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Milk Summit Brazil mira em virada na produção do leite
Evento em Ijuí reúne lideranças, produtores e pesquisadores para discutir gestão, competitividade e estratégias que podem elevar o protagonismo do Rio Grande do Sul na cadeia leiteira nacional.

Como produzir mais e melhor, levando a cadeia leiteira gaúcha para um novo patamar. Este foi o tema central dos debates do primeiro dia do Milk Summit Brazil 2025, que estreou com casa cheia nesta terça-feira (14), em Ijuí (RS). “Marcamos a retomada do protagonismo do Rio Grande do Sul nas discussões sobre o setor e inauguramos um espaço diferenciado de debate e construção”, destacou o coordenador do evento e secretário-executivo do Sindilat, Darlan Palharini. “Competitividade é a palavra. Temos mercado para crescer e todas as condições para atender à demanda”, afirmou ele. Mirando em mercados internacionais, o foco é o leite em pó, uma commodity estratégica e viável mediante redução de custos e aumento da produtividade.
Parte da fórmula, o pesquisador da Embrapa Gado de Leite Glauco Carvalho revela: é a combinação entre coordenação setorial e gestão eficiente das propriedades. Segundo ele, a primeira é capaz de impulsionar o avanço de estratégias empresariais, setoriais e de políticas públicas, promovendo integração entre os diferentes elos. “Faz muitas coisas avançarem, inclusive no comércio internacional”, ressalta. Já a segunda, da porteira para dentro, pode alcançar resultados melhores em contextos semelhantes, para fatores econômicos e técnicos. “Muitas vezes o produtor olha só a parte técnica, mas é com gestão que se avança”, disse ao acrescentar outros elementos como programas governamentais, estratégias empresariais e iniciativas para apoiar o desenvolvimento e promover crescimento de forma sistêmica.
Ao participar da mesa de abertura do evento na manhã desta terça no Parque de Exposições Wanderley Burmann, o presidente do Sindilat, Guilherme Portella, acrescentou outra medida essencial para o setor avançar: a Reforma Tributária. “Estamos na região que produz 60% do leite gaúcho. Ao mesmo tempo, e não por coincidência, 60% de todo o leite produzido no Rio Grande do Sul é enviado para outros estados, para diferentes mercados consumidores. Portanto, precisamos necessariamente falar de Reforma Tributária, para sermos competitivos e continuarmos levando leite para fora do estado, evitando que se fale em importação e que argentinos e uruguaios consigam colocar leite aqui”, destacou.
Na seara das Políticas Públicas, o secretário de Agricultura, Edivilson Brum, informou que o governo gaúcho atua em frentes estratégicas, como na criação do programa Bônus Mais Leite, com subvenção financeira de operações de crédito contratadas no âmbito do Plano Safra 2025/2026; e na liberação do Fundoleite. “Cada um real aplicado lá na agricultura se transforma em um dólar”, assinalou ao lembrar o trabalho de Assistência Técnica, através da Emater. “O número de produtores diminuiu, mas a parte boa é que a produção aumentou, com tecnificação e qualificação, o que significa que estamos aplicando conhecimento”, reforçou o presidente da Emater/RS-Ascar, Luciano Schwerz.
O Milk Summit Brazil 2025 integra a programação da Expofest em Ijuí, município em que o peso da produção leiteira é confirmado por dados do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa). Segundo Marcos Paulo Borges, coordenador do 10º SIPOA, o Noroeste gaúcho representa 7% de todo o leite produzido no Brasil. “Dos 12,5 milhões de litros monitorados no estado, 5 milhões vêm desta região”, disse sob o olhar do prefeito da cidade, Andrei Cossetin Sczmanski. “A gente está muito feliz de ter o Milk Summit aqui. Este é o primeiro, mas já quero anunciar o próximo”, disse o gestor municipal.
Focado em quatro eixos centrais – competitividade, consumo, sustentabilidade e inovação-, o Milk Summit Brazil 2025 segue na tarde desta terça-feira (14) e ao longo da quarta-feira (15) e conta com transmissão ao vivo pelo canal da Secretaria da Agricultura no YouTube, clicando aqui. A programação está disponível clicando aqui.
Sobre o evento
A realização do Milk Summit é conduzida pela Secretaria da Agricultura, Pecuária, Produção Sustentável e Irrigação do RS, Sindilat, Prefeitura de Ijuí, Emater/RS-Ascar, Suport D Leite e Impulsa Ijuí.
Conta com o patrocínio de Laticínios Deale, Feuser Representações Comerciais / Rit – Resfriadores, Sistema Fiergs, Frizzo, Italac, Laboratório Base, Lactalis Brasil, Launer, Grupo Piracanjuba, Cooperativa Santa Clara, Senar, Sicredi, Sicoob, SulPasto e Tetra Pak.
Também são parceiros do evento a ExpoFest Ijuí 2025, Fecoagro, Fetag, Ciepel, UPF, Escola Técnica Celeste Gobbato, Hooks, Cincuenta, Sebrae, APAJU, FASA, APL Leite, Instituto Manager, Rede Leite, Embrapa, Unijuí, Unicruz, Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Farroupilha, CCR/UFSM, Ministério da Agricultura, Setrem, Amuplan, Abraleite, Viva Lácteos e Fundesa.

