Conectado com
VOZ DO COOP

Bovinos / Grãos / Máquinas Pecuária

Micotoxinas, um inimigo invisível

Temos que ter claro que a presença de fungos não necessariamente implica na presença de micotoxinas, como também a ausência de fungos não implica em sua ausência

Publicado em

em

Arquivo/OP Rural

 Artigo escrito por Elinton Weinert Carneiro, médico veterinário, doutor em Nutrição Animal e Forragicultura, e coordenador técnico da Agrifirm

Micotoxinas são compostos secundários, altamente tóxicos, produzidos por certos fungos ou leveduras.  Essas micotoxinas são produzidas em resposta dos fungos a uma situação de baixa disponibilidade de água, em condições de campo, durante o transporte ou durante o período de armazenamento dos alimentos, quando as condições são favoráveis para o seu crescimento (Figura 1).  Existem milhares de micotoxinas, mas apenas algumas apresentam desafios significativos à segurança alimentar, e são produzidas principalmente por espécies dos gêneros Aspergillus, Penicillium e Fusarium.

Sabe-se, atualmente, que cerca de 25% de todos os produtos agrícolas produzidos no mundo estão contaminados com alguma micotoxina. O Brasil, que é um dos líderes na produção de alimentos agrícolas e de commodities, possui condições ambientais excelentes para o crescimento desses fungos produtores de micotoxinas.

Os efeitos das micotoxinas podem ir desde uma pequena redução no desempenho produtivo (redução no crescimento e uma piora na conversão alimentar) a distúrbios metabólicos, fisiológicos, nervosos, imunológicos, reprodutivos e até a mortalidade dos animais, com grandes prejuízos econômicos.

As rações podem apresentar mais de um tipo de micotoxina, aumentando o efeito tóxico para os animais ou, mesmo podem conter substâncias específicas que potencializam os efeitos de uma micotoxina em particular (sinergismo).

Embora existam diferenças geográficas e climáticas na produção e ocorrência das micotoxinas, a exposição a essas substâncias é mundial. Dentre as micotoxinas, são de particular interesse na alimentação dos animais as aflatoxinas, tricotecenos, zearalenona, ocratoxinas e fumonisinas, embora a extensão do dano que cada toxina (grupo) pode causar é altamente dependente da espécie (Figura 2).

Micotoxinas nos alimentos e o efeito sobre os animais

Aflatoxinas – as micotoxinas mais conhecidas são as aflatoxinas, devido ao fato de representarem uma das substâncias potencialmente cancerígenas conhecidas até o momento. São produzidas por muitas linhagens de Aspergillus flavus e Aspergillus parasiticus em muitos produtos. As trutas, aves e suínos são altamente suscetíveis, com menor efeito sobre os ruminantes.

Quando mamíferos em lactação são alimentados com forragem e/ou ração contaminada por aflatoxina B1, essa micotoxina ingerida é metabolizada no fígado em diversos metabólitos, sendo o seu principal a aflatoxina M1. Estes compostos são solúveis em água, o que possibilita sua rápida excreção através da urina, bílis, fezes ou leite. Pode ser detectada no leite de 12 a 24 h após a ingestão de aflatoxina B1.

Tricotecenos – constituem um grande grupo de micotoxinas produzidas por várias espécies de fungos, em particular os pertencentes ao gênero Fusarium. As micotoxinas mais prevalentes desses grupos são desoxinivalenol (DON, vomitoxina) e T-2 toxina. Embora as aves sejam mais sensíveis aos tricotecenos do que os ruminantes, os suínos parecem ser os animais mais sensíveis.

Zearalenona – também é produzida por espécies de Fusarium (Figura 3) e tem fortes efeitos hiperestrogênicos, que resultam em queda na fertilidade, natimortos nas fêmeas e uma qualidade espermática reduzida em machos. Comum nas culturas de milho, trigo, feno e gramíneas, principalmente em temperaturas amenas (dias quentes e noites frias) e de alta umidade. Causa problemas no sistema reprodutivo, sendo os principais destaques a baixa fertilidade (retorno ao cio, vulva inchada, inflamação de glândulas mamárias e anestro). Foi a micotoxina com maior prevalência nas silagens de milho dos estados do Paraná, Santa Catarina e Minas Gerais, de acordo com um estudo realizado pela Universidade Federal do Paraná.

Ocratoxina – É produzida por várias espécies de Aspergillus e Penicillium, foi listada como possivelmente cancerígena para seres humanos. Causa toxicidade renal, nefropatia e supressão imunológica em várias espécies animais, resultando em parâmetros de desempenho reduzidos na produção animal.

