Bovinos / Grãos / Máquinas Estimativa
Mesmo com produção e estoques elevados, preços do trigo devem continuar altos
Além das questões relacionadas ao clima em países exportadores, o mercado do grão, em geral, apresenta tendência de alta, influenciando os preços do trigo

O trigo é um dos principais cereais de inverno. Neste ano, mesmo com os principais países produtores do grão sofrendo com problemas climáticos, a estimativa, segundo a StoneX, é que haja crescimento da produção e dos estoques. Além disso, a perspectiva é que também os preços permaneçam elevados. “O que vemos é uma situação de equilíbrio entre a oferta e a demanda”, afirma a especialista em Inteligência de Mercado da StoneX, Ana Luiza Lodi.
Ela esclarece que além das questões relacionadas ao clima em países exportadores, o mercado do grão, em geral, apresenta tendência de alta, influenciando os preços do trigo. “Vemos essa tendência de alta desde o início da pandemia, em abril. Houve uma puxada nos preços, com muitos moinhos adiantando as compras e os países adiantando as importações. O mercado de grãos em geral está apresentando uma tendência altista”, analisa.
Ana Luiza comenta que se fazer um balaço mundial é possível observar que na passagem da safra 2019/2020 para 2020/2021 a estimativa mostra um aumento na produção de mais de oito milhões de toneladas. Além disso, o consumo também deve crescer, mas em um ritmo mais lento. “Com isso, estamos esperando que os estoques finais mundiais possam crescer mais de 20 milhões de toneladas na safra 2020/2021, o que daria uma relação de estoque/uso acima de 42%”, explica.
De acordo com a analista, este aumento na produção se deve especialmente a alguns países que passaram a produzir mais na safra 20/21. “É possível observar com mais destaque a Austrália e a Rússia, os principais países onde podemos observar um crescimento da produção de trigo”, comenta. Segundo Ana Luiza, a Austrália mostra uma tendência de praticamente dobrar a produção do ano anterior, chegando a casa de 29 milhões de toneladas, dobrando o que teve no ciclo anterior. Além disso, a Rússia também caminha para um momento de aumento de produção, de 5 milhões de toneladas. Por outro lado, entre os países que estão perdendo produção, o destaque vai para os países da União Europeia. “Isso acontece por questão de eles terem plantado uma área menor e ter sofrido com o excesso de chuvas”, explica.

A analista conta que mesmo estando com estoques favoráveis é preciso observar que os estoques estão bastante concentrados na China e na Índia. “Estes países tem estoque de trigo consideráveis, mas eles não participam do mercado exportador. A China importa um volume considerável de trigo. Na safra 20/21 as estimas apontam que o país asiático pode ser o terceiro maior importador mundial de trigo, com 7,5 milhões de toneladas importadas”, conta.
Mesmo importando bastante, Ana Luiza explica que a China não tem relevância quando o assunto é o mercado exportador. “Dessa forma, por mais que os estoques estão crescendo, eles estão bastante concentrados em China e Índia, que são os países que não vão reforçar as exportações de trigo”, diz.
Já os outros países que exportam bastante trigo, como Rússia, Austrália, Europa e Ucrânia devem ter um crescimento, mas bem menor em comparação a China e Índia. “Então mesmo com um crescimento muito relevante dos estoques de trigo, os preços do cereal continuam sustentados em países que tem uma demanda forte e isso está dando suporte aos preços internacionais”, explica.
Além disso, a analista comenta que o mercado está olhando bastante para o clima dos principais produtores do grão no mundo. “A Argentina, por exemplo, vem de um clima bem seco recentemente. Várias regiões do país está com 20 a 40% do normal de chuva, somente. E isso já tem afetado as estimativas da produção argentina, e é um fator que está sendo monitorado”, comenta. Ana Luiza diz que a preocupação da Argentina agora também é com a La Niña, que neste período do ano tende a trazer clima mais seco para Argentina e Sul do Brasil.
Já nos Estados Unidos, se observar as chuvas do mês de outubro, é possível ver que as regiões das planícies, que é onde está o trigo de inverno do país, também está com um padrão climático bem seco. “É outro país que está sendo monitorado quanto ao clima e quanto aos possíveis impactos do La Niña também”, comenta. A Europa, explica a analista, diferente dos outros países, no mês de outubro contou com um clima mais chuvoso. E na região do Mar Negro Ana Luiza informa que o baixo nível de precipitação no mês de outubro também foi observado pelo mercado, com destaque para a Rússia que choveu 60% do normal.
Dessa forma, explica a analista, observando o comportamento mundial quanto ao trigo, a Rússia está com a produção crescente, assim com a Austrália. Por outro lado, a produção Europeia deve ficar menor na safra 20/21.
Ana Luiza diz que o Brasil também está com uma projeção positiva para produção de trigo nesse ano, apesar da geada em algumas regiões produtoras. E os Estados Unidos com uma pequena queda de produção. “Mas no geral há crescimento da produção. A Rússia crescendo, por outro lado a Europa caindo e a Austrália crescendo muito fortemente. Agora na Argentina, que é o principal exportador de trigo para o Brasil a preocupação com o clima continua, principalmente com ajustes para baixo da estimativa de safra, tanto do USDA quanto das Bolsas Argentinas”, comenta.

