. Ele exemplifica: “na creche no quinto dia após o alojamento e nas maternidades no terceiro dia após o início dos partos”.

Mezalira elencou vários inseticidas disponíveis no mercado, tanto para larvas quanto para adultos, em várias formas (iscas granuladas, pó molhável, emulsão aquosa, grânulos solúveis em água, etc.), mas recomenda como ideal um produto “com baixa toxicidade e efeito residual prolongado”.

Ratos

Existem três principais ratos que acometem a suinocultura brasileira. Na verdade, dois ratos e um camundongo, este erroneamente classificado como rato. E o produtor precisa saber que animais são esses para saber seus hábitos e promover o controle da maneira mais eficiente.

Os prejuízos econômicos dos ratos se dividem entre a produção propriamente dita e a depredação das instalações. “Os ratos se apresentam como um risco sanitário aos rebanhos. O produtor tem gastos com tratamentos de doenças (transmitidas pelo rato) e aumenta o número de surtos”, destaca. Para se ter uma ideia, explicou o profissional, 200 ratos eliminam 14 mil fezes por dia, quatro litros de urina e milhares de pelos. O prejuízos se somam à depredação das instalações, pois “ratos escavam, roem, causam curtos circuitos, incêndios, além de depreciar os alimentos (ração)”, sustenta. A título de curiosidade, em uma escala de dureza o ferro é 4 e o dente do rato é 5,5.

Os prejuízos se agravam com o consumo de ração. De acordo com o profissional, ratos consomem 10% do peso todos os dias e geram muito prejuízo. Ele exemplificou. “Em um sistema de produção com 500 ratos, no fim de um ano eles vão ter consumido 4,5 toneladas de ração”. Além disso, estima-se que eles destroem de três a cinco vezes o que consomem.

Biologia das principais espécies de roedores

Mezalira explica que o controle começa com a identificação dos tipos de roedores. Ele cita três como principais: a ratazana, o rato de telhado e o camundongo. Cada um com um jeito de se esconder, se reproduzir e procurar alimentos.

De acordo com ele, a ratazana tem o desmame aos 28 dias e maturidade sexual aos 75 dias. Tem de seis a oito cios por ano, com prenhez de 20 a 24 dias, com ninhadas entre seis e 16 filhotes (média de 12), vida média de dois anos e peso entre 280 e 480 gramas. “A ratazana tem como principal hábito escavar tocas e morar nas partes baixas e arredores das granjas. Ela tem neofobia, ou seja medo de coisas novas.

O rato de telhado, como o nome já diz, vive nos telhados das granjas e descem somente para alimentar-se. Ele tem o desmame aos 26 dias e maturidade sexual aos 62 dias. Também tem de seis a oito cios por ano, com prenhez de 20 a 22 dias, com ninhadas entre três e 10 membros (média de oito), vida média de um ano e meio e peso variando entre 110 e 340 gramas. Ele também tem medo de coisas novas, por isso o controle tem que ser bem planejado. “O principal hábito é morar nas partes altas da granja. Ele é um escalador que só desce para se alimentar”, cita o profisisonal.

O camundongo é o menor deles, com apenas 35 gramas. Tem o desmame aos 25 dias e maturidade sexual com apenas 42 dias. Tem oito cios por ano, com prenhez de 19 a 21 dias, com ninhadas entre três e 12 membros (média de sete) e vida média de um ano. Ao contrário dos demais, ele é curioso. “O principal hábito dos camundongos é morar em entulhos, pequenos orifícios e sacarias. Ele é extremamente curioso”, revela o profissional.

Controle 

Mezalira elenca estratégias de controle: “colocar iscas em tocas e entulhos, como madeiras, equipamentos, lenha e pedras, fixando a isca com bloco parafinado, arame e estaca; oferecer iscas com ração na proporção 1:1 ou iscas com laranja, distribuir as iscas em recipientes extras nas bases do silo, corredores, baias em vazio sanitário, forros e próximo à base das caixas d’água; se possível retirar a alimentação dos suínos no momento que as iscas são ofertadas aos roedores. Ratos voltam ao comedouro que estão acostumados a comer, isso facilita o consumo da isca”, aponta. “Para se ter uma estimativa da infestação, o ideal é visitar a granja ao anoitecer, quando os ratos iniciam suas atividades”, observa.

Entre as medidas no ambiente que podem ser tomadas para conter a infestação de roedores, Mezalira cita: “roçar arredores, limpar, retirar entulhos, fechar tocas, lavar as manchas de gordura e consertar pisos danificados”.

