Notícias 13° SBSS
Mercado suinícola: o que esperar e para onde vamos
Médico veterinário e gerente de Mercado Internacional da Aurora Alimentos, Dilvo Casagranda, falou sobre o assunto durante o 13° SBSS

Durante o 13° Simpósio Brasil Sul de Suinocultura (SBSS), que iniciou hoje (10) e segue até a quinta-feira (12), o médico veterinário e gerente de Mercado Internacional da Aurora Alimentos, Dilvo Casagranda, falou sobre o mercado externo: próximas tendências, países clientes potenciais e exigências destes países.
Ele comentou que na segunda década do século XXI, entre os anos de 2010 e 2019, o Brasil teve um crescimento de 27% na produção de carne suína. Porém, quando o assunto foi consumo per capita no país, o crescimento no mesmo período foi de apenas 8%. “As exportações, felizmente, foi onde ancorou o crescimento e deu vasão para a produção de carne suína, que teve um crescimento de 38% nessa década”, informa.
Durante os últimos anos o Brasil ainda tem acessado mercados importantes, como o Japão em 2013, os Estados Unidos em 2016 e a Coreia do Sul em 2018. “Mas isso sempre com limitação de número de plantas. Isso mudou com a abertura do mercado chinês, que permitiu que mais plantas pudessem exportar”, diz.
Porém, em 2018 a China foi atingida com força com a PSA. “50% da produção e consumo de carne suína no mundo é da China. Se este episódio sanitário acontecesse em um país com pouca relevância não seria impactante. Mas na China, que representa 50% da produção mundial e nas condições de produção, em que o país detinha 40% da suinocultura basicamente como criação de fundo de quintal, realmente não teria como controlar”, comenta.
Para agravar, menciona Casagranda, houve o episódio da Covid-19 que gerou um transtorno no mundo todo. “Faz dois a três anos que estamos vivenciando surpresas a cada momento”, diz.
Já a produção brasileira nesse período, de 2019 a 2020, cresceu 11% e a projeção para 2021 é que o país tenha mais 6% de crescimento. “Então o Brasil aproveitou uma oportunidade mercadológica para gerar crescimento significativo na produção que por uma década cresceu 27% e me dois anos estamos crescendo 17%”, afirma.
O que esperar
Segundo Casagranda, é preciso atenção ao novo modelo de produção da China. “Eles concluíram a fazenda vertical mais alta do mundo, que conta com 26 andares e começará a produzir em setembro desse ano. Algo que parecia absurdo há 20 anos hoje pode ser possível que a China produza suínos nesses edifícios”, afirma. A grande questão, para o profissional, é se isso é melhorar para o controle sanitário ou ainda trata dificuldades. “Fica o questionamento para os estudiosos em tema de sanidade. O resultado veremos na prática nos próximos anos”, afirma.
Outro detalhe mostrado pelo profissional foi que a China voltou a ter 45 milhões de matrizes. “Nessa nova forma de produção altamente tecnificada podemos dizer que eles irão sim produzir mais do que produziam há dois anos. Então temos esse fator que deve ser levado em consideração, porque o potencial de produção de carne suína na China é maior do que 55 milhões de toneladas”, diz.
Uma preocupação apontada por Casagranda é quanto as exportações brasileira. Segundo ele, o Brasil saiu da dependência russa e passou para a dependência chinesa. “Noventa e três países que exportamos são importantes, mas quando falamos em crescimento de volumes nós temos que começar a olhar para outros mercados. Na nossa pizza de mercado 53% vai para a China. Temos que aprender a exportar de forma mais proporcional”, afirma.
De acordo com Casagranda, é preciso definir como o país irá competir. “Não podemos deixar de aproveitar as oportunidades, mas estamos muito vulneráveis. Quando olhamos os maiores importadores mundiais de carne suína, como China, Japão, México, Coréia do Sul e EUA, nós somos praticamente insignificantes nesses mercados. Representamos menos de 1% para eles. Ao que está a árdua tarefa que temos pela frente: definir onde vamos competir”, comenta.
O profissional ainda destaca alguns aspectos que, para ele, são essenciais para a cadeia da carne suína. O primeiro deles são campanhas para melhorar o consumo doméstico. “E quando falo em campanha não é a ABCS, ABPA ou a indústria, é o setor. Precisamos fazer isso, porque se não vamos ficar mais 10 anos olhando o número de consumo 16 para 17 quilos por habitante ano no Brasil”, diz.
O segundo ponto são as negociações bilaterais para acesso a novos mercados. O terceiro é mudar o modelo mental da cadeia produtiva. “Temos que atender as especificidades e acessar grandes mercados que remuneram melhor, como Japão, Coreia do Sul, México e EUA”, ressalta.
Outro ponto é a competitividade. “Vamos ter que ganhar com a produtividade. Esses níveis de preço e custo vão se adequar e aí, o que vai se sobressair será a competitividade de cada um. E, felizmente, o Brasil é competitivo”, afirma.
O último ponto é a sanidade. “Temos que fazer o possível e o impossível para manter a nossa sanidade. Se fica difícil a situação mercadológica assim, imaginem com um problema sanitário. O custo dói, mas a sanidade mata”, conclui.