O trigo na América do Sul
A analista explica que na América do Sul a Argentina está com preocupação com relação ao clima seco, enquanto o Brasil tem uma perspectiva positiva para a safra de 2020. “Vendo os números da Argentina, observamos que as Bolsas do país, de Rosário e Buenos Aires, estão mais pessimistas do que as outras estimativas de produção, já estão na casa dos 17 milhões de toneladas com exportações na casa dos 11,5 milhões de toneladas, o que resultaria em um estoque final em torno de 850 mil toneladas de trigo”, comenta.
Ana Luiza informa que já o USDA está com uma projeção maior quanto a safra argentina, com um montante de 19 milhões de toneladas. “Com isso, mesmo estimando uma exportação ainda mais aquecida, os estoques da Argentina, segundo o USDA, ficariam um pouco mais folgados, em 1,6 milhão de toneladas”, conta. Já a estimativa da StoneX, informa a analista, aponta uma produção intermediária, com uma exportação mais alta do que do mostram as Bolsas argentinas e estoques abaixo de um milhão de toneladas. “A Argentina tem se consolidado como um grande exportador de trigo e não somente para o Brasil. Nós estimamos que ela deve exportar para o Brasil cerca de 5,6 milhões de toneladas, enquanto as exportações para outros destinos devem superar esse valor. Então nos últimos anos a Argentina tem diversificado bastante os destinos das exportações de trigo. Assim, por mais que o Brasil continue sendo o principal comprador do trigo argentino, o nosso vizinho tem atuado numa diversificação”, conta.
O que esperar da safra brasileira
Já olhando para a safra brasileira, a analista comenta que este ano a safra de trigo começou com uma perspectiva positiva, tendo crescimento de área significativo e a safra vinha muito bem de um modo geral, com estimativa de produção recorde. “A Conab ainda indica um recorde de produção, mas houveram geadas que afetaram o trigo em algumas regiões do Sul do país, e há redução nas estimativas de produção, não foram reduções grandes, então as estimas continuam ao redor de 6,5 milhões de toneladas produzidas de trigo no país, mas aquém do potencial inicial”, comenta.
Ana Luiza diz que o consumo brasileiro tem uma perspectiva positiva também, sendo que o Brasil deve importar 5,6 milhões de toneladas da Argentina e de outros países um pouco mais de um milhão de toneladas de trigo nessa safra. “Estamos em um momento de preços muito fortes, de dólar fortalecido, que além de impactar os preços encarece as importações. É mais caro importar com um câmbio fortalecido, um dólar forte e o Real desvalorizado e o Brasil é dependente da importação, ele não tem como não importar trigo porque a nossa produção não atende à demanda. Mas com esse cenário de preços fortes a gente deve continuar numa situação de balanço de oferta e demanda bem apertada com estoques baixos”, analisa.
Ela explica ainda que as três estimativas, da Conab, USDA e StoneX, estão com estoques abaixo de um milhão de toneladas estimadas para o final do ciclo e nos estoques de passagem também da safra anterior para essa safra foram muito baixos, porque os preços do trigo estão bem fortalecidos no mercado externo e as importações ficam bastante custosas. “No Brasil a gente também tem esse cenário de preços elevados. Se a gente olhar o preço doméstico do trigo em Real por toneladas nós vemos que houve uma leve tendência de queda recentemente, mas já começou a subir e continua sustentado mesmo com a colheita avançando”, afirma.

