Bovinos / Grãos / Máquinas
Melhoramento genético mira qualidade da carne e sustentabilidade, apontam pesquisadores
Após três anos de interrupção por conta da pandemia, o tradicional Seminário Nacional de Criadores e Pesquisadores retornou no formato presencial reunindo mais de 250 participantes, entre criadores, pesquisadores, técnicos agropecuários, empresas da área de genética, professores e estudantes de ciências agrárias.
Ribeirão Preto sediou o 26º Seminário Nacional de Criadores e Pesquisadores da Associação Nacional de Criadores e Pesquisadores (ANCP), um dos eventos mais importantes ligados ao melhoramento genético de bovinos do Brasil, que teve como tema “Genética de excelência para lucratividade”. Após três anos de interrupção por conta da pandemia, o tradicional evento retornou no formato presencial reunindo mais de 250 participantes, entre criadores, pesquisadores, técnicos agropecuários, empresas da área de genética, professores e estudantes de ciências agrárias. A reportagem do jornal O Presente Rural acompanhou o evento e traz a cobertura completa nesta edição.
No encontro, que contou com seis palestras e mesa redonda para discussão em plenário entre participantes e moderadores, foram apresentadas as inovações e tecnologias do melhoramento genético de bovinos, com foco em sustentabilidade e qualidade da carne. Também foram compartilhados os trabalhos produzidos por pesquisadores e criadores em benefício da evolução da pecuária de corte brasileira.
A palestra de abertura foi apresentada pelo professor e pesquisador da Universidade de Wisconsin, em Madison (Estados Unidos), Daniel Gianola, que falou sobre a história das avaliações genéticas, abordando sua evolução desde Henderson até a avaliação multirracial.
Logo na sequência, dentro do tema do “Painel 1 – O mercado pecuário e a sustentabilidade”, o pecuarista e ex-secretário de Produção e Comércio do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), Pedro de Camargo Neto, apresentou uma abordando os desafios regulatórios da pecuária e a importância do setor ser protagonista na proposição de legislações.
Camargo destacou a questão climática como o principal desafio da humanidade nos dias atuais. “O aquecimento global e as emissões de carbono e metano se tornaram alguns dos nossos problemas; então, é necessário liderar o processo regulatório”, ressaltou.
Ainda no Painel 1, a segunda palestra, “Incrementos na produtividade pecuária de corte com o uso de protocolos de Baixo Carbono”, foi apresentada pelo pesquisador da Embrapa Gado de Corte, Roberto Giolo de Almeida, que ressaltou a forte pressão internacional sofrida pela pecuária de corte brasileira por causa da pegada de carbono.
“Como resposta, em 2010, o Mapa lançou o Plano ABC, uma iniciativa com metas expressivas para mitigação de gás de efeito estufa (GEE) por meio de tecnologias agropecuárias mais eficientes, produtivas e com menor impacto ambiental, entre elas a recuperação de pastagens e os sistemas de integração lavoura-pecuária-floresta”, explicou.
Abrindo o “Painel 2 – Seleção de zebuínos para qualidade da carne”, o gerente de Treinamento e Projetos Corte da ABS Pecplan, Cristiano Ribeiro, falou sobre a “mudança da demanda do mercado de genética da última década”, abordando a evolução das tecnologias e práticas que constituem o melhoramento genético voltado para rebanhos de corte.
Ribeiro ressaltou que o mercado oferece várias soluções para incrementar os resultados produtivos e reprodutivos, entre elas a genética sexada, para trabalhar a reposição de matrizes, e a transferência de embriões (TE), através da qual o plantel alcança um avanço de múltiplas gerações em apenas uma. O gestor também falou da eficiência alimentar, característica cada vez mais procurada por produtores de todo o Brasil.
“Seleção genética para melhoria da qualidade da carne brasileira” foi o tema da segunda palestra do Painel 2, apresentada pelo pesquisador da Embrapa Cerrados e 2º vice-presidente da ANCP, Cláudio Magnabosco, que traçou um panorama da pecuária de corte do Brasil situando os principais players no mercado, tanto produtores quanto exportadores.
