Avicultura
Milho: o insumo básico precisa ser tecnológico
Ingrediente principal na dieta de aves, cereal tem desafios de mercado, mas gente comprometida a continuar investindo em tecnologia para produzir mais e com qualidade
Muitos produtores estão descontentes com o mercado do milho para este ano por conta dos preços baixos praticados em 2017. A justificativa é óbvia: o preço médio do cereal recebido pelo produtor no mercado paranaense, por exemplo, em 2016 foi superior a R$ 33 a saca, mas já no ano passado – média de janeiro a outubro – foi de R$ 22,12, uma redução superior a 34%. De acordo com o Departamento de Economia Rural do Paraná (Deral), a “redução significativa dos preços na safra 2017 são justificadas por uma oferta maior do cereal tanto no mercado interno como externo, a moeda Real mais valorizada e expectativas de produção elevada para a safra 2017/18”.
No entanto, tem gente que não quer nem saber em deixar o cereal de lado, pelo contrário, investe cada vez mais na lavoura de milho na segunda safra, tanto para ganhar com a colheita do grão quanto para deixar a terra ideal para receber a soja de verão. De quebra, produzem excelente milho de qualidade para alimentar os plantéis avícolas do país. Um dos responsáveis é o produtor Eder Trazzi Rodrigues, do município de Floresta, na região Norte do Estado. Em entrevista a O Presente Rural, o paranaense conta que colheu 330 sacas em cada um de seus 11 alqueires na segunda safra de 2017. “Eu investi em alta tecnologia em sementes, adubação, e consegui colher 330 sacas por alqueire. Foi um desempenho muito bom. O problema é que o preço do milho ficou muito ruim e acabou desestimulando alguns produtores a plantar (a segunda safra deste ano). Eu não duvido que o emprego de tecnologia é fundamental para viabilizar economicamente a lavoura de milho”, aponta o produtor.
Ele conta que, ao contrário do que ele pensa, muitos produtores da região de Floresta, a 30 quilômetros de Maringá, devem usar as sementes colhidas na última safra para cultivar a terra para a segunda safra, o que, em sua opinião, é um grande erro. “Tem produtor que está pensando em não investir em tecnologia de sementes. Com certeza vão colher bem menos. Acho um erro. Para mim, se é para plantar, temos que plantar com qualidade para colher bem. Esse é o caminho”, comenta.
O produtor do Norte paranaense justifica o investimento, ainda, por conta de toda a infraestrutura e valor que a terra possui. “Temos a terra, temos o custo dos implementos, temos todas as condições necessárias para plantar e colher bem. Por tudo isso acho investir em um bom adubo, em uma boa semente, em um bom manejo”, argumenta o produtor de 54 anos, “agricultor desde criança”. “Se temos a terra, temos que cuidar bem e usar bem a terra. A gente anda por aí e vê muita terra pobre. É de dar dó”, reforça.
Preocupação
De acordo com o gerente da unidade da Cocamar em Floresta, Marcio Sartori, alguns produtores deixaram de adquirir sementes tratadas para reduzir os custos de produção, mas ele destaca que isso vai prejudicar a qualidade dos grãos e a produtividade da lavoura de inverno. “Muita gente vai arriscar e plantar sem tecnologia. Estão pensando em usar sementes sem tecnologia. Com certeza vão colher bem menos e talvez inviabilizar economicamente a lavoura”, lamenta.
Com Braquiária
Não é o caso de Rodrigues, que já comprou todo o insumo para a segunda safra de milho em 2018. Para este ano, após colher a soja do verão – que no ciclo 16/17 rendeu 174 sacas por alqueire -, Rodrigues vai implantar um sistema de produção em consórcio entre milho e braquiária. Tudo, segundo o produtor de Floresta, PR, para melhorar a qualidade do solo ano após ano. “Trabalhamos com rotação de cultura. Sempre milho no inverno e soja no verão. No próximo ano, com o milho nós vamos plantar braquiária, que vai melhorar a qualidade do solo, reter mais nutrientes. Além de não atrapalhar o milho, o resultado vai aparecer na safra de verão de 2018/19”, antecipa o agricultor.
Entre outros benefícios do plantio consorciado estão a capacidade de evitar erosão, já que a palhada está em contato com o solo e evita que a chuva provoque estragos, levando a terra nutrida em enxurradas, e a manutenção da água em períodos de estiagem, pois a palhada da braquiária evita que o sol aqueça a terra em demasia e retém a umidade por mais tempo. Na Embrapa Milho em Sorgo, com sede em Londrina, o produtor pode ter acesso a diversos tipos de braquiárias e estudos que comprovam sua eficiência.
Mais Precisão
As apostas de Rodrigues, figura conhecida no pequeno município de Floresta por ser também vereador, diz que vai migrar para a agricultura de precisão nos próximos anos. Em sua avaliação, esse tipo de produção vai ser o futuro para que agricultores consigam obter maior rentabilidade em suas fazendas. “Gosto de estar sempre mudando, empregando novas tecnologias. O próximo passo é a agricultura de precisão. Quero começar com esse modelo de produção o quanto antes. Sei que é um alto investimento, mas tenho certeza quer vai compensar”, sugere o agricultor.
Além de plantar e colher em seus 11 alqueires, Rodrigues presta serviço para outras famílias da região que não possuem maquinário.
Preços para este ano
O produtor acredita que o cereal vai atingir bons patamares de preço para este ano, especialmente se muita gente optar por não produzir utilizando sementes tratadas. “Acho que quem plantar milho vai ganhar dinheiro. Acredito que teremos preços entre R$ 27 e R$ 30”, avalia. O produtor espera ainda um bom ano para a soja.
Na região de Floresta há poucos pecuaristas. A maioria dos produtores rurais são agricultores, que colhem soja no verão e milho no inverno. Parte da produção sustenta os planteis avícolas do Paraná.
Mais informações você encontra na edição de Aves de janeiro/fevereiro de 2018 ou online.
Fonte: O Presente Rural

