Peixes
Mercado da tilápia mostra estabilidade com altas pontuais nas regiões produtoras
Entre 8 e 12 de dezembro, preços reagiram em Minas Gerais e nos Grandes Lagos, segundo o Cepea.

Os preços da tilápia apresentaram comportamento misto nas principais regiões produtoras do país na semana de 8 a 12 de dezembro, segundo levantamento do Cepea. Enquanto a maior parte das praças acompanhadas registrou valorização, o Oeste do Paraná foi a única região a apontar queda nas cotações.
Na região dos Grandes Lagos, a tilápia foi comercializada a R$ 9,23 por quilo, com alta semanal de 1,04%. Em Morada Nova de Minas (MG), o preço médio chegou a R$ 9,31/kg, avanço de 0,80% no período. Já no Norte do Paraná, a cotação alcançou R$ 10,10/kg, registrando elevação de 0,28% na semana.
No Triângulo Mineiro/Alto Paranaíba, os valores também subiram, com a tilápia negociada a R$ 9,44/kg, incremento semanal de 0,40%. Em sentido contrário, o Oeste do Paraná apresentou recuo de 0,28%, com o produto cotado a R$ 8,79 por quilo.
O levantamento do Cepea indica que, apesar de ajustes pontuais, o mercado mantém tendência de estabilidade com viés positivo na maioria das regiões acompanhadas, refletindo o equilíbrio entre oferta e demanda no período.

Peixes
Sistema integrado na piscicultura amplia produtividade e sustentabilidade no bioma amazônico
Pesquisa da Embrapa mostra que a criação conjunta de espécies é 25% mais produtiva que o modelo tradicional, com menor uso de terra e redução dos impactos ambientais.

Levantamento da Embrapa Pesca e Aquicultura (TO) revela que criação integrada de tambaqui (Colossoma macropomum) com curimba (Prochilodus lineatus) é uma opção mais sustentável de produção de proteína para o bioma amazônico. Além disso, é 25% mais produtiva do que a produção de tambaqui de forma isolada.
O estudo, publicado na revista Aquaculture, avaliou os impactos ambientais da aquicultura multitrófica integrada (AMTI) de tambaqui e curimba em comparação com a monocultura de tambaqui em viveiros usando a avaliação do ciclo de vida (ACV). A AMTI é um modelo ecológico de produção que cultiva diferentes espécies aquáticas no mesmo ambiente, imitando os ecossistemas naturais para reciclar nutrientes. Dessa forma, reduz o impacto ambiental, aumenta a sustentabilidade e a eficiência, e gera múltiplos produtos de valor a partir de uma mesma unidade produtiva, como parte de uma economia circular.

