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Micotoxinas: desafio na produção de proteína animal

Contaminação dos grãos com micotoxinas tem se mostrado, ano após ano, um grande risco para a produção de proteína animal em todo o mundo

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Artigo escrito por Carlos Ronchi, médico veterinário, MBA em Gestão em Agronegócio e em Agribusiness Management e diretor Técnico Global da Yes

Um surto de mortes inexplicáveis de milhares de aves, na década de 60, no Reino Unido trouxe à tona debates e estudos sobre as chamadas micotoxinas, metabólitos tóxicos secundários produzidos por fungos filamentosos, que crescem e proliferam-se em grãos quando em condições ideais de temperatura, umidade e oxigênio.

Na ocasião descobriu-se que o problema estava na ração, que havia sido feita com amendoim importado da África e do Brasil. Esse amendoim estava contaminado com uma substância fluorescente produzida pelo fungo Aspergillus flavus.

Desde então, a contaminação dos grãos com micotoxinas tem se mostrado, ano após ano, um grande risco para a produção de proteína animal em todo o mundo. De acordo com uma pesquisa mundial, que relatou a incidência das seis principais micotoxinas encontradas em commodities agrícolas usadas para ração animal, entre janeiro e março deste ano, 90% das amostras analisadas continham ao menos uma variedade destes metabólitos.

Em relação aos dados da América Latina, a pesquisa aponta um alto risco de contaminação, com cinco concentrações médias de micotoxinas acima do limite. Esse dado reforça a importância de estarmos atentos à origem dos grãos utilizados na nutrição animal, bem como seu grau de risco, fazendo-se necessária a implantação de medidas e programas que diminuam seus impactos negativos à saúde humana e animal.

Saúde dos animais

Atualmente no mundo são catalogadas mais de 500 tipos de micotoxinas, mas seis delas são encontradas com maior frequência nas análises em grãos. São elas: aflatoxinas, fumonisinas, zearalenona, ocratoxina A, desoxinivalenol – DON e T2. Na maior parte das análises encontramos mais de um tipo de micotoxina, por isso é comum observar sintomas de sinergia entre elas nos animais.

O consumo de alimentos contaminados com micotoxinas traz diversos danos à saúde dos animais. Causam efeitos tóxicos que prejudicam o bom funcionamento dos órgãos, especialmente fígado, rins e sistema imunológico, comprometendo os mecanismos de defesa. Além disso, afetam a saúde intestinal, reduzindo a absorção de nutrientes, com consequentes prejuízos no desempenho zootécnico e econômico. São, ainda, altamente carcinogênicas.

As enfermidades causadas pela ingestão de micotoxinas são denominadas micotoxicoses, que em sua maioria causam lesões em órgãos internos do animal, como fígado, rins, tecido epitelial e sistema nervoso central. Os animais contaminados apresentam sintomas de palidez, pouco crescimento, diarreia, hemorragias, alteração na produção de ovos e consequente morte.

No geral, as micotoxicoses são doenças tóxicas causadas pela exposição acumulativa às micotoxinas, que podem se manifestar de maneira aguda ou crônica. Quando em níveis altos, as micotoxinas causam perdas ou doenças em animais de produção, em razão da intoxicação, porém em níveis mais baixos seus sintomas podem ser mascarados, mas não deixam de causar prejuízos econômicos. Além disso, as micotoxinas podem ser transferidas para a cadeia alimentar humana.

Diagnóstico

O diagnóstico clínico de micotoxicoses pode ser difícil, pois, em alguns casos, as micotoxinas levam a síndromes leves, que são facilmente confundidas com outras enfermidades provocadas por outros microrganismos.

Os principais efeitos descritos para a intoxicação por micotoxinas em frangos de corte são o aumento na conversão alimentar, a diminuição no ganho de peso, além de aumento na mortalidade, diarreia, ascite, septicemia, edema e congestão renal. Elevação da atividade das enzimas GGT, AST e LDH, creatina quinase e colesterol e redução dos níveis séricos de proteínas totais também são descritos pela literatura.

Em suínos, observa-se que a sensibilidade às aflatoxinas, por exemplo, é uma das maiores entre os animais. Um dos grandes problemas é que, em muitos casos, a quantidade da micotoxina presente na alimentação não é alta, o que dificulta o diagnóstico clínico por não desencadear um quadro perceptível. Costuma-se observar apenas redução no ganho de peso dos animais.

