Avicultura
Monitoria sorológica auxilia tomada de decisões nos programas de sanidade avícola
Fatores como volume de produção, desempenho econômico e segurança sanitária contribuíram para o estabelecimento do setor a nível mundial
Artigo escrito por Mariane Verinaud e Monica Brehmer, especialistas técnicas em Aves e Suínos da Idexx Brasil
A indústria avícola é um dos setores de maior importância econômica no agronegócio brasileiro. Além disso, o Brasil é reconhecido mundialmente pela permanência na liderança em exportação de carne de frango, destacando-se ainda por ser o segundo maior produtor. Fatores como volume de produção, desempenho econômico e segurança sanitária contribuíram para o estabelecimento do setor a nível mundial.
A intensificação da produção no processo de criação de aves proporcionou o aumento do risco de disseminação de doenças infecciosas de grande impacto econômico. Medidas de biossegurança adotadas na granja podem frear a disseminação e introdução de patologias aos animais e desta forma resultar em menores perdas ao produtor. Falhas no processo de biossegurança ou sua aplicação equivocada podem ocasionar graves problemas sanitários, comprometendo a exportação dos produtos de origem avícola.
Dentro das medidas adotadas como biossegurança destaca-se o uso da sorologia, um método de análise laboratorial fundamentado em auxiliar o sanitarista da granja a visualizar, de maneira rápida e objetiva, a situação sanitária de seu plantel.
A sorologia por teste de Elisa é uma ferramenta amplamente utilizada para diagnóstico, identificação de problemas agudos, monitoramento de anticorpos maternais, estabelecimento de curvas de tendências para doenças aviárias, adequação do programa de vacinação e avaliação do desempenho de vacinas.
O teste de Elisa é uma prova rápida, utilizada com kits padronizados, e feita para detecção do agente e/ou quantificação de anticorpos específicos a um agente. Além de permitir um melhor custo-benefício com otimização do tempo de processamento, é uma técnica de alta especificidade e sensibilidade.
Para a realização do teste de Elisa é necessário envio do soro, oriundo da coleta de sangue da ave, ao laboratório de diagnóstico. Com o resultado em mãos, o sanitarista poderá efetuar a sua interpretação sobre o monitoramento sorológico, em que alguns pontos poderão ser observados, como o comportamento da imunidade do plantel, ajustes nas idades mais convenientes para a vacinação, a interferência na resposta devido à exposição de outras vacinas, histórico da granja e práticas de manejo, desempenho das linhagens de aves, exposição ao vírus de campo, condições imunodepressoras que diminuíram a resposta à vacinação, além dos pontos já mencionados acima.
Monitoramento
O monitoramento sorológico pode ser compreendido pelo conjunto de análises realizadas ao longo da vida de um lote. Por exemplo, para um lote de frango de corte, as análises sorológicas por Elisa poderão ser feitas nas idades de 1 a 3 dias para IBD (para verificar transferência de imunidade maternal) e na idade de pré-abate (para IBD, IBV, NDV e CAV). Para lotes de aves de reprodução, as idades de monitoria /deverá ser em semanas – na 1ª para monitoramento de anticorpos maternais para: NDV IBV, APV, IBD, CAV, AE, MG e MS), 6ª para NDV, IBV, IBD e APV (monitoramento da primeira dose e ou reforço vacinal), 12ª para NDV, IBV, IBD, APV, CAV MS e MG; 18ª idem monitoramento na 12ª, mais AE; 24ª idem monitoramento na 12ª (verificar nível de anticorpos de vacinas inativadas); 30ª para IBV, APV, MS e MG; 36ª idem monitoramento na 12ª, com exceção de CAV; 42ª idem a semana 30; 48ª idem a 12ª semana; e por fim, na 60ª monitoramento de MG e MS no período pré abate.
O monitoramento sorológico para MG e MS ao longo da vida da ave é fundamental para manutenção do estado imunológico do plantel, em que aves deste nível de produção devem ser livres para estes patógenos.
