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Método detecta resíduos de diferentes herbicidas em capim-elefante
Capaz de detectar resíduos de sete químicos diferentes, método ajudará a dar segurança à produção do capim usado em geração de energia e alimentação de gado leiteiro

Cientistas da Embrapa Meio Ambiente (SP) aprimoraram um método capaz de detectar múltiplos resíduos de produtos químicos por meio de uma única análise. O procedimento é voltado a identificar a presença e a quantidade de herbicidas usados para controlar plantas daninhas em cultivo de capim-elefante. Conhecida por produzir grande quantidade de biomassa, a gramínea é usada na geração de energia e muito empregada na alimentação de gado leiteiro. Por isso, é importante saber se os animais estão consumindo alimento seguro. De olho nessa aplicação, o método deve ser empregado em um projeto em parceria com a Embrapa Gado de Leite (MG).
Publicado em uma edição especial sobre herbicidas do periódico internacional Austin Environmental Science, o método multiresíduo é capaz de detectar resíduos dos sete herbicidas estudados (metsulfurom-metilico,atrazina, clorimurom-etilico, halossulfurom-metilico, metsulfurom-metilico, nicossulfurom e S-metolacloro). “Pelo que sabemos, esse é o primeiro artigo sobre a determinação de resíduos desses herbicidas nesse tipo de planta. O método poderá ser utilizado por cientistas que trabalham nessa linha de pesquisa,” conta a analista da Embrapa Marcia Assalin.
O capim-elefante (Pennisetum purpureum Schum) é uma forragem tradicionalmente utilizada na alimentação animal e matéria-prima na produção de álcool, carvão e geração de eletricidade, devido ao fato de sua biomassa possuir elevado poder energético.
Segundo o pesquisador da Embrapa Gado de Leite Alexandre Brighenti, a produtividade e a qualidade da forragem de capim-elefante são afetadas diretamente pela interferência de plantas daninhas. Essa perda pode chegar a 42% de matéria seca, caso não sejam empregadas as práticas adequadas de controle de plantas daninhas. Embora o controle químico, utilizando herbicidas, seja uma das estratégias eficientes para o controle das plantas daninhas, não existem produtos registrados específicos para capim-elefante no Brasil.
Por isso, pesquisas visando o controle químico de espécies infestantes em cultivos desse capim são extremamente importantes a fim de evitar perdas de produtividade e de qualidade de forragem. Além disso, esses estudos poderão subsidiar os trabalhos visando a obtenção de registros de herbicidas para capim-elefante no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa).
Entretanto, quando se faz a aplicação de herbicidas no campo, há a necessidade de realizar o monitoramento de seus resíduos nas pastagens para evitar a possível contaminação de alimentos derivados da pecuária, como leite e carne, afirma a pesquisadora da Embrapa Sonia Queiroz. Além disso, o uso inadequado deagroquímicos é uma ameaça potencial ao meio ambiente e a organismos não alvo, reforçando a necessidade de pesquisas para conhecer o destino desses produtos e estabelecer doses seguras de aplicação.
A maioria dos herbicidas avaliados nesse estudo é aplicada sobre o solo (pré-emergentes) e não diretamente sobre o capim-elefante. Isso, de acordo com a pesquisadora, implica menor risco de deixar resíduos em comparação aos herbicidas pós-emergentes, que são aplicados diretamente sobre as culturas. A aplicação de herbicidas sobre o solo possibilita que as moléculas sejam degradadas, principalmente por microrganismos.
Além disso, existe um intervalo de aproximadamente 120 dias entre a aplicação dos herbicidas e a colheita do capim-elefante. Queiroz explica que, durante esse período, outros processos de degradação dos herbicidas, além do microbiano, estariam também atuando. Desse modo, as chances de não mais haver resíduos são grandes. Por outro lado, caso algum resíduo de determinado herbicida ainda persista nas plantas no momento da colheita, o método desenvolvido irá revelar a quantidade presente do químico, sendo possível avaliar se é segura para o consumo animal.
De acordo com a Assalin, o objetivo foi otimizar e validar um método multiresíduo confiável para a determinação e quantificação de resíduos de herbicidas em capim-elefante utilizando cromatografia líquida de alta eficiência acoplada à espectrometria de massas de alta resolução (LC-QTof-MS). A implementação de um método analítico envolve um processo de avaliação que estima a sua eficiência na rotina do laboratório e assim garante que as análises reproduzam valores consistentes se comparadas a um valor de referência.
