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Mesmo com forte incidência de chuvas nas regiões produtoras, projeções indicam safra de trigo superior a 10 milhões de toneladas no Brasil
Cenário interno do cereal foi debatido durante o Webinar Safra Trigo Nacional, promovido na terça-feira (17) pela Associação Brasileira da Indústria do Trigo.

As chuvas acima da média, principalmente nas regiões com maior produção de trigo no Brasil, como Paraná e Rio Grande do Sul, já indicam fortes impactos no volume da safra deste ano. Essa e outras questões envolvendo o cenário interno do cereal foram debatidas durante o Webinar Safra Trigo Nacional, promovido na terça-feira (17) pela Associação Brasileira da Indústria do Trigo (Abitrigo).
Com o País encaminhado para o terço final de sua safra, a previsão de volume produzido é menor, em comparação aos resultados de 2022. De acordo com o gerente regional Latam da Biotrigo Genética, Fernando Wagner, o dado mais recente da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) aponta a estimativa da produção de 10,4 milhões de toneladas de trigo.
O profissional conta que não é somente a chuva que influencia esse resultado. “Com um ciclo de desenvolvimento da cultura acelerado na região Sul por conta do clima quente, a produtividade estimada pela Conab também é inferior, próxima dos 3 mil kg/ha”.
Chuvas no Sul ligam alerta no mercado
No Paraná, o estado menos afetado pelos índices pluviométricos elevados, a colheita foi antecipada, segundo o analista de mercado da SafraSul Agronegócios, José Gilmar de Oliveira. Ele explica que o trigo já colhido apresenta uma performance boa em termos de qualidade, ressaltando que o cereal que ainda está no campo é o que será impactado pela chuva. “Na região dos Campos Gerais, por exemplo, caberia, ainda, uma nova aplicação de fungicida no trigo plantado. Porém, isso não foi possível em decorrência das questões climáticas. Mesmo assim, espera-se uma safra de 4,5 milhões de toneladas no Paraná”, pontua.
O Rio Grande do Sul, estado que registrou o maior volume de trigo na safra anterior, enfrenta as consequências das chuvas com mais intensidade. Como explica o gerente de relações institucionais e sindicais da Organização das Cooperativas do Estado do Rio Grande do Sul (Ocergs), Tarcisio Minetto, o produtor gaúcho inicialmente apostou nessa cultura em função da seca no verão. “Por conta disso, a área estimada de cultivo é de 1,5 milhão de hectares, equiparada com a do último ano. Porém, o excesso de chuva trouxe uma redução do potencial produtivo nesse espaço. Hoje, a safra está sem uma estimativa de volume, em função das perdas ocasionadas por esse fenômeno”, reforça.
A expectativa para o trigo catarinense também foi reduzida. Dados trazidos pelo fundador da Corretora Serra Grãos, Norberto Risson dos Santos, indicam que a projeção mais otimista atualmente é de que serão produzidas 410 mil toneladas no estado. A princípio, esperava-se um volume de 470 mil toneladas. “Nesse cenário, o custo para que o produtor consiga manter esse trigo em boas condições acaba se elevando, pois a chuva impacta diretamente na qualidade do cereal produzido”, afirma.
Situação em São Paulo e no Cerrado
São Paulo, nos últimos anos, passa por uma crescente em sua safra, tendo superado as 500 mil toneladas de trigo em 2022. Nesse ano, o presidente da Câmara Setorial do Trigo no estado, Ruy Zanardi, explica que as projeções estão na casa das 520 mil toneladas, com ganhos em qualidade. “95% da safra paulista já foi colhida, com uma pequena parcela do valor total ainda suscetível às ações da chuva. A qualidade desse ano, sem dúvidas, é superior à registrada na safra anterior, o que é positivo para a cadeia produtiva de São Paulo”, salienta.
O Cerrado, no entanto, é uma área que segue um fluxo contrário das outras praças produtoras. Mesmo com a incidência de chuvas e o clima quente antecipando o ciclo de desenvolvimento do trigo, a área plantada e o volume total produzido por Minas Gerais, Goiás, Bahia e Distrito Federal, são os maiores já registrados, como informa o presidente da Associação dos Triticultores do Estado de Minas Gerais (Atriemg), Eduardo Abrahim. “Esperamos uma safra próxima de um milhão de toneladas de trigo para 2023, com qualidade excepcional. Para o próximo ano, a tendência é de que uma área maior será destinada à produção do cereal nesses quatro estados”, encerra.
O webinar está disponível na íntegra no canal do YouTube da Abitrigo.