Magnabosco abordou os principais gargalos da pecuária de corte, como a produção de carne de qualidade em uma pecuária pautada majoritariamente a pasto, sistemas de integração lavoura-pecuária, boi de ciclo curto, entre outros. Também apresentou os métodos de avaliação e os progressos já obtidos, seleção genômica, além de sugerir inclusão da maciez da carne e outras características relacionadas à qualidade da carne como critérios de seleção.
Na última palestra do evento, o gerente Global de Tecnologia de Bovinos de Corte da Cargill, Pedro Veiga, falou sobre “Quais são os desafios para a produção de carne de qualidade”, abordando os vários processos, desde o momento em que a vaca emprenha até a chegada da carne ao prato do consumidor”.
De acordo com Veiga, o mercado de carnes premium e gourmet está crescendo bastante no Brasil e, embora represente apenas 2,5% do volume de gado abatido, o crescimento é muito rápido, entre 20% e 25% ao ano. “Esse é um mercado que cresce e que remunera bem, mas é preciso ter cuidado para produzir e atender as expectativas do consumidor”, ressaltou.
O seminário ainda contou com dois momentos para discussão em plenário ao final dos dois painéis. Em mesa redonda, palestrantes e os moderadores Roberto Zancaner, pecuarista, e Angélica Pereira, professora da USP Pirassununga, coordenaram as perguntas feitas pelos participantes.
Carlos Viacava, criador e 1º vice-presidente da ANCP, ressaltou o retorno presencial do seminário após três anos. “O evento trouxe novidades e inovações para um público muito motivado em aprender cada dia mais sobre a pecuária brasileira”, destacou.
Para o presidente da ANCP, Professor Raysildo Lôbo, foi um encontro muito importante em um ambiente alegre, que reuniu muitos consultores, criadores, professores e outros profissionais. “Todas as palestras, com temas relacionados às questões de sustentabilidade e qualidade da carne, trouxeram mais brilho e conhecimento ao nosso encontro”, ponutou.
Outras atividades
Durante a programação, a entidade prestou homenagens a pessoas que se destacaram na pesquisa e ensino em melhoramento genético. O professor Daniel Gianola recebeu a homenagem de Mérito Pesquisador Honorário ANCP. O também professor, Joanir Pereira Eler, professor da USP que se aposenta este ano, recebeu o Mérito Reconhecimento ANCP. Já o pesquisador Fernando Baldi recebeu o Mérito Pesquisador ANCP.
Além disso, os proprietários dos touros aprovados na Reprodução Programada Genômica de 2019 também foram homenageados, recebendo o Certificado de Aprovados na Reprodução Programada de seus animais. Foram eles: Júlio Roberto M. Bernardes, Marco Aurélio O. Fernandes e José Roberto Hofig Ramos.
No encerramento do evento, a ANCP fez o lançamento oficial do Sumário de Touros das raças Nelore, Guzerá, Brahman e Tabapuã – Edição julho/2022.
Para ficar atualizado e por dentro de tudo que está acontecendo no setor de bovinocultura, commodities e maquinários agrícolas acesse gratuitamente a edição digital Bovinos, Grãos e Máquinas.
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Derivados lácteos sobem em outubro, mas mercado prevê quedas no trimestre
OCB aponta que, em outubro, os preços médios do leite UHT e do queijo muçarela negociados entre indústrias e canais de distribuição em São Paulo registraram ligeiras altas de 0,66% e de 0,59% frente a setembro/24.
Preço sobe em setembro, mas deve cair no terceiro trimestre
A pesquisa do Cepea mostra que, em setembro, a “Média Brasil” fechou a R$ 2,8657/litro, 3,3% acima da do mês anterior e 33,8% maior que a registrada em setembro/23, em termos reais (os valores foram deflacionados pelo IPCA de setembro). O movimento de alta, contudo, parece ter terminado. Pesquisas ainda em andamento do Cepea indicam que, em outubro, a Média Brasil pode recuar cerca de 2%.