Gerenciando o risco na compra do trigo
Atualmente, quando alguém vai negociar trigo, existem perguntas que são feitas para saber se está bom ou não para comprar como: a quanto chega o trigo argentino no porto? Como está a paridade? E o americano? Quanto está o dólar? Será que volta ou sobe mais? “Esse é um ano difícil que nós temos que entender como uma mudança para o mercado de trigo”, afirma o analista da StoneX, Roberto Sandoli Jr.
O analista explica que há uma similaridade entre todas as perguntas feitas: trigo argentino, americano, russo e câmbio são produtos negociados em Bolsa, são todos comodities de alguma forma. “O trigo tem várias bolsas que você consegue fazer essas operações. O câmbio, que é o motivo tão falado pelo mercado de trigo, é uma ferramenta que você consegue se proteger tanto como os trigos. Hoje a dependência que temos do trigo importado, das oscilações de mercado, elas são muito grande, a volatilidade é imensa. Temos que parar de usar a bola de cristal para tomar as decisões, chegou o momento de o mercado evoluir. Nós não podemos ficar somente achando que porque tem pressão de safra o preço vai cair. Porque a Argentina vai ter uma safra grande, o preço vai cair. Nós temos que entender que fatores como pandemia, clima, El Niño, La Niña, fatores políticos e econômicos, eles não podem ser previsíveis. Você pode ter uma ideia muito interessante do que pode acontecer, mas basear as suas decisões apenas nisso, acho que é um momento de nós começarmos a repensar a forma de como é feita essa negociação de trigo. E esse ano foi o exemplo perfeito sobre isso”, afirma.
Segundo Sandoli, para que o produtor e os moinhos não tenham prejuízos na hora da compra ou da venda do trigo é preciso começar a usar as ferramentas de hedge. “As correlações existem, a dependência que temos do trigo importado é muito maior do que há cinco anos. Por isso, precisamos dar esse passo adiante e começar a usar as ferramentas que estão disponíveis para que nós não deixemos dinheiro na mesa, que é o que está acontecendo agora”, diz.
Algumas recomendações dadas pelo analista são que é preciso usar estas ferramentas que estão disponíveis e não deixar para depois. Além disso, ele diz que o mercado é soberano, por isso não devemos desafiá-lo, mas sim entendê-lo. “Se você for brigar com o mercado, vai acontecer o que está acontecendo este ano. Quase ninguém está comprando trigo, houve a oportunidade para comprar a US$ 200, não compraram e hoje está quase US$ 250. Vocês estão deixando dinheiro na mesa. Comecem a entender as ferramentas e o mercado, aceitem as mudanças, não briguem com elas”, aconselha.
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Bovinos / Grãos / Máquinas
Brasil avança em norma que libera exportação de subprodutos de bovinos e bubalinos
Proposta moderniza regras sanitárias e permite que empresas do Sisbi-Poa destinem materiais sem demanda interna a plantas com inspeção federal para exportação.

O Brasil deu um passo importante para ampliar o aproveitamento de subprodutos de bovinos e bubalinos destinados ao mercado internacional. O Projeto de Lei 4314/2016, de autoria do ex-deputado Jerônimo Goergen (RS), moderniza regras sanitárias e autoriza que empresas integrantes do Sistema Brasileiro de Inspeção de Produtos de Origem Animal (Sisbi-Poa) destinem ao exterior materiais que não têm demanda alimentar no mercado interno, desde que o envio seja feito por estabelecimentos com fiscalização federal.
A proposta, aprovada na Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania (CCJC) da Câmara, na terça-feira (18), recebeu ajustes de redação e correções técnicas apresentadas pelo relator, deputado Cabo Gilberto Silva (PL-PB).
Ele destacou que versões anteriores do texto acumulavam vícios materiais e erros de referência à Lei 1.283/1950, que regula a inspeção industrial e sanitária de produtos de origem animal no país, o que comprometia a clareza normativa e poderia gerar insegurança jurídica.
Adequação técnica e segurança jurídica

