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Ministério da Agricultura prega fortalecimento da adoção de boas práticas contra uso excessivo de antibióticos pela agropecuária
No Brasil, uma pesquisa desenvolvida pela Proteção Animal Mundial apontou que o material coletado próximo às granjas no Paraná continha uma presença grande de genes resistentes a antibióticos.

Uma pesquisa desenvolvida pela Proteção Animal Mundial, no ano passado, apontou que o material coletado próximo a granjas de suínos no Paraná continha uma presença especialmente grande de genes resistentes a antibióticos críticos para a saúde humana, como é o caso da cefalosporina, da ciprofloxacina e da penicilina. O ponto de partida para a solução da questão, sobre o aumento de bactérias vizinhas em granjas de suínos, deve ser a transição para sistemas de produção mais éticos e sustentáveis, com o atendimento de padrões mínimos de bem-estar animal.
O médico-veterinário e coordenador de Bem-Estar da Proteção Animal Mundial, Daniel Cruz, explica que a resistência antimicrobiana vem crescendo muito. “Sabemos desse problema global da resistência bacteriana e os dados apresentados em todas as pesquisas confirmam que se trata de um fenômeno mundial e que requer preocupação”, afirma.
Para Cruz, a solução é desenvolver e implementar políticas e normas para empresas e governos. “A dependência do uso excessivo de antibióticos só cessa quando há transformação nos sistemas produtivos”, destaca. “Acreditamos que as engrenagens têm que se movimentar de maneira conjunta para atender esses pedidos que estamos fazendo”, diz.
O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) reconhece a importância da adoção das boas práticas agropecuárias, incluindo a promoção do bem-estar animal, como fundamentais para o controle e prevenção da resistência aos antimicrobianos. O compromisso formal, nesse sentido, é ratificado pela Instrução Normativa MAPA nº 41/2017, que instituiu o Programa Nacional de Prevenção e Controle da Resistência aos Antimicrobianos na Agropecuária – AgroPrevine, e pelas intervenções previstas no Plano de Ação Nacional para Prevenção e Controle da Resistência aos Antimicrobianos no âmbito da Agropecuária (PAN-BR AGRO).
De acordo com a Auditora Fiscal Federal Agropecuária – Divisão de Programas Especiais – Coordenação Geral de Produtos Veterinários – Departamento de Saúde Animal do MAPA, Suzana Bresslau, o fortalecimento da adoção das boas práticas agropecuárias foi estabelecido como intervenção estratégica para reduzir a incidência de infecções em animais. “Vale destacar que, além de inúmeras publicações e ações de fomento realizadas pelo MAPA relacionadas às boas práticas agropecuárias e ao bem-estar animal, o Ministério publicou a Instrução Normativa SDA nº 113/2020, que tem por objetivo estabelecer as boas práticas de manejo e bem-estar animal nas granjas de suínos de criação comercial”, explica.
O Mapa considera que diversos atores precisam trabalhar em conjunto para a otimização do uso de antimicrobianos e a promoção de seu uso racional, incluindo as empresas detentoras de registros de antimicrobianos. As empresas produtoras de medicamentos têm um papel fundamental dentro deste processo para a melhoria das questões envolvendo o uso de antibióticos e sua relação direta com o bem-estar animal. “Desta forma, as entidades representativas do setor estão envolvidas e são atores importantes em diversas das intervenções do PAN-BR AGRO, com destaque para iniciativas de comunicação e capacitação sobre o tema e do fortalecimento de ações regulatórias para promover o uso racional. As empresas podem contribuir com ações de comunicação e capacitação sobre o tema para qualificar seus fornecedores”, afirma.
Toda atividade de promoção das boas práticas agropecuárias e de conscientização de produtores sobre o tema da resistência aos antimicrobianos e sobre o uso racional de antibióticos é muito importante. De acordo com Suzana Bresslau, o Mapa considera que as ações de comunicação e de capacitação sobre o tema devem ser baseadas em ciência e estar alinhadas às recomendações dos organismos internacionais de referência, com destaque, no caso de saúde animal e inocuidade dos alimentos, às recomendações da Organização Mundial de Saúde Animal (OIE) e do Codex Alimentarius.

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Portos do Sul registram crescimento e movimentam 108 milhões de toneladas
Expansão é puxada por granéis sólidos e cargas conteinerizadas, com destaque para milho e adubos, refletindo aumento da demanda e modernização da infraestrutura.