Fumonisinas – são produzidas por várias espécies de Fusarium, bem como Alternaria sp. A micotoxina mais abundantemente dessa família é a fumonisina B1. Causam efeitos sobre o sistema nervoso (dos equinos), como também pulmonar (em suínos), além de sua lesões no fígado, rim e sobre o sistema imunológico dos animais.

Como ocorre a contaminação dos alimentos

As micotoxinas podem estar presentes em grãos (milho, trigo, entre outros) e os seus subprodutos (farelos vegetais) usados nas rações animais, como também silagens e fenos. A contaminação por fungos pode ocorrer ainda no campo (pré-colheita) ou durante o armazenamento. Dessa forma, rações produzidas com grãos e farelos contaminados já podem conter significativas quantidades de micotoxinas. A contaminação pode continuar durante o transporte, em cargas mal protegidas contra a umidade. Entretanto, o maior risco de contaminação por fungos/micotoxinas ocorre durante o armazenamento, feito muitas vezes em local inadequado (umidade, local pouco ventilado e quente, presença insetos, entre outras).

Tecnologia muito utilizada, a ensilagem de plantas e grãos (milho, sorgo, gramíneas de inverno) podem conter uma mistura complexa de micotoxinas originadas da contaminação pré-colheita, principalmente com Fusarium spp., e contaminação pós-colheita com toxinas produzidas por espécies fúngicas como Aspergillus e Penicillium.

Em silagens, os fungos não crescem durante a fase anaeróbica devido à sua baixa tolerância a ambientes ácidos e sem oxigênio. Assim, a produção de micotoxinas durante o processo de fermentação pode ser considerada insignificante se o manejo correto e práticas como compactação e vedação adequadas são aplicadas.

Já em fazendas onde há erros de manejo de silos, a atividade dos fungos filamentosos é iniciada a partir da elevação do pH. Essa situação se dá, pela ação das leveduras que crescem e se tornam ativas a partir da introdução de oxigênio no silo, consumindo o lactato (elevação do pH da silagem), promovendo dessa forma um ambiente favorável ao crescimento dos fungos filamentosos.

Detecção e redução dos impactos negativos de micotoxinas

O diagnóstico definitivo deve ser laboratorial. A detecção de micotoxinas depende muito da qualidade da amostragem do alimento, que em muitos casos pode não ser representativa. Entretanto, a variância das análises pode ser reduzida aumentando-se o volume de amostra e o número de pontos de amostragem.

Temos que ter claro que a presença de fungos não necessariamente implica na presença de micotoxinas, como também a ausência de fungos não implica em sua ausência.

Pela dificuldade em garantir a ausência de micotoxinas nos ingredientes das rações e dietas dos animais, a indústria de alimentação animal e as fazendas têm utilizado os aditivos anti-micotoxinas (adsorventes de micotoxinas), com o objetivo de reduzir a sua absorção no trato gastrointestinal dos animais.

Os aditivos anti-micotoxina inorgânicos mais conhecidos são os aluminosilicatos contendo argilas (bentonita, zeolita, sepeolita e esmectitas) e os aluminosilicatos hidratados de cátions (HSCAS). Devem ser capazes de adsorver ou neutralizar as micotoxinas no trato gastrointestinal, reduzindo a exposição e a distribuição ao organismo, sendo logo eliminado via fezes.

A eficiência dos aditivos anti-micotoxinas  é avaliada através de testes de adsorção in vitro e in vivo, sendo essas avaliações normatizadas pelo Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento (MAPA).

Segundo o Laboratório de Análises Micotoxicológicas (LAMIC) da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), apesar do mercado brasileiro dispor de uma variada oferta de aditivos anti-micotoxinas, somente um pequeno número deles apresentam resultados que realmente comprovam sua eficiência protetora.

Juntamente com a UFSM, EMBRYOLAB, LAMIC e SAMITEC realizamos uma avaliação in vivo com objetivo de avaliar se o Aditivo Adsorvente de Micotoxinas (AAM) à base de bentonita modificada reduziria o efeito negativo de dietas contaminadas com 5.000ppb (5mg/kg) de ZEA sob aspectos clínicos  e a taxa de concepção das novilhas submetidas a protocolo de Inseminação Artificial em Tempo Fixo (IATF).

Após 42 dias do período experimental, as novilhas foram submetidas ao Protocolo de IATF. Foi realizado diagnóstico de gestação por ultrassonografia 30 dias após a Inseminação Artificial (IF) conforme (gráfico 01).