Segundo os parâmetros de validação avaliados no estudo, o método mostrou ser adequado para a determinação dos resíduos dos herbicidas estudados. Para o metsulfurom-metílico, o método mostrou ser capaz de determinar quantidades menores que o limite máximo de resíduos (LMR) estabelecido pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), de 0,1 mg/Kg, sendo esse o único que apresenta registro para aplicação em pastagem no Brasil.
Assim, foi possível analisar amostras de capim-elefante coletadas no campo experimental após a aplicação dos produtos e, com isso, selecionar os herbicidas mais eficientes e que deixam menos resíduos na planta. Isso permitiu o controle das plantas daninhas com segurança em relação ao consumo de alimentos de origem bovina.
O desenvolvimento
A quantificação dos resíduos de pesticidas em capim elefante baseou-se no método QuEChERS (do inglês Quick, Easy, Cheap, Effective, Ruged and Safe), que consiste em metodologia moderna e bem conhecida de preparação de amostras na área de análise de resíduos de pesticidas, seguida da determinação por cromatografia liquida acoplada à espectrometria de massas.
Algumas modificações foram realizadas no QuEChERS de forma a otimizar o procedimento de extração em função da complexidade da matriz estudada. O método permite a extração de inúmeros compostos em uma única análise, constituída das etapas de extração, empregando um solvente orgânico; separação, por uma etapa de salting out (pela adição alguns sais); seguida da fase de limpeza, para eliminação de compostos que são coextraídos do capim-elefante e podem interferir na quantificação dos pesticidas de interesse.
A espectrometria de massas é um método de alta confiabilidade que gera resultados de forma rápida, fácil, com custo acessível e alta qualidade. A cientista salienta que no Brasil existem pouquíssimos laboratórios de análise de resíduos de agrotóxicos devido aos complexos processos envolvidos. “Para se ter uma ideia, é preciso detectar quantidades do nível de microgramas por quilo (µg/Kg), as quais exigem equipamentos sofisticados e equipe altamente especializada,” ressalta a pesquisadora ao declarar que a Embrapa Meio Ambiente abriga um dos poucos laboratórios do País desse tipo.

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Paraná registra menor emissão de gases de efeito estufa em 15 anos
Relatório elaborado pelo Sistema de Estimativas de Emissões de Gases de Efeito Estufa (SEEG), do Observatório do Clima, apontou que o Paraná apresentou queda de 10,03% nas emissões, consolidando o Estado como referência nacional em ação climática.

O Paraná registrou em 2024 o menor volume nas emissões brutas de gases de efeito estufa (GEE) em 15 anos. Segundo a 13ª edição do Sistema de Estimativas de Emissões de Gases de Efeito Estufa (Seeg), coordenada pelo Observatório do Clima, divulgada neste mês, o Estado apresentou uma redução de 10,03%, o índice mais baixo desde 2009.
O levantamento revela que as emissões caíram de 77,05 milhões de toneladas de gás carbônico equivalente (MtCO₂e) para 69,32 MtCO₂e no período. O resultado coloca o Paraná entre as unidades da federação que mais reduziram emissões no País, com o 14º menor volume total de difusões atmosféricas.
De acordo com a coordenadora de Ação Climática e Relações Internacionais da Secretaria de Estado do Desenvolvimento Sustentável (Sedest), Walquíria Biscaia, a diminuição representa um avanço importante para o Estado na busca pela neutralidade climática. “O número demonstra que as políticas estaduais estão gerando resultados concretos tanto na redução de emissões quanto no aumento da captura de carbono pela vegetação. Essa queda indica que o Estado está conseguindo alinhar desenvolvimento econômico e proteção ambiental, consolidando o Paraná como referência em ação climática”, destaca.
Entre as iniciativas de destaque, ela cita o Selo Clima Paraná – registro público estadual de emissões de GEE, com adesão crescente de empresas e organizações públicas; o Plano de Ação Climática do Paraná (PAC-PR 2024–2050); e o Plano de Descarbonização da Economia Paranaense (Pedep), que apoiam municípios e setores produtivos na transição para práticas sustentáveis.
“É um planejamento robusto, que inclui ainda outras ações como o Mapeamento de Vulnerabilidades Climáticas, conduzido pela Sedest em parceria com o Sistema de Tecnologia e Monitoramento Ambiental do Paraná (Simepar), e o Programa Previna, de combate a incêndios e a proteção de áreas naturais”, explica Walquíria.