Deputado Cabo Gilberto Silva: “A remissão incorreta não decorre da vontade do legislador, mas de um erro material, passível de correção. Preservar a referência ao artigo 12 garante coerência e evita contradições interpretativas” – Foto: Divulgação/FPA
Cabo Gilberto apontou que substitutivos anteriores citavam equivocadamente o artigo 11 da Lei 1.283/1950, quando a referência correta deveria ser o artigo 12, que trata diretamente das condições de inspeção sanitária. Para o relator, manter o erro poderia abrir brechas interpretativas. “A remissão incorreta não decorre da vontade do legislador, mas de um erro material, passível de correção. Preservar a referência ao artigo 12 garante coerência e evita contradições interpretativas”, afirmou.
Ele também corrigiu dispositivos que, segundo sua avaliação, extrapolavam a competência do Parlamento ao abordarem temas típicos de regulamentação pelo Poder Executivo. “Alguns trechos invadiam competências próprias do Poder Executivo. Ajustamos essas inconsistências para preservar a constitucionalidade e a técnica legislativa”, explicou.
Exportação via estabelecimentos com inspeção federal
Com essas correções, o texto final deixa claro que estabelecimentos estaduais ou municipais integrados ao Sisbi-Poa poderão destinar subprodutos sem demanda local a plantas industriais com inspeção federal, habilitadas pelo Ministério da Agricultura para exportação.
A medida atende mercados externos que utilizam esses materiais em diversas aplicações industriais e contribui para ampliar o aproveitamento de resíduos do abate, fortalecer a cadeia produtiva e garantir conformidade sanitária nas operações internacionais.
Avanço regulatório
Para o deputado Cabo Gilberto, a atualização moderniza a legislação e posiciona o Brasil para aproveitar melhor oportunidades no comércio global. “A atualização aperfeiçoa a legislação, reforça o papel do Sisbi-Poa e contribui para que o país aproveite oportunidades no mercado internacional sem comprometer a fiscalização sanitária”, destacou o relator.
Bovinos / Grãos / Máquinas
Aliança Láctea debate crise do leite e traça estratégias para fortalecer o setor no Sul e Sudeste
Encontro em Florianópolis reuniu lideranças de vários estados para discutir competitividade, exportações, antidumping e ações conjuntas para reverter a crise da cadeia produtiva.

Os desafios do atual cenário da cadeia produtiva do leite e as estratégias para fortalecer o setor foram destaques na reunião da Aliança Láctea Sul Brasileira (ALSB), realizada na terça-feira (18), na sede do Sistema Faesc/Senar, em Florianópolis. O evento, realizado de forma híbrida, reuniu lideranças das federações de agricultura, representantes da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil, bem como de governos estaduais e entidades dos três Estados do Sul, do Centro Oeste e de São Paulo, para discutir temas estratégicos para o futuro da cadeia produtiva do leite.
A abertura do evento reforçou a importância da atuação conjunta para a construção de políticas públicas que assegurem competitividade, sustentabilidade e crescimento para o segmento. Durante sua explanação, o presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de SC (Faesc), José Zeferino Pedrozo, expressou a satisfação em sediar o encontro e expôs a preocupação com essa grave crise que afeta diretamente a economia rural e a sobrevivência de mais de milhares de famílias produtoras.