Outras notícias você encontra na edição de Bovinos, Grãos e Máquinas de junho/julho de 2020 ou online.

Fonte: O Presente Rural

Bovinos / Grãos / Máquinas

Governo do Paraná promove encontros em Londrina e Francisco Beltrão para discutir mercado do leite

Importação de leite em pó dos países do Mercosul teve aumento expressivo nos últimos anos, prejudicando produtores de todo o País. Eventual taxação do produto na entrada no Paraná pode ser uma solução para o Estado. Os eventos serão em abril: na Expo Londrina, em Londrina, dia 11, e em Francisco Beltrão, dia 16.

Publicado em

em

Foto: Arnaldo Alves AEN

O Governo do Paraná, por meio do Sistema Estadual de Agricultura (Seagri), e entidades do setor produtivo vão realizar dois grandes encontros para discutir a questão da importação anormal de leite observada nos últimos anos, o que tem prejudicado os produtores brasileiros, incluindo os do Estado. A partir dessas conversas serão apontados caminhos que podem passar por aumento da taxação nas entradas do produto em pó. Os eventos serão em abril: na Expo Londrina, em Londrina, dia 11, e em Francisco Beltrão, dia 16.

“O consumidor paga caro no mercado, mas o produtor está preocupado, fruto de uma importação nunca vista”, disse o secretário estadual da Agricultura e do Abastecimento, Norberto Ortigara. “O que precisamos neste momento é encontrar meios de minimamente proteger os produtores, porque queremos transformar esse setor em mais uma cadeia vitoriosa até o final da década”.

Segundo o Agrostat, plataforma do Ministério da Agricultura e Pecuária que acompanha o comércio de produtos agropecuários, o Brasil importou 199,2 mil toneladas de leite em pó no ano passado, a um custo de US$ 738,5 milhões. O produto veio praticamente todo da Argentina e Uruguai, que responderam por 195,4 mil toneladas. Como integrantes do Mercosul, os países que fornecem leite em pó são isentos da Tarifa Externa Comum (TEC), cobrada de países fora desse bloco.

O volume representa aumento de 87,2% sobre as 106,4 mil toneladas trazidas em 2022, que custaram US$ 440,3 milhões. Em 2021 o Brasil tinha importado menos ainda, 75,7 mil toneladas, a um custo de US$ 246,4 milhões. Nos dois primeiros meses deste ano já chegaram ao País 34,5 mil toneladas, contra 27,8 mil toneladas entre janeiro e fevereiro de 2023.

No caso do Paraná, a importação de 2023 foi de 6,5 mil toneladas de leite em pó. Do total, 2,8 mil toneladas vieram da Argentina, o mesmo volume do Uruguai, e as outras 800 toneladas tiveram origem no Paraguai. O volume representa aumento de 183% em relação às 2,3 mil toneladas importadas em 2022.

De 2021 para 2022, o salto já tinha sido considerável, 194% superior às 782 toneladas importadas de leite em pó, ao custo de US$ 2,5 milhões. Nos dois primeiros meses de 2024 o Paraná importou 250 toneladas, volume 77,2% inferior às 1,1 mil toneladas de janeiro e fevereiro de 2023.

Em relação ao preço, o Departamento de Economia Rural (Deral) contabilizou que os produtores paranaenses receberam, em média, em 2021, R$ 2,08 por litro de leite, subindo para R$ 2,58 em 2022. No ano passado caiu para R$ 2,56 o litro e, em 2024, até agora, a média está em R$ 2,19. Comparando-se fevereiro de 2023, quando o litro custava R$ 2,68, com fevereiro deste ano, que ficou em R$ 2,23, a queda é de 16,8%.

O assunto está em pauta desde maio do ano passado. Os secretários estaduais da Agricultura se reuniram com o vice-presidente da República, Geraldo Alckmin, para propor a suspensão da importação por um período, com vistas a ajuste no mercado. “Mas de lá pra cá avançou muito pouco, sem nenhum resultado prático”, disse Ortigara. “Agora precisamos ter capacidade de reação, sob pena de inviabilizar uma atividade importantíssima, que congrega 60 a 70 mil famílias no Paraná”.

Fonte: AEN-PR
Continue Lendo

Bovinos / Grãos / Máquinas

Verão quente e úmido impacta produção leiteira no Rio Grande do Sul 

Os percentuais médios de perda individual diária ficaram entre 22% a 34%.

Publicado em

em

Foto: Fernando Dias

A elevação das temperaturas máximas e da umidade relativa do ar durante este verão colocou os animais em situação de desconforto térmico ao longo do trimestre, afetando significativamente a atividade leiteira, com sérios prejuízos econômicos ao produtor rural.

