Bovinos / Grãos / Máquinas
Melhorar práticas nutricionais durante a gestação garantem múltiplos benefícios aos bezerros, afirma pesquisador
O princípio básico para cuidar bem da nutrição de uma vaca durante a gestação parte do conceito de programação fetal, principal norteador para melhorar os cuidados do animal no período gestacional, principalmente quando se trata de matriz de corte, a qual é justamente a unidade produtora dos recursos animais usados para produzir carne bovina – que começa na forma de um bezerro.
“O que essas matrizes vivem ao longo do processo de produção desses bezerros afeta como esses animais vão suportar todo o ambiente em que estão inseridos e dentro desta abordagem é que está sustentada o conceito de programação fetal, que diz que um indivíduo pode sofrer alterações do seu genótipo durante a fase fetal, cujos efeitos persistem ao longo de toda a vida. Pensando em gado de corte, isso traz impactos significativos na eficiência desse animal ao longo do ciclo produtivo e na qualidade do produto que ele produz”, afirmou o pesquisador e professor da Universidade Federal de Lavras (UFLA/SP), Mateus Pies Gionbelli, em palestra sobre “Suplementação energética e proteica com foco na longevidade da matriz gestante – com foco na matriz” durante a 32ª Reunião Anual do Colégio Brasileiro de Nutrição Animal (CBNA), promovida de forma online no mês de novembro.
Em todas as etapas da gestação há fatores importantes que acontecem na formação do bezerro. Gionbelli explica que o primeiro terço da gestação está focado na diferenciação celular para formação dos órgãos internos e na construção do corpo do animal. “No terço inicial há uma série de desenvolvimentos relacionados a diferenciação celular que vai afetar processos de formação dos tecidos que compõem a carcaça, basicamente ossos, músculos, gordura e outros tecidos que ajudam e dão sustentação, mas do ponto de vista de programação fetal é uma fase que temos pouco poder de programação fetal, por ser uma fase de altíssima diferenciação celular, fazendo com que ela se proteja do meio externo, uma vez que alterações nessa fase podem produzir animais não viáveis ou incapazes de cumprir o ciclo da vida”, discorre.
No segundo terço da gestação ocorre a miogênese secundária, com a formação de cerca de 95% do quantitativo de células dos músculos do animal, promovendo o desenvolvimento para diferenciação de células para a linhagem adipogênica, a qual vai formar o potencial de deposição de gordura do animal. E no último terço de gestação acontece uma diferenciação maior de tecidos na fase final da miogênese secundária e o processo de hipertrofia do tecido muscular, direcionando o crescimento do bezerro. “Os efeitos do que é feito com a vaca nestas diferentes etapas da gestação tem resultados que aparecem a longo prazo”, menciona Gionbelli.
A construção de uma carcaça bovina ao longo da gestação é dividida em duas fases: pré-natal – que engloba a concepção até seu nascimento – e a pós-natal – vida do animal até atingir o peso de abate. “Muitas vezes nos concentramos apenas na fase pós-natal, que é quando o vemos, mas antes do animal nascer acontecem muitas coisas importantes. Na fase pré-natal os nutrientes ou a falta deles podem impactar a expressão do potencial genético na formação dos tecidos desse animal, porque nessa fase formam todas as células de músculo e isso acontece com cerca de 60% das células de gordura também, com destaque para as células de gordura intramuscular que vão ter um papel importante na qualidade da carne por meio do marmoreio. Por outro lado, após o animal nascer tem o efeito do ambiente inibindo ou estimulando a construção de produtos”, pontua o pesquisador.
Dependência ambiental materna de um bezerro
Durante as fases neonatal e lactante o animal é 100% dependente da nutrição materna, dependência essa que encerra após a desmama do bezerro. “Durante o processo de expressão do genótipo para formação dos tecidos que vão definir a eficiência e a qualidade da carcaça produzida, um animal é mais de 90% dependente da mãe. O desempenho final do animal para abate é dependente do que acontece na fase inicial da vida do bezerro, então cuidar bem da vaca é também cuidar bem dos bezerros”, salienta o professor da UFLA/SP.
Vaca nunca tira férias
Dentro do ciclo produtivo, as matrizes das vacas de corte estão sempre realizando alguma atividade fisiológica extremamente importante. Elas podem estar ao mesmo tempo com lactação e gestação, ou seja, nutrem um bezerro no mesmo período em que também providenciam o crescimento e a formação de outro bezerro dentro do útero; ou essa vaca pode estar com lactação, mas está numa fase de preparação das suas estruturas reprodutivas para poder encarar uma nova gestação na monta seguinte. “Vamos sempre ter dentro do ciclo de produção eficiente uma vaca fazendo alguma coisa importante do ponto de vista fisiológico, ou seja, sem oportunidade de tirar férias e descansar, por isso é importante entender que a vaca merece bom cuidado ao longo de toda a sua vida”, enfatiza Gionbelli.