A movimentação portuária na Região Sul alcançou 108,4 milhões de toneladas entre janeiro e outubro de 2025, de acordo com o Estatístico Aquaviário da Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq). O volume representa crescimento de 7,41% em relação ao mesmo período de 2024, confirmando o bom desempenho dos portos sulistas.
O desempenho regional foi impulsionado principalmente pelos granéis sólidos, que somaram 65,3 milhões de toneladas (alta de 1,65%). A movimentação de cargas conteinerizadas também teve forte evolução, atingindo 25,9 milhões de toneladas, com crescimento de 23,48%. O granel líquido movimentou 6,2 milhões de toneladas, expansão de 10,18%, enquanto a carga geral totalizou 11,0 milhões de toneladas, com aumento de 9,13% na comparação anual.
Segundo o ministro de Portos e Aeroportos, Silvio Costa Filho, o avanço reflete o esforço conjunto de gestão e modernização da infraestrutura na região. “Os portos do Sul vêm apresentando um desempenho consistente, combinando aumento de demanda, diversificação de cargas e investimentos estruturantes”, afirmou.
Portos mais movimentados

Foto: Claudio Neves/Portos do Paraná
O Porto de Paranaguá (PR) liderou a movimentação na região com 55,2 milhões de toneladas, representando 50,9% do total movimentado, com crescimento de 7,61%. Em seguida aparece o Porto do Rio Grande (RS), com 26,3 milhões de toneladas, participação de 24,3% e alta de 9,32%.
O Porto de São Francisco do Sul (SC) movimentou 14,9 milhões de toneladas (13,7% do total), registrando alta de 1,48%. Já o Porto de Imbituba (SC) somou 6,2 milhões de toneladas (5,7%), com retração de 14,7%, enquanto Itajaí (SC) movimentou 3,4 milhões de toneladas, representando 3,1% da carga da região, mas com crescimento expressivo de 461% em relação a 2024.
Perfil das mercadorias
O Sul apresentou perfil diversificado de cargas, com destaque para produtos do agronegócio e insumos industriais. As cargas conteinerizadas lideraram o ranking, com 25,9 milhões de toneladas (23,9%) e alta de 23,48%.
A soja movimentou 23 milhões de toneladas (21,3%), registrando retração de 8,0%. Os adubos (fertilizantes) somaram 16,2 milhões de toneladas (15,0%), com alta de 7,09%. O milho totalizou 6,5 milhões de toneladas, participação de 6,0% e crescimento de 165,56%, enquanto o açúcar movimentou 6,1 milhões de toneladas (5,6%), com queda de 9,7%.
Operações
A navegação de longo curso, que concentra operações de importação e exportação, movimentou 93,4 milhões de toneladas, com alta de 6,43%. A cabotagem, responsável pelo transporte entre portos brasileiros, somou 6,0 milhões de toneladas, crescendo 8,37%. As vias interiores movimentaram 2,9 milhões de toneladas, com retração de 3,35%.
No comércio exterior, as importações cresceram 9,34% e as exportações aumentaram 4,98%. O transporte por contêineres teve alta de 18,51%, enquanto as demais cargas cresceram 4,55%. No mercado interno, o transporte de cargas de origem nacional avançou 6,49%.
O ministro destacou ainda que os resultados demonstram retorno concreto das ações do Governo Federal. “Os investimentos em dragagem, acessos terrestres e modernização operacional estão fortalecendo a competitividade dos portos do Sul e ampliando a capacidade logística do país”, finalizou.
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Agricultura brasileira une ciência e tecnologia para reduzir carbono
Livro lançado na COP30 destaca práticas e inovações que permitem alta produtividade com baixo impacto climático e maior rastreabilidade ambiental.

Durante a COP30, conferência do clima das Nações Unidas sediada em Belém (PA), em 2025, o governo brasileiro lançou o livro Ciência para o clima e soluções da agricultura brasileira, uma síntese das principais contribuições da ciência nacional para enfrentar a crise climática. Organizada pela Embrapa, a publicação reúne décadas de pesquisa sobre tecnologias, métricas e estratégias que mostram como a agricultura tropical pode reduzir emissões e sequestrar carbono, mantendo alta produtividade.