Avicultura
Indústria avícola amplia presença na diretoria da Associação Brasileira de Reciclagem
Nova composição da ABRA reforça a integração entre cadeias produtivas e destaca o papel estratégico da reciclagem animal na sustentabilidade do agronegócio brasileiro.

A Associação Brasileira de Reciclagem (ABRA) definiu, na última sexta-feira (12), a nova composição de seu Conselho Diretivo e Fiscal, com mandato até 2028. A assembleia geral marcou a renovação parcial da liderança da entidade e sinalizou uma maior aproximação entre a indústria de reciclagem animal e setores estratégicos do agronegócio, como a avicultura.
Entre os nomes eleitos para as vice-presidências está Hugo Bongiorno, cuja chegada à diretoria amplia a participação do segmento avícola nas decisões da associação. O movimento ocorre em um momento em que a reciclagem animal ganha relevância dentro das discussões sobre economia circular, destinação adequada de subprodutos e redução de impactos ambientais ao longo das cadeias produtivas.
Dados do Anuário da ABRA de 2024 mostram a dimensão econômica do setor. O Brasil ocupa atualmente a terceira posição entre os maiores exportadores mundiais de gorduras de animais terrestres e a quarta colocação no ranking de exportações de farinhas de origem animal. Os números reforçam a importância da atividade não apenas do ponto de vista ambiental, mas também como geradora de valor, renda e divisas para o país.
A presença de representantes de diferentes cadeias produtivas na diretoria da entidade reflete a complexidade do setor e a necessidade de articulação entre indústrias de proteína animal, recicladores e órgãos reguladores. “Como único representante da avicultura brasileira e paranaense na diretoria, a proposta é levar para a ABRA a força do nosso setor. Por isso, fico feliz por contribuir para este trabalho”, afirmou Bongiorno, que atua como diretor da Unifrango e da Avenorte Guibon Foods.
A nova gestão será liderada por Pedro Daniel Bittar, reconduzido à presidência da ABRA. Também integram o Conselho Diretivo os vice-presidentes José Carlos Silva de Carvalho Júnior, Dimas Ribeiro Martins Júnior, Murilo Santana, Fabio Garcia Spironelli e Hugo Bongiorno. Já o Conselho Fiscal será composto por Rodrigo Hermes de Araújo, Wagner Fernandes Coura e Alisson Barros Navarro, com Vicenzo Fuga, Rodrigo Francisco e Roger Matias Pires como suplentes.
Com a nova configuração, a ABRA busca fortalecer o diálogo institucional, aprimorar práticas de reciclagem animal e ampliar a contribuição do setor para uma agropecuária mais eficiente e ambientalmente responsável.
Avicultura
Avicultura supera ano crítico e pode entrar em 2026 com bases sólidas para crescer
Após enfrentar pressões sanitárias, custos elevados e restrições comerciais em 2025, o setor mostra resiliência, retoma exportações e reforça a confiança do mercado global.