Conceito de metabolismo de vacas durante a homeorrese
O que muda essencialmente no metabolismo das vacas é o uso de energia que sustenta a gestação, principalmente no último terço do período gestacional, a qual provém em torno de 35 a 40% de lactato e glicose, 55% de aminoácidos (não são oxidados para gerar energia), e entre 5 a 10% de acetato e AG de cadeia longa. “Para uma vaca sustentar a gestação gerando energia por meio da mobilização de gordura é extremamente complexo, ela não é eficiente para fazer isso, o que uma vaca faz quando está nutricionalmente restrita, principalmente na mobilização de tecido muscular corporal, usa os aminoácidos para fazer o glicogênio no fígado para sustentar com glicose a gestação”, explica Gionbelli.
Conforme o profissional, um estudo mostra que em fêmeas ruminantes com boa nutrição, ou seja, que recebem entre 110 e 140% das suas exigências nutricionais de proteína e energia, mais de 80% da proteína digerida no intestino vai para o útero grávido. Por outro lado, em outro trabalho revela que uma condição insuficiente de proteína (abaixo de 100% das exigências) apresenta uma situação de mobilização de proteína na carcaça materna.
Quanto custo um bezerro?
Para que você, leitor e leitora do O Presente Rural, entenda quanto vale cuidar bem de uma vaca de corte vamos mostrar o que uma vaca gasta para poder fazer um bezerro em moeda energética.
“Entre emprenhar e o bezerro nascer, o que uma vaca gasta de energia e proteína metabolizada é o equivalente a quantidade que podem ser usadas para fazer sete arrobas de carcaça de boi gordo, ou seja, convertido em reais fica em torno de R$ 1.820,00. E para desmamar um bezerro uma vaca gasta, entre a mantença do animal e o que precisa para gestar e fornecer leite para o bezerro, equivalente em energia e proteína metabolizada o suficiente para fazer 18 arrobas de carcaça em boi gordo, que convertido o custo totaliza R$ 4.680,00”, detalha Gionbelli.
No entanto, o preço do bezerro não chega nesse valor, então por que deste custo? Gionbelli diz que é neste momento que a vaca de corte desempenha um papel fundamental, extraindo tanto energia como proteína metabolizada de alimentos de baixa qualidade. “Do ponto de vista nutricional, as vacas operam quase um milagre para poder produzir um bezerro e manter a nossa pecuária funcionando, com um custo relativamente baixo ao ser comparado com outras categorias”, afirma.
Ganho de peso durante a gestação
Gionbelli expõe que se a vaca no dia da prenhez estiver com 480kg e até o dia do parto manter o peso na balança isso significa que o animal perdeu uma quantidade muito grande de peso. “Para um bezerro de 32kg, não significa que a vaca trocou apenas 32 kg de tecido materno por tecido de bezerro, até porque o bezerro representa aproximadamente 60% do peso da gestação, os outros 40% são formados pelas membranas fetais, placenta, crescimento do trato digestório, líquido amniótico, entre outros, então se uma vaca de 480kg pariu um bezerro de 32kg e não aumentou seu peso ela perdeu 54kg de tecido materno, isso quer dizer que quase duas arrobas da sua carcaça foram arrancadas”, salienta o pesquisador.
Para fazer a divisão do ganho de peso relacionado a gestação e para fazer o ganho de peso de tecidos maternos, Gionbelli apresenta um estudo conduzido por ele em 2015. “No conceito componente gestação o ganho de gestação é igual ao peso do útero grávido dessa vaca, menos o peso do útero em uma condição não grávido e mais o crescimento do úbere. Com base nestas informações vamos saber o quanto uma vaca precisa ganhar de peso durante a gestação, seguindo um referencial de meta, podendo ser adaptado a cada situação”, afirma.
Nutrição e longevidade
Conforme Gionbelli, os principais definidores de longevidade de uma vaca de corte no sistema produtivo são produzir um bezerro por ano e emprenhar cedo dentro da estação de monta. “O principal segredo para a vaca conseguir isso é melhorando os cuidados nutricionais, uma vez que a nutrição na gestação tem papel fundamental nisso, sendo capaz de proporcionar um maior escore corporal ao parto, um rápido retorno à atividade ovariana cíclica e uma rápida involução uterina que fará com ela se recupere mais rapidamente para encarar uma nova gestação”, detalha.
