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Minerais orgânicos prevalecem sobre inorgânicos para qualidade da casca

A identificação dos fatores que influenciam na qualidade dos ovos em granjas de postura comercial e a busca de alternativas para corrigi-los constituem-se em tarefas diárias da indústria

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Artigo escrito por Marlene Schmidt, PhD em Nutrição Animal e gerente técnica da Alltech do Brasil

No cenário de postura comercial, o Brasil se destaca por estar entre os dez maiores produtores mundiais de ovos, com uma produção anual superior a 39 milhões de unidades. De acordo com a estimativa da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) e do Instituto Ovos Brasil, o consumo de ovos per capita no país atingiu 191 unidades no último ano, representando um crescimento de 5% em relação a 2014 e de 14% em relação a 2013.

Por outro lado, a avicultura de postura comercial registra perdas econômicas significativas devido a problemas de má qualidade dos ovos em função, principalmente, de quebra causada pela má formação da casca e/ou pela ausência desta. Do ponto de vista econômico, é de suma importância o controle da qualidade de casca, uma vez que entre 2 e 12% do total de ovos produzidos apresentam problemas de casca no trajeto da granja ao mercado consumidor e, portanto, não são comercializados. Para o produtor, a característica de qualidade dos ovos mais importante é a consistência da casca, aspecto mercadológico que mais pesa economicamente em seu bolso, visto que milhões de ovos deixam de ser comercializados ou têm seus preços reduzidos em função de problemas atribuídos à casca.

A identificação dos fatores que influenciam na qualidade dos ovos em granjas de postura comercial e a busca de alternativas para corrigi-los constituem-se em tarefas diárias da indústria. Entre os principais aspectos relacionados à qualidade de casca dos ovos estão a nutrição e a idade das aves.

Os avanços na nutrição e suas estratégias têm contribuído fortemente para manter e melhorar a qualidade dos ovos das linhagens atuais. É necessário que a ave receba quantidades adequadas de nutrientes, incluindo os microminerais, uma vez que participam de uma grande variedade de processos bioquímicos, estando diretamente associados ao crescimento e ao desenvolvimento do tecido ósseo e da formação de casca. Atender a exigência micromineral, na forma orgânica, tem sido prática cada vez mais comum adotada pela indústria.

O papel dos microminerais

Entre os microminerais, destacam-se o manganês (Mn), o zinco (Zn) e o cobre (Cu), que são elementos essenciais necessários na alimentação de poedeiras. Além de serem imprescindíveis ao crescimento das aves, pelo papel importante no sistema imunológico, no metabolismo de carboidratos, na síntese de proteínas e ácidos nucleicos, exercem também funções específicas na formação óssea e da casca dos ovos.

O zinco apresenta funções importantes no organismo de poedeiras como a fixação do cálcio sob a forma de carbonato de cálcio nos ossos e nos ovos, e a ativação de sistemas enzimáticos. Como constituinte de metaloenzimas, desempenha função importante na qualidade da casca, pois está diretamente relacionado com a atividade da enzima anidrase carbônica que controla a transferência de íons bicarbonato do sangue para a glândula da casca. Altas concentrações dessa enzima foram encontradas no útero de poedeiras.

O manganês é um ativador metálico das enzimas glicosiltransferase e fosfatase alcalina, que estão envolvidas na síntese de mucopolissacarídeos e glicoproteínas, as quais contribuem para a formação da matriz orgânica dos ossos e da casca dos ovos.

O cobre é um elemento essencial para a reprodução, o crescimento, o desenvolvimento do tecido conjuntivo e a pigmentação da pele. É um componente de proteínas sanguíneas como a eritrocupreína, encontrada nos eritrócitos, exercendo função em muitos sistemas enzimáticos e, também, essencial para a formação normal dos ossos, sendo ativador da lisil oxidase, enzima que participa da biossíntese de colágeno.

Além de funções específicas na formação óssea e da casca dos ovos, esses microelementos possuem outras funções que são imprescindíveis para um adequado crescimento e produtividade das aves.

