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Bovinos / Grãos / Máquinas Tecnologia

Método inédito avalia conforto térmico de vacas por meio de som

Técnica consiste em acoplar gravadores digitais no cabresto dos animais e avaliar a FR com a ajuda de um software gratuito

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Rafael Rocha

As perdas de produtividade de animais expostos a altas temperaturas e umidade não são tão silenciosas quanto parecem. E foi literalmente escutando as vacas que uma pesquisa liderada pela Embrapa Rondônia utilizou a bioacústica, ou seja, os sons emitidos pelos animais, para medir a frequência respiratória (FR). A equipe de cientistas validou um método inédito de avaliação desse parâmetro de conforto térmico, que utiliza gravadores digitais fixados ao cabresto dos animais, para mensurar de maneira prática, precisa e não invasiva o comportamento dos bovinos em pastejo.

O trabalho, realizado em parceria com a Universidade Federal de Pelotas (UFPel) e Universidade Federal de Rondônia (Unir), conta com o auxílio de um software gratuito para as análises. Com isso, é possível obter dados acústicos por um período de até 48 horas e sem a interferência humana. A metodologia foi validada para rebanho leiteiro Girolando – cruzamento entre as raças Holandês e Gir – tanto para novilhas como para vacas em lactação.

Segundo o professor da UFPel Eduardo Schmitt, trata-se de uma metodologia que pode se tornar forte aliada em avaliações de sistemas como Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF), sendo possível identificar o nível de conforto ao qual os animais estão submetidos. Ao escutar a respiração dos animais, é possível saber se estão gastando mais energia com os mecanismos de dissipação de calor e, posteriormente, correlacionar essas informações com o desempenho. “Numa visão prática, essa medida pode auxiliar em pesquisas que ajudem a definir, por exemplo, quantos metros quadrados de sombra devem ser ofertados para os animais produzirem mais, de que forma essa sombra deve estar disposta na pastagem, entre outros fatores”, afirma Schmitt.

O professor explica que quando os bovinos são expostos a altas temperaturas eles precisam acionar mecanismos para dissipação de calor, como aumento da circulação de sangue na pele, aumento do suor e da frequência respiratória. Tudo isso representa um custo energético para o animal, que acarreta diminuição de produtividade, aumento de susceptibilidade a doenças, podendo resultar também em interferências na fertilidade. “Para avaliar as perdas e se precisamos interferir para melhorar as condições ambientais dos animais, a avaliação da frequência respiratória das vacas pode dizer muita coisa”, complementa Schmitt.

Método traz inovação à medição do conforto animal

A frequência respiratória é usada há décadas como um indicador de estresse térmico nos animais, fator que influencia diretamente na produção e reprodução do rebanho.  Mas a dificuldade sempre foi manter o monitoramento ao longo de todo dia, já que pelo método tradicional (visual), isso é feito observando os animais com a contagem dos movimentos do flanco. A avaliação visual apresenta algumas limitações, tais como dificuldade de avaliações no período noturno ou em áreas extensas de pastagem com a presença de obstáculos (como árvores, por exemplo) para visualização. Existe ainda a possibilidade de haver interferência dos observadores durante o período de avaliação.

A bioacústica também já tem sido utilizada para a caracterização do comportamento de bovinos, como quantificação do tempo de pastejo, ruminação, descanso e de ingestão de água. Mas essa é a primeira vez que a metodologia é validada para medir a frequência respiratória. Segundo a pesquisadora da Embrapa Rondônia Ana Karina Salman, é uma ferramenta valiosa para os pesquisadores que estudam o efeito do estresse térmico em bovinos em situação de pastejo. “Validamos com sucesso um método novo e sem precedentes, em que a frequência respiratória é mensurada a partir de áudios dos animais captados por gravadores de MP3, muito prático e simples de usar. O método acústico pode substituir o convencional de contagem dos movimentos do flanco por observação visual”, afirma Salman.

A pesquisadora explica que para avaliar o conforto térmico dos animais é preciso monitorar, simultaneamente, parâmetros ambientais, como temperatura e umidade relativa do ar, e parâmetros fisiológicos, como temperatura corporal e frequência respiratória. Segundo ela, há poucos estudos sobre as respostas fisiológicas de bovinos ao estresse térmico e com resultados pouco confiáveis, dada à dificuldade do acompanhamento visual contínuo ao longo do dia. Outros métodos foram desenvolvidos para medir automaticamente a frequência respiratória, mas eles se restringiram a animais em estábulos e com equipamentos que exigem a conexão com a internet, ou seja, não serviam para animais na pastagem ou em locais sem acesso à internet.

Outro ponto interessante é que para a raça Girolando, responsável por aproximadamente 80% do leite produzido no Brasil, ainda não há definição científica da zona de termoneutralidade, ou seja, a faixa de temperatura ambiente na qual os bovinos se encontram em conforto térmico. Esse cenário demonstra a necessidade de mais estudos e dados para que pesquisadores, técnicos e produtores, a partir de indicadores mais precisos, possam realizar as tomadas de decisão na propriedade, sobre quais medidas adotar e como minimizar o estresse térmico no sistema de produção, tornando-o mais eficiente.