O palestrante destaca ainda que o custo para controle de roedores é relativamente baixo, o que não justifica sua não execução. “Em um sistema com mil matrizes, são 108 pontos de iscas, com custo de R$ 1mil, ou seja, R$1 por matriz”, menciona, ampliando: “Todos os raticidas funcionam inibindo a síntese da vitamina K no organismo do rato, interrompendo o sistema de coagulação do sangue. O rato morre por hemorragia/desidratação. Para raticidas de dose única, os sintomas iniciam entre 3 e 7 dias após o consumo da dose letal”.

Responsabilidade

De acordo com o profissional, a implantação de sistema de controle de moscas e ratos começa essencialmente na escolha de uma pessoa responsável por executar as tarefas de forma ordenada e corriqueira. “É importante eleger um responsável. Vetores são importantes reservatórios e carreadores de agentes (patogênicos). Com relação às moscas, é importante ter atenção com início da infestação de adultos e foco em larvas. Já em relação aos roedores, é importante reconhecer a espécie para atar de acordo com sua biologia, manter uma barreira química ativa com raticida eficiente, ter atenção com tocas (iscagem e fechamento) e utilizar o vazio sanitário para ajuste fino do controle. Mas tudo depende de mantermos pessoas treinadas e motivadas para fazer esse controle, fazendo avaliações periodicamente”, sustenta o profissional.

Outras notícias você encontra na edição de Suínos e Peixes de outubro/novembro de 2019 ou online.

Fonte: O Presente Rural

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Importância do diagnóstico para controle de diarreia em leitões de maternidade

Ajuda a determinar a etiologia da diarreia, que pode variar desde infecções bacterianas, virais ou parasitárias, até problemas metabólicos ou nutricionais.

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Fotos: Divulgação/Agroceres Multimix

Artigo escrito por Lucas Avelino Rezende, consultor de Serviços Técnicos de suínos na Agroceres Multimix

Uma das causas mais frequentes de morte de leitões na maternidade, sem dúvidas, é a diarreia neonatal, que pode ser causada por diversos fatores, incluindo infecções bacterianas, virais ou parasitárias, bem como problemas nutricionais ou ambientais.

Por ser multifatorial, a simples presença de patógenos entéricos nem sempre é suficiente para produzir doença clínica. Diante disso, é importante saber que é necessário haver uma interação hospedeiro-ambiente-patógeno. Diferenças em práticas específicas de manejo e ambiente, bem como características do animal e do rebanho, podem influenciar muito o risco de ocorrência da doença.

Foto: Divulgação/Arquivo OPR

Alguns fatores podem contribuir para o aumento na ocorrência da diarreia pré-desmame, como: leitões de baixo peso ao nascer, baixa temperatura ambiental levando ao estresse pelo frio, higiene ruim da gaiola de parição, ingestão de leite e colostro insuficientes e o número insuficiente de tetos para a prole.

As principais causas infecciosas de diarreia em leitões na maternidade no Brasil são as Clostridioses, Colibacilose, Rotaviroses e Coccidiose. Em alguns casos, a coinfecção de dois ou mais agentes podem estar presentes e agravar o caso de diarreia.

A sobrevivência de leitões é influenciada por vários fatores, incluindo ordem de nascimento, peso ao nascer, ingestão de colostro e níveis séricos de imunoglobulina G (IgG). Esses fatores interagem de maneiras complexas para determinar a suscetibilidade do leitão a doenças e a saúde geral.

Um importante ponto para entender a dinâmica do surgimento de diarreias na maternidade é a avaliação da ingestão de colostro pelos leitões, uma vez que é essencial para a imunidade passiva dos leitões recém-nascidos, já que não há transferência de imunoglobulinas e outros componentes da imunidade materna para os leitões via transplacentária.

De modo geral, granjas com baixo peso ao nascimento ou uma grande variabilidade do tamanho dos leitões nascidos são aquelas mais desafiadas com diarreias na maternidade, porque leitões com menor peso ao nascer podem ter dificuldade em consumir colostro suficiente, resultando em níveis mais baixos de IgG e maior suscetibilidade a infecções.

O diagnóstico clínico da causa da diarreia em leitões pode ser subjetivo e propenso a erros. Fatores como estresse, condições ambientais e outros problemas de saúde subjacentes podem ser muito semelhantes aos sintomas da diarreia. Para isso, devemos desenvolver critérios de diagnóstico mais objetivos para diarreia em leitões, como: monitorar os leitões desde o nascimento, permitindo a detecção precoce da doença, incorporar testes laboratoriais (por exemplo, consistência fecal, pH e níveis de eletrólitos), realizar necropsias e exames complementares a detecção viral ou bacteriana, como histopatologia e imuno-histoquímica.