Registro das lideranças que participaram da reunião de forma presencial – Foto: Enzo Santiago
O dirigente lembrou da audiência pública, recém-realizada pela Alesc, para discutir a atual situação da cadeia produtiva. “A Assembleia Legislativa, por iniciativa do deputado estadual Altair Silva, promoveu essa audiência pública que oportunizou discussões relevantes sobre o tema. Representamos a Federação da Agricultura do nosso estado e, para nossa surpresa, a mobilização foi tão significativa que contou com mais de 700 pessoas. O evento resultou na criação de uma comissão que trabalhará estrategicamente junto ao governo federal e ao governo catarinense nas sugestões indicadas”.
Pedrozo também ressaltou que em janeiro deste ano levou à CNA, a preocupação com a queda constante no preço pago aos produtores. “A CNA imediatamente solicitou a aplicação de um antidumping provisório, pedindo a verificação dos preços do leite em pó importado da Argentina e do Uruguai”, afirmou.
As atividades seguiram com explanação do presidente da ALSB, Rodrigo Ramos Rizzo, que destacou a importância estratégica da reunião e mediou os debates. Entre os destaques da programação esteve a apresentação do Modelo de Negócios para exportação de lácteos, que focou nas oportunidades para ampliar a presença brasileira no mercado internacional e tornar a cadeia mais competitiva. A explanação foi conduzida pelo consultor Airton Spies e o objetivo é entregar a proposta ao CODESUL e ao BRDE.
“O documento foi elaborado pelo Grupo de Trabalho da Aliança está finalizado. Agora, estamos formatando para entregar de uma maneira formal ao CODESUL no mês de dezembro, com as adequações que cada uma das entidades julgar necessário”, afirmou Rodrigo Rizzo.
Outro item da pauta foi a apresentação do “Termo de Prorrogação” da ALSB, conduzida por Orlando Pessuti, representando o CODESUL. A Secretaria da Agricultura do Estado de São Paulo, representada por José Carlos de Faria Cardoso Junior, ampliou o diálogo da ALSB com outros Estados interessados em participar e fortalecer a Aliança Láctea Sul Brasileira.
Também ganhou ênfase a apresentação do presidente da Cooperativa Central Gaúcha (CCGL), Caio Viana, e sua equipe que relataram o case sobre o status sanitário do Programa Nacional de Controle e Erradicação da Brucelose e da Tuberculose Animal (PNCEBT) da cooperativa. O encontro abordou, ainda, a definição da direção da ALSB para o período 2026–2027, que ficará sob responsabilidade da Faep, e abriu espaço para contribuições gerais dos participantes, que ampliaram o diálogo para fortalecer a cadeia produtiva.
Encontro produtivo para o futuro do setor
Rodrigo Rizzo fez uma avaliação positiva da reunião, destacando que foi produtiva ao trazer diversos itens de pauta que refletem o cenário atual do setor. Segundo ele, um dos temas de impacto foi a questão da brucelose e da tuberculose, apontada como uma melhoria ainda necessária para aprimorar todo o processo e fortalecer o acesso ao mercado internacional.
Na visão de Rizzo, a união das entidades tem sido fundamental, especialmente para enfrentar a ação antidumping movida pela CNA, relacionada ao leite em pó importado, principalmente do Uruguai e da Argentina, que tem prejudicado o setor. “Esse produto tem entrado no país e afetado tanto as indústrias, que perdem competitividade, quanto os produtores, que enfrentam a queda nos preços”, destacou.

Reunião discutiu os desafios do atual cenário da cadeia produtiva do leite e as estratégias para fortalecer o setor – Foto: Silvania Cuochinski/MB Comunicação
O presidente da Aliança Láctea frisou, ainda, que é importante seguir atento ao monitoramento que que vem sendo realizado em relação à ação antidumping movido pela CNA. “Também discutimos sobre as exportações e competitividade. Somos competitivos em praticamente todos os aspectos. Temos alta qualidade e excelência na produção do nosso leite. O único ponto que ainda precisamos melhorar é o preço. O Brasil ainda não é competitivo nesse quesito. Isso depende de tempo e de um trabalho interno que precisa ser realizado.”, ressaltou.
O presidente Pedrozo também avaliou positivamente o encontro. Em sua mensagem final, reforçou o papel da Aliança Láctea Sul-Brasileira como um fórum essencial para a articulação institucional, debate técnico e construção de estratégias conjuntas capazes de contribuir para a superação da crise enfrentada pelo setor e para impulsionar o desenvolvimento da cadeia láctea. “Agradeço a participação de todos e espero que esse encontro represente mais um passo para a busca por soluções que fortaleçam o setor, promovendo o crescimento não apenas nos Estados envolvidos, mas em todo o Brasil. “
Representação
Também participaram e contribuíram com suas que contribuíram com análises e encaminhamentos essenciais para o fortalecimento da cadeia láctea, as seguintes autoridades e representantes de entidades: o presidente do Sindileite/SC e Conseleite/SC, Selvino Giesel; o secretário adjunto da Agricultura e Pecuária de Santa Catarina, Admir Edi Dalla Cort; o assessor técnico da CNA, Guilherme Dias; o presidente da Comissão Nacional de Pecuária de Leite da CNA, Ronei Volpi; o presidente do Sindileite/PR, Elias José Zydek; o presidente do Sindilat/RS, Guilherme Portela; o presidente da Famasul, Marcelo Bertoni; representantes da Farsul e da Faep; o secretário da Agricultura e Abastecimento do Paraná, Marcio Fernando Nunes; o secretário de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação de Mato Grosso do Sul, Jaime Elias Verruck; o presidente do SILEMS, Abraão Giuseppe Beluzi; representantes da secretaria da Agricultura, Pecuária, Produção Sustentável e Irrigação do Rio Grande do Sul, da Secretaria de Articulação Nacional, representantes do Sindilat, do Sebrae/RS; Conseleite/RS; do Codesul/PR, da Epagri, da Cidasc; entre outros.
Bovinos / Grãos / Máquinas Pecuária no Pampa
Produtores da Campanha conhecem tecnologias para bovinos e gestão do clima
Tarde de Campo em Hulha Negra apresentou ferramentas de rastreabilidade, controle de pragas, nutrição animal e agrometeorologia aplicada ao campo.

