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Modelo brasileiro de pecuária sustentável é destaque em encontro da OMC

Pelerson Penido, do Grupo Roncador, e Gilberto Tomazoni, CEO Global da JBS, citaram integração lavoura-pecuária como solução para aumento de produtividade com compromisso ambiental.

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CEO Global da JBS, Gilberto Tomazoni: "O balanço de carbono precisa considerar não somente as emissões, mas também as remoções" - Foto: Divulgação/JBS

A integração lavoura-pecuária é um dos exemplos de como é possível produzir mais com menos. Esse foi um dos pontos de destaque do workshop “Comércio agrícola: parte do diálogo sobre agricultura sustentável no sistema multilateral de comércio”, evento da Organização Mundial do Comércio (OMC) na segunda-feira (22), que reuniu em Genebra, na Suíça, lideranças globais para debaterem o futuro do setor agropecuário.

Pelerson Penido Dalla Vecchia, diretor presidente do Grupo Roncador, participou de forma remota do workshop e explicou o conceito por trás do sucesso da fazenda, localizada em Querência (MT), no Vale do Araguaia. “Nós vemos a fazenda como um organismo agrícola vivo. E se, nos reconhecermos também como organismos vivos, saberemos que a melhor forma de produzir mais, de alcançar nosso maior potencial, é quando temos saúde – e só podemos ter saúde se respeitarmos o ciclo da natureza.”

O CEO Global da JBS, Gilberto Tomazoni, que participou do evento virtualmente de Nova York, onde estava para a Semana do Clima, afirmou que o Brasil é um exemplo claro da oportunidade de mudar a forma de produção de alimentos. “Temos uma enorme oportunidade de ampliar o acesso a inovações, especialmente para pequenos produtores, como recuperação de terras degradadas, adoção de práticas regenerativas, apoio à segurança alimentar global e preservação dos recursos naturais.”

O sistema da Fazenda Roncador superou o desafio da degradação do solo. A equipe da fazenda passou a manejar o gado de forma a se integrar com as lavouras. A solução encontrada foi um sistema de integração lavoura-pecuária, no qual a fazenda planta lavouras de soja, milho e feijão, e, após a colheita, o gado é inserido nessas áreas para se alimentar e adubar o solo. “O período que costumava ser o mais difícil agora é o mais confortável, porque temos toda a área para pastagem”, explicou Dalla Vecchia. Ele ressaltou que a fazenda consegue fazer até três colheitas por ano (soja, milho e pastagem), garantindo uma oferta constante de alimento para o gado mesmo na estação seca.

Segundo Tomazoni, hoje, a sociedade exige mais do que quantidade e qualidade dos alimentos: demanda respostas eficazes para os grandes desafios da atualidade. “Seguimos comprometidos em alimentar pessoas ao redor do mundo de uma maneira verdadeiramente sustentável. Ainda há muito a ser feito, mas o caminho à frente está claro. Temos confiança em nossa capacidade de mobilizar pessoas, compartilhar conhecimento e entregar resultados concretos.”

Tomazoni também afirmou que a pecuária brasileira pode e deve ser parte da solução climática. No caso da integração da pecuária com lavouras e florestas, a produção pecuária se torna uma ferramenta de regeneração. “O balanço de carbono precisa considerar não somente as emissões, mas também as remoções. Pastagens bem manejadas capturam CO₂, e a agricultura tropical precisa de métricas que reflitam suas realidades.”

O sistema adotado pela Fazenda Roncador, que Dalla Vecchia descreveu como regenerativo, trouxe diversos benefícios para o ecossistema e para a produtividade do negócio. O solo é mantido sempre coberto por palhada, o que aumenta a matéria orgânica, retém umidade e garante maior resiliência às lavouras. A passagem do gado, por sua vez, estimula a vida microbiana e os ciclos do capim, reciclando nutrientes e dando vida ao solo.

O gestor do Grupo Roncador também destacou a mudança no manejo de defensivos e fertilizantes. A fazenda substituiu gradualmente os pesticidas químicos por biodefensivos, o que resultou em uma redução de 10% nos custos e um aumento de 6% na produtividade. A adubação química também foi minimizada com o uso de pó de rocha e de um composto orgânico feito de esterco, que, de um problema, se tornou uma solução.

Os resultados comprovam a eficácia do modelo: a fazenda registrou um aumento de 15% na produtividade da soja em dez anos e multiplicou a produção de carne por hectare em quatro vezes em apenas cinco anos. Enquanto a média nacional é de 5 arrobas por hectare, a Fazenda Roncador alcançou a impressionante marca de 58 arrobas por hectare.

Como líder do Grupo de Trabalho em Sistemas Alimentares da SBCOP (Sustainable Business COP30, grupo de empresários que prepara sugestões para a conferência do clima deste ano, em Belém), Tomazoni apresentou as frentes de atuação abordadas pelos setores público e privado, que são: definir metas mensuráveis, ampliar o acesso à tecnologia e à assistência técnica e destravar soluções financeiras para reduzir riscos dos produtores e recompensar a sustentabilidade.