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Santa Catarina registra avanço simultâneo nas importações e exportações de milho em 2025
Volume importado sobe 31,5% e embarques aumentam 243%, refletindo demanda das cadeias produtivas e oportunidades geradas pela proximidade dos portos.

As importações de milho seguem em ritmo acelerado em Santa Catarina ao longo de 2025. De janeiro a outubro, o estado comprou mais de 349,1 mil toneladas, volume 31,5% superior ao do mesmo período do ano passado, segundo dados do Boletim Agropecuário de Santa Catarina, elaborado pela Epagri/Cepa com base no Comex Stat/MDIC. Em termos de valor, o milho importado movimentou US$ 59,74 milhões, alta de 23,5% frente ao acumulado de 2024. Toda a origem é atribuída ao Paraguai, principal fornecedor externo do cereal para o mercado catarinense.

Foto: Claudio Neves
A tendência de expansão no abastecimento externo se intensificou no segundo semestre. Em outubro, Santa Catarina importou mais de 63 mil toneladas, mantendo a curva ascendente registrada desde julho, quando os volumes mensais passaram consistentemente da casa das 50 mil toneladas. A Epagri/Cepa aponta que esse movimento deve avançar até novembro, período em que a demanda das agroindústrias de aves, suínos e bovinos segue aquecida.
Os dados mensais ilustram essa escalada. De outubro de 2024 a outubro de 2025, as importações variaram de mínimas próximas a 3,4 mil toneladas (março/25) a máximas superiores a 63 mil toneladas (setembro/25). Nesse intervalo, meses como junho, julho e agosto concentraram forte entrada do cereal, acompanhados de receitas que oscilaram entre US$ 7,4 milhões e US$ 11,2 milhões.
Exportações crescem apesar do déficit interno
Em um cenário aparentemente contraditório, o estado, que possui déficit anual estimado em 6 milhões de toneladas de milho para suprir seu grande parque agroindustrial, também ampliou as exportações do grão em 2025.
Até outubro, Santa Catarina embarcou 130,1 mil toneladas, um salto de 243,9% em relação ao mesmo período de 2024. O valor exportado também chamou atenção: US$ 30,71 milhões, alta de 282,33% na comparação anual.

Foto: Claudio Neves
Segundo a Epagri/Cepa, essa movimentação ocorre majoritariamente em regiões produtoras próximas aos portos catarinenses, onde os preços de exportação tornam-se mais competitivos que os do mercado interno, especialmente quando o câmbio favorece vendas externas ou quando há descompasso logístico entre oferta e demanda regional.
Essa dinâmica reforça um traço estrutural conhecido do agro catarinense: ao mesmo tempo em que é um dos maiores consumidores de milho do país, devido ao peso das cadeias de proteína animal, Santa Catarina não alcança autossuficiência e depende do cereal de outras regiões e países para abastecimento. A exportação pontual ocorre quando há excedentes regionais temporários, oportunidades comerciais ou vantagens logísticas.
Perspectivas
Com a entrada gradual da nova safra 2025/26 no estado e no Centro-Oeste brasileiro, a tendência é que os volumes importados se acomodem a partir do fim do ano. No entanto, o comportamento do câmbio, os preços internacionais e o resultado final da produção catarinense seguirão determinando a necessidade de compras externas — e, por outro lado, a competitividade das exportações.
Para a Epagri/Cepa, o quadro de 2025 reforça tanto a importância do milho como insumo estratégico para as cadeias de proteína animal quanto a vulnerabilidade decorrente da dependência externa e interestadual do cereal. Santa Catarina continua sendo um estado que importa para abastecer seu agro e exporta quando a lógica de mercado permite, um equilíbrio dinâmico que movimenta portos, indústrias e produtores ao longo de todo o ano.
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Brasil e Japão avançam em tratativas para ampliar comércio agro
Reunião entre Mapa e MAFF reforça pedido de auditoria japonesa para habilitar exportações de carne bovina e aprofunda cooperação técnica entre os países.