Como funciona a nova metodologia 

Para coleta de dados de áudio ou acústicos utilizados para medir a frequência respiratória são necessários: gravador MP3, cabrestos, tecido TNT, filme de PVC e fita de empacotamento. O item mais caro dessa lista é o gravador, que custa, em média, R$ 450,00 para compra direta, sem frete incluso.  A análise dos áudios é realizada com o auxílio do programa Audacity, um software livre (gratuito) que reproduz os áudios captados pelos gravadores. Esse programa gera oscilogramas dos áudios que são específicos de cada atividade exercida pelos animais, tornando possível identificar os tempos de início e fim de cada uma.  A Embrapa Rondônia disponibiliza, gratuitamente, um manual para coleta e análise de dados bioacústicos para caracterização de comportamento bovino em pastejo.

A análise dos dados de áudio (identificação e contagem dos sons respiratórios) é laboriosa e requer uma pessoa treinada. A zootecnista Giovanna de Carvalho, que realizou as análises das frequências respiratórias (FR) na pesquisa, explica que se utiliza a mesma técnica descrita no manual da bioacústica. A diferença é que para a FR, foi necessário maior aprofundamento, pois ela ocorre durante toda a avaliação, o animal estando ou não se alimentando, o que pode causar sobreposição dos sons.

Assim, apenas a análise visual das ondas sonoras geradas pelo programa não é suficiente. “O fone de ouvido é essencial para a análise, assim como uma dose de paciência e não ter receio de refazer as análises ou pedir uma segunda opinião, já que pode haver dúvidas quanto aos sons ao longo do processo”, recomenda Giovanna.

Devido ao padrão característico dos sons respiratórios, deve ser possível, futuramente, desenvolver um algoritmo de inteligência artificial que permita automatizar essa etapa da metodologia. Além disso, esse método não é recomendado para um rebanho formado por animais de temperamento agressivo, pois eles podem danificar os gravadores, ou para estudos que requerem avaliação da FR por período superior a 48 horas, devido à vida útil da bateria dos gravadores.

Fonte: Embrapa Rondônia

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Raça Brahman terá jurado internacional na 89ª ExpoZebu

Este ano quem comandará os julgamentos da raça será o jurado norte-americano Kelvin Moreno, com apoio da jurada auxiliar Poliana de Castro Melo.

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Foto: Divulgação

A 89ª edição da ExpoZebu será palco das comemorações dos 30 anos da chegada da raça Brahman no Brasil. Quem passar pelo Parque Fernando Costa, em Uberaba (MG), entre os dias 27 de abril e 05 de maio, poderá acompanhar a evolução da raça e as competições pelos grandes campeonatos.  “Será uma edição especial da ExpoZebu, pois estamos comemorando 30 anos da primeira importação de Brahman. A raça avançou muito nessas três décadas e vamos apresentar toda essa evolução aos visitantes dos mais diversos países que passarem pela ExpoZebu”, ressalta o presidente da Associação dos Criadores de Brahman do Brasil (ACBB), Gustavo Rodrigues.

Este ano quem comandará os julgamentos da raça será o jurado norte-americano Kelvin Moreno, com apoio da jurada auxiliar Poliana de Castro Melo. Kelvin Moreno foi indicado pela diretoria da ACBB e atuará tanto no julgamento de pista quanto no Brahman a Campo. De família de selecionadores de Brahman no Texas, ele já atuou em exposições de vários países e é secretário/tesoureiro da American Brahman Breeders Association. No Brasil, Moreno vem contribuindo com o desenvolvimento de projetos científicos junto à ABCZ.

O julgamento da raça Brahman será de 1º a 3 de maio, começando com a competição “Brahman a Campo” no primeiro dia e segundo dia. Já os animais inscritos para a pista serão avaliados nos dias 2, 3 e 4 de maio. A expectativa é de que participem 150 exemplares nas duas competições.

A agenda da raça na ExpoZebu contempla ainda a Assembleia Geral Ordinária, no dia 1º de maio, às 19 horas, na Casa do Brahman. Já no dia 02 de maio, às 20 horas, acontece o 3º Leilão de Sêmen ACBB, também na sede da ACBB. Outra oportunidade de adquirir a genética Brahman será durante o Leilão Portobello e Terra Verde, agendado para o dia 03, às 20 horas, na Confraria/Armazém do Boi.

 Mérito ABCZ
O criador da raça Brahman, Marcos Henrique Pereira Alves, será um dos homenageados com a comenda “Mérito ABCZ”, juntamente com outras 18 personalidades do agronegócio brasileiro. A premiação acontecerá durante a abertura oficial da ExpoZebu no dia 4 de maio, antes das disputas dos Grandes Campeonatos.

Titular da Fazenda Transmontana, localizada em Vassouras/RJ, Marcos Henrique é selecionador da raça Brahman desde 2000 e associado da Associação dos Criadores de Brahman do Brasil. O criatório está entre os que mais realizam provas de ganho em peso a pasto no estado, utilizando touros mais bem avaliados nessas competições.

