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Mercosul é a solução para transição energética e para segurança alimentar

Encontro entre lideranças avaliou dois temas fundamentais para o agronegócio sul-americano: o acordo Mercosul/União Europeia e o Green Deal.

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Foto: Agência Brasil

O Mercosul é uma potência alimentar, na produção de bioenergia e em soluções para combater as mudanças climáticas. Contudo, o mundo não reconhece essas características de maneira clara. Por isso, o Grupo de Países Produtores do Sul (GPS), formado por Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai, tem trabalhado há 10 anos para analisar e divulgar a capacidade do bloco nessas áreas, dialogando com governos para se posicionar de forma estratégica. “Nossa região é a solução em matéria alimentar e para a transição energética”, afirmou Marcelo Regúnaga, coordenador-geral do GPS, durante o encontro Para onde vai: Mercosul/União Europeia, promovido pela entidade e pela Associação Brasileira do Agronegócio (Abag), nesta quarta-feira (13), em São Paulo (SP).

Realizado na sede da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), o evento trouxe avaliações sobre dois temas fundamentais para o agronegócio sul-americano: o acordo Mercosul/UE e o Green Deal (Pacto Verde Europeu). Em seu pronunciamento inicial, Luiz Carlos Corrêa Carvalho, presidente da ABAG e representante do Brasil na Comissão de Coordenação Regional do GPS, reafirmou o protagonismo do Mercosul em âmbito global, as oportunidades que estão surgindo com as mudanças geopolíticas e com as mudanças climáticas, e o trabalho realizado pelo GPS para ações cada vez mais efetivas e coordenadas para o crescimento sustentável do bloco.

Luiz Carlos Corrêa Carvalho, presidente da Abag – Foto: Divulgação/Abag

“A nova industrialização é a bioeconomia, e o negócio do século XXI é a economia verde. Nesse sentido, o agronegócio desenvolvido em nossa região tem aplicado tecnologia e ciência, sendo altamente produtivo e, ao mesmo tempo, protegendo biomas, revitalizando o solo de clima tropical, sequestrando carbono e diminuindo as emissões de gases de efeito estufa”, afirmou Carvalho. Ele ponderou que o Green Deal tem muito mais sanções do que cooperação. “Não vemos janela de abertura de mercado. No modelo em que foi desenhado, não está bem colocado para uma realidade flexível que o mundo precisa ter”, comentou.

Para Regúnaga, os problemas mundiais precisam ser resolvidos de forma global. No caso do Green Deal, as medidas questionam os mecanismos de governança global, pois cada país estabeleceu sua meta para o combate às mudanças climáticas, a partir de acordos estabelecidos na Conferência das Partes (COP). “As nações são soberanas e essa legislação quer mudar as regras do jogo, gerando um desafio de relacionamento entre os países. As regras precisam ser consensuais com as nações que estão sendo afetadas”, afirmou.

Moderador do painel, Ingo Plöger, vice-presidente da ABAG, comentou que a Europa é uma grande indutora de ideias e de conceitos, e que o Mercosul quer estar junto às iniciativas da União Europeia (UE). “Mas a sanção não é o melhor caminho. A Europa, talvez, não esteja atenta que existem outros países que estão olhando para nós, como os Estados Unidos e a China. O país norte-americano ainda não entrou de fato na economia verde, mas possui trilhões de dólares de subvenções para fazer esse mercado acontecer”.

Acordo Mercosul e União Europeia

No painel Diálogo sobre o impacto do Acordo Mercosul-UE, moderado por Marcelo Regúnaga, Agustín Tejeda Rodriguez, diretor de Conteúdos e Comunicações do GPS, ponderou que houve muitas mudanças desde o início das negociações entre os dois blocos, mas que o acordo com a UE se mantém sendo importante, pois vai beneficiar todos os países em termos econômicos, geopolítico e institucional, além de possibilitar a transferência de tecnologia, de conhecimento e de investimentos. Outro fator está ligado à cooperação, que pode fomentar o desenvolvimento de biotecnologias. Por outro lado, há um equívoco na avaliação da UE dos impactos da produção agropecuária do Mercosul, que é moderna, eficiente e comprometida com a conservação de recursos naturais.