Diagnóstico

Um diagnóstico preciso ajuda a determinar a etiologia da diarreia, que pode variar desde infecções bacterianas, virais ou parasitárias, até problemas metabólicos ou nutricionais. Um dos pilares para isso é a coleta adequada de amostras. Ela permite a identificação dos agentes etiológicos, avaliação da resposta imune e a monitorização da eficácia das terapias.

A escolha do tipo de amostra dependerá do agente etiológico suspeito e dos objetivos do exame. As amostras mais comuns incluem:

  • Fezes: A coleta de fezes é o método mais simples e acessível. É importante coletar amostras frescas e representativas de diferentes animais do lote. Para suspeitas virais é importante coletar sempre de animais na fase aguda da doença, quando a eliminação viral é maior. Para casos de suspeita parasitária é importante associar o diagnostico com histopatologia, uma vez que a eliminação do Cystoisospora é intermitente.
  • Sangue: A análise do sangue permite avaliar a resposta imune, a presença de anticorpos e detectar alterações bioquímicas.
  • Conteúdo intestinal: A coleta do conteúdo intestinal é indicada para a identificação de patógenos que colonizam o intestino delgado ou grosso.
  • Tecidos: A coleta de tecidos para histopatologia é parte fundamental e complementar as análises de cultivo bacteriano e detecção viral nas fazes ou conteúdo intestinal.

A coleta de amostras deve ser realizada de forma cuidadosa para evitar a contaminação e garantir a qualidade do material. Os recipientes utilizados para a coleta das amostras devem estar limpos e esterilizados para evitar a contaminação por outros microrganismos. De modo geral, é importante que as amostras sejam bem refrigeradas e nunca congeladas, uma vez que o processo de congelamento pode inviabilizar o cultivo bacteriano.

Após a coleta das amostras, diversos métodos podem ser utilizados para o diagnóstico, dentre eles cultura que possibilita a identificação e o isolamento de bactérias, PCR que detecta a presença de DNA ou RNA de vírus, bactérias com alta especificidade, sorologia para pesquisa de anticorpos contra os agentes infecciosos, indicando uma infecção prévia ou atual e a histopatologia que permite a avaliação de lesões histológicas e a identificação de agentes infecciosos em tecidos.

A histopatologia desempenha um papel crucial no diagnóstico preciso de doenças intestinais em leitões. Através da análise microscópica de tecidos, é possível identificar lesões características de diversas doenças, auxiliando na diferenciação entre condições infecciosas, inflamatórias, neoplásicas e degenerativas.

A escolha do método de coleta de amostra e do exame laboratorial dependerá do agente etiológico suspeito, da fase da doença e dos recursos disponíveis. A correta coleta e o transporte das amostras são essenciais para garantir a qualidade dos resultados.

A interpretação correta dos resultados dos exames laboratoriais é crucial para o diagnóstico preciso e o tratamento adequado da diarreia em leitões. Ela envolve a análise dos dados obtidos, a correlação com os sinais clínicos e a consideração de outros fatores, como a idade dos animais, as condições de manejo e a história epidemiológica do plantel.

Em resumo, o diagnóstico é uma ferramenta essencial no combate à diarreia em leitões de maternidade, uma vez que permite ações direcionadas e eficazes para controlar e prevenir a doença, garantindo a saúde e o bem-estar dos animais.

As referências bibliográficas estão com o autor. Contato: marketing.nutricao@agroceres.com.

O acesso é gratuito e a edição Suínos pode ser lida na íntegra on-line clicando aqui. Tenha uma boa leitura!

Fonte: O Presente Rural com Lucas Avelino Rezende
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Especialista evidencia importância de os profissionais da cadeia suinícola entenderem o que é sustentabilidade

Esses profissionais são fundamentais para a gestão do custo da indústria, pois a ração representa cerca de 70% do custo de produção.

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Fotos: Shutterstock

Na suinocultura, a sustentabilidade se tornou um dos principais desafios enfrentados pelos profissionais do setor. O médico-veterinário José Francisco Miranda, especialista em Qualidade de Alimentos, destaca que a compreensão desse conceito é fundamental para que zootecnistas e veterinários contribuam efetivamente para a produção sustentável de suínos. “É preciso entender que a sustentabilidade não é custo, mas investimento”, afirma.

