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VOZ DO COOP

Suínos / Peixes

Mocinho com pinta de vilão

A Rússia é o principal comprador da carne suína brasileira, mas um embargo daquele país, considerado um tanto quanto impulsivo por alguns profissionais do setor, poderia provocar um colapso nas exportações brasileiras; a indústria sabe disso e mira

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A Rússia é o principal comprador da carne suína brasileira, responsável por mais de 33% das exportações de janeiro a agosto deste ano – já chegou a mais de 50%. Se por um lado os russos vêm dando bons lucros à indústria suinícola brasileira, por outro surge o alerta para a dependência a esse mercado. Com as exportações concentradas para os russos, o Brasil ficaria em situação delicada caso acontecesse algum problema, como embargos sanitários ou comerciais e até mesmo restrições por conta das políticas. A situação deve ficar ainda mais preocupante em 2018, quando devem acabar os embargos que a Rússia tem com a União Europeia, os Estados Unidos e a Austrália. O jeito agora é correr atrás de novos clientes para garantir que não haja um colapso nas exportações em um futuro próximo.

Essa é a opinião do analista Adolfo Fontes, do Rabobank. Ele fez uma palestra sobre as perspectivas para o mercado global de carne suína e os desafios e oportunidades para o Brasil durante o Simpósio Brasil Sul de Suinocultura 2016, que aconteceu de 09 a 11 de agosto, em Chapecó, SC. Para Fontes, o Brasil tem focar suas vendas para outros países que estão evoluindo no consumo de carne suína, como Argentina, China, Coreia e a própria Índia, apesar da maioria hindu neste. “Temos que acessar outros mercados para não ficar tão dependente da Rússia”, defendeu o palestrante.

Levantamento da Associação Brasileira de Proteína Animal divulgado em 22 de setembro mostra que as exportações da indústria suinícola aumentaram 40,5% de janeiro a agosto deste ano se comparas aos oito primeiros meses de 2015. No período, foram embarcadas 478,9 mil toneladas. Principal destino das exportações, a Rússia importou entre 159,3 mil toneladas, 4% a mais que o registrado no mesmo período do ano passado. Hong Kong vem em segundo, com a compra de 111,1 mil toneladas, volume 54% superior ao alcançado em 2015.  A China, no terceiro posto, importou 63,4 mil toneladas de janeiro a agosto.

 

MAIS CARNE

“A humanidade vai consumir mais alimentos nestes 50 anos, entre 2000 e 2050, do que já consumiu em sete mil anos. A demanda por carne suína aumenta 1,1% até 2025 e grande parte dessa produção será em países em desenvolvimento e não mais em países desenvolvidos, em especial na América do Sul. E o Brasil tem diferencial competitivo para atender essa demanda. A gente vem superando desafios para se tornar o principal player de proteína animal do mundo”, argumentou o analista, que atua na área de pesquisa, focado no setor de carnes. “Não só eu enxergo isso, como todo nosso time de 80 analistas espalhados pelo mundo”, acrescentou Fontes.

 

ARGENTINA

Com uma demanda crescente no consumo de carne suína, os Hermanos tendem a ser um mercado promissor para o Brasil nos próximos anos, na avaliação do analista. De acordo com ele, o consumo dessa proteína deve aumentar em dez quilos per capita até 2025. Fontes entende que as crescentes exportações de carne bovina argentina para os Estados Unidos vai forçar uma substituição de proteínas, com vantagens para o suíno e o frango.

“O argentino comia cinco quilos de carne suína por ano em 2005. No ano passado, chegou a 15 quilos. A pretensão (da indústria) é aumentar o consumo em um quilo por ano, chegando a 25 quilos em 2025”, revelou Fontes. “Isso porque a Argentina vai começar a exportar carne bovina para os Estados Unidos, assim como o Brasil, e deve acontecer uma substituição de proteínas no mercado interno deles”, explicou Fontes.

Para ele, observar o mercado sob esta ótica é importante também para o Brasil, que já começou a vender mais carne bovina para os Estados Unidos com a abertura do mercado in natura. “Essa visão deles (argentinos) como consumidores de carne tem que ser compartilhada”, orientou o especialista.

 

ÍNDIA

De acordo com as previsões do Rabobank, a Índia também é um grande consumidor potencial de carne suína para os próximos anos e o Brasil precisa se atentar a esse mercado. Temos que prestar atenção no cenário internacional. Na Índia, a população é de aproximadamente 1,2 bilhão de pessoas. Apesar de 80% ser hindu e dificilmente comer alguma proteína animal, existem 20% que podem consumir, o que representa uma população maior que a do Brasil”, justificou o analista. “Tem espaço para o Brasil entrar também nesse mercado”, ampliou Fontes.

 

COREIA

Fontes explica que o consumo de proteína animal deve aumentar consideravelmente nos próximos anos na Ásia, muito por conta do aumento de renda das pessoas, que passam a comer mais carne quando ganham mais. “Temos espaço para crescer na Ásia porque o consumo de carne está aumentando, em uma relação direta com a renda per capita”, pontuou.

