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Monitoramento de milho e soja vai inaugurar nanossatélite agrícola brasileiro

Satélite será lançado no início de 2023. Em órbita ele passará 14 vezes por dia sobre o Brasil, aumentando a quantidade e a qualidade dos dados coletados para a agricultura.

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Nanossatélite deverá ser colocado em órbita em 2023 e validará tecnologias de aplicação agrícola - Foto: Visiona Tecnologia Espacial

O monitoramento agrícola e a estimativa de produção de soja e milho no Estado do Maranhão vão iniciar os trabalhos do Visiona CUB (VCUB), o primeiro nanossatélite concebido integralmente pela indústria brasileira para validar tecnologias de aplicação agrícola. O satélite de apenas 12 quilos e do tamanho aproximado de uma caixa de sapatos (veja quadro) deverá ser colocado em órbita no início de 2023.

A primeira missão do equipamento foi acordada este ano por meio de cooperação técnica e financeira assinada entre a empresa Visiona Tecnologia Espacial, a Embrapa Agricultura Digital e a Fundação de Apoio à Pesquisa e ao Desenvolvimento (Faped). Esse passo foi a evolução de uma parceria entre as empresas iniciada em 2018 e voltada ao desenvolvimento do uso agrícola de nanossatélites.

As imagens públicas de satélites governamentais americanos e europeus já são largamente utilizadas em suporte ao monitoramento da safra agrícola brasileira para subsidiar, com informações, políticas públicas e o setor produtivo. Os dados são obtidos de forma gratuita pelas instituições, porém, o serviço carecia de aperfeiçoamento na visualização de alvos agrícolas, localizados no solo, abaixo das nuvens. Por isso, os especialistas acreditam que as tecnologias modernas embarcadas no VCUB são uma solução inédita para se obter estimativas com maior precisão sobre a produtividade de lavouras.

Os pesquisadores lembram que eventos climáticos severos registrados na última safra (2021/2022), ocasionaram prejuízos significativos nas culturas da soja e do milho, em especial. Por isso, no atual cenário, é um fator crítico o aumento da quantidade e da qualidade das imagens destinadas ao mapeamento e monitoramento das áreas em produção e de conservação.

Preparado para a internet das coisas
O presidente da Embrapa, Celso Moretti, destaca que a atual fase da agricultura digital é marcada pelo uso combinado de sensores, aplicativos e inteligência artificial. “As instituições, empresas e produtores buscam, cada vez mais, soluções de tecnologia da informação para suporte em seus processos de tomada de decisão”, relata.

“Quando se associa dados agrometeorológicos com imagens de satélite, os modelos ganham precisão, permitindo maior assertividade nas decisões. Além disso, o sistema de coleta de dados poderá atender ao mercado de internet das coisas (IoT) em localidades com pouca infraestrutura. Daí a importância da aproximação com uma integradora de sistemas espaciais como a Visiona”, aponta o dirigente ao frisar que o VCUB integra sistemas espaciais e computacionais, visando melhorar o desempenho e aumentar a sustentabilidade socioeconômica e ambiental do setor.

Para o presidente da Visiona, João Paulo Campos, o VCUB é um marco para o avanço e autonomia da indústria aeroespacial brasileira, que ganha significado ainda maior por ter como primeira missão atender ao agronegócio, setor fundamental para o País. “A possibilidade de conjugar imagens com alta qualidade e coletar dados de sensores no campo faz do VCUB uma plataforma poderosa para aplicações agrícolas, e a parceria com a Embrapa será fundamental para transformar esse potencial em soluções concretas voltadas para o mercado brasileiro”, avalia Campos.

“Entramos com conhecimentos das equipes que atuam com geotecnologias, monitoramento agroambiental e sistemas de TI [tecnologia da informação] aplicados à agricultura; e a Visiona aporta a experiência em tecnologia espacial, para, juntos, desenvolvermos um conjunto de sistemas inteligentes para o agronegócio”, explica Stanley Oliveira, chefe-geral da Embrapa Agricultura Digital.

O gestor destaca que a Embrapa poderá contribuir em outros temas de interesse da área agrícola, envolvendo inclusive mais centros de pesquisa da Empresa e diversas tecnologias, pois há em vigor um acordo de cooperação geral.

O diretor de operações da Visiona, Cleber Oliveira, destaca que o desenvolvimento conjunto de sistemas inteligentes atenderá inicialmente ao mercado de produção de grãos, mas poderá evoluir para outras espécies vegetais e se ampliar para diversas regiões do país. O executivo conta que o setor agropecuário é um dos focos da integradora brasileira de sistemas espaciais.