Em 2024, a fazenda já confirmou sua participação na 4ª Prova de Eficiência e Performance Brahman/BoicomBula, que será realizada pela ACBB. Outro projeto para 2024 é a realização do 20° Leilão Brahman Transmontana, oficializado pela entidade.

Fonte: Assessoria ACBB
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Indústria gaúcha de leite tem retração de quase 4% nas vendas 

Comercializações internas foram as que mais sofreram, caindo mais de R$ 350 milhões. 

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Foto: Divulgação/Arquivo OPR

A indústria gaúcha de leite apresentou retração de quase 4% nas vendas no acumulado de 12 meses, de março de 2023 a fevereiro de 2024 contra março de 2022 a fevereiro de 2023. Os dados da Receita Estadual apontam que o volume somado baixou para R$16,61 bilhões. As comercializações internas foram as que mais sofreram, caindo mais de R$ 350 milhões.

No caso do leite em pó, mais de 55% do que foi demandado dentro do Rio Grande do Sul veio de importações. “Com a entrada em vigor do decreto do Governo, que limita a utilização de benefícios fiscais por quem compra o insumo fora, o Sindicato da Indústria de Laticínios do Rio Grande do Sul (Sindilat/RS) acredita que as empresas de reprocessamento (chocolates, sorvetes e biscoitos) voltem a consumir da indústria gaúcha, fortalecendo também os produtores”, destacou Alexandre dos Santos, segundo vice-presidente do Sindilat/RS.

A apuração indica na quarta sondagem, que a compra de embalagens segue liderando quando se trata da entrada de insumos. “Isso reflete a importância para o setor lácteo da manutenção dos incentivos de equiparação fiscal, como o do FAF, sem os quais será inviável manter a competitividade no mercado, já que mais de 60% do leite processado é consumido fora RS ao passo que diversos insumos precisam ser comprados de fora, pois não são produzidos aqui”, acrescenta Darlan Palharini, secretário-executivo do Sindilat/RS, ao reafirmar opção pela revisão da alíquota de ICMS à retirada das equiparações fiscais existentes com outros estados produtores.

Fonte: Assessoria Sindilat/RS
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Pesquisadores avaliam se microrganismos podem reduzir emissão de metano de bovinos

Avaliação já indicou que a abundância de alguns microrganismos é diferente em touros com altas e baixas taxas de emissões. Já no que diz respeito ao consumo alimentar, foram identificados tanto organismos associados  à ineficiência alimentar quanto à maior eficiência.

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Foto: Gisele Rosso

Em um ano em que as ondas de calor continuam severas, as pessoas tendem a refletir um pouco mais sobre as consequências das alterações do clima. A ciência tem feito a sua parte. Boa parte das pesquisas da Embrapa Pecuária Sudeste, localizada em São Carlos (SP) tem foco em sistemas sustentáveis de produção, ou seja, busca obter carne e leite com menor emissão de Gases de Efeito Estufa (GEE) para reduzir o impacto da atividade agropecuária.

Entre diversos estudos e tecnologias do centro de pesquisa, um deles avalia a contribuição de bactérias e microrganismos na emissão de metano de bovinos e na eficiência alimentar desses animais por meio da hologenômica, o estudo simultâneo dos genomas do hospedeiro e dos microrganismos.

Coordenado pela pesquisadora Luciana Regitano, o estudo, que envolve instituições do Brasil e do exterior, testou se os componentes do microbioma ruminal e fecal dos animais poderiam ser usados ​​como biomarcadores. Segundo Luciana, os cientistas querem saber se, usando a informação sobre o tipo de microrganismos abrigado pelo animal, é possível melhorar seu perfil de eficiência alimentar e emissão.

A avaliação já indicou que a abundância de alguns microrganismos é diferente em touros com altas e baixas taxas de emissões. Já no que diz respeito ao consumo alimentar, foram identificados tanto organismos associados  à ineficiência alimentar quanto à maior eficiência.

Essa pesquisa, que contou com apoio da Fapesp por meio do Projeto Temático “O  hologenoma de Nelore: implicações na qualidade de carne e em eficiência alimentar”, deve ser concluída no final deste ano. Para saber mais, veja um dos trabalhos aqui .

Hologenômica

Interessados nesse tema terão a oportunidade de participar de um curso de curta duração Análise de Dados Hologenômicos para Agricultura. O curso ocorre presencialmente de 29 de julho a 09 de agosto de 2024, em São Carlos (SP). As inscrições para seleção de candidatos estão abertas no site do evento até o dia 30 de março. Quarenta candidatos, 20 do Brasil e 20 do exterior, serão selecionados e terão custeio total de suas despesas pela Fapesp. Para inscrição, acesse aqui.

A iniciativa propõe uma visão interdisciplinar da hologenômica e de como avaliar e integrar dados de diferentes técnicas ômicas (genômica, metagenômica, epigenômica, transcriptômica, etc.). Além disso, vai discutir como essas ferramentas podem melhorar o desenvolvimento de novas tecnologias agrícolas.

Fonte: Assessoria Embrapa Pecuária Sudeste
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