Para se estimar a distribuição do nível de anticorpos do lote é necessário considerar um número adequado de amostras. Considera-se que a cada monitoria sorológica, uma amostragem de 23 soros por lote ou núcleo (no caso de reprodutoras) de aves é representativa do estado imunológico do plantel. Quantidades inferiores a 15 amostras de soro dificultam que o sanitarista tome a decisão correta, uma vez que uma amostragem reduzida tende a apresentar uma dispersão alterada em relação ao lote. Uma quantidade maior de soros também é representativa, porém economicamente inviável. Para assegurar que a quantidade de 23 soros será enviada ao laboratório, 30 soros deverão ser coletados.
Micoplasmose
Uma das doenças que mais impactam a produção avícola é a micoplasmose, independentemente do tipo de produção, seja postura comercial ou linhagem de corte. Perdas econômicas, como condenação de carcaças, diminuição da produção de ovos e maior taxa de morte embrionária podem estar relacionadas à doença respiratória crônica devido a uma infecção por Mycoplasmagallisepticum (MG) e Mycoplasmasynoviae (MS).
Infecções geradas por MG e MS são difíceis de controlar devido à rápida disseminação pelo plantel, em que as aves infectadas permanecem disseminadoras por toda vida, e nem todas as aves irão sucumbir a infecção ao mesmo tempo. Por isso, a monitoria sorológica para MG e MS é necessária, pois em lotes de reprodução comercial a prévia identificação sorológica e confirmação pelos demais métodos (SAR, HI e PCR) é fundamental para erradicar a infecção de uma vez na propriedade, uma vez que tratamento e medicação é contra indicado.
Encefalomielite Aviária
A encefalomielite aviária (AE) ocasiona em alterações neurológicas, como incoordenação dos movimentos, tremores, prostração e cegueira, pois afeta o sistema nervoso central. A vacinação para AE nas reprodutoras em recria é a única maneira de garantir a proteção da progênie de forma uniforme contra a doença ou da falta de anticorpos maternais nas primeiras semanas de vida na presença do vírus a campo.
O monitoramento sorológico dos lotes vacinados realizado no período de 16 a 18 semanas de vida irá informar o risco da doença em cada lote específico antes do início da produção de ovos.
PVA
O metapneumovírus aviário (PVA) é associado ao agente etiológico da rinotraqueíte em perus e à síndrome da cabeça inchada em aves comerciais, como as linhagens pesada e leve. Apesar de ocasionar maiores perdas econômicas em perus, também gera impacto nas produções de galinhas, em geral.
O PVA acomete o sistema respiratório das aves, podendo ocasionar infecções secundárias por agentes oportunistas. A prática da vacinação com vacinas vivas é comum para a prevenção da doença e o uso de vacina inativada para garantir o estado imunológico de matrizes em produção. Por isso, minimizar o risco de perdas durante o período produtivo. Seguir o protocolo de monitoramento sorológico (citada a cima) posterior à vacinação irá contribuir com a manutenção do valor zootécnico do plantel.
REO
Além das monitorias mencionadas anteriormente, a vacinação para reovírus (REO) é uma prática realizada por algumas empresas. O reovírus aviário é responsável por causar artrite viral e a síndrome da má absorção. A artrite é demonstrada com inchaço e edema nos tendões pela infecção da articulação tarsocrural. Por isso, é uma doença de maior impacto econômico em frangos de corte no período, entretanto não deve ser ignorada em aves de reprodução.
O REO, quando responsável pela síndrome da má absorção (SMA), ocasiona lento crescimento nas aves, menor taxa de conversão alimentar e problemas no desenvolvimento do esqueleto. Devido a ocorrências destas doenças, a infecção pelo REO é prevenida através de medidas de biossegurança, em que o monitoramento será capaz de avaliar o desempenho da curva de anticorpos das aves.
