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Mercado da proteína animal é promissor, afirma Ricardo Santin
Presidente da ABPA apresentou números e tendências do setor em webinar promovido nesta sexta-feira pela Mercoagro

A pandemia fez o mundo pensar melhor na sua alimentação e qualidade dos alimentos. O Brasil não só conseguiu manter, mas aumentou sua produção e não parou durante esse período, com o setor e todos que nele trabalham dando o seu melhor para não faltar alimentos. A afirmação é do presidente da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), Ricardo Santin, que palestrou sobre o mercado mundial da carne em webinar promovido nesta sexta-feira (16) pela Feira Internacional de Negócios, Processamento e Industrialização da Carne (Mercoagro) – promovida pela Associação Comercial e Industrial de Chapecó (ACIC), com patrocínio da Aurora Alimentos, BRDE, Unimed Chapecó e Sicredi e apoio das principais entidades da proteína animal do Brasil.
O Brasil é o terceiro maior produtor mundial de carne de frango (13,246 milhões de toneladas, 13,4% da produção mundial), e o primeiro exportador mundial (4,21 milhões de toneladas, 35% das exportações mundiais). O País é o quarto maior produtor mundial de suínos (3,983 milhões de toneladas, 3,9% da produção mundial) e o quarto maior exportador mundial (750 mil toneladas, 8% das exportações mundiais).
O setor gera um Produto Interno Bruto (PIB) de R$ 80 bilhões e 4,1 milhões de empregos, sendo 500 mil trabalhadores em chão de fábrica. “É um número que estou começando a usar agora que é orgulho para um município como Chapecó e região de abrangência da Mercoagro e para nós do setor de avicultura e suinocultura”, frisou Santin, ao acrescentar que o Brasil está bem posicionado tanto na produção, quanto no aumento dela. “Em 2026/2027 o Brasil precisa produzir 41% a mais de alimentos”.
Neste ano, a projeção é que a produção de carne de frango cresça entre 3% e 4%, chegando a 13,8 milhões de toneladas, e que a exportação tenha elevação de 3% a 5%, passando a 4,450 milhões de toneladas. Para a carne suína a projeção é de aumento entre 4% e 6,5%, com 4,250 milhões de toneladas, e exportação de 950 a 1000 toneladas, de 27% a 33% a mais.
CENÁRIO MUNDIAL
Santin ressaltou que as projeções para as proteínas brasileiras são positivas, mas o crescimento deve ser conforme a demanda. “Esses períodos são ideais para fazer investimentos e ganhar competitividade”. A Ásia é uma região com crescente demanda por proteína animal brasileira. Só na China, a produção teve queda de 21% – equivalente a 11,4 milhões de toneladas – devido os focos de peste suína africana (PSA). A produção passou de 54 milhões de toneladas em 2018 para 42 milhões em 2019 e deve ser de 36 milhões neste ano.
A recuperação chinesa da produção de carne suína em níveis pré-PSA (54 milhões de toneladas) está prevista somente para 2025. “Porém, permanecendo os níveis de consumo per capita de 2018, com o aumento populacional e mais pessoas na linha de consumo, em 2025 a produção do país precisaria alcançar 56 milhões de toneladas. De acordo com o Conselho do Estado Chinês, a China tem como meta atingir 95% de autossuficiência em carne suína. Considerando uma demanda de 56 milhões de toneladas em 2025, o país ainda precisará importar um volume de 5%, ou seja, cerca de 2,8 milhões de toneladas”, relatou Santin.
A peste suína africana impulsionou as exportações brasileiras, mas trouxe um alerta. “Nós temos que ter muito cuidado com a sanidade, que é o nosso tesouro”, enfatizou Santin.
CONSUMO
De acordo com o presidente da ABPA, o consumo de proteína animal ainda será uma forte opção no cenário pós-covid. No entanto, com preços mais elevados, as carnes vermelhas tendem a ser mais afetadas. “Em uma conjuntura econômica sensível, mesmo os consumidores mais ávidos podem estar dispostos a migrar de proteína, optando pelas carnes de aves e suína”.
Além disso, Santin enfatizou que a pandemia despertou ainda mais o interesse e a preocupação dos consumidores no modo de produção dos alimentos, especialmente de origem animal. “A confiança na produção, assegurando qualidade e nutrição será diferencial para os consumidores. Temas como o bem-estar animal e a sustentabilidade também serão de maior atenção no futuro”. Para as empresas produtoras, Santin ressaltou a importância de ter uma boa produtividade, integração da cadeia produtiva, segmentação e customização.
A necessidade de proteína animal em 2050 será de 455 milhões de toneladas, ou seja, 197 milhões a mais que em 2007. Para atender o mercado consumidor, será necessário aumentar a produção de alimentos em 70%. Aliado ao crescimento populacional, vem a mudança no perfil do consumidor, com o envelhecimento da população. No mundo, eram 901 milhões de idosos em 2015, com previsão de 1,5 bilhão em 2030 e 2 bilhões em 2050. No Brasil, atualmente são 29,3 milhões de idosos e a previsão para 2050 é de 66,5 milhões. “Isso exigirá produtos mais funcionais e nutricionais”, assinalou Santin.
O presidente da ABPA concluiu dizendo que o mundo não deve ter fronteiras para os alimentos. Porém, são necessários quatro fatores fundamentais para a produção: é preciso ter potencial de produção de biomassa, disponibilidade de água, de grãos de terra. “De todos os lugares, esses quatro elementos só existem, juntos, no Brasil e no continente latino americano. Eu acrescento ainda a sustentabilidade. Produzimos com sustentabilidade, o nosso código Florestal é um dos mais rigorosos do mundo. Nós temos muito futuro, acredito nas nossas proteínas. O que nós fazemos é produzir comida para nós, para os brasileiros e para o mundo. Isso ajuda a promover a paz e a saúde das pessoas”, finalizou Santin.