O balanço de carbono, que calcula a diferença entre o carbono emitido e o capturado nos sistemas produtivos, tornou-se um dos principais indicadores da sustentabilidade agropecuária. Segundo a pesquisadora Beata Madari, da Embrapa Arroz e Feijão, mensurar o carbono com precisão é essencial para orientar políticas públicas e certificar cadeias produtivas de baixo impacto. “A avaliação de ciclo de vida e o balanço de carbono permitem comprovar que a agricultura tropical pode ser produtiva e, ao mesmo tempo, contribuir para mitigar as mudanças climáticas”, explica.
A agropecuária brasileira já é uma das que mais aplicam práticas conservacionistas no mundo. O Plano ABC+ (2020–2030), principal política nacional de mitigação de gases de efeito estufa (GEE) no setor, prevê a ampliação do uso de tecnologias sustentáveis em 72 milhões de hectares, evitando a emissão de mais de 1 bilhão de toneladas de CO₂ equivalente até 2030. Entre as ações estão a integração lavoura-pecuária-floresta (ILPF), a recuperação de pastagens degradadas, o plantio direto, o uso racional de bioinsumos e irrigação e a fixação biológica de nitrogênio, práticas que aumentam o sequestro de carbono no solo e a eficiência produtiva.
Nos sistemas agrícolas, as plantas capturam CO₂ pela fotossíntese, e parte desse carbono é armazenada no solo na forma de matéria orgânica — que pode conter até 58% de carbono. Boas práticas de manejo aumentam esse estoque, melhoram a fertilidade e reduzem o uso de insumos sintéticos. Já o desmatamento e o mau uso do solo liberam carbono e agravam o efeito estufa. Para medir e comparar os fluxos de gases, a Embrapa adota parâmetros do Painel Intergovernamental sobre Mudança do Clima (IPCC), que expressa os resultados em CO₂ equivalente. O metano (CH₄), por exemplo, tem potencial de aquecimento 27 vezes maior que o dióxido de carbono, e o óxido nitroso (N₂O), 273 vezes mais potente.
A precisão das medições também depende da qualidade dos laboratórios, explica Celso Manzatto, pesquisador da Embrapa Meio Ambiente.
A Embrapa coordena o Programa de Análise de Qualidade de Laboratórios de Fertilidade do Solo (PAQLF), que avalia 176 unidades em todo o país, e o Ensaio de Proficiência em Análise de Carbono do Solo (EPCS), primeiro programa interlaboratorial do mundo voltado à harmonização de resultados de carbono. O EPCS compara métodos de análise e garante a confiabilidade dos dados usados em inventários e mercados de carbono.
Essas iniciativas já geraram resultados expressivos: o primeiro Plano ABC (2010–2020) evitou a emissão de 194 milhões de toneladas de CO₂ equivalente, com práticas sustentáveis adotadas em 54 milhões de hectares. A combinação entre ciência, política pública e inovação tecnológica consolidou o Brasil como referência internacional em agricultura de baixa emissão.
A recuperação de pastagens e a integração entre lavoura, pecuária e floresta estão entre os pilares dessa transformação. Hoje, 197 milhões de cabeças de gado ocupam 161 milhões de hectares, 11% a menos do que há 20 anos, enquanto a produtividade quase dobrou. Pastagens bem manejadas sequestram carbono, reduzem o desmatamento e melhoram o bem-estar animal. Sistemas com leguminosas ainda diminuem as emissões de metano entérico e aumentam a fertilidade do solo.
Outros avanços vêm de tecnologias agrícolas de baixo carbono, como fertilizantes de ureia tratada com inibidores, que reduzem em até 50% as emissões de N₂O; bioinsumos microbianos, que substituem fertilizantes sintéticos e evitam cerca de 300 kg de CO₂eq por hectare ao ano; e o biochar, carvão vegetal obtido de resíduos agrícolas que melhora a fertilidade do solo e armazena carbono por séculos.
A redução do metano na pecuária é outro foco das pesquisas. A Embrapa e universidades brasileiras estudam estratégias nutricionais que reduzem as emissões entéricas em até 48%, por meio de dietas com óleos vegetais, leguminosas, algas, compostos vegetais e inibidores químicos da metanogênese, como o 3-nitrooxipropanol (3-NOP). Essas soluções permitem reduzir as emissões sem comprometer a produtividade.
Para garantir transparência, o país desenvolve ferramentas digitais de mensuração, relato e verificação (MRV), alinhadas às diretrizes da ONU. O sistema inclui o Sacir, que caracteriza imóveis rurais e pastagens; o AgroTag MRV, que coleta dados georreferenciados; o SatVeg, que monitora cobertura vegetal por satélite; e a calculadora GHG Protocol para Agricultura e Pecuária, usada para estimar emissões diretas e indiretas das atividades agropecuárias.