Fontes citou a Coreia para embasar seu raciocínio. Quando a Coreia tinha renda de US$ 10 mil per capita/ano, eles conseguiam produzir toda sua proteína animal. Hoje, com a renda superior a US$ 20 mil, a Coria precisa importar 40% da carne consumida”, citou. O mesmo aconteceu com o Japão, que nos anos de 1980, com renda próxima de US$ 10 mil, importava só 10% de sua proteína animal. Hoje, com renda de US$ 50 mil por habitante/ano, precisa importar a metade do que consome em carnes, de acordo com o Rabobank. “A China vai passar por esse mesmo processo”, disse.

 

CHINA

A China produz a metade e consome um pouco mais que a metade de toda carne suína do planeta. O gigante asiático produz hoje, conforme Fontes, 98% do consumo de carnes e importa 2%, o que representa 1,7 milhão de toneladas. Mas as importações chinesas tendem a aumentar com o aumento da renda da população. “Hoje a China tem uma renda abaixo de US$ 10 mil per capita/ano, mas é uma questão de tempo para que essa renda cresça e chegue perto de Coreia. Com isso, as importações tendem a aumentar, o que é uma oportunidade para o Brasil”, entende. “O consumo na china vai aumentar e vai mudar o mercado mundial de carnes”, cravou.

 

A matéria completa você pode ler na edição impressa do jornal O Presente Rural de SUÍNOS E PEIXES de outubro, ou na versão ONLINE.

Fonte: O Presente Rural

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Suínos / Peixes

Preços do suíno vivo encerram abril com movimentos distintos

Segundo pesquisadores deste Centro, em Minas Gerais, compradores estiveram mais ativos na aquisição de novos lotes de animais, levando suinocultores daquele estado a reajustarem positivamente os valores. Já em outras praças, as cotações seguiram em queda, pressionadas pela demanda enfraquecida.

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Foto: Ari Dias

Os preços do suíno vivo no mercado independente encerraram abril com movimentos distintos entre as regiões acompanhadas pelo Cepea.

Segundo pesquisadores deste Centro, em Minas Gerais, compradores estiveram mais ativos na aquisição de novos lotes de animais, levando suinocultores daquele estado a reajustarem positivamente os valores.

Já em outras praças, as cotações seguiram em queda, pressionadas pela demanda enfraquecida.

Para a carne, apesar da desvalorização das carcaças, agentes consultados pelo Cepea relataram melhora das vendas no final de abril.

Quanto às exportações, o volume de carne suína embarcado nos 20 primeiros dias úteis de abril já supera o escoado no mês anterior, interrompendo o movimento de queda observado desde fevereiro.

Segundo dados da Secex, são 86,8 mil toneladas do produto in natura enviadas ao exterior na parcial de abril, e, caso esse ritmo se mantenha, o total pode chegar a 95,4 mil toneladas, maior volume até então para este ano.

 

Fonte: Assessoria Cepea
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Suínos / Peixes

Embaixador da Coreia do Sul visita indústrias da C.Vale

Iniciativa pode resultar em novos negócios no segmento carnes da cooperativa

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Visitantes conheceram frigorífico de peixes - Fotos: Assessoria

A C.Vale recebeu, no dia 25 de abril, o embaixador da Coreia do Sul, Lim Ki-mo, e o especialista de negócios da embaixada sul-coreana, Rafael Eojin Kim. Eles conheceram os processos de industrialização de carne de frango, de peixes e da esmagadora de soja, além da disposição dos produtos nos pontos de venda do hipermercado da cooperativa, em Palotina.

O presidente da C.Vale, Alfredo Lang, recepcionou os visitantes e está confiante no incremento das vendas da cooperativa para a Coréia do Sul. “É muito importante receber uma visita dessa envergadura porque amplia os laços comerciais entre os dois países”, pontuou. Também participaram do encontro o CEO da cooperativa, Edio Schreiner, os gerentes Reni Girardi (Divisão Industrial), Fernando Aguiar (Departamento de Comercialização do Complexo Agroindustrial) e gerências de departamentos e indústrias.

O embaixador Lim Ki-Mo disse ter ficado admirado com o tamanho das plantas industriais e a tecnologia do processo de agroindustrialização da cooperativa. “Eu sabia que a C.Vale era grande, mas visitando pessoalmente fiquei impressionado. É incrível”, enfatizou o embaixador, que finalizou a visita cantando em forma de agradecimento pelo acolhimento da direção e funcionários da C.Vale.

 

Fonte: Assessoria CVale
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Suínos / Peixes

Doença do edema em suínos: uma análise detalhada

Diagnóstico da doença pode ser desafiador devido à rápida progressão da condição e à sobreposição de sintomas com outras enfermidades.

