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Mercados repercutem novas projeções para safras de trigo no Brasil e no mundo
Meteorologia indica possibilidade de clima mais frio sobre as lavouras de trigo nas próximas semanas

A meteorologia indica possibilidade de clima mais frio sobre as lavouras de trigo nas próximas semanas. Isso favorece a formação de geadas. Nas fases mais avançadas do desenvolvimento, as plantas ficam mais suscetíveis a danos pela intempérie. É o caso das lavouras do Paraná.
Na Argentina, assim como no Rio Grande do Sul, os percentuais de lavouras suscetíveis a perdas são pequenos. No país vizinho, os produtores se mantêm atentos ao clima que ainda segue seco, podendo afetar as produtividades, caso as condições não mudem no decorrer das próximas semanas. Conforme o analista de SAFRAS & Mercado, Jonathan Pinheiro, vale ressaltar, também, que as fases de evolução no Paraguai são equivalentes ao estado paranaense, podendo ter danos à cultura caso também sejam atingidas por geadas.
Conab e IBGE
A produção brasileira de trigo foi estimada em 6,832 milhões de toneladas pela Companhia Nacional do Abastecimento (Conab), 8,2% acima do projetado em julho. O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) projeta a safra nacional em 7,4 milhões de toneladas, 6% acima do mês passado. A região sul deve responder por 91% da safra brasileira, sendo 50% no Paraná e 38,8% no Rio Grande do Sul.
Paraná
O Departamento de Economia Rural (Deral), da Secretaria de Estado da Agricultura e do Abastecimento do Paraná, informou, em seu relatório semanal, as lavouras tiveram uma piora no quadro de desenvolvimento ao longo da semana. Nesse momento, 83% das lavouras de trigo do estado estão em boas condições, 14% em situação média e 3% em condições ruins. As lavouras se dividem entre as fases de crescimento vegetativo (29%), floração (30%), frutificação (33%) e maturação (8%).
O plantio da safra 2020 de trigo do estado foi estimado em 1,133 milhão de hectares, contra 1,028 milhão de hectares em 2019, alta de 10%.
A produção deve ficar em de 3,686 milhões de toneladas, 72% acima das 2,141 milhões de toneladas colhidas na temporada 2019. A produtividade média é estimada em 3.252 quilos por hectare, acima dos 2.205 quilos por hectare registrados na temporada 2019.
Rio Grande do Sul
As lavouras de trigo do Rio Grande do Sul têm ótimo desenvolvimento. Segundo boletim semanal da Emater/RS, 11% estão na fase de floração e 89% ainda estão em desenvolvimento vegetativo ou germinação. O desenvolvimento está 1 ponto percentual atrasado em relação à média dos últimos cinco anos. Em igual momento do ano passado, 12% das lavouras já estavam em floração.
Os dias secos, bastante ensolarados e com grande amplitude térmica, aliados às boas condições de umidade no solo, propiciaram ótimo desenvolvimento da cultura.
USDA
O Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) indicou uma alta nos estoques globais ao final de 2020/21 acima da esperada pelo mercado. Além disso, a projeção de consumo mundial de trigo nesta temporada foi reduzida. Nos Estados Unidos, houve aumento da expectativa de produção acima do previsto pelo mercado. Por outro lado, os estoques finais norte-americanos sofreram um corte significativo, enquanto o mercado projetava uma leve alta.
A safra mundial de trigo em 2020/21 é estimada em 766,03 milhões de toneladas, contra 769,31 milhões de toneladas em julho. Os estoques finais globais em 2020/21 foram estimados em 316,79 milhões de toneladas, acima das 314,84 milhões de toneladas estimadas no mês passado. O mercado esperava 313,5 milhões de toneladas. O consumo global em 2020/21 está estimado em 750,14 milhões de toneladas, contra 751,59 milhões de toneladas julho e 747,15 milhões de toneladas em 2019/20.
A safra 2020/21 do cereal nos Estados Unidos é estimada em 1,838 bilhão de bushels, contra 1,824 bilhão em julho. O mercado esperava 1,832 bilhão de bushels. Para a safra 2019/20, a produção estadunidense ficou em 1,92 bilhão de bushels. Os estoques finais do país em 2020/21 foram projetados em 925 milhões de bushels, contra 942 milhões em julho e 1,044 bilhão de bushels em 2019/20. O mercado esperava 946 milhões de bushels.