O comércio internacional visto não apenas como uma transação, mas como um mecanismo estratégico para fomentar sistemas alimentares inclusivos e incentivar a adoção de tecnologias sustentáveis, foi outro ponto abordado pelo executivo. “O Brasil está bem posicionado para ampliar esse impacto. Como o terceiro maior produtor de alimentos do mundo, o segundo maior produtor de biocombustíveis e líder em inovação agrícola, o país deve proteger seus recursos naturais não apenas para o seu próprio futuro, mas também para ajudar a transformar os sistemas alimentares globais e combater a fome”, explicou.

Ao concluir sua participação, Tomazoni afirmou que governos, empresas, agricultores e sociedade precisam agir juntos para atacar os desafios globais. “Sustentabilidade não é uma meta distante, é o desafio do agora”, disse.

Fonte: Assessoria JBS

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Santa Catarina registra avanço simultâneo nas importações e exportações de milho em 2025

Volume importado sobe 31,5% e embarques aumentam 243%, refletindo demanda das cadeias produtivas e oportunidades geradas pela proximidade dos portos.

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Foto: Cláudio Neves

As importações de milho seguem em ritmo acelerado em Santa Catarina ao longo de 2025. De janeiro a outubro, o estado comprou mais de 349,1 mil toneladas, volume 31,5% superior ao do mesmo período do ano passado, segundo dados do Boletim Agropecuário de Santa Catarina, elaborado pela Epagri/Cepa com base no Comex Stat/MDIC. Em termos de valor, o milho importado movimentou US$ 59,74 milhões, alta de 23,5% frente ao acumulado de 2024. Toda a origem é atribuída ao Paraguai, principal fornecedor externo do cereal para o mercado catarinense.

Foto: Claudio Neves

A tendência de expansão no abastecimento externo se intensificou no segundo semestre. Em outubro, Santa Catarina importou mais de 63 mil toneladas, mantendo a curva ascendente registrada desde julho, quando os volumes mensais passaram consistentemente da casa das 50 mil toneladas. A Epagri/Cepa aponta que esse movimento deve avançar até novembro, período em que a demanda das agroindústrias de aves, suínos e bovinos segue aquecida.

Os dados mensais ilustram essa escalada. De outubro de 2024 a outubro de 2025, as importações variaram de mínimas próximas a 3,4 mil toneladas (março/25) a máximas superiores a 63 mil toneladas (setembro/25). Nesse intervalo, meses como junho, julho e agosto concentraram forte entrada do cereal, acompanhados de receitas que oscilaram entre US$ 7,4 milhões e US$ 11,2 milhões.

Exportações crescem apesar do déficit interno
Em um cenário aparentemente contraditório, o estado, que possui déficit anual estimado em 6 milhões de toneladas de milho para suprir seu grande parque agroindustrial, também ampliou as exportações do grão em 2025.

Até outubro, Santa Catarina embarcou 130,1 mil toneladas, um salto de 243,9% em relação ao mesmo período de 2024. O valor exportado também chamou atenção: US$ 30,71 milhões, alta de 282,33% na comparação anual.

Foto: Claudio Neves

Segundo a Epagri/Cepa, essa movimentação ocorre majoritariamente em regiões produtoras próximas aos portos catarinenses, onde os preços de exportação tornam-se mais competitivos que os do mercado interno, especialmente quando o câmbio favorece vendas externas ou quando há descompasso logístico entre oferta e demanda regional.

Essa dinâmica reforça um traço estrutural conhecido do agro catarinense: ao mesmo tempo em que é um dos maiores consumidores de milho do país, devido ao peso das cadeias de proteína animal, Santa Catarina não alcança autossuficiência e depende do cereal de outras regiões e países para abastecimento. A exportação pontual ocorre quando há excedentes regionais temporários, oportunidades comerciais ou vantagens logísticas.

Perspectivas
Com a entrada gradual da nova safra 2025/26 no estado e no Centro-Oeste brasileiro, a tendência é que os volumes importados se acomodem a partir do fim do ano. No entanto, o comportamento do câmbio, os preços internacionais e o resultado final da produção catarinense seguirão determinando a necessidade de compras externas — e, por outro lado, a competitividade das exportações.

Para a Epagri/Cepa, o quadro de 2025 reforça tanto a importância do milho como insumo estratégico para as cadeias de proteína animal quanto a vulnerabilidade decorrente da dependência externa e interestadual do cereal. Santa Catarina continua sendo um estado que importa para abastecer seu agro e exporta quando a lógica de mercado permite, um equilíbrio dinâmico que movimenta portos, indústrias e produtores ao longo de todo o ano.