Fotos: Adriana Lima
Os resultados compararam também a piscicultura a outras atividades agrícolas. Em relação à pecuária bovina, para a produção de 1 kg de proteína, são necessários 434.88% a mais de terra do que a piscicultura de tambaqui. Já a avicultura necessita de 48.84%, e a suinocultura, de 72.09% a mais de espaço. “Com isso, verificamos que a aquicultura pode ser uma alternativa para a diminuição da pressão de abertura de novos espaços para a produção agropecuária no bioma amazônico”, constata a pesquisadora da Embrapa Pesca e Aquicultura Adriana Ferreira Lima (foto à direita).
Os dados confirmam um estudo publicado pela revista Nature Sustainability, em janeiro deste ano, que apontou vantagens da criação de peixes na região em comparação ao gado. A pesquisa foi conduzida por cientistas brasileiros e americanos.
Segundo Lima, comparativamente, avaliando os impactos ambientais da produção de tambaqui com outras atividades agropecuárias, o da aquicultura é muito menor. “Além da demanda por terra ser muito menor por terra, a atividade influi pouco na liberação de gases de efeito estufa. Sem dúvida, é uma solução mais sustentável para a produção de proteína no bioma amazônico”, atesta.
Por que a curimba?
De formato comprido, a curimba (foto acima) é menor do que o tambaqui e é comercializada com peso entre meio quilo e um quilo, em mercados locais do Pará e regiões ribeirinhas.
De acordo com a pesquisadora, a curimba foi escolhida por ser utilizada experimentalmente por alguns produtores e por ter um grande potencial produtivo. É hoje a segunda espécie de peixe mais exportada pelo Brasil.
Lima explica que a pesquisa considerou os fatores biológicos, ecológicos, econômicos e de mercado, além de levar em conta que a espécie já é produzida em várias regiões do País. “A curimba possui um perfil ecológico que complementa a função do tambaqui. A criação do tambaqui não sofre alterações com a inclusão da curimba, que é um peixe de fundo, responsável por consumir as sobras de ração e alimentos presentes no sedimento do fundo do viveiro”, complementa.
Outra vantagem da curimba é que ela é uma espécie que o produtor pode aceitar sem medo de ter prejuízos com a produção integrada de tambaqui, uma vez que não afeta em nada o crescimento e o rendimento do peixe amazônico mais exportado pelo Brasil.
A importância da pesquisa
A pesquisa trouxe informações fundamentais e inéditas para esse modelo integrado de criação, já adotado por alguns produtores. Até então, a criação conjunta de curimba e tambaqui era vista apenas como um recurso para melhorar a qualidade da água, pois a curimba é uma espécie que se alimenta no fundo do viveiro.
“Enquanto em países como China e índia, o cultivo de espécies de forma integrada é um padrão bastante comum, no Brasil há poucas iniciativas por falta de dados a respeito. O estudo agrega informações científicas a essa prática, esclarecendo dúvidas mais comuns dos produtores, como: por exemplo, se a inserção da curimba atrapalha ou não o crescimento do tambaqui; se é necessário aumentar a quantidade de ração para a criação de duas espécies, e qual a quantidade de curimba se deve colocar no viveiro”, observa a pesquisadora.
O estudo revelou que a curimba se desenvolveu com a mesma quantidade de ração destinada ao monocultivo do tambaqui e que não prejudica em nada o crescimento da espécie amazônica. Ao contrário: com a mesma quantidade de ração, o viveiro produziu 25% a mais de proteína por hectare, por conta da adição da nova metodologia, promovendo incremento econômico para o produtor.
Outra vantagem é que o manejo combinado das duas espécies é semelhante ao monocultivo do tambaqui, quando os alevinos de ambas as espécies têm o mesmo tamanho. Com quantidade equivalente de ração, o tambaqui e a curimba se desenvolvem normalmente, sem que uma espécie prejudique a outra.
“Nessa pesquisa colocamos aproximadamente metade de alevinos de curimba e metade de tambaqui. Com essa proporção, a curimba atingiu 200g, enquanto o ideal é chegar aos 500g. O tambaqui chegou a 1.8kg, que é o peso de comercialização no Tocantins e em outros estados da Região Norte, exceto Manaus e Rondônia”, detalha Lima.
Para pequenos produtores, a diferença de crescimento das espécies não é empecilho para a produção integrada, já que as espécies têm tamanhos de comercialização distintos. Além disso, é possível realizar a despesca do tambaqui e aguardar que a curimba atinja o peso mínimo para a comercialização.
Integração é melhor do que monocultivo

O estudo também identificou que, quando o cultivo do tambaqui é integrado com o da curimba, o impacto ambiental é reduzido. Enquanto no monocultivo do peixe amazônico é gerada a liberação de 4.2 7kg de gás carbônico por quilo de peixe, com o cultivo integrado do curimba esse valor cai para 3.9 kg. A integração também promove 17% de redução na ocupação do uso da terra, 12% na acidificação, 38.57% na dependência de água, 13.30% na demanda de energia, 21% na eutrofização da água doce e 9% no impacto na mitigação das mudanças climáticas em comparação com a monocultivo de tambaqui.
O cultivo integrado também melhorou a taxa de conversão alimentar e a recuperação de nutrientes ー fatores-chave que impulsionam a redução dos impactos ambientais. “Esses resultados destacam o sistema AMTI como uma alternativa mais sustentável à monocultura convencional de tambaqui”, enfatiza a pesquisadora.
Colunistas
Piscicultura brasileira fecha 2025 sob pressão externa e ajustes estratégicos
Tarifas dos EUA, preços firmes no mercado interno e avanços sanitários marcaram o ano da tilápia e reforçaram a necessidade de diversificar mercados e fortalecer a competitividade do setor.

2025 trouxe uma combinação inédita de desafios para a piscicultura brasileira: mudanças bruscas no comércio internacional, dinâmica interna de preços que surpreendeu o mercado, avanços sanitários impulsionados por necessidades e urgência de diversificar destinos da nossa produção.
Foi um ano intenso, que exigiu adaptação rápida, reposicionamento estratégico e visão mais ampla sobre o papel do Brasil nesse setor em expansão. A produção de tilápia, especificamente, entrou em 2025 com altas expectativas e o encerra com aprendizados que devem moldar o ritmo de crescimento no futuro próximo.