Pela demora na percepção, a toxina acaba se acumulando no fígado do animal, dando início a uma série de problemas de saúde, resultando na queda da eficiência produtiva e, consequentemente, na lucratividade do produtor.

Como evitar?

Na maior parte dos casos, a contaminação por fungos e consequentemente micotoxinas está associada ao manejo inadequado das lavouras e/ou armazenamento em condições inapropriadas dos grãos. Entre os fatores que auxiliam na contaminação podemos destacar o plantio direto, variedades menos resistentes a fungos, escassez de água, geadas, excesso de umidade em silos de armazenamentos e outros.

Entre as formas de evitar essa contaminação podemos ressaltar a secagem adequada dos grãos, por secadores com capacidade suficiente, com tempo e temperatura ideais. Com a redução da umidade, o ambiente se torna desfavorável para o desenvolvimento dos fungos, com uma consequente diminuição na produção de micotoxinas por eles.

A tecnologia contra as micotoxinas

Mas se o cenário global demonstra que o problema é uma preocupação generalizada para a criação animal, em contrapartida a ciência de pesquisa e análise de micotoxinas tem progredido muito nos últimos anos. Existem, por exemplo, ferramentas de monitoramento “online” de micotoxinas, em grãos destinados à alimentação animal, que detectam de maneira quantitativa e qualitativa os níveis de toxinas existentes com a tecnologia Near Infrared (NIR). Com resultados rápidos e confiáveis, a ferramenta subsidia a tomada de decisão para as estratégias de utilização dos grãos, indicando inclusive qual o tipo e a dosagem de adsorventes necessários para neutralizar a ação das micotoxinas e minimizar seus efeitos negativos aos animais.

Uma forma eficaz no combate às micotoxinas é a adição de adsorventes específicos à ração animal. Estes aditivos atuam como agentes sequestrantes de micotoxinas, reduzindo a absorção pelo intestino dos animais, impossibilitando sua distribuição para outros órgãos, evitando prejuízos zootécnicos e econômicos ao produtor.

Mais informações você encontra na edição de Suínos e Peixes de outubro/novembro de 2018 ou online.

Fonte: O Presente Rural

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Suínos Congresso O Presente Rural

Focada no produtor rural, programação técnica facilita compreensão e aplicação dos conhecimentos nas práticas diárias do campo

Dedicado e focado no produtor rural, o evento se consolidou como um espaço para a troca de conhecimentos e a promoção de práticas inovadoras no agronegócio brasileiro.

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Foto: Jaqueline Galvão/OP Rural

Com a presença de 800 produtores rurais e profissionais do setor, além de centenas de espectadores que acompanharam a programação online, o Congresso de Suinocultores e Avicultores O Presente Rural, realizado em meados de junho, se firmou como uma plataforma indispensável para o desenvolvimento dos segmentos avícola e suinícola. Dedicado e focado no produtor rural, o evento se consolidou como um espaço para a troca de conhecimentos e a promoção de práticas inovadoras no agronegócio brasileiro.

Dedicado à suinocultura, o primeiro dia do evento abordou os desafios atuais, perspectivas de mercado, a importância do bem-estar animal e da biosseguridade nas granjas, contando entre os palestrantes os presidentes da Associação Brasileira dos Criadores de Suínos (ABCS), Marcelo Lopes, e da Frimesa Cooperativa Central, Elias Zydek. A programação técnica do evento contou com o trabalho da médica-veterinária, mestra em Zootecnia e gerente de Suprimento Suíno da Frimesa, Luana Torres da Rocha, como uma das coordenadoras.

Segundo a profissional, a escolha dos temas abordados no congresso foi cuidadosamente pensada com base nos desafios enfrentados pelos produtores. Ela enfatizou a importância da capacitação em sanidade e bem-estar animal, destacando que ambos são interdependentes. “É impossível garantir o bem-estar animal sem condições sanitárias adequadas e vice-versa”,  expôs.

Os produtores presentes no congresso tiveram a oportunidade de se aprofundar nos principais desafios do setor e discutir soluções em tempo real com os palestrantes e outros participantes. Luana destacou a importância dessa interação para a tomada de decisões estratégicas, especialmente no manejo diário das granjas, como a avaliação de suínos enfermos, o uso correto de antibióticos e os indicadores de bem-estar animal.