O ano de 2025 entra para a história recente da avicultura brasileira como um dos anos mais desafiadores. O setor enfrentou pressão sanitária global, instabilidade geopolítica, custos de produção elevados e restrições comerciais temporárias em mercados-chave. Mesmo assim, a cadeia mostrou capacidade de adaptação, coordenação institucional e resiliência produtiva.
A ação conjunta do Governo Federal, por meio do Ministério da Agricultura e Pecuária (MAPA), da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) e de entidades estaduais foi decisiva para conter danos e recuperar a confiança externa. Missões técnicas, diplomacia sanitária ativa e transparência nos controles sustentaram a reabertura gradual de importantes destinos ao longo do segundo semestre, reposicionando o Brasil como fornecedor confiável de proteína animal.
Os sinais de retomada já aparecem nos números do comércio exterior. Dados preliminares indicam que as exportações de carne de frango em dezembro devem superar 500 mil toneladas, o que levará o acumulado do ano a mais de 5 milhões de toneladas. Esse avanço ocorre em paralelo a uma gestão mais cautelosa da oferta: o alojamento de 559 milhões de pintos em novembro ficou abaixo das projeções iniciais, próximas de 600 milhões. O ajuste ajudou a equilibrar oferta e demanda e a dar previsibilidade ao mercado.
Para 2026, o cenário é positivo. A agenda econômica global tende a impulsionar o consumo de proteínas, com a retomada de mercados emergentes e regiões em recuperação. Nesse contexto, o Brasil – e, em especial, o Paraná, líder nacional – está bem-posicionado para atender ao mercado interno e aos principais compradores internacionais.
Investimentos contínuos para promover o bem-estar animal, biosseguridade e sustentabilidade reforçam essa perspectiva. A modernização de sistemas produtivos, o fortalecimento de protocolos sanitários e a adoção de práticas alinhadas às exigências ESG elevam o padrão da produção e ampliam a competitividade. Mais do que reagir, a avicultura brasileira se prepara para liderar, oferecendo proteína de alta qualidade, segura e produzida de forma responsável.
Depois de um ano de provas e aprendizados, o setor está ainda mais robusto e inicia 2026 com fundamentos sólidos, confiança renovada e expectativa de crescimento sustentável, reafirmando seu papel estratégico na segurança alimentar global.
Avicultura
Avicultura encerra 2025 em alta e mantém perspectiva positiva para 2026
Setor avança com produção e consumo em crescimento, margens favoráveis e preços firmes para proteínas, apesar da atenção voltada aos custos da ração e à segunda safra de milho.

O setor avícola deve encerrar 2025 com desempenho positivo, sustentado pelo aumento da produção, pelo avanço do consumo interno e pela manutenção de margens favoráveis, mesmo diante de alguns desafios ao longo do ano. A avaliação é de que os resultados permanecem sólidos, apesar de pressões pontuais nos custos e de um ambiente externo mais cauteloso.
Para 2026, a perspectiva segue otimista. A expectativa é de continuidade da expansão do setor, apoiada em um cenário de preços firmes para as proteínas. Um dos principais pontos de atenção, no entanto, está relacionado à segunda safra de milho, cuja incerteza pode pressionar os custos de ração. Ainda assim, a existência de estoques adequados no curto prazo e a possibilidade de uma boa safra reforçam a visão positiva para o próximo ano.

No fechamento de 2025, o aumento da produção, aliado ao fato de que as exportações não devem avançar de forma significativa, tende a direcionar maior volume ao mercado interno. Esse movimento ocorre em um contexto marcado pelos impactos da gripe aviária ao longo do ano e por um desempenho mais fraco das exportações em novembro. Com isso, a projeção é de expansão consistente do consumo aparente.
Para os próximos meses, mesmo com a alta nos preços dos insumos para ração, especialmente do milho, o cenário para o cereal em 2026 é considerado favorável. A avaliação se baseia na disponibilidade atual de estoques e na expectativa de uma nova safra robusta, que continuará sendo acompanhada de perto pelo setor.
Nesse ambiente, a tendência é de que as margens da avicultura se mantenham em patamares positivos, dando suporte ao crescimento da produção e à retomada gradual das exportações no próximo ano.
Já em relação à formação de preços da carne de frango em 2026 e nos anos seguintes, o cenário da pecuária de corte deve atuar como fator de sustentação. A menor disponibilidade de gado e os preços mais firmes da carne bovina tendem a favorecer a proteína avícola. No curto prazo, porém, o setor deve considerar os efeitos da sazonalidade, com maior oferta de fêmeas e melhor disponibilidade de gado a pasto, o que pode influenciar o comportamento dos preços.