Renato de Souza Meirelles, presidente do CAF Brasil e representante da Câmara Oficial Espanhola de Comércio no Brasil, afirmou que o acordo Mercosul/UE precisa avançar, e que os dois blocos estão preparados para firmar o acordo. “Chega de impor barreiras e colocar obstáculos”, pontuou. Avaliou ainda que ajustes precisarão ser feitos de forma equilibrada, “sem neologismos”.

Em concordância com a análise de Meirelles, Barbara Konner, vice-presidente executiva da Câmara Brasil-Alemanha de São Paulo (AHK Brasil), afirmou que não há a necessidade de sanções, e que ambos os blocos estão perdendo oportunidades pelo acordo ainda não ter sido concluído, como no caso das licitações, cuja estimativa é de um mercado de US$ 150 bilhões para empresas europeias. A seu ver, um dos pontos mais importantes para se fazer negócio é a segurança política. “Um acordo assegura as regras do jogo”, cravou. Segundo pesquisa realizada pela AHK Brasil, 54% das empresas associadas acreditam na ratificação do acordo até o final deste ano, enquanto quase 25% das companhias creem que a finalização se dará até 2024.

10 anos de GPS

O GPS foi fundado há 10 anos, a partir de um evento presidido pelo ex-Ministro da Agricultura Roberto Rodrigues. Horacio Sanchez-Caballero, head do Conselho Consultivo do GPS, contou que sua formação foi motivada pela ideia de se ter um trabalho em conjunto entre os quatro países em três dimensões: produção de alimentos, comércio e preservação ambiental. O início das conversas foi na Argentina e, na medida em que essa proposta era discutida, foram sendo convocadas instituições dos demais países para participar, o que levou ao aperfeiçoamento das propostas. “A união é essencial para transformar a realidade. Nossa proposta é trazer iniciativas que expressem o interesse de todos e que sejam resistentes. Nos mantemos firmes no rumo escolhido de cooperação e crescimento”.

Sobre o trabalho realizado pelo GPS no Uruguai, Francisco Lezama, da Comissão de Coordenação Regional do GPS/Uruguai, ressaltou que cada país busca conhecer as melhores práticas agropecuárias e quais são os desafios que mais afetam os produtores, com o objetivo de buscar soluções. “Os parceiros se apoiam mutuamente, trocando experiências e ganhando uma aprendizagem conjunta. Quando trabalhamos a trilogia – conhecer, articular e divulgar – contribuímos para a formação de políticas públicas para fomentar o desenvolvimento nacional e regional”, salientou.

Na avaliação de Hector Cristaldo, da Comissão de Coordenação Regional do GPS/Paraguai, as preocupações com as mudanças climáticas não podem afetar a produção de alimentos e frear o desenvolvimento socioeconômico dos países. “Essas questões precisam ser respeitadas”, destacou Cristaldo, que acrescentou que pelos desafios comuns do Mercosul na geopolítica, o GPS tem atuado para influenciar os governos nacionais para fazer um trabalho articulado e cooperativo, pois a dispersão debilita os quatro países.

História do GPS

Diante das preocupações globais em relação à segurança alimentar global, entidades privadas do setor do agronegócio da Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai fundaram, há dez anos, o Grupo dos Países Produtores do Sul (GPS), com o objetivo de destacar o papel estratégico desses países na contribuição para a segurança alimentar, e de posicionar a região globalmente como parte relevante da solução dos sistemas alimentares.

O trabalho em conjunto para ampliar a capacidade de negociação em fóruns internacionais é considerado de grande importância para melhorar a inserção internacional dos quatro países, bem como para fortalecer a integração e cooperação regional. Nesse sentido, a liderança do Brasil é considerada estratégica para destacar que a região é uma potência ambiental que desenvolveu sistemas de intensificação sustentável, que possibilitam aumentar a produtividade, conservando recursos e com baixas pegadas ambientais.

O GPS apoia os respectivos governos nas suas negociações internacionais sobre questões comerciais e ambientais. É o caso do apoio prestado nas negociações da Cúpula sobre Sistemas Alimentares das Nações Unidas (Food Systems Summit ou FSS, na sigla em inglês), realizada em Roma, em 2021. Naquela ocasião, foi organizado, a partir do GPS, um processo de consulta a entidades privadas do setor agropecuário de Argentina, Brasil, EUA e Canadá. O GPS e seus membros também preparam documentos e eventos de diálogos nacionais convocados pelos ministérios de cada país, com o objetivo de contribuir para o posicionamento estratégico da região.