Esses instrumentos fortalecem a rastreabilidade ambiental e viabilizam a inserção de produtores em mercados de créditos de carbono, além de subsidiar o Inventário Nacional de Emissões de GEE. “Quando o produtor adota práticas conservacionistas, ele melhora a produtividade e também ajuda o país a atingir metas de neutralidade climática”, resume Madari.
Com sistemas cada vez mais monitorados e eficientes, a agricultura brasileira transforma o balanço de carbono em um instrumento de planejamento estratégico. O país mostra que é possível produzir, conservar e mitigar — ao mesmo tempo. A ciência tropical e as políticas de inovação sustentam um modelo de agropecuária de baixo carbono, que alia segurança alimentar, competitividade e compromisso com o clima global.
O trabalho é de Beata Madari, Embrapa Arroz e Feijão, Anderson Santi, Embrapa Trigo, Celso Manzatto, Embrapa Meio Ambiente, Claudia Jantalia, Embrapa Solos, Etelvino Novotny, Embrapa Solos, Ladislau Skorupa, Embrapa Meio Ambiente, Márcia Carvalho, Embrapa Arroz e Feijão, Patrícia Oliveira, Embrapa Pesca e Aquicultura, Vinicius Benites, Embrapa Solos e Walkyria Scivittaro, Embrapa Clima Temperado.
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Preparativos do Show Rural entram na reta final com foco em excelência
Organização reforça liderança, estrutura e experiência do público para a 38ª edição do evento que abre o calendário das grandes feiras do agronegócio em 2026.

Há menos de dois meses do início do Show Rural Coopavel, o presidente Dilvo Grolli e o coordenador-geral Rogério Rizzardi estiveram reunidos com os coordenadores de área do maior evento técnico do agronegócio da América do Sul. A finalidade do encontro foi reafirmar compromisso com pilares que fazem da mostra de tecnologia uma das mais admiradas do mundo.
Dilvo e Rogério falaram de liderança, de bem atender e do compromisso de cada um com a excelência para entregar ao público a melhor experiência possível. “São pessoas do Brasil e do exterior que vêm a Cascavel porque confiam na Coopavel e no projeto que ela construiu ao longo de quase quatro décadas. O Show Rural é o reflexo da união, planejamento, trabalho dedicado e comprometimento de cada um de vocês, que formam um todo de grande capacidade transformadora”, comentou o presidente.
Desde 1989, quando aconteceu a primeira edição, o evento recebe investimentos e melhorias para que a disseminação de novos conhecimentos possa ocorrer com eficiência e bons resultados. “A superação e o fazer sempre melhor são tônicas de uma iniciativa que ajudou a moldar a fisionomia da agropecuária de Cascavel e de uma das regiões de maior produção de commodities do Brasil e do mundo”, acentua o agrônomo Rogério Rizzardi, que falou do andamento de inúmeras obras no parque. Citou a ampliação da área administrativa e do Espaço Impulso, do galpão do produtor, estacionamento, pavimentação de ruas e reforma dos banheiros.
Tema
Ao destacar o papel e a responsabilidade de cada coordenador e de sua equipe, Dilvo falou do tema da 38ª edição – A força que vem de dentro, que ressalta a determinação dos produtores rurais de, mesmo diante de intempéries, oscilação de mercados e outros desafios, seguir firmes no propósito de produzir alimentos. Ele destacou também a logomarca oficial, que considera atemporal. “Quando o nome Show Rural foi colocado sobre o globo terrestre, ainda não tínhamos essa visão de que estávamos construindo um evento mundial. Por isso, essa logomarca continua e seguirá atual por muito tempo”.
O 38º Show Rural Coopavel vai ser realizado de 9 a 13 de fevereiro de 2026 em Cascavel, no Oeste do Paraná. Uma missa às 11h do dia 8 de fevereiro marcará o início oficial da edição, que contará com a participação de 600 expositores nacionais e estrangeiros. “Estamos acelerando os preparativos para o palco que abre o calendário das grandes feiras técnicas nacionais, e que mostrará ao produtor rural o que há de melhor e mais eficiente para que ele produza potencializando resultados, reduzindo custos e se integrando aos critérios da sustentabilidade”, conforme Dilvo.