Ele ressalta que, ao longo dos últimos 15 anos, a discussão sobre práticas sustentáveis ​​esteve frequentemente atrelada a um aumento nos custos, envolvendo ações como o plantio de árvores e a adequação da dieta dos animais. “Essas práticas eram vistas como um custo, o profissional precisa desmistificar essa visão. Na verdade, boas práticas de produção estão intimamente ligadas a resultados positivos”, explica.

Para Miranda, a eficiência na conversão alimentar é um exemplo claro de como sustentabilidade e produtividade caminham juntas. “Não existe produção com alta conversão alimentar que não seja sustentável. Os números de emissões são baixos quando a eficiência é alta”, ressalta.

Um ponto destacado pelo especialista é o papel dos zootecnistas e nutricionistas na cadeia produtiva. “Esses profissionais são fundamentais para a gestão do custo da indústria, pois a ração representa cerca de 70% do custo de produção. E cada vez mais eles terão um papel significativo na implantação da sustentabilidade dentro das empresas”, afirma.

O entendimento das análises de sustentabilidade e das tecnologias disponíveis é essencial. Miranda menciona, como exemplo, o uso de aditivos nutricionais, como a protease, que permite reduzir a quantidade de soja na ração. “Com isso, é possível diminuir a pegada de carbono em até 12%. No entanto, menos de 40% dos produtores no mundo utilizam essa tecnologia, o que revela uma falta de informação e confiança na eficácia desses produtos”, expõe.

Comunicação e conscientização

Para que as informações sobre sustentabilidade sejam disseminadas na suinocultura é fundamental que os profissionais comuniquem os benefícios dessas práticas não apenas entre si, mas também para a alta direção das empresas. “Os profissionais precisam trazer essa informação para a gestão, conscientes de que a sustentabilidade deve ser uma estratégia de crescimento, não apenas uma preocupação financeira”, destaca Miranda.

O especialista também ressalta a importância de uma colaboração entre academia, indústria e governo para facilitar a adoção de novas tecnologias. “Cada parte da cadeia produtiva deve contribuir para acelerar esse processo. É um esforço coletivo que envolve desde a produção até a comercialização”, enfatiza.

Compromisso do setor

Miranda acredita que o setor está comprometido com a adoção de práticas sustentáveis, embora reconheça a necessidade de discussão sobre o que é realmente necessário para essa transição. “As empresas entendem que a sustentabilidade traz benefícios não apenas para o planeta, mas também para sua própria lucratividade, mas é preciso acelerar a implementação destas práticas sustentáveis”, frisa,

Para se destacar neste cenário, Miranda enfatiza que os profissionais devem se aprofundar nas análises de sustentabilidade e na análise do ciclo de vida dos produtos. “Um bom profissional deve entender desde a produção do grão até o produto final que chega ao consumidor. Se ele se restringir a uma única área, pode perder de vista os benefícios que sua atuação pode trazer para toda a cadeia”, salienta.

A visão do especialista reforça que a sustentabilidade na suinocultura não é uma tendência passageira, mas uma necessidade imediata. “A adoção de práticas sustentáveis, aliada ao conhecimento técnico e científico, é fundamental para garantir um futuro mais responsável e eficiente para a indústria suinícola”, afirma.

O acesso é gratuito e a edição Suínos pode ser lida na íntegra on-line clicando aqui. Tenha uma boa leitura!

Fonte: O Presente Rural
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Suínos

Suinocultura teve ano de recuperação, mas cenário é de cautela

Conjuntura foi apresentada ao longo de reunião da Comissão Técnica de Suinocultura da Faep. Encontro também abordou segurança do trabalho em granjas de suínos.

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Foto: Divulgação/Sistema Faep

Depois de dois anos difíceis, a suinocultura paranaense iniciou um período de recuperação em 2024. As perspectivas para o fim deste ano são positivas, mas os primeiros meses de 2025 vão exigir cautela dos produtores rurais, que devem ficar de olho em alguns pontos críticos. O cenário foi apresentado em reunião da Comissão Técnica (CT) de Suinocultura do Sistema Faep, realizada na última terça-feira (19). Os apontamentos foram feitos em palestra proferida por Rafael Ribeiro de Lima Filho, assessor técnico da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA). A mesma conjuntura consta do levantamento de custos de produção do Sistema Faep, que será publicado nos próximos dias.