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Derivados lácteos sobem em outubro, mas mercado prevê quedas no trimestre
OCB aponta que, em outubro, os preços médios do leite UHT e do queijo muçarela negociados entre indústrias e canais de distribuição em São Paulo registraram ligeiras altas de 0,66% e de 0,59% frente a setembro/24.
Preço sobe em setembro, mas deve cair no terceiro trimestre
A pesquisa do Cepea mostra que, em setembro, a “Média Brasil” fechou a R$ 2,8657/litro, 3,3% acima da do mês anterior e 33,8% maior que a registrada em setembro/23, em termos reais (os valores foram deflacionados pelo IPCA de setembro). O movimento de alta, contudo, parece ter terminado. Pesquisas ainda em andamento do Cepea indicam que, em outubro, a Média Brasil pode recuar cerca de 2%.
Derivados registram pequenas valorizações em outubro
Pesquisa realizada pelo Cepea em parceria com a Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB) aponta que, em outubro, os preços médios do leite UHT e do queijo muçarela negociados entre indústrias e canais de distribuição em São Paulo registraram ligeiras altas de 0,66% e de 0,59% frente a setembro/24, chegando a R$ 4,74/l e a R$ 33,26/kg, respectivamente. No caso do leite em pó (400g), a valorização foi de 4,32%, com média de R$ 31,49/kg. Na comparação com o mesmo período de 2023, os aumentos nos valores foram de 18,15% para o UHT, de 21,95% para a muçarela e de 12,31% para o leite em pó na mesma ordem, em termos reais (os dados foram deflacionados pelo IPCA de out/24).
Exportações recuam expressivos 66%, enquanto importações seguem em alta
Em outubro, as importações brasileiras de lácteos cresceram 11,6% em relação ao mês anterior; frente ao mesmo período do ano passado (outubro/23), o aumento foi de 7,43%. As exportações, por sua vez, caíram expressivos 65,91% no comparativo mensal e 46,6% no anual.
Custos com nutrição animal sobem em outubro
O Custo Operacional Efetivo (COE) da pecuária leiteira subiu 2,03% em outubro na “média Brasil” (BA, GO, MG, SC, SP, PR e RS), puxado sobretudo pelo aumento dos custos com nutrição animal. Com o resultado, o COE, que vinha registrando estabilidade na parcial do ano, passou a acumular alta de 1,97%.
Bovinos / Grãos / Máquinas Protecionismo econômico
O produtor rural brasileiro está cansado de ser tratado com desrespeito
CEO do Carrefour na França, Alexandre Bompard afirma que a rede vai deixar de comercializar carnes oriundas do Mercosul pois os produtos sul-americanos não cumprem as exigências e normas sanitárias.
A Associação dos Criadores de Mato Grosso (Acrimat), entidade representativa, sem fins lucrativos, emite nota oficial para rebater declarações do CEO do Carrefour na França, Alexandre Bompard. Nas suas recentes declarações o CEO afirma que a rede vai deixar de comercializar carnes oriundas do Mercosul pois os produtos sul-americanos não cumprem as exigências e normas sanitárias .
Veja abaixo, na integra, o que diz a nota:
O produtor rural brasileiro está cansado de ser tratado com desrespeito aqui dentro e mundo afora.
O protecionismo econômico de muitos países se traveste de protecionismo ambiental criando barreiras fantasmas para tentar reduzir nossa capacidade produtiva e cada vez mais os preços de nossos produtos.
Todos sabem que é difícil competir com o produtor rural brasileiro em eficiência. Também sabem da necessidade cada vez maior de adquirirem nossos produtos pois além de alimentar sua população ainda conseguem controlar preços da produção local.
A solução encontrada por esses países principalmente a UE e nitidamente a França, foi criar a “Lei Antidesmatamento” para nos impor regras que estão acima do nosso Código Florestal. Ora se temos uma lei, que é a mais rigorosa do mundo e a cumprimos à risca qual o motivo de tanto teatro? A resposta é que a incapacidade de produzir alimentos em quantidade suficiente e a também incapacidade de lidar com seus produtores faz com que joguem o problema para nós.
Outra questão: Por que simplesmente não param de comprar da gente já que somos tão destrutivos assim? Porque precisam muito dos nossos produtos mas querem de graça. Querem que a gente negocie de joelhos com eles. Sempre em desvantagem. Isso é uma afronta também à soberania nacional.
O senador Zequinha Marinho do Podemos do Pará, membro da FPA, tem um projeto de lei (PL 2088/2023) de reciprocidade ambiental que torna obrigatório o cumprimento de padrões ambientais compatíveis aos do Brasil por países que comercializem bens e produtos no mercado brasileiro.