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Santa Catarina registra avanço simultâneo nas importações e exportações de milho em 2025
Volume importado sobe 31,5% e embarques aumentam 243%, refletindo demanda das cadeias produtivas e oportunidades geradas pela proximidade dos portos.

As importações de milho seguem em ritmo acelerado em Santa Catarina ao longo de 2025. De janeiro a outubro, o estado comprou mais de 349,1 mil toneladas, volume 31,5% superior ao do mesmo período do ano passado, segundo dados do Boletim Agropecuário de Santa Catarina, elaborado pela Epagri/Cepa com base no Comex Stat/MDIC. Em termos de valor, o milho importado movimentou US$ 59,74 milhões, alta de 23,5% frente ao acumulado de 2024. Toda a origem é atribuída ao Paraguai, principal fornecedor externo do cereal para o mercado catarinense.

Foto: Claudio Neves
A tendência de expansão no abastecimento externo se intensificou no segundo semestre. Em outubro, Santa Catarina importou mais de 63 mil toneladas, mantendo a curva ascendente registrada desde julho, quando os volumes mensais passaram consistentemente da casa das 50 mil toneladas. A Epagri/Cepa aponta que esse movimento deve avançar até novembro, período em que a demanda das agroindústrias de aves, suínos e bovinos segue aquecida.
Os dados mensais ilustram essa escalada. De outubro de 2024 a outubro de 2025, as importações variaram de mínimas próximas a 3,4 mil toneladas (março/25) a máximas superiores a 63 mil toneladas (setembro/25). Nesse intervalo, meses como junho, julho e agosto concentraram forte entrada do cereal, acompanhados de receitas que oscilaram entre US$ 7,4 milhões e US$ 11,2 milhões.
Exportações crescem apesar do déficit interno
Em um cenário aparentemente contraditório, o estado, que possui déficit anual estimado em 6 milhões de toneladas de milho para suprir seu grande parque agroindustrial, também ampliou as exportações do grão em 2025.
Até outubro, Santa Catarina embarcou 130,1 mil toneladas, um salto de 243,9% em relação ao mesmo período de 2024. O valor exportado também chamou atenção: US$ 30,71 milhões, alta de 282,33% na comparação anual.

Foto: Claudio Neves
Segundo a Epagri/Cepa, essa movimentação ocorre majoritariamente em regiões produtoras próximas aos portos catarinenses, onde os preços de exportação tornam-se mais competitivos que os do mercado interno, especialmente quando o câmbio favorece vendas externas ou quando há descompasso logístico entre oferta e demanda regional.
Essa dinâmica reforça um traço estrutural conhecido do agro catarinense: ao mesmo tempo em que é um dos maiores consumidores de milho do país, devido ao peso das cadeias de proteína animal, Santa Catarina não alcança autossuficiência e depende do cereal de outras regiões e países para abastecimento. A exportação pontual ocorre quando há excedentes regionais temporários, oportunidades comerciais ou vantagens logísticas.
Perspectivas
Com a entrada gradual da nova safra 2025/26 no estado e no Centro-Oeste brasileiro, a tendência é que os volumes importados se acomodem a partir do fim do ano. No entanto, o comportamento do câmbio, os preços internacionais e o resultado final da produção catarinense seguirão determinando a necessidade de compras externas — e, por outro lado, a competitividade das exportações.
Para a Epagri/Cepa, o quadro de 2025 reforça tanto a importância do milho como insumo estratégico para as cadeias de proteína animal quanto a vulnerabilidade decorrente da dependência externa e interestadual do cereal. Santa Catarina continua sendo um estado que importa para abastecer seu agro e exporta quando a lógica de mercado permite, um equilíbrio dinâmico que movimenta portos, indústrias e produtores ao longo de todo o ano.
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Brasil e Japão avançam em tratativas para ampliar comércio agro
Reunião entre Mapa e MAFF reforça pedido de auditoria japonesa para habilitar exportações de carne bovina e aprofunda cooperação técnica entre os países.