Além disso, por meio do Instituto Água e Terra (IAT), autarquia vinculada à Sedest, o Estado firmou acordo com o Secretariado da Diversidade Biológica da Organização das Nações Unidas (ONU) para compensação de emissões. O órgão paranaense vai reparar o carbono emitido por atividades do escritório do secretariado através da restauração ambiental de áreas degradadas no Estado.
O vínculo é até 2030 e prevê diferentes métodos de restauração, como o plantio de árvores nativas e a condução da regeneração natural. Para certificar a compensação, o Estado vai emitir relatórios e fornecer ao órgão todas as informações relacionadas às áreas em recuperação.
“Temos um grande número de empresas e instituições que reconhecem o Paraná como um estado que vai liderar a questão da sustentabilidade e que defende a biodiversidade de forma efetiva”, afirmou o diretor-presidente do IAT, Everton Souza.
Outro ponto é que o órgão intensificou a fiscalização ambiental. Segundo o Relatório Anual do Desmatamento (RAD) no Brasil, divulgado pelo MapBiomas, iniciativa multi-institucional envolvendo universidades, ONGs e empresas de tecnologia, o Paraná reduziu em 64,9% do desmatamento ilegal da Mata Atlântica no Paraná de 2023 para 2024. A manutenção das florestas impacta diretamente no aumento da captura de carbono pelos ecossistemas.
O Instituto faz medições de emissões atmosféricas periodicamente, em chaminés de indústrias licenciadas, conforme parâmetros definidos pela Resolução Sedest nº 02/2025. Nesses pontos, são analisados os principais poluentes lançados na atmosfera, com o objetivo de verificar se as emissões estão dentro dos padrões permitidos.
A qualidade do ar também é monitorada de forma contínua, por meio de estações que seguem os critérios estabelecidos pela Resolução Conama nº 506/2024. Esses dados permitem acompanhar a evolução da poluição atmosférica e orientar políticas públicas de controle e prevenção. Quando constatadas emissões acima dos limites legais, o IAT realiza autuação e instaura processo administrativo contra o empreendimento responsável. As penalidades variam conforme a gravidade da infração.
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Brasil reúne adidos agrícolas para alinhar expansão de mercados e fortalecer comércio internacional
Evento em Brasília destaca avanços diplomáticos, parcerias institucionais e os resultados da estratégia de abertura e ampliação de mercados conduzida pelo Mapa.

O ministro da Agricultura e Pecuária, Carlos Fávaro, participou, na quarta-feira (26), da abertura oficial do Encontro Nacional do Agro e dos Adidos Agrícolas, realizado pelo Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) e pela Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (ApexBrasil), em Brasília (DF).
O evento tem como tema principal “Parcerias que vão Além” e reúne 54 adidos agrícolas, sendo 40 em missão e 14 recém-designados, além das equipes dos escritórios da ApexBrasil em Bogotá, Miami, Bruxelas, Moscou, Dubai, Lisboa e Pequim.
Na ocasião, o ministro Carlos Fávaro evidenciou a orientação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva para reconstruir a credibilidade internacional do Brasil. “Parece que alguma coisa falava para ele: em algum momento vai acontecer uma mudança e a geopolítica e as relações comerciais serão muito afetadas, e o Brasil precisa estar preparado. Ele foi lá, começou a escalar o time, escolheu o Jorge para estar na Apex, nos escolheu para estar no Mapa, escolheu o time do MRE, escolheu o vice-presidente no MDIC. Essas escolhas foram determinantes para reposicionar o país no cenário global”, afirmou.
Destacou o papel fundamental das adidâncias agrícolas para o crescimento do comércio brasileiro no exterior e a importância do trabalho conjunto entre governo, adidos e setor produtivo. “É um momento muito especial. Todos nós fazemos parte da história que está acontecendo no mundo. Os adidos agrícolas contribuem abrindo muitas portas. Cada abertura e ampliação de mercados é mais emprego, mais desenvolvimento e mais oportunidade”, afirmou Fávaro.
O secretário de Comércio e Relações Internacionais do Mapa, Luís Rua, reforçou a importância estratégica do encontro e das parcerias institucionais. “Este é um momento de celebração das conquistas que alcançamos até aqui. Dos 491 mercados que abrimos pelo mundo e das mais de 200 ampliações, boa parte só foi possível graças ao trabalho dos adidos agrícolas, ao apoio das embaixadas e à promoção comercial conduzida pela ApexBrasil. Mas também é um momento de planejamento. O cenário internacional muda a cada segundo e precisamos estar preparados, com diretrizes claras, para avançar ainda mais em 2026”, destacou.