Mais qualidade e quantidade de dados
Mesmo com seu pequeno porte, o Visiona CUB carrega a tecnologia dos grandes satélites e vai passar 14 vezes por dia ao redor da Terra. São esperados ganhos na periodicidade de coleta de imagens, podendo passar de intervalos de cinco dias para uma frequência de até dois dias, aumentando a probabilidade de coletar imagens sem nuvens – obstáculos à visualização de alvos no solo.

O satélite estará equipado com câmera de alta resolução espacial especificamente projetada para captar alvos agrícolas com maior detalhamento. A inovação é resultante da parceria com a Embrapa e conta com a instalação de sistema inédito no País, que permite ao satélite apontar com precisão sua câmera para o local desejado ou realizar uma correção de órbita, entre outras aplicações.

“Atualmente, os satélites em operação fornecem imagens com detalhamento de 5 a 30 metros de distância do solo. O nosso vai alcançar 3,5 metros”, destaca  Cleber Oliveira. Além disso, a adição de uma banda espectral, denominada borda do vermelho, confere maior definição às imagens, melhorando a acurácia na visualização de cultivos, indica o diretor.

Até então, para a agricultura, vinham sendo utilizadas as bandas do azul, verde, vermelho e infravermelho próximo. O VCUB contará também com um sistema de coleta de dados na banda de Frequência Ultra-Alta (UHF) baseado na tecnologia de rádio definido por software (SDR). Os cientistas ressaltam que os sistemas embarcados serão validados no primeiro trimestre de 2023, quando o VCUB entrar em operação.

A pesquisa
O pesquisador da Embrapa João Antunes, gestor técnico do acordo, avalia que a iniciativa conjunta – denominada Estimativa de Produtividade Agrícola por meio de Modelo Agrometeorológico-Espectral – significará uma evolução da API Agritec (interface de programação voltada ao agro), viabilizando maior assertividade nas previsões de produtividade das culturas da soja e milho no estado do Maranhão.

“A solução tecnológica deve ser aperfeiçoada com a incorporação futura de dados obtidos das imagens do VCUB”, prevê o pesquisador. Pelo acordo, caberá ao centro de pesquisa validar as informações, imagens espaciais e mapas dos cultivos agrícolas cedidos pela Visiona.

A Visiona igualmente prestará informações técnicas referentes à execução do acordo e fornecerá informações necessárias ao desenvolvimento do sistema. A Faped será responsável pela gestão administrativa e gerenciamento dos recursos financeiros, em conformidade com o cronograma e o plano de trabalho, bem como pela prestação de contas.

Módulos
Na primeira etapa, conduzida pela Visiona em conjunto com o estado do Maranhão, os agricultores fizeram o cadastro indicando localização, cultivos realizados e estimativa de produtividade.

No segundo módulo, utilizando dados agrometeorológicos, a Embrapa atua na indicação da localização dos cultivos e na estimativa de produtividade das áreas em que há produção de soja e milho no estado. O pesquisador da Embrapa Santiago Cuadra é o responsável pela inclusão de dados espectrais na API Agritec.

O módulo 3 do sistema entrará em produção antes do lançamento do VCUB e usará imagens públicas de satélites para aprimorar a estimativa de produtividade por meio de Modelo Agrometeorológico-Espectral. “Quando o VCUB estiver em operação, os dados coletados pelo nanossatélite poderão ser incorporados nessa nova versão da API Agritec”, avalia o pesquisador.

Primeiros meses de testes
O gerente de Projetos e Desenvolvimento de Soluções da Visiona, Thiago Rodrigues, lembra que o VCUB é considerado um satélite de validação de tecnologias. Depois de lançado, ele deve passar pelo período de comissionamento, quando todos os subsistemas são colocados à prova, testados e validados.

“Vamos testar se a comunicação com o satélite está adequada, se a câmera a bordo do satélite está coletando os dados corretamente. Também será calibrada a coleta de dados em solo e a resposta dos alvos que estão sendo detectados pela câmera”, detalha o gerente.

Somente após esse período, com duração de três a seis meses, é que o nanossatélite entra em operação para aplicações. Rodrigues informa que o foguete lançador do VCUB contratado pela Visiona é da empresa americana Space X.