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Amapá amplia VBP em 2025 com forte avanço da soja e crescimento do milho
Produção agropecuária atinge R$ 235,65 milhões, com expansão puxada pela soja e estabilidade das culturas tradicionais.

O Valor Bruto da Produção (VBP) agropecuária do Amapá alcançou R$ 235,65 milhões em 2025, resultado que representa crescimento de 4,3% frente a 2024 (R$ 225,88 milhões), de acordo com dados divulgados pelo Ministério da Agricultura e Pecuária, em 21 de novembro. O desempenho confirma a retomada após o recuo do ano anterior e reflete, sobretudo, o avanço das culturas comerciais, com destaque para soja e milho, que ganharam espaço na composição do VBP estadual.
Enquanto o VBP do Brasil avançou 11,4%, passando de R$ 1.267.385,28 milhões para R$ 1.412.203,57 milhões, o Amapá seguiu em trajetória positiva, ainda que em ritmo mais moderado. A participação do estado no total nacional manteve-se em 0,02%, evidenciando um crescimento real, porém concentrado e ainda dependente de poucas atividades.

Entre as atividades agropecuárias, a soja foi o movimento mais relevante de 2025. O VBP da cultura saltou de R$ 41,8 milhões em 2024 para R$ 52,8 milhões em 2025, crescimento de 26,3%, a maior variação percentual entre os produtos do ranking estadual. O avanço reforça o papel da soja como principal vetor de dinamismo recente do agro amapaense e indica ampliação de escala e maior inserção da cultura no estado.
O milho, embora ainda com participação modesta no total do VBP, também apresentou desempenho positivo. A cultura passou de R$ 2,1 milhões para R$ 2,3 milhões, alta de 9,5%, sinalizando estabilidade com leve expansão, mesmo partindo de uma base pequena. O resultado aponta para um processo gradual de fortalecimento das lavouras de grãos no estado.
Mandioca e banana sustentam a base produtiva
Apesar do protagonismo da soja no crescimento, o VBP do Amapá segue sustentado por lavouras tradicionais. A mandioca, principal produto do estado, avançou de R$ 110,3 milhões para R$ 111,2 milhões (+0,8%) e manteve a liderança isolada. A banana, segunda colocada, passou de R$ 60,6 milhões para R$ 61,0 milhões (+0,7%), reforçando a estabilidade da base produtiva local.
Quedas pontuais
No ranking, a laranja registrou recuo expressivo, de R$ 7,2 milhões para R$ 5,3 milhões (-26,4%). Também apresentaram queda o feijão (-21,1%) e o arroz (-27,3%), enquanto a cana-de-açúcar permaneceu estável, em R$ 0,8 milhão. Apesar das variações, essas atividades têm peso reduzido no VBP total e não alteraram o resultado agregado do estado.
Recuperação após recuo em 2024
A série histórica apresentada (2018–2025) mostra um VBP que cresce no longo prazo, mas com oscilações: depois de atingir R$ 242 milhões em 2023, o estado caiu para R$ 226 milhões em 2024 e voltou a R$ 236 milhões em 2025.
O comportamento reforça que, apesar do ganho no último ano, o Amapá ainda depende de poucos motores produtivos e que avanços pontuais, como o salto da soja, ainda não se traduzem em mudança de patamar no ranking nacional.
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Pará assume protagonismo global com a primeira carne bovina 100% rastreada
Primeira exportação com identificação individual reconhecida internacionalmente inaugura um novo patamar de exigência, valor e governança na pecuária brasileira.