Qualidade de casca com uso de minerais orgânicos

Os microminerais na forma de sais, para que sejam absorvidos no lúmen intestinal, precisam ser inicialmente solubilizados para liberar os íons. Porém, na forma iônica, os minerais podem se complexar com outros componentes da dieta, dificultando ou impedindo sua absorção. Dessa forma, é fácil superestimar o nível de exigência dos microminerais na dieta, gerando excesso de fornecimento e eliminação dos mesmos nas excretas, contaminando o ambiente. O uso de minerais na forma orgânica tem sido amplamente difundido na indústria avícola, principalmente pela maior biodisponibilidade desses em relação às fontes inorgânicas.

Na forma orgânica, as moléculas de minerais são associadas a proteínas e/ou aminoácidos ou produtos de levedura (no caso do selênio), o que impede que ocorram interações com outros minerais ou componentes da dieta ao longo do trato gastrointestinal. Com isso, há um maior aproveitamento pelo animal e menor excreção no meio ambiente, além de contribuir com melhor desempenho e qualidade interna e externa dos ovos.

É de longa data que pesquisadores já relataram melhora quando compararam o uso de minerais orgânicos versus inorgânicos. Moreng (1992) obteve melhora na resistência à quebra e uma significativa redução dos defeitos de casca quando as aves receberam zinco orgânico, o que não ocorreu nas aves que receberam a forma inorgânica. Stahl et al. (1986) observou que o nível de 30 mg/kg de Zn na ração foi suficiente para manter a alta qualidade da casca. Scatolini (2007) observou que o uso de Mn, Zn e Cu na forma de proteinatos, juntamente com ferro (Fe) e selênio (Se), obteve melhora de espessura, porcentagem de casca e unidade Haugh quando comparada com a fonte inorgânica desses mesmos elementos.

A deficiência de Mn em dietas de poedeiras pode aumentar a incidência de ovos de casca fina. Deve-se levar em conta que, em dietas à base de milho e farelo de soja, a utilização de Mn na forma inorgânica pode levar a interações com os fitatos presentes, reduzindo assim a sua disponibilidade. Além desse fato, rações com altos teores de cálcio, normalmente utilizadas para poedeiras, podem interferir no aproveitamento desse micromineral. Observa-se que a utilização de fontes orgânicas de Zn e Mn em poedeiras afeta beneficamente o desempenho, o peso e a espessura da casca.

A carência de Cu também pode determinar a produção de ovos com má formação da casca e maior incidência de ovos sem casca. Dietas com deficiência desse mineral são responsáveis por ossos frágeis e cartilagens espessas, assim como ovos com cascas frágeis pela má formação da membrana da casca.

Constata-se que a utilização de Mn, Zn e Cu na forma de quelatos resulta em menor perda de ovos e maior resistência da casca, sendo que a suplementação de fonte orgânica proporciona melhores resultados em comparação à inorgânica.

Santos (2014), trabalhando com substituição total e parcial dos minerais inorgânicos por orgânicos, observou que para aves em reposição, mesmo trabalhando com doses muito baixas e nesse período considerando substituição total aos inorgânicos, não se observou comprometimento do desempenho das aves. Já quando mediu as características de qualidade de ovo, em poedeiras de 60 a 80 semanas, concluiu que a associação entre 50% de micromineral inorgânico e quelatado favoreceu a qualidade da casca e obteve efeito estatístico positivo quanto à porcentagem de casca quando comparado ao tratamento 100% inorgânico.

Como o campo tem respondido?

Nos últimos anos, aumentou o interesse pela suplementação dietética de fontes orgânicas para poedeiras e os resultados no campo têm comprovado a sua eficiência e constância nos resultados. O marketing positivo realizado mostra à população as vantagens nutricionais e, consequentemente, quebra o “mito” de que o ovo faz mal à saúde, influenciando o grau de aceitabilidade do produto no mercado. No entanto, a qualidade interna depende fundamentalmente das condições da casca e das condições de armazenamento dos ovos. Isso tem justificado a indústria lançar mão de estratégias nutricionais que minimizem o impacto de perda de ovos vendáveis por problemas de casca.