O presidente da ApexBrasil, Jorge Viana, ressaltou os resultados expressivos alcançados pelo Brasil até outubro deste ano, demonstrando o fortalecimento da presença internacional do país. “Os investimentos estrangeiros diretos no Brasil já alcançaram 74 bilhões de dólares este ano, um número que não víamos há mais de uma década. Esses resultados são fruto do trabalho de todos nós, da credibilidade que o país voltou a conquistar e do empenho das nossas equipes no Brasil e no exterior”, afirmou.
Ao falar sobre os avanços recentes, o ministro Carlos Fávaro salientou o impacto econômico das aberturas de mercado e das negociações sanitárias conduzidas pelas equipes do Mapa e pelos adidos agrícolas. “A consequência do nosso trabalho tem efeitos para toda a sociedade brasileira. Eu acredito no trabalho, na perseverança e na dedicação, e é isso que faz as coisas acontecerem”, disse.
Na oportunidade, as autoridades ressaltaram o impacto da estratégia de abertura e ampliação de mercados conduzida pelo Ministério da Agricultura e Pecuária, com o apoio do Ministério das Relações Exteriores. Já são US$ 3 bilhões em novos negócios, e mais US$ 33 bilhões previstos.
Integraram também a mesa de abertura a presidente da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), Silvia Massruhá, e o embaixador especial da FAO para o Cooperativismo e ex-ministro da Agricultura, Roberto Rodrigues.
Encontro nacional do agro e dos adidos agrícolas
Realizado pelo Mapa e pela ApexBrasil, em parceria com o Ministério das Relações Exteriores (MRE) e o Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), o Encontro está sendo realizado desde o dia 24 de novembro e vai até 2 de dezembro.
O objetivo é estreitar relações entre instituições governamentais, adidos agrícolas, equipes técnicas e setores produtivos do agro, contribuindo para o aumento das exportações brasileiras e o acesso aos mercados internacionais de forma mais eficiente.
A programação conta com reuniões individuais entre entidades do setor privado, adidos agrícolas e representantes dos escritórios da ApexBrasil a respeito de temas como abertura e melhoria de acesso a mercados, parcerias estratégicas e promoção comercial. Além disso, será realizada uma visita de campo ao Complexo Industrial no Paraná.
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Trigo recua no mercado interno e externo após avanço da colheita
Com queda de 9% nas cotações internas e preços internacionais pressionados pela oferta global, governo libera R$ 67 milhões em incentivos para estimular a comercialização de 250 mil toneladas.

Os preços do trigo seguem em queda no mercado brasileiro e internacional, pressionados pelo avanço da colheita e pela elevada oferta global. De acordo com dados do Itaú BBA Agro, diante desse cenário, a Conab anunciou, neste mês, medidas de apoio à comercialização interna por meio de leilões públicos.
No Brasil, a retração foi significativa em outubro: as cotações caíram 9% em relação a setembro, encerrando o mês com média de R$ 64,22 por saca de 60 kg no Paraná. A tendência baixista continuou nas primeiras semanas de novembro, quando a média parcial até o dia 14 ficou em R$ 64,00. O avanço da colheita e o peso da oferta internacional continuam sendo os principais fatores que pressionam o mercado interno.

Foto: José Fernando Ogura
No exterior, outubro registrou estabilidade nos preços em Chicago, embora ainda em patamar pressionado. O trigo soft encerrou o mês a 511 centavos de dólar por bushel, leve alta de 0,4% em relação a setembro. Em comparação com o mesmo período de 2023, porém, as cotações estão 12,7% mais baixas.
Com o início de novembro, o mercado internacional até reagiu à especulação de compras chinesas, levando os preços a 550,25 centavos de dólar por bushel em 4 de novembro. Entretanto, os volumes negociados ficaram abaixo do esperado, e as cotações voltaram a recuar, fechando a média parcial do mês em 538 centavos até o dia 14. A divulgação de novos dados do USDA, que atualizaram para cima a estimativa de oferta, reforçou a pressão baixista.
No Brasil, os preços pagos ao produtor permanecem abaixo do valor mínimo estabelecido pela Conab, de R$ 78,51 por saca. Para tentar reduzir o descompasso e estimular a comercialização, a companhia anunciou em 7 de novembro a liberação de R$ 67 milhões para leilões dos programas Pepro e PEP, com expectativa de dar suporte à venda de 250 mil toneladas de trigo.