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Santa Catarina registra avanço simultâneo nas importações e exportações de milho em 2025
Volume importado sobe 31,5% e embarques aumentam 243%, refletindo demanda das cadeias produtivas e oportunidades geradas pela proximidade dos portos.

As importações de milho seguem em ritmo acelerado em Santa Catarina ao longo de 2025. De janeiro a outubro, o estado comprou mais de 349,1 mil toneladas, volume 31,5% superior ao do mesmo período do ano passado, segundo dados do Boletim Agropecuário de Santa Catarina, elaborado pela Epagri/Cepa com base no Comex Stat/MDIC. Em termos de valor, o milho importado movimentou US$ 59,74 milhões, alta de 23,5% frente ao acumulado de 2024. Toda a origem é atribuída ao Paraguai, principal fornecedor externo do cereal para o mercado catarinense.

Foto: Claudio Neves
A tendência de expansão no abastecimento externo se intensificou no segundo semestre. Em outubro, Santa Catarina importou mais de 63 mil toneladas, mantendo a curva ascendente registrada desde julho, quando os volumes mensais passaram consistentemente da casa das 50 mil toneladas. A Epagri/Cepa aponta que esse movimento deve avançar até novembro, período em que a demanda das agroindústrias de aves, suínos e bovinos segue aquecida.
Os dados mensais ilustram essa escalada. De outubro de 2024 a outubro de 2025, as importações variaram de mínimas próximas a 3,4 mil toneladas (março/25) a máximas superiores a 63 mil toneladas (setembro/25). Nesse intervalo, meses como junho, julho e agosto concentraram forte entrada do cereal, acompanhados de receitas que oscilaram entre US$ 7,4 milhões e US$ 11,2 milhões.
Exportações crescem apesar do déficit interno
Em um cenário aparentemente contraditório, o estado, que possui déficit anual estimado em 6 milhões de toneladas de milho para suprir seu grande parque agroindustrial, também ampliou as exportações do grão em 2025.
Até outubro, Santa Catarina embarcou 130,1 mil toneladas, um salto de 243,9% em relação ao mesmo período de 2024. O valor exportado também chamou atenção: US$ 30,71 milhões, alta de 282,33% na comparação anual.

Foto: Claudio Neves
Segundo a Epagri/Cepa, essa movimentação ocorre majoritariamente em regiões produtoras próximas aos portos catarinenses, onde os preços de exportação tornam-se mais competitivos que os do mercado interno, especialmente quando o câmbio favorece vendas externas ou quando há descompasso logístico entre oferta e demanda regional.
Essa dinâmica reforça um traço estrutural conhecido do agro catarinense: ao mesmo tempo em que é um dos maiores consumidores de milho do país, devido ao peso das cadeias de proteína animal, Santa Catarina não alcança autossuficiência e depende do cereal de outras regiões e países para abastecimento. A exportação pontual ocorre quando há excedentes regionais temporários, oportunidades comerciais ou vantagens logísticas.
Perspectivas
Com a entrada gradual da nova safra 2025/26 no estado e no Centro-Oeste brasileiro, a tendência é que os volumes importados se acomodem a partir do fim do ano. No entanto, o comportamento do câmbio, os preços internacionais e o resultado final da produção catarinense seguirão determinando a necessidade de compras externas — e, por outro lado, a competitividade das exportações.
Para a Epagri/Cepa, o quadro de 2025 reforça tanto a importância do milho como insumo estratégico para as cadeias de proteína animal quanto a vulnerabilidade decorrente da dependência externa e interestadual do cereal. Santa Catarina continua sendo um estado que importa para abastecer seu agro e exporta quando a lógica de mercado permite, um equilíbrio dinâmico que movimenta portos, indústrias e produtores ao longo de todo o ano.
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Brasil e Japão avançam em tratativas para ampliar comércio agro
Reunião entre Mapa e MAFF reforça pedido de auditoria japonesa para habilitar exportações de carne bovina e aprofunda cooperação técnica entre os países.