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Santa Catarina registra avanço simultâneo nas importações e exportações de milho em 2025
Volume importado sobe 31,5% e embarques aumentam 243%, refletindo demanda das cadeias produtivas e oportunidades geradas pela proximidade dos portos.

As importações de milho seguem em ritmo acelerado em Santa Catarina ao longo de 2025. De janeiro a outubro, o estado comprou mais de 349,1 mil toneladas, volume 31,5% superior ao do mesmo período do ano passado, segundo dados do Boletim Agropecuário de Santa Catarina, elaborado pela Epagri/Cepa com base no Comex Stat/MDIC. Em termos de valor, o milho importado movimentou US$ 59,74 milhões, alta de 23,5% frente ao acumulado de 2024. Toda a origem é atribuída ao Paraguai, principal fornecedor externo do cereal para o mercado catarinense.

Foto: Claudio Neves
A tendência de expansão no abastecimento externo se intensificou no segundo semestre. Em outubro, Santa Catarina importou mais de 63 mil toneladas, mantendo a curva ascendente registrada desde julho, quando os volumes mensais passaram consistentemente da casa das 50 mil toneladas. A Epagri/Cepa aponta que esse movimento deve avançar até novembro, período em que a demanda das agroindústrias de aves, suínos e bovinos segue aquecida.
Os dados mensais ilustram essa escalada. De outubro de 2024 a outubro de 2025, as importações variaram de mínimas próximas a 3,4 mil toneladas (março/25) a máximas superiores a 63 mil toneladas (setembro/25). Nesse intervalo, meses como junho, julho e agosto concentraram forte entrada do cereal, acompanhados de receitas que oscilaram entre US$ 7,4 milhões e US$ 11,2 milhões.
Exportações crescem apesar do déficit interno
Em um cenário aparentemente contraditório, o estado, que possui déficit anual estimado em 6 milhões de toneladas de milho para suprir seu grande parque agroindustrial, também ampliou as exportações do grão em 2025.
Até outubro, Santa Catarina embarcou 130,1 mil toneladas, um salto de 243,9% em relação ao mesmo período de 2024. O valor exportado também chamou atenção: US$ 30,71 milhões, alta de 282,33% na comparação anual.

Foto: Claudio Neves
Segundo a Epagri/Cepa, essa movimentação ocorre majoritariamente em regiões produtoras próximas aos portos catarinenses, onde os preços de exportação tornam-se mais competitivos que os do mercado interno, especialmente quando o câmbio favorece vendas externas ou quando há descompasso logístico entre oferta e demanda regional.
Essa dinâmica reforça um traço estrutural conhecido do agro catarinense: ao mesmo tempo em que é um dos maiores consumidores de milho do país, devido ao peso das cadeias de proteína animal, Santa Catarina não alcança autossuficiência e depende do cereal de outras regiões e países para abastecimento. A exportação pontual ocorre quando há excedentes regionais temporários, oportunidades comerciais ou vantagens logísticas.
Perspectivas
Com a entrada gradual da nova safra 2025/26 no estado e no Centro-Oeste brasileiro, a tendência é que os volumes importados se acomodem a partir do fim do ano. No entanto, o comportamento do câmbio, os preços internacionais e o resultado final da produção catarinense seguirão determinando a necessidade de compras externas — e, por outro lado, a competitividade das exportações.
Para a Epagri/Cepa, o quadro de 2025 reforça tanto a importância do milho como insumo estratégico para as cadeias de proteína animal quanto a vulnerabilidade decorrente da dependência externa e interestadual do cereal. Santa Catarina continua sendo um estado que importa para abastecer seu agro e exporta quando a lógica de mercado permite, um equilíbrio dinâmico que movimenta portos, indústrias e produtores ao longo de todo o ano.
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Brasil e Japão avançam em tratativas para ampliar comércio agro
Reunião entre Mapa e MAFF reforça pedido de auditoria japonesa para habilitar exportações de carne bovina e aprofunda cooperação técnica entre os países.