OMinistério da Agricultura e Pecuária (Mapa), representado pelo secretário de Comércio e Relações Internacionais, Luis Rua, realizou uma reunião bilateral com o vice-ministro internacional do Ministério da Agricultura, Pecuária e Florestas (MAFF), Osamu Kubota, para fortalecer a agenda comercial entre os países e aprofundar o diálogo sobre temas da relação bilateral.
No encontro, a delegação brasileira apresentou as principais prioridades do Brasil, incluindo temas regulatórios e iniciativas de cooperação, e reiterou o pedido para o agendamento da auditoria japonesa necessária para a abertura do mercado para exportação de carne bovina brasileira. O Mapa também destacou avanços recentes no diálogo e reforçou os pontos considerados estratégicos para ampliar o fluxo comercial e aprimorar mecanismos de parceria.
Os representantes japoneses compartilharam seus interesses e expectativas, demonstrando disposição para intensificar o diálogo técnico e buscar convergência nas agendas de interesse mútuo.
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Bioinsumos colocam agro brasileiro na liderança da transição sustentável
Soluções biológicas reposicionam o agronegócio como força estratégica na agenda climática global.

A sustentabilidade como a conhecemos já não é suficiente. A nova fronteira da produção agrícola tem nome e propósito: agricultura sustentável, um modelo que revitaliza o solo, amplia a biodiversidade e aumenta a captura de carbono. Em destaque nas discussões da COP30, o tema reposiciona o agronegócio como parte da solução, consolidando-se como uma das estratégias mais promissoras para recuperação de agro-ecossistemas, captura de carbono e mitigação das mudanças climáticas.

Thiago Castro, Gerente de P&D da Koppert Brasil participa de painel na AgriZone, durante a COP30: “A agricultura sustentável é, em sua essência, sobre restaurar a vida”
Atualmente, a agricultura e o uso da terra correspondem a 23% das emissões globais de gases do efeito, aproximadamente. Ao migrar para práticas sustentáveis, lavouras deixam de ser fontes de emissão e tornam-se sumidouros de carbono, “reservatórios” naturais que filtram o dióxido de carbono da atmosfera. “A agricultura sustentável é, em sua essência, sobre restaurar a vida. E não tem como falar em vida no solo sem falar em controle biológico”, afirma o PhD em Entomologia com ênfase em Controle Biológico, Thiago Castro.
Segudo ele, ao introduzir um inimigo natural para combater uma praga, devolvemos ao ecossistema uma peça que faltava. “Isso fortalece a teia biológica, melhora a estrutura do solo, aumenta a disponibilidade de nutrientes e reduz a necessidade de intervenções agressivas. É a própria natureza trabalhando a nosso favor”, ressalta.
As soluções biológicas para a agricultura incluem produtos à base de micro e macroorganismos e extratos vegetais, sendo biodefensivos (para controle de pragas e doenças), bioativadores (que auxiliam na nutrição e saúde das plantas) e bioestimulantes (que melhoram a disponibilidade de nutrientes no solo).
Maior mercado mundial de bioinsumos
O Brasil é protagonista nesse campo: cerca de 61% dos produtores fazem uso regular de insumos biológicos agrícolas, uma taxa quatro vezes maior que a média global. Para a safra de 2025/26, o setor projeta um crescimento de 13% na adoção dessas tecnologias.
A vespa Trichogramma galloi e o fungo Beauveria bassiana (Cepa Esalq PL 63) são exemplos de macro e microrganismos amplamente utilizados nas culturas de cana-de-açúcar, soja, milho e algodão, para o controle de lagartas e mosca-branca, respectivamente. Esses agentes atuam nas pragas sem afetar polinizadores e organismos benéficos para o ecossistema.
Os impactos do manejo biológico são mensuráveis: maior porosidade do solo, retenção de água e nutrientes, menor erosão; menor dependência de fertilizantes e inseticidas sintéticos, diminuição na resistência de pragas; equilíbrio ecológico e estabilidade produtiva.
Entre as práticas sustentáveis que já fazem parte da rotina do agro brasileiro estão o uso de inoculantes e fungos benéficos, a rotação de culturas, a integração lavoura-pecuária-floresta (ILPF) e o manejo biológico de pragas e doenças. Práticas que estimulam a vida no solo e o equilíbrio natural no campo. “Os produtores que adotam manejo biológico investem em seu maior ativo que é a terra”, salienta Castro, acrescentando: “O manejo biológico não é uma tendência, é uma necessidade do planeta, e a agricultura pode e deve ser o caminho para a regeneração ambiental, para esse equilíbrio que buscamos e precisamos”.