Derivados registram pequenas valorizações em outubro
Pesquisa realizada pelo Cepea em parceria com a Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB) aponta que, em outubro, os preços médios do leite UHT e do queijo muçarela negociados entre indústrias e canais de distribuição em São Paulo registraram ligeiras altas de 0,66% e de 0,59% frente a setembro/24, chegando a R$ 4,74/l e a R$ 33,26/kg, respectivamente. No caso do leite em pó (400g), a valorização foi de 4,32%, com média de R$ 31,49/kg. Na comparação com o mesmo período de 2023, os aumentos nos valores foram de 18,15% para o UHT, de 21,95% para a muçarela e de 12,31% para o leite em pó na mesma ordem, em termos reais (os dados foram deflacionados pelo IPCA de out/24).
Exportações recuam expressivos 66%, enquanto importações seguem em alta
Em outubro, as importações brasileiras de lácteos cresceram 11,6% em relação ao mês anterior; frente ao mesmo período do ano passado (outubro/23), o aumento foi de 7,43%. As exportações, por sua vez, caíram expressivos 65,91% no comparativo mensal e 46,6% no anual.
Custos com nutrição animal sobem em outubro
O Custo Operacional Efetivo (COE) da pecuária leiteira subiu 2,03% em outubro na “média Brasil” (BA, GO, MG, SC, SP, PR e RS), puxado sobretudo pelo aumento dos custos com nutrição animal. Com o resultado, o COE, que vinha registrando estabilidade na parcial do ano, passou a acumular alta de 1,97%.
Bovinos / Grãos / Máquinas Protecionismo econômico
O produtor rural brasileiro está cansado de ser tratado com desrespeito
CEO do Carrefour na França, Alexandre Bompard afirma que a rede vai deixar de comercializar carnes oriundas do Mercosul pois os produtos sul-americanos não cumprem as exigências e normas sanitárias.
A Associação dos Criadores de Mato Grosso (Acrimat), entidade representativa, sem fins lucrativos, emite nota oficial para rebater declarações do CEO do Carrefour na França, Alexandre Bompard. Nas suas recentes declarações o CEO afirma que a rede vai deixar de comercializar carnes oriundas do Mercosul pois os produtos sul-americanos não cumprem as exigências e normas sanitárias .
Veja abaixo, na integra, o que diz a nota:
O produtor rural brasileiro está cansado de ser tratado com desrespeito aqui dentro e mundo afora.
O protecionismo econômico de muitos países se traveste de protecionismo ambiental criando barreiras fantasmas para tentar reduzir nossa capacidade produtiva e cada vez mais os preços de nossos produtos.
Todos sabem que é difícil competir com o produtor rural brasileiro em eficiência. Também sabem da necessidade cada vez maior de adquirirem nossos produtos pois além de alimentar sua população ainda conseguem controlar preços da produção local.
A solução encontrada por esses países principalmente a UE e nitidamente a França, foi criar a “Lei Antidesmatamento” para nos impor regras que estão acima do nosso Código Florestal. Ora se temos uma lei, que é a mais rigorosa do mundo e a cumprimos à risca qual o motivo de tanto teatro? A resposta é que a incapacidade de produzir alimentos em quantidade suficiente e a também incapacidade de lidar com seus produtores faz com que joguem o problema para nós.
Outra questão: Por que simplesmente não param de comprar da gente já que somos tão destrutivos assim? Porque precisam muito dos nossos produtos mas querem de graça. Querem que a gente negocie de joelhos com eles. Sempre em desvantagem. Isso é uma afronta também à soberania nacional.
O senador Zequinha Marinho do Podemos do Pará, membro da FPA, tem um projeto de lei (PL 2088/2023) de reciprocidade ambiental que torna obrigatório o cumprimento de padrões ambientais compatíveis aos do Brasil por países que comercializem bens e produtos no mercado brasileiro.
Esse PL tem todo nosso apoio porque é justo e recíproco, que em resumo significa “da mesma maneira”. Os recentes casos da Danone e do Carrefour, empresas coincidentemente de origem francesa são sintomáticos e confirmam essa tendência das grandes empresas de jogar para a plateia em seus países- sede enquanto enviam cartas inócuas de desculpas para suas filiais principalmente ao Brasil.
A Associação dos Criadores do Mato Grosso (Acrimat), Estado com maior rebanho bovino do País e um dos que mais exporta, repudia toda essa forma de negociação desleal e está disposta a defender a ideia da suspensão do fornecimento de animais para o abate de frigoríficos que vendam para essas empresas.