Vários dados de campo, com uso de minerais orgânicos na forma de quelatos, têm apresentado resultados com melhora na qualidade de casca, em que a diminuição obtida com trincas varia de 2 a 8%, com média de melhora ao redor dos 6%. Maior parte desses resultados positivos deve-se a estratégia de substituição total de minerais inorgânicos por minerais orgânicos, com a garantia de que os níveis trabalhados suprem com eficiência as demandas do animal. Ao proporcionar uma dieta micromineral 100% orgânica ao animal, é possível otimizar vários índices de desempenho, dentre os principais conversão alimentar, qualidade de empenamento, qualidade de carcaça, qualidade interna e externa de ovos e ainda melhor capacidade antioxidante e o valor nutricional da carne e ovos.

A aceitabilidade deste novo conceito no campo tem sido bastante positiva. Em períodos de altas temperaturas, quando é comum a perda de qualidade de casca, a utilização de um premix micromineral orgânico tem apresentado excelentes respostas no que tange a qualidade de casca. Dados de pesquisa comprovaram que o Mn, por exemplo, apresentou maior biodisponibilidade em aves quando submetidas a estresse por calor, concluindo que o quelato pode melhorar a disponibilidade dos minerais quando as aves são submetidas a altas temperaturas. Também a queda no consumo, que ocorre nos períodos de alta temperatura, justifica o uso de minerais mais biodisponíveis, o que somente é possível quando estão na forma orgânica.

Conclusão

A partir da observação dos resultados de estudos nos últimos 20 a 30 anos, torna-se claro a superioridade de biodisponibilidade dos quelatos quando comparados aos sais.

Com a posição na produção de ovos que o Brasil possui atualmente, faz-se necessário o uso de estratégias nutricionais que minimizem a perda na rentabilidade e produtividade por problemas relacionados à má qualidade de casca.

A utilização de microminerais orgânicos, em substituição aos inorgânicos, tem correspondido às expectativas que o produtor de ovos consegue mensurar: a qualidade de casca.

 

Mais informações você encontra na edição de Aves de junho/julho de 2016 ou online.

Fonte: O Presente Rural

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Avicultura

Brasil abre mercado em Moçambique para exportação de material genético avícola

Acordo sanitário autoriza envio de ovos férteis e pintos de um dia, fortalece a presença do agronegócio brasileiro na África e amplia para 521 as oportunidades comerciais desde 2023.

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O governo brasileiro concluiu negociação sanitária com Moçambique, que resultou na autorização de exportações brasileiras de material genético avícola (ovos férteis e pintos de um dia) àquele país.

Além de contribuir para a melhoria de qualidade do plantel moçambicano, esta abertura de mercado promove a diversificação das parcerias do Brasil e a expansão do agronegócio brasileiro na África, ao oferecer oportunidades futuras para os produtores nacionais, em vista do grande potencial do continente africano em termos de crescimento econômico e demográfico.

Com cerca de 33 milhões de habitantes, Moçambique importou mais de US$ 24 milhões em produtos agropecuários do Brasil entre janeiro e novembro de 2025, com destaque para proteína animal.

Com este anúncio, o agronegócio brasileiro alcança 521 novas oportunidades de comércio, em 81 destinos, desde o início de 2023.

Tais resultados são fruto do trabalho conjunto entre o Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) e o Ministério das Relações Exteriores (MRE).

Fonte: Assessoria Mapa
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Indústria avícola amplia presença na diretoria da Associação Brasileira de Reciclagem

Nova composição da ABRA reforça a integração entre cadeias produtivas e destaca o papel estratégico da reciclagem animal na sustentabilidade do agronegócio brasileiro.

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A Associação Brasileira de Reciclagem (ABRA) definiu, na última sexta-feira (12), a nova composição de seu Conselho Diretivo e Fiscal, com mandato até 2028. A assembleia geral marcou a renovação parcial da liderança da entidade e sinalizou uma maior aproximação entre a indústria de reciclagem animal e setores estratégicos do agronegócio, como a avicultura.

Entre os nomes eleitos para as vice-presidências está Hugo Bongiorno, cuja chegada à diretoria amplia a participação do segmento avícola nas decisões da associação. O movimento ocorre em um momento em que a reciclagem animal ganha relevância dentro das discussões sobre economia circular, destinação adequada de subprodutos e redução de impactos ambientais ao longo das cadeias produtivas.