Fonte: Assessoria Abag

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Santa Catarina registra avanço simultâneo nas importações e exportações de milho em 2025

Volume importado sobe 31,5% e embarques aumentam 243%, refletindo demanda das cadeias produtivas e oportunidades geradas pela proximidade dos portos.

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Foto: Cláudio Neves

As importações de milho seguem em ritmo acelerado em Santa Catarina ao longo de 2025. De janeiro a outubro, o estado comprou mais de 349,1 mil toneladas, volume 31,5% superior ao do mesmo período do ano passado, segundo dados do Boletim Agropecuário de Santa Catarina, elaborado pela Epagri/Cepa com base no Comex Stat/MDIC. Em termos de valor, o milho importado movimentou US$ 59,74 milhões, alta de 23,5% frente ao acumulado de 2024. Toda a origem é atribuída ao Paraguai, principal fornecedor externo do cereal para o mercado catarinense.

Foto: Claudio Neves

A tendência de expansão no abastecimento externo se intensificou no segundo semestre. Em outubro, Santa Catarina importou mais de 63 mil toneladas, mantendo a curva ascendente registrada desde julho, quando os volumes mensais passaram consistentemente da casa das 50 mil toneladas. A Epagri/Cepa aponta que esse movimento deve avançar até novembro, período em que a demanda das agroindústrias de aves, suínos e bovinos segue aquecida.

Os dados mensais ilustram essa escalada. De outubro de 2024 a outubro de 2025, as importações variaram de mínimas próximas a 3,4 mil toneladas (março/25) a máximas superiores a 63 mil toneladas (setembro/25). Nesse intervalo, meses como junho, julho e agosto concentraram forte entrada do cereal, acompanhados de receitas que oscilaram entre US$ 7,4 milhões e US$ 11,2 milhões.

Exportações crescem apesar do déficit interno
Em um cenário aparentemente contraditório, o estado, que possui déficit anual estimado em 6 milhões de toneladas de milho para suprir seu grande parque agroindustrial, também ampliou as exportações do grão em 2025.

Até outubro, Santa Catarina embarcou 130,1 mil toneladas, um salto de 243,9% em relação ao mesmo período de 2024. O valor exportado também chamou atenção: US$ 30,71 milhões, alta de 282,33% na comparação anual.

Foto: Claudio Neves

Segundo a Epagri/Cepa, essa movimentação ocorre majoritariamente em regiões produtoras próximas aos portos catarinenses, onde os preços de exportação tornam-se mais competitivos que os do mercado interno, especialmente quando o câmbio favorece vendas externas ou quando há descompasso logístico entre oferta e demanda regional.

Essa dinâmica reforça um traço estrutural conhecido do agro catarinense: ao mesmo tempo em que é um dos maiores consumidores de milho do país, devido ao peso das cadeias de proteína animal, Santa Catarina não alcança autossuficiência e depende do cereal de outras regiões e países para abastecimento. A exportação pontual ocorre quando há excedentes regionais temporários, oportunidades comerciais ou vantagens logísticas.

Perspectivas
Com a entrada gradual da nova safra 2025/26 no estado e no Centro-Oeste brasileiro, a tendência é que os volumes importados se acomodem a partir do fim do ano. No entanto, o comportamento do câmbio, os preços internacionais e o resultado final da produção catarinense seguirão determinando a necessidade de compras externas — e, por outro lado, a competitividade das exportações.

Para a Epagri/Cepa, o quadro de 2025 reforça tanto a importância do milho como insumo estratégico para as cadeias de proteína animal quanto a vulnerabilidade decorrente da dependência externa e interestadual do cereal. Santa Catarina continua sendo um estado que importa para abastecer seu agro e exporta quando a lógica de mercado permite, um equilíbrio dinâmico que movimenta portos, indústrias e produtores ao longo de todo o ano.

Fonte: O Presente Rural
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Brasil e Japão avançam em tratativas para ampliar comércio agro

Reunião entre Mapa e MAFF reforça pedido de auditoria japonesa para habilitar exportações de carne bovina e aprofunda cooperação técnica entre os países.

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Foto: Percio Campos/Mapa

OMinistério da Agricultura e Pecuária (Mapa), representado pelo secretário de Comércio e Relações Internacionais, Luis Rua, realizou uma reunião bilateral com o vice-ministro internacional do Ministério da Agricultura, Pecuária e Florestas (MAFF), Osamu Kubota, para fortalecer a agenda comercial entre os países e aprofundar o diálogo sobre temas da relação bilateral.