Fonte: Ascom Embrapa Agricultura Digital

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Santa Catarina registra avanço simultâneo nas importações e exportações de milho em 2025

Volume importado sobe 31,5% e embarques aumentam 243%, refletindo demanda das cadeias produtivas e oportunidades geradas pela proximidade dos portos.

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Foto: Cláudio Neves

As importações de milho seguem em ritmo acelerado em Santa Catarina ao longo de 2025. De janeiro a outubro, o estado comprou mais de 349,1 mil toneladas, volume 31,5% superior ao do mesmo período do ano passado, segundo dados do Boletim Agropecuário de Santa Catarina, elaborado pela Epagri/Cepa com base no Comex Stat/MDIC. Em termos de valor, o milho importado movimentou US$ 59,74 milhões, alta de 23,5% frente ao acumulado de 2024. Toda a origem é atribuída ao Paraguai, principal fornecedor externo do cereal para o mercado catarinense.

Foto: Claudio Neves

A tendência de expansão no abastecimento externo se intensificou no segundo semestre. Em outubro, Santa Catarina importou mais de 63 mil toneladas, mantendo a curva ascendente registrada desde julho, quando os volumes mensais passaram consistentemente da casa das 50 mil toneladas. A Epagri/Cepa aponta que esse movimento deve avançar até novembro, período em que a demanda das agroindústrias de aves, suínos e bovinos segue aquecida.

Os dados mensais ilustram essa escalada. De outubro de 2024 a outubro de 2025, as importações variaram de mínimas próximas a 3,4 mil toneladas (março/25) a máximas superiores a 63 mil toneladas (setembro/25). Nesse intervalo, meses como junho, julho e agosto concentraram forte entrada do cereal, acompanhados de receitas que oscilaram entre US$ 7,4 milhões e US$ 11,2 milhões.

Exportações crescem apesar do déficit interno
Em um cenário aparentemente contraditório, o estado, que possui déficit anual estimado em 6 milhões de toneladas de milho para suprir seu grande parque agroindustrial, também ampliou as exportações do grão em 2025.

Até outubro, Santa Catarina embarcou 130,1 mil toneladas, um salto de 243,9% em relação ao mesmo período de 2024. O valor exportado também chamou atenção: US$ 30,71 milhões, alta de 282,33% na comparação anual.

Foto: Claudio Neves

Segundo a Epagri/Cepa, essa movimentação ocorre majoritariamente em regiões produtoras próximas aos portos catarinenses, onde os preços de exportação tornam-se mais competitivos que os do mercado interno, especialmente quando o câmbio favorece vendas externas ou quando há descompasso logístico entre oferta e demanda regional.

Essa dinâmica reforça um traço estrutural conhecido do agro catarinense: ao mesmo tempo em que é um dos maiores consumidores de milho do país, devido ao peso das cadeias de proteína animal, Santa Catarina não alcança autossuficiência e depende do cereal de outras regiões e países para abastecimento. A exportação pontual ocorre quando há excedentes regionais temporários, oportunidades comerciais ou vantagens logísticas.

Perspectivas
Com a entrada gradual da nova safra 2025/26 no estado e no Centro-Oeste brasileiro, a tendência é que os volumes importados se acomodem a partir do fim do ano. No entanto, o comportamento do câmbio, os preços internacionais e o resultado final da produção catarinense seguirão determinando a necessidade de compras externas — e, por outro lado, a competitividade das exportações.

Para a Epagri/Cepa, o quadro de 2025 reforça tanto a importância do milho como insumo estratégico para as cadeias de proteína animal quanto a vulnerabilidade decorrente da dependência externa e interestadual do cereal. Santa Catarina continua sendo um estado que importa para abastecer seu agro e exporta quando a lógica de mercado permite, um equilíbrio dinâmico que movimenta portos, indústrias e produtores ao longo de todo o ano.

Fonte: O Presente Rural
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Brasil e Japão avançam em tratativas para ampliar comércio agro

Reunião entre Mapa e MAFF reforça pedido de auditoria japonesa para habilitar exportações de carne bovina e aprofunda cooperação técnica entre os países.

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Foto: Percio Campos/Mapa

OMinistério da Agricultura e Pecuária (Mapa), representado pelo secretário de Comércio e Relações Internacionais, Luis Rua, realizou uma reunião bilateral com o vice-ministro internacional do Ministério da Agricultura, Pecuária e Florestas (MAFF), Osamu Kubota, para fortalecer a agenda comercial entre os países e aprofundar o diálogo sobre temas da relação bilateral.