O embarque de 108 toneladas de carne bovina com rastreabilidade individual completa, realizado pelo Pará em 2025, não foi apenas uma operação comercial inédita. Foi um movimento calculado de política agropecuária, que reposiciona o Estado no tabuleiro global da carne e responde, com dados e tecnologia, às pressões crescentes por transparência ambiental, sanitária e produtiva.

Foto: Bruno Cecim/Agência Pará
Mais de 350 animais da raça Nelore, identificados individualmente ao longo de toda a vida produtiva, deram origem ao primeiro lote de carne bovina do Brasil com rastreabilidade plena reconhecida por mercados internacionais. O destino foi a Ásia, mas o recado foi direcionado a todos os grandes compradores globais: o Pará quer competir no segmento premium da carne, onde exigência e valor caminham juntos.
A operação marca a entrada em funcionamento do Sistema de Rastreabilidade Bovina Individual do Pará (SRBIPA), uma plataforma que conecta identificação animal, bases sanitárias oficiais e comprovação ambiental. Na prática, cada animal passa a ter um histórico auditável desde o nascimento, permitindo verificar não apenas sanidade e desempenho produtivo, mas também a conformidade da origem com critérios ambientais cada vez mais rígidos.
Para um Estado que concentra cerca de 26 milhões de cabeças de gado, a decisão tem peso econômico e simbólico. A rastreabilidade individual surge como instrumento para reduzir barreiras comerciais, antecipar exigências regulatórias e ampliar o acesso a mercados que remuneram melhor produtos com origem comprovada, como União Europeia, Estados Unidos e China.
A primeira remessa já sinalizou o potencial do modelo. Os animais certificados apresentaram ganho médio de 592 quilos, totalizando mais

Foto: Bruno Cecim/Agência Pará
de 7,2 mil arrobas rastreadas com precisão. O desempenho reforçou o interesse da indústria frigorífica local, que passou a avaliar novos investimentos para ampliar a oferta de carne apta a contratos de maior valor agregado.
Mais do que atender compradores externos, o SRBIPA foi desenhado como uma política estrutural de longo prazo. O governo estadual estabeleceu, por decreto, a meta de alcançar 100% do rebanho rastreado até 2030. Caso o cronograma seja cumprido, o Pará se tornará o primeiro Estado da Amazônia Legal a controlar individualmente toda a produção bovina — um diferencial competitivo em um cenário internacional no qual a origem da carne se tornou tema central de negociações comerciais e debates climáticos.
A estratégia também mira dentro da porteira. Pequenos e médios produtores, que respondem por mais de 70% das propriedades rurais do Estado, passam a ter acesso a oportunidades antes restritas a grandes operações. A certificação individual abre portas para programas de compra pública, cooperativas com maior valor agregado e linhas de crédito que exigem comprovação sanitária e ambiental.
Para viabilizar essa transição, a Agência de Defesa Agropecuária do Estado do Pará (Adepará) estruturou uma agenda contínua de capacitação, com foco em manejo, identificação animal e processos de certificação. A lógica é combinar inclusão produtiva com qualificação da base, elevando renda no campo e padronizando práticas ao longo da cadeia.