Para o monitoramento de vacinas vivas contra REO deverá ser feita uma coleta de soro após 21 dias da vacinação – vacinas inativadas requerem mais tempo, geralmente 42 dias após. Em frangos de corte a prática para o monitoramento deverá ser no 1º dia de vida e próximo à saída do lote para o abate. Aves reprodutoras devem receber vacina viva na primeira e na décima semana de vida. E com 17 a 20 semanas deverá ser feito vacina inativada, com monitoria de 3 a 4 semanas após a vacinação.
Estratégias
A monitoria sorológica, quando realizada em populações com doenças endêmicas, ajuda a selecionar e definir as formas de uso das estratégias de controle. Em plantéis de alto nível sanitário, o monitoramento sorológico é uma ferramenta valiosa de vigilância epidemiológica que, em conjunto com a biosseguridade, pode ajudar a prevenir o ingresso de agentes infecciosos em plantéis livres.
Os desafios na produção avícola serão cada vez maiores. Neste sentido, a dúvida nunca deverá ser uma opção. Fazer o uso contínuo de ferramentas de monitoramento sorológico para se estabelecer a vigilância aliada a um exame aprofundado de todos os fatores relacionados à produção permitirá acompanhar os avanços e manter eficiência e eficácia da avicultura brasileira.
Mais informações você encontra na edição de Aves de junho/julho de 2016 ou online.
Fonte: O Presente Rural

Avicultura
Brasil abre mercado em Moçambique para exportação de material genético avícola
Acordo sanitário autoriza envio de ovos férteis e pintos de um dia, fortalece a presença do agronegócio brasileiro na África e amplia para 521 as oportunidades comerciais desde 2023.

O governo brasileiro concluiu negociação sanitária com Moçambique, que resultou na autorização de exportações brasileiras de material genético avícola (ovos férteis e pintos de um dia) àquele país.
Além de contribuir para a melhoria de qualidade do plantel moçambicano, esta abertura de mercado promove a diversificação das parcerias do Brasil e a expansão do agronegócio brasileiro na África, ao oferecer oportunidades futuras para os produtores nacionais, em vista do grande potencial do continente africano em termos de crescimento econômico e demográfico.
Com cerca de 33 milhões de habitantes, Moçambique importou mais de US$ 24 milhões em produtos agropecuários do Brasil entre janeiro e novembro de 2025, com destaque para proteína animal.
Com este anúncio, o agronegócio brasileiro alcança 521 novas oportunidades de comércio, em 81 destinos, desde o início de 2023.
Tais resultados são fruto do trabalho conjunto entre o Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) e o Ministério das Relações Exteriores (MRE).
Avicultura
Indústria avícola amplia presença na diretoria da Associação Brasileira de Reciclagem
Nova composição da ABRA reforça a integração entre cadeias produtivas e destaca o papel estratégico da reciclagem animal na sustentabilidade do agronegócio brasileiro.

A Associação Brasileira de Reciclagem (ABRA) definiu, na última sexta-feira (12), a nova composição de seu Conselho Diretivo e Fiscal, com mandato até 2028. A assembleia geral marcou a renovação parcial da liderança da entidade e sinalizou uma maior aproximação entre a indústria de reciclagem animal e setores estratégicos do agronegócio, como a avicultura.
Entre os nomes eleitos para as vice-presidências está Hugo Bongiorno, cuja chegada à diretoria amplia a participação do segmento avícola nas decisões da associação. O movimento ocorre em um momento em que a reciclagem animal ganha relevância dentro das discussões sobre economia circular, destinação adequada de subprodutos e redução de impactos ambientais ao longo das cadeias produtivas.
Dados do Anuário da ABRA de 2024 mostram a dimensão econômica do setor. O Brasil ocupa atualmente a terceira posição entre os maiores exportadores mundiais de gorduras de animais terrestres e a quarta colocação no ranking de exportações de farinhas de origem animal. Os números reforçam a importância da atividade não apenas do ponto de vista ambiental, mas também como geradora de valor, renda e divisas para o país.