Estes são os resultados das análises de dados publicadas no Comunicado Agrometeorológico 67 – Especial Biometeorológico Verão 2023/2024, editado pelo Departamento de Diagnóstico e Pesquisa Agropecuária da Secretaria da Agricultura, Pecuária, Produção Sustentável e Irrigação (DDPA/Seapi) do do Rio Grande do Sul .

O Comunicado analisa as condições meteorológicas ocorridas no período, como precipitação pluvial, temperatura e umidade do ar. Utilizando o Índice de Temperatura e Umidade (ITU), a publicação documenta e identifica as faixas de conforto/desconforto térmico às quais os animais foram submetidos, estimando os efeitos na produção de leite. “A associação de temperaturas mínimas e máximas e umidades relativas do ar elevadas desencadearam situações de estresse térmico calórico ao longo do trimestre, principalmente no mês de fevereiro, em que os animais estiveram em conforto térmico apenas 30,5% do período avaliado. Inclusive, houve situações perigosas à saúde dos animais durante 13,9% desse mês”, detalha a pesquisadora Ivonete Tazzo, uma das autoras do Comunicado.

Quatro regiões se destacaram no trimestre: Serras do Sudeste e do Nordeste, com os maiores percentuais do período em conforto térmico, e Vale do Uruguai e Baixo Vale do Uruguai com os menores valores. Os municípios de Passo Fundo e Bento Gonçalves foram os únicos em que não foram registradas situações emergenciais ao longo da estação.

Estimativas potenciais de queda de produção diária de leite devido às condições meteorológicas do verão 2023/2024 foram mais acentuadas em vacas de maior produtividade. “Os percentuais médios de perda individual diária ficaram entre 22% a 34%. Para mitigar essa queda os produtores rurais tomaram medidas de manejo a fim de diminuir os efeitos climáticos”, expõe Ivonete.

Em 13 municípios, a queda estimada de produção diária de leite foi superior a quatro quilos, destacando-se as possíveis maiores perdas registradas para Maçambará (5,1 kg), Itaqui (4,8 kg) e Uruguaiana (4,7 kg) em fevereiro.

A publicação é uma iniciativa do Grupo de Estudos em Biometeorologia, constituído por pesquisadores e bolsistas das áreas da Agrometeorologia e Produção Animal.

Fonte: Assessoria Seapi
Continue Lendo

Bovinos / Grãos / Máquinas Saúde Animal

Tripanossomose x Tristeza Parasitária bovina

Diagnóstico diferencial entre as doenças é indispensável para implementação do tratamento adequado no rebanho

Publicado em

em

Foto e texto: Assessoria

As hemoparasitoses representam um desafio significativo para a pecuária bovina em todo o mundo, afetando a saúde do rebanho e causando prejuízos econômicos consideráveis.

Entre as enfermidades causadas por hemoparasitas, a tripanossomose e a tristeza parasitária bovina se destacam. Os agentes causadores dessas enfermidades são distintos. A tristeza parasitária bovina, é classicamente causada por protozoários intracelulares do gênero Babesia (B. bigemina e Babesia bovis) e por bactérias do gênero Anaplasma (A. marginale, é a mais importante em nosso meio, também intracelular). Já a tripanossomose bovina tem como agente, o protozoário extracelular Trypanosoma vivax.

“A tripanossomose tem se mostrado um obstáculo crescente no rebanho bovino brasileiro, com casos relatados tanto no gado leiteiro, como no de corte. Com os sintomas pouco específicos, a doença pode passar despercebida pelos pecuaristas e ser responsável por inúmeros prejuízos. Além da forma aguda (clínica), em que os sinais de doença são evidentes, a tripanossomose também pode se apresentar de forma subclínica e até mesmo crônica”, explica Rafael Queiroz, médico veterinário gerente de produtos da Linha Leite da Ceva Saúde Animal.

Os sintomas da manifestação clínica são mais intensos e podem evoluir para o óbito do animal, sendo um alerta importante a redução do apetite sem motivo aparente e rápida perda de peso, febre intermitente, depressão, anemia intensa, salivação excessiva, diminuição na produção leiteira, aumento dos linfonodos (“ínguas”), incoordenação motora, diarreia, aumento das frequências cardíaca e respiratória, cegueira e dificuldade respiratória.