OMinistério da Agricultura e Pecuária (Mapa), representado pelo secretário de Comércio e Relações Internacionais, Luis Rua, realizou uma reunião bilateral com o vice-ministro internacional do Ministério da Agricultura, Pecuária e Florestas (MAFF), Osamu Kubota, para fortalecer a agenda comercial entre os países e aprofundar o diálogo sobre temas da relação bilateral.
No encontro, a delegação brasileira apresentou as principais prioridades do Brasil, incluindo temas regulatórios e iniciativas de cooperação, e reiterou o pedido para o agendamento da auditoria japonesa necessária para a abertura do mercado para exportação de carne bovina brasileira. O Mapa também destacou avanços recentes no diálogo e reforçou os pontos considerados estratégicos para ampliar o fluxo comercial e aprimorar mecanismos de parceria.
Os representantes japoneses compartilharam seus interesses e expectativas, demonstrando disposição para intensificar o diálogo técnico e buscar convergência nas agendas de interesse mútuo.
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Bioinsumos colocam agro brasileiro na liderança da transição sustentável
Soluções biológicas reposicionam o agronegócio como força estratégica na agenda climática global.

A sustentabilidade como a conhecemos já não é suficiente. A nova fronteira da produção agrícola tem nome e propósito: agricultura sustentável, um modelo que revitaliza o solo, amplia a biodiversidade e aumenta a captura de carbono. Em destaque nas discussões da COP30, o tema reposiciona o agronegócio como parte da solução, consolidando-se como uma das estratégias mais promissoras para recuperação de agro-ecossistemas, captura de carbono e mitigação das mudanças climáticas.

Thiago Castro, Gerente de P&D da Koppert Brasil participa de painel na AgriZone, durante a COP30: “A agricultura sustentável é, em sua essência, sobre restaurar a vida”
Atualmente, a agricultura e o uso da terra correspondem a 23% das emissões globais de gases do efeito, aproximadamente. Ao migrar para práticas sustentáveis, lavouras deixam de ser fontes de emissão e tornam-se sumidouros de carbono, “reservatórios” naturais que filtram o dióxido de carbono da atmosfera. “A agricultura sustentável é, em sua essência, sobre restaurar a vida. E não tem como falar em vida no solo sem falar em controle biológico”, afirma o PhD em Entomologia com ênfase em Controle Biológico, Thiago Castro.
Segudo ele, ao introduzir um inimigo natural para combater uma praga, devolvemos ao ecossistema uma peça que faltava. “Isso fortalece a teia biológica, melhora a estrutura do solo, aumenta a disponibilidade de nutrientes e reduz a necessidade de intervenções agressivas. É a própria natureza trabalhando a nosso favor”, ressalta.
As soluções biológicas para a agricultura incluem produtos à base de micro e macroorganismos e extratos vegetais, sendo biodefensivos (para controle de pragas e doenças), bioativadores (que auxiliam na nutrição e saúde das plantas) e bioestimulantes (que melhoram a disponibilidade de nutrientes no solo).
Maior mercado mundial de bioinsumos
O Brasil é protagonista nesse campo: cerca de 61% dos produtores fazem uso regular de insumos biológicos agrícolas, uma taxa quatro vezes maior que a média global. Para a safra de 2025/26, o setor projeta um crescimento de 13% na adoção dessas tecnologias.
A vespa Trichogramma galloi e o fungo Beauveria bassiana (Cepa Esalq PL 63) são exemplos de macro e microrganismos amplamente utilizados nas culturas de cana-de-açúcar, soja, milho e algodão, para o controle de lagartas e mosca-branca, respectivamente. Esses agentes atuam nas pragas sem afetar polinizadores e organismos benéficos para o ecossistema.
Os impactos do manejo biológico são mensuráveis: maior porosidade do solo, retenção de água e nutrientes, menor erosão; menor dependência de fertilizantes e inseticidas sintéticos, diminuição na resistência de pragas; equilíbrio ecológico e estabilidade produtiva.
Entre as práticas sustentáveis que já fazem parte da rotina do agro brasileiro estão o uso de inoculantes e fungos benéficos, a rotação de culturas, a integração lavoura-pecuária-floresta (ILPF) e o manejo biológico de pragas e doenças. Práticas que estimulam a vida no solo e o equilíbrio natural no campo. “Os produtores que adotam manejo biológico investem em seu maior ativo que é a terra”, salienta Castro, acrescentando: “O manejo biológico não é uma tendência, é uma necessidade do planeta, e a agricultura pode e deve ser o caminho para a regeneração ambiental, para esse equilíbrio que buscamos e precisamos”.