A médica-veterinária também ressaltou a importância do congresso para a capacitação dos novos produtores do setor, afirmando que o evento oferece uma linguagem didática que facilita a compreensão e aplicação dos conhecimentos no dia a dia.

A gerente de Suprimento Suíno da Frimesa evidencia que o congresso teve um impacto positivo na adoção de novas tecnologias e práticas sustentáveis pelos produtores. “Apesar de amplamente difundido, o conceito de sustentabilidade poucas vezes é repassado diretamente ao produtor de maneira clara. O congresso apresentou esse conceito de forma acessível, incluindo temas relacionados à produção sustentável”, disse Luana.

“Foi um dia pensado de maneira a agregar valor sem prejudicar as atividades diárias” – Foto: Divulgação

Outro ponto alto do evento foi a facilitação da troca de experiências entre produtores, equipes de fomento das cooperativas Frimesa, Lar, Copagril, C.Vale, Primato e Copacol, além de empresas do setor. “O congresso propicia um ambiente onde produtores, técnicos e empresas podem se encontrar, trocar experiências e realizar benchmarking”, destacou.

Os feedbacks dos produtores após o evento foram extremamente positivos. “Os participantes avaliaram o congresso como uma experiência enriquecedora, destacando a interação com outros suinocultores e equipes técnicas. Foi um dia pensado de maneira a agregar valor sem prejudicar as atividades diárias”, frisou Luana.

Edição 2025

O Congresso de Suinocultores e Avicultores O Presente Rural ganha uma nova roupagem a partir de 2025, quando passa a se chamar Alimenta – Congresso Brasileiro de Proteína Animal & Rendering. Marcado para junho do próximo ano, o evento será bienal, em Foz do Iguaçu, PR, com a promessa de trazer ainda mais novidades e oportunidades para o setor agropecuário brasileiro.

Para ficar atualizado e por dentro de tudo que está acontecendo na suinocultura acesse a versão digital de Suínos clicando aqui. Boa leitura!

Fonte: O Presente Rural
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Suínos

Dados dos custos mundiais de suínos são atualizados na CIAS

Em 2023, os estados brasileiros de Mato Grosso e Santa Catarina, assim como os Estados Unidos, se mantiveram na liderança em termos de competitividade de custos em comparação com os demais países da rede InterPIG.

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Foto: Ari Dias
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Estão disponíveis para consulta no site da Central de Inteligência em Aves e Suínos (CIAS) da Embrapa, dados selecionados dos custos mundiais de suínos divulgados durante a reunião anual do Grupo para Comparação dos Custos de Produção na Suinocultura (InterPIG). Este ano, o encontro, organizado pela empresa Átria, aconteceu na Finlândia, na cidade de Seinäjoki, a 360 km da capital Helsinque, entre os dias 17 e 21 de junho.

Os estados do Mato Grosso e de Santa Catarina, no Brasil, e os Estados Unidos mantiveram em 2023 a liderança em custos em relação aos demais países da rede InterPIG.

A reunião InterPIG ocorre anualmente, envolvendo as principais instituições de pesquisa que estudam a competitividade da suinocultura nos principais países produtores e a Embrapa Suínos e Aves participa desde 2008.

Fonte: Assessoria Embrapa Suínos e Aves
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Suínos

Copacol transforma desafios ambientais em oportunidades na suinocultura

Conheça as principais ações da cooperativa, uma das referências do agronegócio nacional, que vem adotando tecnologias e práticas para mitigar o impacto ambiental de sua produção de suínos.

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A suinocultura, uma das principais cadeias produtivas do agronegócio brasileiro, enfrenta o desafio crescente de alinhar-se às metas globais de sustentabilidade e redução de emissões de gases de efeito estufa (GEE). Para entender como o setor está inovando nessa direção, o Jornal Presente Rural entrevistou o gerente da Integração de Suínos e Leite da Cooperativa Agroindustrial Consolata (Copacol), Leonardo Dornelles. Ele detalha as principais ações da empresa, uma das referências do setor, que vem adotando tecnologias e práticas para mitigar o impacto ambiental de sua produção de suínos.

Gerente da Integração de Suínos e Leite da Copacol, Leonardo Dornelles: “Estamos sempre atentos às melhores práticas e inovações para garantir a sustentabilidade da nossa cadeia produtiva” – Fotos: Divulgação/Copacol 

Entre as iniciativas mais relevantes está relacionada ao uso de dejetos suínos para a produção de biogás, uma prática que Dornelles ressalta como central para a estratégia de sustentabilidade da cooperativa. “Em nossas unidades de produção de leitões/desmamados (UPL’s/UPD’s), os dejetos dos suínos são utilizados para a produção de biogás, que atende à demanda energética das granjas e, consequentemente, reduz a emissão de gases de efeito estufa”, explica.