OMinistério da Agricultura e Pecuária (Mapa), representado pelo secretário de Comércio e Relações Internacionais, Luis Rua, realizou uma reunião bilateral com o vice-ministro internacional do Ministério da Agricultura, Pecuária e Florestas (MAFF), Osamu Kubota, para fortalecer a agenda comercial entre os países e aprofundar o diálogo sobre temas da relação bilateral.
No encontro, a delegação brasileira apresentou as principais prioridades do Brasil, incluindo temas regulatórios e iniciativas de cooperação, e reiterou o pedido para o agendamento da auditoria japonesa necessária para a abertura do mercado para exportação de carne bovina brasileira. O Mapa também destacou avanços recentes no diálogo e reforçou os pontos considerados estratégicos para ampliar o fluxo comercial e aprimorar mecanismos de parceria.
Os representantes japoneses compartilharam seus interesses e expectativas, demonstrando disposição para intensificar o diálogo técnico e buscar convergência nas agendas de interesse mútuo.
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Bioinsumos colocam agro brasileiro na liderança da transição sustentável
Soluções biológicas reposicionam o agronegócio como força estratégica na agenda climática global.

A sustentabilidade como a conhecemos já não é suficiente. A nova fronteira da produção agrícola tem nome e propósito: agricultura sustentável, um modelo que revitaliza o solo, amplia a biodiversidade e aumenta a captura de carbono. Em destaque nas discussões da COP30, o tema reposiciona o agronegócio como parte da solução, consolidando-se como uma das estratégias mais promissoras para recuperação de agro-ecossistemas, captura de carbono e mitigação das mudanças climáticas.

Thiago Castro, Gerente de P&D da Koppert Brasil participa de painel na AgriZone, durante a COP30: “A agricultura sustentável é, em sua essência, sobre restaurar a vida”
Atualmente, a agricultura e o uso da terra correspondem a 23% das emissões globais de gases do efeito, aproximadamente. Ao migrar para práticas sustentáveis, lavouras deixam de ser fontes de emissão e tornam-se sumidouros de carbono, “reservatórios” naturais que filtram o dióxido de carbono da atmosfera. “A agricultura sustentável é, em sua essência, sobre restaurar a vida. E não tem como falar em vida no solo sem falar em controle biológico”, afirma o PhD em Entomologia com ênfase em Controle Biológico, Thiago Castro.
Segudo ele, ao introduzir um inimigo natural para combater uma praga, devolvemos ao ecossistema uma peça que faltava. “Isso fortalece a teia biológica, melhora a estrutura do solo, aumenta a disponibilidade de nutrientes e reduz a necessidade de intervenções agressivas. É a própria natureza trabalhando a nosso favor”, ressalta.
As soluções biológicas para a agricultura incluem produtos à base de micro e macroorganismos e extratos vegetais, sendo biodefensivos (para controle de pragas e doenças), bioativadores (que auxiliam na nutrição e saúde das plantas) e bioestimulantes (que melhoram a disponibilidade de nutrientes no solo).
Maior mercado mundial de bioinsumos
O Brasil é protagonista nesse campo: cerca de 61% dos produtores fazem uso regular de insumos biológicos agrícolas, uma taxa quatro vezes maior que a média global. Para a safra de 2025/26, o setor projeta um crescimento de 13% na adoção dessas tecnologias.
A vespa Trichogramma galloi e o fungo Beauveria bassiana (Cepa Esalq PL 63) são exemplos de macro e microrganismos amplamente utilizados nas culturas de cana-de-açúcar, soja, milho e algodão, para o controle de lagartas e mosca-branca, respectivamente. Esses agentes atuam nas pragas sem afetar polinizadores e organismos benéficos para o ecossistema.
Os impactos do manejo biológico são mensuráveis: maior porosidade do solo, retenção de água e nutrientes, menor erosão; menor dependência de fertilizantes e inseticidas sintéticos, diminuição na resistência de pragas; equilíbrio ecológico e estabilidade produtiva.
Entre as práticas sustentáveis que já fazem parte da rotina do agro brasileiro estão o uso de inoculantes e fungos benéficos, a rotação de culturas, a integração lavoura-pecuária-floresta (ILPF) e o manejo biológico de pragas e doenças. Práticas que estimulam a vida no solo e o equilíbrio natural no campo. “Os produtores que adotam manejo biológico investem em seu maior ativo que é a terra”, salienta Castro, acrescentando: “O manejo biológico não é uma tendência, é uma necessidade do planeta, e a agricultura pode e deve ser o caminho para a regeneração ambiental, para esse equilíbrio que buscamos e precisamos”.