Juliano Kubitza, diretor da Fider Pescados
Entre esses desafios, a virada mais expressiva veio, evidentemente, das tarifas impostas pelos Estados Unidos. O salto de cerca de 10% para 50% nas taxas de importação alterou a rota natural de expansão brasileira no país que tem demanda elevada, produção interna insuficiente e alto poder de compra. O impacto foi imediato: a participação do Brasil caiu de aproximadamente 5% para perto de 3% no total das importações norte-americanas. Essa reação reforçou a necessidade de rever a estratégia, colocando a diversificação novamente no centro da agenda da cadeia produtiva.
Para além dos EUA, o setor precisou revisitar seu mapa de oportunidades globais. A análise dos mercados evidenciou que cada destino oferece limites e possibilidades distintas – e que, nenhum deles, isoladamente, substitui o potencial norte-americano. A China, por exemplo, apesar de ser um dos maiores consumidores mundiais de pescado, é autossuficiente e mantém barreiras práticas para importadores. Já o Canadá, mesmo com elevado poder aquisitivo, apresenta hábitos de consumo mais restritos. Diante desse quadro, a União Europeia surge como alternativa mais promissora, enquanto a prospecção de novos mercados se torna essencial para sustentar o ritmo de crescimento da produção brasileira.
No mercado interno, os efeitos também foram diferentes do esperado. Em vez de queda, os preços seguiram em alta, mesmo diante de um fluxo menor de exportações. Segundo o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), vinculado à Universidade de São Paulo (USP), a tilápia fechou novembro a R$ 9,29 o quilo, acima dos R$ 8,02/kg registrados logo após o anúncio das tarifas e dos R$ 7,75/kg do fim de 2024. Isso mostra que a oferta não é grande o suficiente para provocar desvalorização significativa, reforçando que o Brasil está apenas começando sua trajetória como produtor e exportador relevante.
Ao mesmo tempo, 2025 estimulou avanços importantes na área sanitária: práticas de biosseguridade mais robustas, fortalecimento dos protocolos de imunidade, uso crescente de vacinas e de nutracêuticos e investimentos em manejo preventivo. A maturidade sanitária deixou de ser tendência e passou a ser pilar estratégico para sustentação de produtividade e competitividade.
Nesse cenário, as empresas brasileiras têm se reorganizado para enfrentar um ambiente mais complexo e exigente. A Fider, maior produtora e processadora de tilápia do Estado de São Paulo e uma das maiores do Brasil, é um exemplo desse movimento, reforçando inovação, rigor sanitário e busca por novos mercados como caminhos para atravessar o período e se posicionar bem para as oportunidades que virão. Fechamos o ano mais consciente dos riscos, mais atentos às mudanças globais e, sobretudo, mais preparados para construir um futuro mais sólido e diverso para a piscicultura nacional.
Peixes Em Pindamonhangaba
O bê-á-bá da Aquicultura leva manejo, diversificação e prática ao produtor paulista
Evento reúne pesquisadores, produtores e estudantes para discutir manejo, diversificação de espécies e tecnologias aplicadas à aquicultura, com palestras técnicas e visita de campo.

A Apta Regional de Pindamonhangaba – Setor de Aquicultura realiza na sexta-feira (19) o evento “O bê-á-bá da Aquicultura”, iniciativa voltada à capacitação técnica de aquicultores, estudantes, profissionais do setor e demais interessados. O encontro começa às 08 horas, na sede da unidade, em Pindamonhangaba, no interior paulista, e combina atividades teóricas e práticas ao longo do dia.
A programação foi estruturada para apresentar fundamentos e experiências aplicadas a diferentes sistemas produtivos da aquicultura, com foco em espécies de relevância econômica e alternativas de diversificação. Entre os temas abordados estão a tilapicultura, a criação de camarões de água doce, a lambaricultura e a ranicultura, além de técnicas específicas voltadas ao aumento da produtividade.
A abertura técnica será conduzida pelo pesquisador científico da Apta Regional de Pindamonhangaba, Sergio Henrique Schalch, que apresentará a palestra “Tilapicultura: manejos básicos”, com orientações práticas sobre o cultivo da espécie mais produzida no país. Em seguida, às 08h50, o pesquisador do Instituto de Pesca (IP-Apta), Hélcio Luis de Almeida Marques, de Pirassununga, abordará a “Criação de camarões de água doce”, destacando técnicas e experiências consolidadas no setor.
Na sequência, às 09h20, a pesquisadora científica da Apta Regional de Pariquera-Açu, Camila Fernandes Corrêa, tratará da “Lambaricultura em viveiros escavados”, sistema considerado estratégico para pequenos produtores e projetos de diversificação produtiva. Após um breve intervalo, a programação retorna às 10 horas com a palestra “Noções básicas de ranicultura”, apresentada por Adriana Sacioto Marcantonio, da Apta Regional de Pindamonhangaba.
s 10h30, o agente de apoio à pesquisa científica e tecnológica da mesma unidade, João Simões Paiva Neto, encerrará a etapa de palestras com o tema “Reversão sexual de tilápias”, técnica amplamente utilizada para padronização de lotes e ganhos de eficiência produtiva.
No período da tarde, a partir das 14 horas, os participantes participarão de uma visita técnica guiada ao Setor de Aquicultura da Apta Regional de Pindamonhangaba. A atividade inclui acompanhamento das instalações, troca de experiências com os pesquisadores e um bate-papo técnico que se estende até as 16h, encerrando a programação.