Além disso, um projeto piloto em parceria com um banco está sendo implementado com produtores de terminação, utilizando aditivos biológicos e sistemas de aeração nas esterqueiras para diminuir a emissão de metano. “Alguns produtores já possuem biodigestores em suas propriedades, o que contribui ainda mais para a redução das emissões”, acrescenta o gerente.

A utilização de biodigestores em suas unidades de produção é uma das técnicas que contribui diretamente para a diminuição da liberação de metano. Segundo Dornelles, todas as estações de tratamento de dejetos das Unidades de Produção de Leitões e Desmamados (UPL’s/UPD’s) possuem sistemas de biodigestores que transformam a matéria orgânica em biogás, gerando energia para a própria produção.

Essa prática de manejo sustentável não só reduz os gases nocivos ao meio ambiente, mas também minimiza a geração de odores e melhora a ambiência nas propriedades rurais, contribuindo para a qualidade de vida dos trabalhadores e animais.

Energia renovável e eficiência energética

A matriz energética da suinocultura da Copacol é 100% composta por fontes renováveis. “Utilizamos energia hidrelétrica (concessionárias), usinas fotovoltaicas próprias e biogás gerado nas unidades de produção”, afirma Dornelles. A cooperativa ainda conta com uma usina com biorreatores, que aproveita dejetos suínos, bovinos e resíduos orgânicos da indústria avícola para a produção de biogás.

Essa abordagem é um exemplo de como a Copacol busca integrar a economia circular em seus processos, aproveitando todos os resíduos gerados ao longo da cadeia produtiva. “Temos práticas pontuais que mostram como estamos sempre buscando fechar esse ciclo de aproveitamento de recursos”, enfatiza.

Monitoramento das emissões de GEE e melhorias contínuas

Um ponto-chave nas ações da Copacol é o monitoramento das emissões de GEE. “Realizamos um diagnóstico ambiental da nossa cadeia produtiva, mapeando os principais processos para direcionar ações de inventário dos gases de efeito estufa”, conta Dornelles.

Esses dados são essenciais para implementar melhorias contínuas na produção e garantir que a cooperativa esteja sempre alinhada com as melhores práticas ambientais.

Práticas de manejo da água e solo

Além das emissões, a Copacol investe em práticas voltadas ao uso consciente dos recursos hídricos. “Monitoramos o consumo de água nas unidades de produção, assegurando seu uso eficiente nos processos de dessedentação dos animais e higienização das instalações e nos sistemas de refrigeração dos ambientes produtivos”, expõe Dornelles.

Os dejetos, após o devido tratamento, são utilizados para a fertirrigação de áreas próprias, onde a cultura de tifton é cultivada. Essa planta absorve os nutrientes presentes nos dejetos e gera pré-secado de alta qualidade, utilizado na Unidade de Produção de Bezerras e Novilhas (UPBN) e comercializado como excedente.

Certificações e conformidade ambiental

As boas práticas ambientais da Copacol também estão alinhadas com as exigências de certificações e regulações nacionais e internacionais. “Temos uma área dedicada ao meio ambiente, que presta assistência técnica aos cooperados e garante que as atividades agropecuárias, como avicultura, suinocultura e piscicultura, sejam licenciadas e cumpram a legislação vigente”, enfatiza Dornelles.

Essa abordagem inclui a gestão de resíduos, monitoramento de particulados atmosféricos e o tratamento de água e efluentes, reuso de água, além do uso de energia renovável em todas as áreas produtivas.

As iniciativas da Copacol na suinocultura são um exemplo claro de como inovação e sustentabilidade podem caminhar juntas no agronegócio. Com a adoção de tecnologias avançadas, como os biodigestores, e um forte compromisso com o uso de energias renováveis, a cooperativa tem mostrado que é possível produzir de forma responsável, atendendo às demandas de mercado e, ao mesmo tempo, reduzindo o impacto ambiental. “Estamos sempre atentos às melhores práticas e inovações para garantir a sustentabilidade da nossa cadeia produtiva”, enaltece Dornelles.

Fonte: O Presente Rural
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