Dados do Anuário da ABRA de 2024 mostram a dimensão econômica do setor. O Brasil ocupa atualmente a terceira posição entre os maiores exportadores mundiais de gorduras de animais terrestres e a quarta colocação no ranking de exportações de farinhas de origem animal. Os números reforçam a importância da atividade não apenas do ponto de vista ambiental, mas também como geradora de valor, renda e divisas para o país.

A presença de representantes de diferentes cadeias produtivas na diretoria da entidade reflete a complexidade do setor e a necessidade de articulação entre indústrias de proteína animal, recicladores e órgãos reguladores. “Como único representante da avicultura brasileira e paranaense na diretoria, a proposta é levar para a ABRA a força do nosso setor. Por isso, fico feliz por contribuir para este trabalho”, afirmou Bongiorno, que atua como diretor da Unifrango e da Avenorte Guibon Foods.

A nova gestão será liderada por Pedro Daniel Bittar, reconduzido à presidência da ABRA. Também integram o Conselho Diretivo os vice-presidentes José Carlos Silva de Carvalho Júnior, Dimas Ribeiro Martins Júnior, Murilo Santana, Fabio Garcia Spironelli e Hugo Bongiorno. Já o Conselho Fiscal será composto por Rodrigo Hermes de Araújo, Wagner Fernandes Coura e Alisson Barros Navarro, com Vicenzo Fuga, Rodrigo Francisco e Roger Matias Pires como suplentes.

Com a nova configuração, a ABRA busca fortalecer o diálogo institucional, aprimorar práticas de reciclagem animal e ampliar a contribuição do setor para uma agropecuária mais eficiente e ambientalmente responsável.

Fonte: O Presente Rural com Unifrango
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Avicultura supera ano crítico e pode entrar em 2026 com bases sólidas para crescer

Após enfrentar pressões sanitárias, custos elevados e restrições comerciais em 2025, o setor mostra resiliência, retoma exportações e reforça a confiança do mercado global.

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O ano de 2025 entra para a história recente da avicultura brasileira como um dos anos mais desafiadores. O setor enfrentou pressão sanitária global, instabilidade geopolítica, custos de produção elevados e restrições comerciais temporárias em mercados-chave. Mesmo assim, a cadeia mostrou capacidade de adaptação, coordenação institucional e resiliência produtiva.

A ação conjunta do Governo Federal, por meio do Ministério da Agricultura e Pecuária (MAPA), da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) e de entidades estaduais foi decisiva para conter danos e recuperar a confiança externa. Missões técnicas, diplomacia sanitária ativa e transparência nos controles sustentaram a reabertura gradual de importantes destinos ao longo do segundo semestre, reposicionando o Brasil como fornecedor confiável de proteína animal.

Os sinais de retomada já aparecem nos números do comércio exterior. Dados preliminares indicam que as exportações de carne de frango em dezembro devem superar 500 mil toneladas, o que levará o acumulado do ano a mais de 5 milhões de toneladas. Esse avanço ocorre em paralelo a uma gestão mais cautelosa da oferta: o alojamento de 559 milhões de pintos em novembro ficou abaixo das projeções iniciais, próximas de 600 milhões. O ajuste ajudou a equilibrar oferta e demanda e a dar previsibilidade ao mercado.

Para 2026, o cenário é positivo. A agenda econômica global tende a impulsionar o consumo de proteínas, com a retomada de mercados emergentes e regiões em recuperação. Nesse contexto, o Brasil – e, em especial, o Paraná, líder nacional – está bem-posicionado para atender ao mercado interno e aos principais compradores internacionais.

Investimentos contínuos para promover o bem-estar animal, biosseguridade e sustentabilidade reforçam essa perspectiva. A modernização de sistemas produtivos, o fortalecimento de protocolos sanitários e a adoção de práticas alinhadas às exigências ESG elevam o padrão da produção e ampliam a competitividade. Mais do que reagir, a avicultura brasileira se prepara para liderar, oferecendo proteína de alta qualidade, segura e produzida de forma responsável.

Depois de um ano de provas e aprendizados, o setor está ainda mais robusto e inicia 2026 com fundamentos sólidos, confiança renovada e expectativa de crescimento sustentável, reafirmando seu papel estratégico na segurança alimentar global.

Fonte: Assessoria Sindiavipar
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