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Foto e texto: Assessoria

A doença do edema (DE) é um importante desafio sanitário em nível global na suinocultura. Com alta prevalência a patologia ocasiona perdas econômicas ao setor associadas, principalmente, com a morte súbita de leitões nas fases de creche e recria.

A doença foi descrita pela primeira vez na literatura por Shanks em 1938, na Irlanda do Norte, ao mesmo tempo que Hudson (1938) registrava sua ocorrência na Inglaterra.

Ao pensarmos no controle da enfermidade, a adoção de medidas de manejo adequadas desempenha um papel fundamental na prevenção da disseminação do Escherichia coli, o agente causador da DE.  Desta forma, é essencial reforçar práticas, como o respeito ao período de vazio sanitário durante a troca de lotes, a limpeza e desinfecção regular de todos os equipamentos e baias ocupadas com produtos adequados, e a garantia de que as baias estejam limpas e secas antes da introdução dos animais. Embora possam parecer simples, a aplicação rigorosa dessas ações é indispensável para o sucesso do manejo sanitário.

A toxinfecção característica pela DE é causada pela colonização do intestino delgado dos leitões por cepas da bactéria Escherichia coli produtoras da toxina Shiga2 (Vt2e) e que possuem habilidade de aderência às vilosidades intestinais, sendo uma das principais causas de morbidade e mortalidade em suínos, resultando em perdas econômicas significativas e impactos negativos na indústria suinícola.

Durante a multiplicação da bactéria (E.coli) no trato gastrointestinal dos suínos, a toxina Shiga 2 (Vt2e) é produzida e absorvida pela circulação sistêmica, onde induz a inativação da síntese proteica em células do endotélio vascular do intestino delgado, em tecidos subcutâneos e no encéfalo. A destruição das células endoteliais leva ao aparecimento do edema e de sinais neurotóxicos característicos da doença (HENTON; HUNTER, 1994).

Como resultado, ocorre extravasamento de fluido para os tecidos circundantes, resultando em edema, hemorragia e necrose, especialmente no intestino delgado. Além disso, a toxina pode desencadear uma resposta inflamatória sistêmica, exacerbando ainda mais os danos aos tecidos e órgãos afetados.

Os sinais clínicos da doença do edema em suínos variam em gravidade, mas frequentemente incluem, incoordenação motora com andar cambaleante que evolui para a paralisia de membros, edema de face, com inchaço bem característico das pálpebras, edema abdominal e subcutâneo, fezes sanguinolentas e dificuldade respiratória. O edema abdominal é uma característica marcante da doença, muitas vezes resultando em distensão abdominal pronunciada. Além disso, os suínos afetados podem apresentar sinais neurológicos, como tremores e convulsões, em casos graves.  Em toxinfecções de evolução mais aguda, os animais podem ir a óbito sem apresentar os sinais clínicos da doença, sendo considerado morte súbita.

O diagnóstico da doença do edema em suínos pode ser desafiador devido à rápida progressão da condição e à sobreposição de sintomas com outras doenças. No entanto, exames laboratoriais, como cultura bacteriana do conteúdo intestinal ou de swabs retais podem ajudar a identificar a presença. Quando há alto índices de mortalidade na propriedade, pode se recorrer a técnicas de necropsia, bem como a histopatologia das amostras de tecidos intestinais, sobretudo a identificação do gene da Vt2e via PCR, para o diagnóstico definitivo da doença

O tratamento geralmente envolve a administração de antibióticos, como penicilina ou ampicilina, para combater a infecção bacteriana, juntamente com terapias de suporte, como fluidoterapia e controle da dor.

Embora tenhamos métodos diagnósticos eficientes, o tratamento da doença do edema ainda é um desafio recorrente nas granjas. Sendo assim, prevenir a entrada da doença do edema no rebanho ainda é a melhor opção. Uma dieta rica em fibras, boas práticas de manejo sanitário, evitar situações de estresse logo após o desmame e a prática de vacinação são estratégias eficazes quando se diz respeito à prevenção (Rocha, 2016). Borowski et al. (2002) demonstraram, por exemplo, que duas doses de uma vacina composta por uma bactéria autógena contra E. coli, aplicadas em porcas e em leitões, foram suficientes para obter uma redução da sintomatologia e mortalidade dos animais acometidos.

A doença do edema em suínos representa um desafio significativo para a indústria suinícola, com sérias implicações econômicas e de bem-estar animal. Uma compreensão aprofundada dos mecanismos subjacentes à patogênese da doença, juntamente com a implementação de medidas preventivas e de controle eficazes, é essencial para minimizar sua incidência e impacto. Ao adotar uma abordagem integrada os produtores podem proteger a saúde e o bem-estar dos animais, ao mesmo tempo em que promovem a sustentabilidade e a rentabilidade da indústria suína.

Referências bibliográficas podem ser solicitadas pelo e-mail gisele@assiscomunicacoes.com.br.

Fonte: Por Pedro Filsner, médico-veterinário gerente nacional de Serviços Veterinários de Suínos da Ceva Saúde Animal.
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