No encontro, a delegação brasileira apresentou as principais prioridades do Brasil, incluindo temas regulatórios e iniciativas de cooperação, e reiterou o pedido para o agendamento da auditoria japonesa necessária para a abertura do mercado para exportação de carne bovina brasileira. O Mapa também destacou avanços recentes no diálogo e reforçou os pontos considerados estratégicos para ampliar o fluxo comercial e aprimorar mecanismos de parceria.

Os representantes japoneses compartilharam seus interesses e expectativas, demonstrando disposição para intensificar o diálogo técnico e buscar convergência nas agendas de interesse mútuo.

Fonte: Assessoria Mapa
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Bioinsumos colocam agro brasileiro na liderança da transição sustentável

Soluções biológicas reposicionam o agronegócio como força estratégica na agenda climática global.

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Fotos: Koppert Brasil

A sustentabilidade como a conhecemos já não é suficiente. A nova fronteira da produção agrícola tem nome e propósito: agricultura sustentável, um modelo que revitaliza o solo, amplia a biodiversidade e aumenta a captura de carbono. Em destaque nas discussões da COP30, o tema reposiciona o agronegócio como parte da solução, consolidando-se como uma das estratégias mais promissoras para recuperação de agro-ecossistemas, captura de carbono e mitigação das mudanças climáticas.

Thiago Castro, Gerente de P&D da Koppert Brasil participa de painel na AgriZone, durante a COP30: “A agricultura sustentável é, em sua essência, sobre restaurar a vida”

Atualmente, a agricultura e o uso da terra correspondem a 23% das emissões globais de gases do efeito, aproximadamente. Ao migrar para práticas sustentáveis, lavouras deixam de ser fontes de emissão e tornam-se sumidouros de carbono, “reservatórios” naturais que filtram o dióxido de carbono da atmosfera. “A agricultura sustentável é, em sua essência, sobre restaurar a vida. E não tem como falar em vida no solo sem falar em controle biológico”, afirma o PhD em Entomologia com ênfase em Controle Biológico, Thiago Castro.

Segudo ele, ao introduzir um inimigo natural para combater uma praga, devolvemos ao ecossistema uma peça que faltava. “Isso fortalece a teia biológica, melhora a estrutura do solo, aumenta a disponibilidade de nutrientes e reduz a necessidade de intervenções agressivas. É a própria natureza trabalhando a nosso favor”, ressalta.

As soluções biológicas para a agricultura incluem produtos à base de micro e macroorganismos e extratos vegetais, sendo biodefensivos (para controle de pragas e doenças), bioativadores (que auxiliam na nutrição e saúde das plantas) e bioestimulantes (que melhoram a disponibilidade de nutrientes no solo).

Maior mercado mundial de bioinsumos

O Brasil é protagonista nesse campo: cerca de 61% dos produtores fazem uso regular de insumos biológicos agrícolas, uma taxa quatro vezes maior que a média global. Para a safra de 2025/26, o setor projeta um crescimento de 13% na adoção dessas tecnologias.

A vespa Trichogramma galloi e o fungo Beauveria bassiana (Cepa Esalq PL 63) são exemplos de macro e microrganismos amplamente utilizados nas culturas de cana-de-açúcar, soja, milho e algodão, para o controle de lagartas e mosca-branca, respectivamente. Esses agentes atuam nas pragas sem afetar polinizadores e organismos benéficos para o ecossistema.

Os impactos do manejo biológico são mensuráveis: maior porosidade do solo, retenção de água e nutrientes, menor erosão; menor dependência de fertilizantes e inseticidas sintéticos, diminuição na resistência de pragas; equilíbrio ecológico e estabilidade produtiva.

Entre as práticas sustentáveis que já fazem parte da rotina do agro brasileiro estão o uso de inoculantes e fungos benéficos, a rotação de culturas, a integração lavoura-pecuária-floresta (ILPF) e o manejo biológico de pragas e doenças. Práticas que estimulam a vida no solo e o equilíbrio natural no campo. “Os produtores que adotam manejo biológico investem em seu maior ativo que é a terra”, salienta Castro, acrescentando: “O manejo biológico não é uma tendência, é uma necessidade do planeta, e a agricultura pode e deve ser o caminho para a regeneração ambiental, para esse equilíbrio que buscamos e precisamos”.

Fonte: Assessoria Koppert Brasil
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