OMinistério da Agricultura e Pecuária (Mapa), representado pelo secretário de Comércio e Relações Internacionais, Luis Rua, realizou uma reunião bilateral com o vice-ministro internacional do Ministério da Agricultura, Pecuária e Florestas (MAFF), Osamu Kubota, para fortalecer a agenda comercial entre os países e aprofundar o diálogo sobre temas da relação bilateral.
No encontro, a delegação brasileira apresentou as principais prioridades do Brasil, incluindo temas regulatórios e iniciativas de cooperação, e reiterou o pedido para o agendamento da auditoria japonesa necessária para a abertura do mercado para exportação de carne bovina brasileira. O Mapa também destacou avanços recentes no diálogo e reforçou os pontos considerados estratégicos para ampliar o fluxo comercial e aprimorar mecanismos de parceria.
Os representantes japoneses compartilharam seus interesses e expectativas, demonstrando disposição para intensificar o diálogo técnico e buscar convergência nas agendas de interesse mútuo.
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Bioinsumos colocam agro brasileiro na liderança da transição sustentável
Soluções biológicas reposicionam o agronegócio como força estratégica na agenda climática global.

A sustentabilidade como a conhecemos já não é suficiente. A nova fronteira da produção agrícola tem nome e propósito: agricultura sustentável, um modelo que revitaliza o solo, amplia a biodiversidade e aumenta a captura de carbono. Em destaque nas discussões da COP30, o tema reposiciona o agronegócio como parte da solução, consolidando-se como uma das estratégias mais promissoras para recuperação de agro-ecossistemas, captura de carbono e mitigação das mudanças climáticas.

Thiago Castro, Gerente de P&D da Koppert Brasil participa de painel na AgriZone, durante a COP30: “A agricultura sustentável é, em sua essência, sobre restaurar a vida”
Atualmente, a agricultura e o uso da terra correspondem a 23% das emissões globais de gases do efeito, aproximadamente. Ao migrar para práticas sustentáveis, lavouras deixam de ser fontes de emissão e tornam-se sumidouros de carbono, “reservatórios” naturais que filtram o dióxido de carbono da atmosfera. “A agricultura sustentável é, em sua essência, sobre restaurar a vida. E não tem como falar em vida no solo sem falar em controle biológico”, afirma o PhD em Entomologia com ênfase em Controle Biológico, Thiago Castro.
Segudo ele, ao introduzir um inimigo natural para combater uma praga, devolvemos ao ecossistema uma peça que faltava. “Isso fortalece a teia biológica, melhora a estrutura do solo, aumenta a disponibilidade de nutrientes e reduz a necessidade de intervenções agressivas. É a própria natureza trabalhando a nosso favor”, ressalta.
As soluções biológicas para a agricultura incluem produtos à base de micro e macroorganismos e extratos vegetais, sendo biodefensivos (para controle de pragas e doenças), bioativadores (que auxiliam na nutrição e saúde das plantas) e bioestimulantes (que melhoram a disponibilidade de nutrientes no solo).
Maior mercado mundial de bioinsumos
O Brasil é protagonista nesse campo: cerca de 61% dos produtores fazem uso regular de insumos biológicos agrícolas, uma taxa quatro vezes maior que a média global. Para a safra de 2025/26, o setor projeta um crescimento de 13% na adoção dessas tecnologias.
A vespa Trichogramma galloi e o fungo Beauveria bassiana (Cepa Esalq PL 63) são exemplos de macro e microrganismos amplamente utilizados nas culturas de cana-de-açúcar, soja, milho e algodão, para o controle de lagartas e mosca-branca, respectivamente. Esses agentes atuam nas pragas sem afetar polinizadores e organismos benéficos para o ecossistema.
Os impactos do manejo biológico são mensuráveis: maior porosidade do solo, retenção de água e nutrientes, menor erosão; menor dependência de fertilizantes e inseticidas sintéticos, diminuição na resistência de pragas; equilíbrio ecológico e estabilidade produtiva.
Entre as práticas sustentáveis que já fazem parte da rotina do agro brasileiro estão o uso de inoculantes e fungos benéficos, a rotação de culturas, a integração lavoura-pecuária-floresta (ILPF) e o manejo biológico de pragas e doenças. Práticas que estimulam a vida no solo e o equilíbrio natural no campo. “Os produtores que adotam manejo biológico investem em seu maior ativo que é a terra”, salienta Castro, acrescentando: “O manejo biológico não é uma tendência, é uma necessidade do planeta, e a agricultura pode e deve ser o caminho para a regeneração ambiental, para esse equilíbrio que buscamos e precisamos”.