A presença de representantes de diferentes cadeias produtivas na diretoria da entidade reflete a complexidade do setor e a necessidade de articulação entre indústrias de proteína animal, recicladores e órgãos reguladores. “Como único representante da avicultura brasileira e paranaense na diretoria, a proposta é levar para a ABRA a força do nosso setor. Por isso, fico feliz por contribuir para este trabalho”, afirmou Bongiorno, que atua como diretor da Unifrango e da Avenorte Guibon Foods.
A nova gestão será liderada por Pedro Daniel Bittar, reconduzido à presidência da ABRA. Também integram o Conselho Diretivo os vice-presidentes José Carlos Silva de Carvalho Júnior, Dimas Ribeiro Martins Júnior, Murilo Santana, Fabio Garcia Spironelli e Hugo Bongiorno. Já o Conselho Fiscal será composto por Rodrigo Hermes de Araújo, Wagner Fernandes Coura e Alisson Barros Navarro, com Vicenzo Fuga, Rodrigo Francisco e Roger Matias Pires como suplentes.
Com a nova configuração, a ABRA busca fortalecer o diálogo institucional, aprimorar práticas de reciclagem animal e ampliar a contribuição do setor para uma agropecuária mais eficiente e ambientalmente responsável.
Avicultura
Avicultura supera ano crítico e pode entrar em 2026 com bases sólidas para crescer
Após enfrentar pressões sanitárias, custos elevados e restrições comerciais em 2025, o setor mostra resiliência, retoma exportações e reforça a confiança do mercado global.

O ano de 2025 entra para a história recente da avicultura brasileira como um dos anos mais desafiadores. O setor enfrentou pressão sanitária global, instabilidade geopolítica, custos de produção elevados e restrições comerciais temporárias em mercados-chave. Mesmo assim, a cadeia mostrou capacidade de adaptação, coordenação institucional e resiliência produtiva.
A ação conjunta do Governo Federal, por meio do Ministério da Agricultura e Pecuária (MAPA), da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) e de entidades estaduais foi decisiva para conter danos e recuperar a confiança externa. Missões técnicas, diplomacia sanitária ativa e transparência nos controles sustentaram a reabertura gradual de importantes destinos ao longo do segundo semestre, reposicionando o Brasil como fornecedor confiável de proteína animal.
Os sinais de retomada já aparecem nos números do comércio exterior. Dados preliminares indicam que as exportações de carne de frango em dezembro devem superar 500 mil toneladas, o que levará o acumulado do ano a mais de 5 milhões de toneladas. Esse avanço ocorre em paralelo a uma gestão mais cautelosa da oferta: o alojamento de 559 milhões de pintos em novembro ficou abaixo das projeções iniciais, próximas de 600 milhões. O ajuste ajudou a equilibrar oferta e demanda e a dar previsibilidade ao mercado.
Para 2026, o cenário é positivo. A agenda econômica global tende a impulsionar o consumo de proteínas, com a retomada de mercados emergentes e regiões em recuperação. Nesse contexto, o Brasil – e, em especial, o Paraná, líder nacional – está bem-posicionado para atender ao mercado interno e aos principais compradores internacionais.
Investimentos contínuos para promover o bem-estar animal, biosseguridade e sustentabilidade reforçam essa perspectiva. A modernização de sistemas produtivos, o fortalecimento de protocolos sanitários e a adoção de práticas alinhadas às exigências ESG elevam o padrão da produção e ampliam a competitividade. Mais do que reagir, a avicultura brasileira se prepara para liderar, oferecendo proteína de alta qualidade, segura e produzida de forma responsável.
Depois de um ano de provas e aprendizados, o setor está ainda mais robusto e inicia 2026 com fundamentos sólidos, confiança renovada e expectativa de crescimento sustentável, reafirmando seu papel estratégico na segurança alimentar global.