Foto: Bruno Cecim/Agência Pará
No centro do debate está a relação entre custo, responsabilidade e mercado. A rastreabilidade individual exige investimento, mudança de rotina e adaptação tecnológica por parte do produtor. Por isso, o governo paraense tem insistido que a sustentabilidade só se consolida quando é economicamente reconhecida. Em declaração que sintetiza essa visão, o governador Helder Barbalho destacou que boas práticas precisam ser remuneradas de forma objetiva. Sem esse reconhecimento, argumenta, não há incentivo econômico suficiente para que o produtor assuma sozinho os custos adicionais do sistema.
O desafio, portanto, não é apenas técnico, mas comercial. A consolidação do SRBIPA depende da disposição dos mercados em transformar transparência em preço, governança em contratos e sustentabilidade em diferencial competitivo real.
Até 2030, o plano do Estado prevê a integração de novos frigoríficos, o fortalecimento dos mecanismos de auditoria, a ampliação da cobertura tecnológica e o avanço da qualificação no campo. A meta é clara: fazer da rastreabilidade não um requisito imposto de fora, mas uma ferramenta de valorização da pecuária local.
A primeira exportação totalmente rastreada funciona como um marco inicial. Demonstra que a tecnologia é viável, que o setor produtivo respondeu e que o Pará enxerga na rastreabilidade uma alavanca de mercado. Em um contexto global cada vez mais atento à origem da proteína animal, o Estado aposta que controlar, provar e comunicar como se produz pode ser o caminho mais curto para crescer, atrair investimentos e liderar uma nova agenda para a carne brasileira.
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Embrapa mapeia tecnologias e tendências das PecTechs na pecuária brasileira
Estudo aponta avanço de soluções digitais voltadas à gestão monitoramento e sustentabilidade enquanto startups enfrentam desafios para ganhar escala e ampliar a presença no mercado.

Pecuaristas brasileiros têm hoje à disposição soluções tecnológicas para aumentar a produtividade, otimizar o uso de recursos e reduzir os impactos ambientais e incertezas de mercado. Parte destas soluções vêm de Agtechs, startups focadas no agronegócio.
Para entender um pouco mais sobre quais tecnologias estão sendo disponibilizadas para o segmento pecuário, perfil dessas empresas, desafios e tendências, a Embrapa fez um panorama sobre a atuação dessas PecTechs no país. A publicação “Estudo de caracterização de agtechs com atuação no setor de pecuária” está disponível gratuitamente aqui.
De acordo com a pesquisadora Claudia De Mori, da Embrapa Pecuária Sudeste, que coordenou o trabalho, a transformação digital está redefinindo os sistemas de produção pecuária no Brasil e essas PecTechs oferecem soluções customizadas para os problemas e perfil da pecuária. No entanto, essas startups enfrentam obstáculos para consolidar seus negócios. O principal desafio é a inserção no mercado, como barreiras de entrada, necessidade de definição de um modelo de vendas escalável, expansão dos clientes e competição.
O estudo, realizado pela Embrapa Pecuária Sudeste, Embrapa Agricultura Digital e pela Diretoria de Inovação, Negócios e Transferência de Tecnologia da Embrapa, foi baseado em dados do Radar Agtech Brasil 2023 e analisou 100 Agtechs que atuam no segmento de pecuária. Mais da metade dessas empresas encontra-se nas regiões Sudeste (54%) e outra parte no Sul (35%).
A atuação está mais concentrada na oferta de soluções “Dentro da Porteira” (79% das categorias). As principais soluções desenvolvidas por essas Agtechs são plataformas de integração e sistemas de gestão zootécnica, econômica e financeira, que incluem softwares e aplicativos. Monitoramento e sensoriamento estão em expansão e são empregados para controlar desempenho, saúde animal, bem-estar e outros indicadores produtivos.
O segmento “Antes da Porteira” destaca-se em soluções de crédito, permuta, seguro e créditos de carbono, utilizando softwares de análise e controle. Quando se trata de tecnologias para “Depois da Porteira”, soluções de rastreabilidade se sobressaem.
Futuro
Para as Agtechs, o futuro será focado na digitalização e na sustentabilidade. Para isso, as empresas apostam em soluções baseadas em Inteligência Artificial (IA), automação, blockchain e Internet das Coisas.
Segundo a pesquisadora, para superar os desafios, as startups vão precisar transpor as barreiras culturais e financeiras para levar as soluções digitais de ponta ao produtor rural.