Esse PL tem todo nosso apoio porque é justo e recíproco, que em resumo significa “da mesma maneira”. Os recentes casos da Danone e do Carrefour, empresas coincidentemente de origem francesa são sintomáticos e confirmam essa tendência das grandes empresas de jogar para a plateia em seus países- sede enquanto enviam cartas inócuas de desculpas para suas filiais principalmente ao Brasil.
A Associação dos Criadores do Mato Grosso (Acrimat), Estado com maior rebanho bovino do País e um dos que mais exporta, repudia toda essa forma de negociação desleal e está disposta a defender a ideia da suspensão do fornecimento de animais para o abate de frigoríficos que vendam para essas empresas.
Chega de hipocrisia no mercado, principalmente pela França, um país que sempre foi nosso parceiro comercial, vendendo desde queijos, carros e até aviões para o Brasil e nos trata como moleques.
Nós como consumidores de muitos produtos franceses devemos começar a repensar nossos hábitos de consumo e escolher melhor nossos parceiros.
Com toda nossa indignação.
Oswaldo Pereira Ribeiro Junior
Presidente da Acrimat
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Queijo paranaense produzido na região Oeste está entre os nove melhores do mundo
Fabricado em parque tecnológico do Oeste do estado, Passionata foi o único brasileiro no ranking e também ganhou título de melhor queijo latino americano no World Cheese Awards.
Um queijo fino produzido no Oeste do Paraná ficou entre os nove melhores do mundo (super ouro) e recebeu o título de melhor da América Latina no concurso World Cheese Awards, realizado em Portugal. Ele concorreu com 4.784 tipos de queijos de 47 países. O Passionata é produzido no Biopark, em Toledo. Também produzidos no parque tecnológico, o Láurea ficou com a prata e o Entardecer d´Oeste com o bronze.
As três especialidades de queijo apresentadas no World Cheese Awards foram desenvolvidas no laboratório de queijos finos e serão fabricadas e comercializadas pela queijaria Flor da Terra. O projeto de queijos finos do Biopark é realizado em parceria com o Biopark Educação, existe há cinco anos e foi criado com a intenção de melhorar o valor agregado do leite para pequenos e médios produtores.
“A transferência da tecnologia é totalmente gratuita e essa premiação mostra como podemos produzir queijos finos com muita qualidade aqui em Toledo”, disse uma das fundadoras do Biopark, Carmen Donaduzzi.
“Os queijos finos que trouxemos para essa competição se destacam pelas cores vibrantes, sabores marcantes e aparências únicas, além das inovações no processo produtivo, que conferem um diferencial sensorial incrível”, destacou o pesquisador do Laboratório de Queijos Finos do Biopark, Kennidy Bortoli. “A competição toda foi muito emocionante, saber que estamos entre os nove melhores queijos do mundo, melhor da América Latina, mostra que estamos no caminho certo”.
O Paraná produz 12 milhões de litros por dia, a maioria vem de pequenos e médios produtores. Atualmente 22 pequenos e médios produtores de leite fazem parte do projeto no Oeste do Estado, produzindo 26 especialidades de queijo fino. Além disso, no decorrer de 2024, 98 pessoas já participaram dos cursos organizados pelo Biopark Educação.
Neste ano, foram introduzidas cinco novas especialidades para os produtores vinculados ao projeto de queijos finos: tipo Bel Paese, Cheddar Inglês, Emmental, Abondance e Jack Joss.
“O projeto é gratuito, e o único custo para o produtor é a adaptação ou construção do espaço de produção, quando necessário”, explicou Kennidy. “Toda a assessoria é oferecida pelo Biopark e pelo Biopark Educação, em parceria com o Sebrae, IDR-PR e Sistema Faep/Senar, que apoiam com capacitação e desenvolvimento. A orientação cobre desde a avaliação da qualidade do leite até embalagem, divulgação e comercialização do produto”.
A qualidade do leite é analisada no laboratório do parque e, conforme as características encontradas no leite, são sugeridas de três a quatro tecnologias de fabricação de queijos que foram previamente desenvolvidas no laboratório com leite com características semelhantes. O produtor então escolhe a que mais se identifica para iniciar a produção.
Concursos estaduais
Para valorizar a produção de queijos, vão iniciar em breve as inscrições para a segunda edição do Prêmio Queijos do Paraná, que conta com apoio do Governo do Paraná. As inscrições serão abertas em 1º de dezembro de 2024, e a premiação acontece em 30 de maio de 2025. A expectativa é de que haja mais de 600 produtos inscritos, superando a edição anterior, que teve 450 participantes. O regulamento pode ser acessado aqui. O objetivo é divulgar e valorizar os derivados lácteos produzidos no Estado.
O Governo do Paraná também apoia o Conecta Queijos, evento voltado a produtores da região Oeste. Ele é organizado em parceria pelo o IDR-Paran