No encontro, a delegação brasileira apresentou as principais prioridades do Brasil, incluindo temas regulatórios e iniciativas de cooperação, e reiterou o pedido para o agendamento da auditoria japonesa necessária para a abertura do mercado para exportação de carne bovina brasileira. O Mapa também destacou avanços recentes no diálogo e reforçou os pontos considerados estratégicos para ampliar o fluxo comercial e aprimorar mecanismos de parceria.

Os representantes japoneses compartilharam seus interesses e expectativas, demonstrando disposição para intensificar o diálogo técnico e buscar convergência nas agendas de interesse mútuo.

Fonte: Assessoria Mapa
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Bioinsumos colocam agro brasileiro na liderança da transição sustentável

Soluções biológicas reposicionam o agronegócio como força estratégica na agenda climática global.

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Fotos: Koppert Brasil

A sustentabilidade como a conhecemos já não é suficiente. A nova fronteira da produção agrícola tem nome e propósito: agricultura sustentável, um modelo que revitaliza o solo, amplia a biodiversidade e aumenta a captura de carbono. Em destaque nas discussões da COP30, o tema reposiciona o agronegócio como parte da solução, consolidando-se como uma das estratégias mais promissoras para recuperação de agro-ecossistemas, captura de carbono e mitigação das mudanças climáticas.

Thiago Castro, Gerente de P&D da Koppert Brasil participa de painel na AgriZone, durante a COP30: “A agricultura sustentável é, em sua essência, sobre restaurar a vida”

Atualmente, a agricultura e o uso da terra correspondem a 23% das emissões globais de gases do efeito, aproximadamente. Ao migrar para práticas sustentáveis, lavouras deixam de ser fontes de emissão e tornam-se sumidouros de carbono, “reservatórios” naturais que filtram o dióxido de carbono da atmosfera. “A agricultura sustentável é, em sua essência, sobre restaurar a vida. E não tem como falar em vida no solo sem falar em controle biológico”, afirma o PhD em Entomologia com ênfase em Controle Biológico, Thiago Castro.

Segudo ele, ao introduzir um inimigo natural para combater uma praga, devolvemos ao ecossistema uma peça que faltava. “Isso fortalece a teia biológica, melhora a estrutura do solo, aumenta a disponibilidade de nutrientes e reduz a necessidade de intervenções agressivas. É a própria natureza trabalhando a nosso favor”, ressalta.

As soluções biológicas para a agricultura incluem produtos à base de micro e macroorganismos e extratos vegetais, sendo biodefensivos (para controle de pragas e doenças), bioativadores (que auxiliam na nutrição e saúde das plantas) e bioestimulantes (que melhoram a disponibilidade de nutrientes no solo).

Maior mercado mundial de bioinsumos

O Brasil é protagonista nesse campo: cerca de 61% dos produtores fazem uso regular de insumos biológicos agrícolas, uma taxa quatro vezes maior que a média global. Para a safra de 2025/26, o setor projeta um crescimento de 13% na adoção dessas tecnologias.

A vespa Trichogramma galloi e o fungo Beauveria bassiana (Cepa Esalq PL 63) são exemplos de macro e microrganismos amplamente utilizados nas culturas de cana-de-açúcar, soja, milho e algodão, para o controle de lagartas e mosca-branca, respectivamente. Esses agentes atuam nas pragas sem afetar polinizadores e organismos benéficos para o ecossistema.

Os impactos do manejo biológico são mensuráveis: maior porosidade do solo, retenção de água e nutrientes, menor erosão; menor dependência de fertilizantes e inseticidas sintéticos, diminuição na resistência de pragas; equilíbrio ecológico e estabilidade produtiva.

Entre as práticas sustentáveis que já fazem parte da rotina do agro brasileiro estão o uso de inoculantes e fungos benéficos, a rotação de culturas, a integração lavoura-pecuária-floresta (ILPF) e o manejo biológico de pragas e doenças. Práticas que estimulam a vida no solo e o equilíbrio natural no campo. “Os produtores que adotam manejo biológico investem em seu maior ativo que é a terra”, salienta Castro, acrescentando: “O manejo biológico não é uma tendência, é uma necessidade do planeta, e a agricultura pode e deve ser o caminho para a regeneração ambiental, para esse equilíbrio que buscamos e precisamos”.

Fonte: Assessoria Koppert Brasil
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