Quando a tripanossomose se apresenta na forma subclínica, os sintomas são pouco específicos, porém geram um grande impacto na produtividade da fazenda, como o atraso no desenvolvimento corporal, redução nos índices reprodutivos (anestro, reabsorção embrionária precoce, queda na produção leiteira, aumento da ocorrência de outras enfermidades (comorbidades) até então controladas.

Na Tristeza parasitária, os sinais clínicos são muito semelhantes aos da tripanosomose bovina, sendo o diagnóstico diferencial fundamental para a introdução do tratamento e de programas de controle.

Assim, a nível de campo, o diagnóstico diferencial entre as doenças é um desafio, pois ambas compartilham características que as tornam difíceis de distinguir apenas com base nos sinais clínicos. Ainda é importante no estabelecimento do diagnóstico uma avaliação epidemiológica realizada pelo médico veterinário, onde o mesmo fará um estudo das condições que irão favorecer a cada uma das doenças como: presença de vetores (transmissores) específicos, emprego de material compartilhado em aplicações injetáveis, histórico de entrada recente de animais no rebanho ou proximidade de outras propriedades com grande rotatividade de animais, presença de reservatórios silvestres ou domésticos que possam albergar os parasitas, dentre outros fatores. Também é importante mencionar que os animais podem estar expostos a mais de um desses hemoparasitos, agravando ainda mais a situação.  “Em muitas regiões, as áreas de endemia para essas doenças se sobrepõem, o que significa que os produtores podem lidar com ambas as enfermidades ao mesmo tempo. Isso contribui para a demora no reconhecimento do desafio presente no rebanho e aumenta substancialmente os impactos produtivos”, detalha Rafael

Apesar das similaridades existentes é importante esclarecer que as formas de contaminação mais comuns e o tratamento destes patógenos podem ser diferentes.

No caso da tripanossomose, as principais fontes de transmissão incluem, principalmente, e a reutilização de materiais que possam entrar em contato com o sangue de animais portadores e posteriormente utilizados em outros animais, como agulhas para aplicação de medicamentos ou vacinas, bisturis, canivetes, luvas de palpação retal e, picada de moscas hematófagas (mutucas, moscas dos estábulos e moscas dos chifres). Também pode haver a transmissão transplacentária, culminando com perdas de gestação ou nascimento de crias fracas que morrem logo a seguir.

Já no caso de contaminação por Babesia spp. e Anaplasma marginale, o carrapato é o principal agente transmissor. Entretanto o uso de materiais compartilhados sem os devidos cuidados além da presença de moscas hematófagas também pode ser importante. Ambas também podem ser transmitidas de forma transplacentária, e esse fator deve ser levado em conta durante a implementação de programas de controle dessas enfermidades.

“Embora ambas afetem os glóbulos vermelhos dos bovinos e compartilhem sintomas semelhantes, o tratamento e manejo dessas doenças são distintos. Portanto, a identificação correta do agente etiológico é fundamental para um diagnóstico preciso e para garantir um tratamento eficaz e reduzir os impactos negativos na saúde e na produção dos bovinos”, esclarece Rafael.

A utilização de exames laboratoriais é imprescindível para confirmar o tipo de microrganismo responsável pela sintomatologia apresentada pelo rebanho. Para o diagnóstico da tripanossomose podem ser empregados métodos sorológicos (RIFI ou Reação de Imunofluorescência Incompleta; ELISA; Imunocromatografia também denominado Teste Rápido). Há também métodos moleculares (PCR). O diagnóstico direto através da detecção e identificação dos parasitos em amostras sanguíneas são os de “padrão ouro”. Entretanto nos casos da tripanosomose (esfregaços sanguíneos corados, Teste do Microhematócrito o de Woo, análise de gota espessa, por exemplo) podem levar a erros quando os parasitos não são visualizados uma vez que estes testes diretos possuem baixa sensibilidade (capacidade de detectar animais parasitados), pois  necessitam de um número enorme de parasitos circulantes no momento da coleta das amostras. Este momento tem uma janela curta após a infecção.

O diagnóstico diferencial preciso entre a tristeza parasitária e a tripanossomose é indispensável por várias razões. Cada doença requer um tratamento específico, e o tratamento incorreto pode não ser eficaz, e as medidas de controle não serem aplicadas convenientemente. A demora na identificação e, consequentemente na adoção do tratamento adequado pode resultar em perdas econômicas significativas para produtores, incluindo a perda de animais, diminuição da produtividade e custos adicionais com tratamentos desnecessários.

Fonte: Assessoria Ceva
Continue Lendo
SABSA 2024

NEWSLETTER

Assine nossa newsletter e recebas as principais notícias em seu email.