Fotos: Divulgação/Arquivo OPR

O setor começou a se recuperar já em janeiro deste ano, com a retomada dos preços. Até novembro, o preço do suíno vivo no Paraná acumulou aumento de 54,4%, com a valorização se acentuando a partir de março. No atacado, o preço da carcaça especial também seguiu esse movimento. A recomposição ajudou o produtor a se refazer de um período em que a atividade trabalhou no vermelho.

Por outro lado, a valorização da carne suína também serve de alerta. Com o aumento de preços, os produtos da suinocultura perdem competitividade, principalmente em relação à carne de frango, que teve alta bem menor ao longo ano: o preço subiu 7,7%, entre janeiro e novembro. Com isso, a tendência é que o frango possa ganhar a preferência do consumidor, em razão dos preços mais vantajosos.

“Temos que nos atentar com a competitividade da carne suína em relação a outras proteínas. Com seus preços subindo bem menos, o frango se tornou mais competitividade. Isso é um ponto de atenção para a suinocultura, neste cenário”, assinalou Lima Filho.

Exportações

Foto: Claudio Neves

Com 381,6 mil matrizes, o Paraná mantém 18% do rebanho brasileiro de suínos. A produção nacional está em estabilidade nos últimos três anos, mas houve uma mudança no portifólio de exportações paranaenses. Com a recomposição de seus rebanhos, a China reduziu as importações de suínos. O país asiático – que chegou a ser o destino de 40% das vendas externas paranaenses em 2019 – vai fechar 2024 com a aquisição de 17% das exportações de suínos do Paraná.

Em contrapartida, os embarques para as Filipinas aumentaram e já respondem por 18% das vendas externas de carne suína do Estado. Entre os destinos crescentes, também aparece o Chile, como destino de 9% das exportações de produtos da suinocultura paranaense. Nesse cenário, o Paraná deve fechar o ano com um aumento de 9% no volume exportado em relação a 2023, atingindo 978 mil toneladas. Os preços, em compensação, estão 2,3% menores. “Apesar disso, as margens de preço começaram a melhorar no segundo semestre”, observou Lima Filho.

Perspectivas

Diante deste cenário, as perspectivas são positivas para este final de ano. O assessor técnico da CNA destaca fatores positivos, como o recebimento do 13º salário pelos trabalhadores, o período de férias e as festas de final de ano. Segundo Lima Filho, tudo isso provoca o aquecimento da economia e tende a aumentar o consumo de carne suína. “A demanda interna aquecida e as exportações em bons volumes devem manter os preços do suíno vivo e da carne sustentados no final deste ano, mantendo um momento positivo para o produtor”, observou o palestrante.

Para 2025, se espera um tímido crescimento de 1,2% no rebanho de suínos, com produção aumentando em 1,6%. As exportações devem crescer 3%, segundo as projeções. Apesar disso, por questões sazonais, os produtores podem esperar uma redução de consumo nos dois primeiros meses de 2025. “É um período em que as pessoas tendem a ter mais contas para pagar, como alguns impostos. Além disso, a maior concorrência da carne de frango pode impactar a demanda doméstica”, disse Lima Filho.

Além disso, o aumento nos preços registrados neste ano pode estimular o alojamento de suínos em 2025. Com isso, pode haver uma futura pressão nos preços nas granjas e nas indústrias. Ou seja, o produtor deve ficar de olho no possível aumento dos custos de produção, puxado principalmente pelo preço do milho, da mão de obra e da energia elétrica. “O cenário continua positivo para a exportação, mas o cenário para o ano que vem é de cautela. O produtor deve se planejar e traçar suas estratégias para essa conjuntura”, apontou o assessor da CNA.

Segurança do trabalho

Além disso, a reunião da CT de Suinocultura da FAEP também contou com uma palestra sobre segurança do trabalho em granjas de suínos. O engenheiro e segurança do trabalho e professor da Universidade Federal do Paraná (UFPR), Sandro Andrioli Bittencourt, abordou as Normas Regulamentadoras (NRs) que visam prevenir acidentes de trabalho e garantir a segurança e o bem-estar dos trabalhadores.

Entre as normativas detalhadas na apresentação estão a NR-31 (que estabelece as regras de segurança do trabalho no setor agropecuário), a NR-33 (que diz respeito aos espaços confinados, como silos, túneis e moegas) e a NR-35 (que versa sobre trabalho em altura). Em seu catálogo de cursos, o Sistema Faep dispõe de capacitações para cada uma dessas regulamentações.

Fonte: Assessoria Sistema Faep
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