Fonte: O Presente Rural
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Brasil e Japão avançam em tratativas para ampliar comércio agro

Reunião entre Mapa e MAFF reforça pedido de auditoria japonesa para habilitar exportações de carne bovina e aprofunda cooperação técnica entre os países.

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Foto: Percio Campos/Mapa

OMinistério da Agricultura e Pecuária (Mapa), representado pelo secretário de Comércio e Relações Internacionais, Luis Rua, realizou uma reunião bilateral com o vice-ministro internacional do Ministério da Agricultura, Pecuária e Florestas (MAFF), Osamu Kubota, para fortalecer a agenda comercial entre os países e aprofundar o diálogo sobre temas da relação bilateral.

No encontro, a delegação brasileira apresentou as principais prioridades do Brasil, incluindo temas regulatórios e iniciativas de cooperação, e reiterou o pedido para o agendamento da auditoria japonesa necessária para a abertura do mercado para exportação de carne bovina brasileira. O Mapa também destacou avanços recentes no diálogo e reforçou os pontos considerados estratégicos para ampliar o fluxo comercial e aprimorar mecanismos de parceria.

Os representantes japoneses compartilharam seus interesses e expectativas, demonstrando disposição para intensificar o diálogo técnico e buscar convergência nas agendas de interesse mútuo.

Fonte: Assessoria Mapa
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Bioinsumos colocam agro brasileiro na liderança da transição sustentável

Soluções biológicas reposicionam o agronegócio como força estratégica na agenda climática global.

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Fotos: Koppert Brasil

A sustentabilidade como a conhecemos já não é suficiente. A nova fronteira da produção agrícola tem nome e propósito: agricultura sustentável, um modelo que revitaliza o solo, amplia a biodiversidade e aumenta a captura de carbono. Em destaque nas discussões da COP30, o tema reposiciona o agronegócio como parte da solução, consolidando-se como uma das estratégias mais promissoras para recuperação de agro-ecossistemas, captura de carbono e mitigação das mudanças climáticas.

Thiago Castro, Gerente de P&D da Koppert Brasil participa de painel na AgriZone, durante a COP30: “A agricultura sustentável é, em sua essência, sobre restaurar a vida”

Atualmente, a agricultura e o uso da terra correspondem a 23% das emissões globais de gases do efeito, aproximadamente. Ao migrar para práticas sustentáveis, lavouras deixam de ser fontes de emissão e tornam-se sumidouros de carbono, “reservatórios” naturais que filtram o dióxido de carbono da atmosfera. “A agricultura sustentável é, em sua essência, sobre restaurar a vida. E não tem como falar em vida no solo sem falar em controle biológico”, afirma o PhD em Entomologia com ênfase em Controle Biológico, Thiago Castro.

Segudo ele, ao introduzir um inimigo natural para combater uma praga, devolvemos ao ecossistema uma peça que faltava. “Isso fortalece a teia biológica, melhora a estrutura do solo, aumenta a disponibilidade de nutrientes e reduz a necessidade de intervenções agressivas. É a própria natureza trabalhando a nosso favor”, ressalta.

As soluções biológicas para a agricultura incluem produtos à base de micro e macroorganismos e extratos vegetais, sendo biodefensivos (para controle de pragas e doenças), bioativadores (que auxiliam na nutrição e saúde das plantas) e bioestimulantes (que melhoram a disponibilidade de nutrientes no solo).

Maior mercado mundial de bioinsumos

O Brasil é protagonista nesse campo: cerca de 61% dos produtores fazem uso regular de insumos biológicos agrícolas, uma taxa quatro vezes maior que a média global. Para a safra de 2025/26, o setor projeta um crescimento de 13% na adoção dessas tecnologias.

A vespa Trichogramma galloi e o fungo Beauveria bassiana (Cepa Esalq PL 63) são exemplos de macro e microrganismos amplamente utilizados nas culturas de cana-de-açúcar, soja, milho e algodão, para o controle de lagartas e mosca-branca, respectivamente. Esses agentes atuam nas pragas sem afetar polinizadores e organismos benéficos para o ecossistema.

Os impactos do manejo biológico são mensuráveis: maior porosidade do solo, retenção de água e nutrientes, menor erosão; menor dependência de fertilizantes e inseticidas sintéticos, diminuição na resistência de pragas; equilíbrio ecológico e estabilidade produtiva.

Entre as práticas sustentáveis que já fazem parte da rotina do agro brasileiro estão o uso de inoculantes e fungos benéficos, a rotação de culturas, a integração lavoura-pecuária-floresta (ILPF) e o manejo biológico de pragas e doenças. Práticas que estimulam a vida no solo e o equilíbrio natural no campo. “Os produtores que adotam manejo biológico investem em seu maior ativo que é a terra”, salienta Castro, acrescentando: “O manejo biológico não é uma tendência, é uma necessidade do planeta, e a agricultura pode e deve ser o caminho para a regeneração ambiental, para esse equilíbrio que buscamos e precisamos”.

Fonte: Assessoria Koppert Brasil
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