Chega de hipocrisia no mercado, principalmente pela França, um país que sempre foi nosso parceiro comercial, vendendo desde queijos, carros e até aviões para o Brasil e nos trata como moleques.
Nós como consumidores de muitos produtos franceses devemos começar a repensar nossos hábitos de consumo e escolher melhor nossos parceiros.
Com toda nossa indignação.
Oswaldo Pereira Ribeiro Junior
Presidente da Acrimat
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Queijo paranaense produzido na região Oeste está entre os nove melhores do mundo
Fabricado em parque tecnológico do Oeste do estado, Passionata foi o único brasileiro no ranking e também ganhou título de melhor queijo latino americano no World Cheese Awards.
Um queijo fino produzido no Oeste do Paraná ficou entre os nove melhores do mundo (super ouro) e recebeu o título de melhor da América Latina no concurso World Cheese Awards, realizado em Portugal. Ele concorreu com 4.784 tipos de queijos de 47 países. O Passionata é produzido no Biopark, em Toledo. Também produzidos no parque tecnológico, o Láurea ficou com a prata e o Entardecer d´Oeste com o bronze.
As três especialidades de queijo apresentadas no World Cheese Awards foram desenvolvidas no laboratório de queijos finos e serão fabricadas e comercializadas pela queijaria Flor da Terra. O projeto de queijos finos do Biopark é realizado em parceria com o Biopark Educação, existe há cinco anos e foi criado com a intenção de melhorar o valor agregado do leite para pequenos e médios produtores.
“A transferência da tecnologia é totalmente gratuita e essa premiação mostra como podemos produzir queijos finos com muita qualidade aqui em Toledo”, disse uma das fundadoras do Biopark, Carmen Donaduzzi.
“Os queijos finos que trouxemos para essa competição se destacam pelas cores vibrantes, sabores marcantes e aparências únicas, além das inovações no processo produtivo, que conferem um diferencial sensorial incrível”, destacou o pesquisador do Laboratório de Queijos Finos do Biopark, Kennidy Bortoli. “A competição toda foi muito emocionante, saber que estamos entre os nove melhores queijos do mundo, melhor da América Latina, mostra que estamos no caminho certo”.
O Paraná produz 12 milhões de litros por dia, a maioria vem de pequenos e médios produtores. Atualmente 22 pequenos e médios produtores de leite fazem parte do projeto no Oeste do Estado, produzindo 26 especialidades de queijo fino. Além disso, no decorrer de 2024, 98 pessoas já participaram dos cursos organizados pelo Biopark Educação.
Neste ano, foram introduzidas cinco novas especialidades para os produtores vinculados ao projeto de queijos finos: tipo Bel Paese, Cheddar Inglês, Emmental, Abondance e Jack Joss.
“O projeto é gratuito, e o único custo para o produtor é a adaptação ou construção do espaço de produção, quando necessário”, explicou Kennidy. “Toda a assessoria é oferecida pelo Biopark e pelo Biopark Educação, em parceria com o Sebrae, IDR-PR e Sistema Faep/Senar, que apoiam com capacitação e desenvolvimento. A orientação cobre desde a avaliação da qualidade do leite até embalagem, divulgação e comercialização do produto”.
A qualidade do leite é analisada no laboratório do parque e, conforme as características encontradas no leite, são sugeridas de três a quatro tecnologias de fabricação de queijos que foram previamente desenvolvidas no laboratório com leite com características semelhantes. O produtor então escolhe a que mais se identifica para iniciar a produção.
Concursos estaduais
Para valorizar a produção de queijos, vão iniciar em breve as inscrições para a segunda edição do Prêmio Queijos do Paraná, que conta com apoio do Governo do Paraná. As inscrições serão abertas em 1º de dezembro de 2024, e a premiação acontece em 30 de maio de 2025. A expectativa é de que haja mais de 600 produtos inscritos, superando a edição anterior, que teve 450 participantes. O regulamento pode ser acessado aqui. O objetivo é divulgar e valorizar os derivados lácteos produzidos no Estado.
O Governo do Paraná também apoia o Conecta Queijos, evento voltado a produtores da região Oeste. Ele é organizado em parceria pelo o IDR-Paran