Produtores da região da Campanha gaúcha tiveram a oportunidade de conhecer, na terça-feira (18), tecnologias aplicadas à pecuária de corte durante a Tarde de Campo organizada pela Secretaria da Agricultura, Pecuária, Produção Sustentável e Irrigação (Seapi), por meio do Departamento de Diagnóstico e Pesquisa Agropecuária (DDPA). O evento ocorreu no Centro Estadual de Diagnóstico e Pesquisa em Sistemas Integrados e Meteorologia Aplicada (Cesimet).
O foco da atividade foram pesquisas e ferramentas práticas para manejo de bovinos, nutrição, controle de carrapatos, identificação biométrica e agrometeorologia, voltadas especialmente para produtores da região.
Segundo Gabriel Fiori, médico-veterinário do Cesimet e coordenador do evento, o objetivo é integrar pesquisa aplicada e necessidade do produtor. “Estamos apresentando uma seleção de experimentos e resultados-chave desenvolvidos pela Secretaria, após um longo período de interrupção desse tipo de atividade. Este momento simboliza a revitalização do Centro. As tecnologias e ferramentas demonstradas são direcionadas especialmente aos produtores da Campanha”, afirmou.

Fiori reforçou o papel estratégico do Cesimet para a região. “A força da pesquisa aplicada e da inovação está no coração do Pampa. Mais do que um centro de pesquisa, somos um espaço que integra produtores e poder público. Não é apenas um evento técnico, mas um ambiente de troca e construção de conhecimento conectado às tendências atuais”, completou.
Márcio Amaral, diretor-geral da Seapi, destacou a importância de conciliar produtividade e sustentabilidade. “O desafio é trabalhar em uma atividade que precisa aumentar a produtividade sem descuidar da questão ambiental. A pecuária está retomando força na região, e integrar lavoura e pecuária é o caminho ideal”, disse.
Agrometeorologia e planejamento do produtor
Flávio Varone, coordenador do Sistema de Monitoramento e Alertas Agroclimáticos (Simagro-RS), apresentou dados em tempo real de 102 estações meteorológicas no Estado. O sistema permite ao produtor acessar informações sobre irrigação, umidade do solo e temperatura, tanto pelo site quanto pelo aplicativo gratuito. “Hoje contamos com previsão do tempo e dados agroclimáticos integrados. O produtor gaúcho tem, na tela do celular, informações essenciais para planejar suas atividades”, explicou Varone.
Geovanna Klassen Gielow, estudante de Agronomia da Urcamp, avaliou o aprendizado. “A palestra sobre clima agrometeorológico foi essencial para ver na prática a aplicação do que aprendemos na sala de aula”, comentou.
Rastreabilidade e sanidade animal
O controle de carrapatos foi apresentado pelo pesquisador José Reck Junior, do IPVDF/Seapi. O Rio Grande do Sul mantém testes gratuitos há 40 anos para avaliar a eficácia de carrapaticidas, um diferencial do Estado. “As condições climáticas da região favorecem a proliferação do carrapato durante grande parte do ano, e a resistência aos produtos usados no campo é um desafio constante”, disse.
A identificação biométrica de bovinos foi demonstrada pelo CEO da QR Cattle, Flávio Mallmann. A tecnologia permite rastrear cada animal, registrar sua localização georreferenciada e o tempo de permanência em cada propriedade. “Quando o animal se desloca, o sistema registra automaticamente essa mudança. A plataforma deve estar disponível ao público a partir de janeiro de 2026”, afirmou.
Além disso, o evento abordou nutrição e reprodução de bovinos, reforçando a integração entre pesquisa aplicada e necessidade produtiva da região.



