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Bovinos / Grãos / Máquinas Avanços em produtividade

Melhoramento genético eleva produtividade e qualidade das raças zebuínas no Brasil

A pecuária de corte representa hoje cerca de 30% do PIB do agronegócio nacional e gera uma receita superior a R$ 400 bilhões por ano. Para se chegar a esse patamar foi necessário aprimorar e modernizar os sistemas de produção, organizar processos e melhorar as condições de manejo nutricional dos animais, além de investir em melhoramento genético para alcançar melhores níveis de produtividade a fim de atender as exigências do mercado.

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As raças zebuínas são predominantes na pecuária de corte brasileira, abrangendo mais de 80% da produção nacional - Foto: Arquivo/OP Rural

Constantes investimentos em tecnologia para melhorar a produtividade e a qualidade da carne bovina consolidou o Brasil como um dos principais produtores de gado de corte do mundo, fazendo com que o produto brasileiro alcançasse maior competitividade e chegasse ao mercado de mais de 150 países. A pecuária de corte representa hoje cerca de 30% do PIB do agronegócio nacional e gera uma receita superior a R$ 400 bilhões por ano.

Para se chegar a esse patamar foi necessário aprimorar e modernizar os sistemas de produção, organizar processos e melhorar as condições de manejo nutricional dos animais, além de investir em melhoramento genético para alcançar melhores níveis de produtividade a fim de atender as exigências do mercado.

Detentor do maior rebanho bovino do mundo, as raças zebuínas são predominantes na pecuária de corte brasileira, abrangendo mais de 80% da produção nacional. São raças puras de Zebu Nelore, Nelore Mocho, Kangayam, Sindi, Guzerá, Gir, as três últimas também têm aptidão leiteira; enquanto as raças neozebuínas são Brahman, Indubrasil e Tabapuã.

De origem indiana, a maior virtude econômica desses animais é que melhor se adaptam ao clima tropical por serem mais resistentes a temperaturas altas, clima seco, insolação e a doenças, características pelas quais fazem o Brasil ter o melhor rebanho de zebus do mundo, resultado de investimentos constantes em melhoramento genético e manejo nutricional para alcançar níveis melhores de eficiência e produtividade.

Há mais de cinco décadas, a Associação Brasileira dos Criadores de Zebu (ABCZ) desenvolve o Programa de Melhoramento Genético de Zebuínos (PMGZ), considerado o maior projeto do mundo destinado ao aprimoramento de todas as raças zebuínas e ao fortalecimento das cadeias produtivas da carne e do leite.

A iniciativa auxilia os produtores no processo de seleção dos animais, identificando os bovinos mais precoces, férteis, de melhores índices de ganho de peso ou de produção leiteira, disponibilizando ao mercado informações genéticas consistentes que atestam as performances dos rebanhos inscritos nas provas zootécnicas da ABCZ.

PMGZ

O programa PMGZ é desenvolvido em várias etapas, que compreendem coleta de dados, processamento das avaliações genéticas, divulgação e orientação sobre o uso dos resultados. A cada semestre as avaliações genéticas das raças zebuínas de corte são atualizadas pela ABCZ, tendo como base as informações das provas zootécnicas, que englobam três etapas: Controle do Desenvolvimento Ponderal (CDP), Provas de Ganho em Peso (PGP) e o Controle Leiteiro (CL), o que permite oferecer ao mercado informações genéticas atuais sobre o desempenho dos rebanhos inscritos no Serviço de Registro Genealógico das Raças Zebuínas (SRGRZ).

As pesagens são trimestrais e intercaladas, uma é feita por um técnico da ABCZ e a outra pelo criador. Para a avaliação genômica, o criador coleta o pelo do animal e envia à ABCZ, que encaminha codificado ao laboratório especializado credenciado à entidade para fazer o exame.

O programa tem uma entrada anual de aproximadamente 250 mil novos animais e atualmente já supera a marca de 15,5 milhões de pesagens de zebuínos desde que o projeto foi implantado em 1968.

Avaliações Genéticas

Todos os animais jovens, machos e fêmeas, matrizes e touros, participantes do Controle Leiteiro recebem as avaliações genéticas através do Sumário do Leite e os participantes do CDP através do Sumário de Corte. Os dados das Provas de Ganho em Peso também são considerados para a formação das avaliações genéticas, no entanto se restringem apenas aos machos jovens de cada propriedade.

Gerente de Melhoramento Pró-Genética da ABCZ, Lauro Fraga Almeida: “A carne de zebu brasileira é consumida em mais de 140 países, o que atesta a qualidade do produto oferecido ao mercado consumidor” – Fotos: Jaqueline Galvão/OP Rural

De acordo com o gerente de Melhoramento Pró-Genética da ABCZ, Lauro Fraga Almeida, todos os dados levantados pelo PMGZ são fontes para geração das avaliações genéticas de animais jovens e adultos. A avaliação abrange a Diferença Esperada na Progênie (DEP), que reúne informações do animal e de seus parentes, indicando a diferença esperada na produção média da progênie de um determinado animal em relação à produção média das progênies de todos os animais que participam da mesma avaliação, ou seja, é o resultado da DEP que definirá o uso ou não de determinado animal como reprodutor.

Por exemplo, se há dois touros no rebanho, o touro A com DEP+40 kg para peso ao sobreano e o touro B com DEP+25 kg para peso ao sobreano, espera-se que, em média, a progênie do touro A pese 15 kg a mais que a progênie do touro B, no caso de todos os outros fatores não apresentarem alteração.

Como a DEP é uma estimativa deve ser acompanhada sempre da Acurácia (AC), que mede o grau de confiança da expectativa da DEP, ou seja, quanto maior o número de informações utilizadas na avaliação genética de determinado animal, maior será a AC de suas DEPs. O valor da Acurácia varia de 1 a 99% e deve ser usada como uma referência para a intensidade de uso deste animal. A Acurácia calculada nas avaliações genéticas do PMGZ segue as recomendações metodológicas da Federação de Melhoramento de Carne.

Características avaliadas

Nas avaliações da DEP são levantadas informações sobre o crescimento de cada animal por meio do peso a desmama, peso ao ano, peso ao sobreano (aos 450 dias de idade dos filhos) e ganho em peso pós desmama; em relação à habilidade materna são avaliados o peso à fase materna – efeito materno (medida na fase de 120 dias de idade do animal) e o total materno do peso a desmama; na parte reprodutiva são colhidos dados como idade ao primeiro parto, stayability, perímetro escrotal ao ano e o perímetro escrotal ao sobreano; na análise morfológica são feitas as avaliações que englobam a estrutura corporal, a precocidade e a musculosidade; e ainda é realizada a ultrassonografia da carcaça,  que permite fazer a avaliação da composição corporal dos animais (área de olho de lombo, acabamento de gordura e marmoreio), o que possibilita a seleção de animais com carcaças uniformes e específicas para determinados mercados.

Por fim, é feita uma avaliação técnica visual chamada de EPMURAS, que analisa a estrutura corporal, a precocidade, a musculosidade, o umbigo, a caracterização racial, aprumos (proporções, direções, angulações e articulações dos membros anteriores e posteriores) e a sexualidade, características que ajudam os técnicos a ter uma visão tridimensional dos animais. “Então todas essas informações nos dão uma garantia muito grande do rebanho de cada criador, direcionando pontos de melhorias que precisam ser feitos no rebanho de cada propriedade”, expõe Almeida.

De acordo com o profissional, cerca de duas mil propriedades espalhadas por todas as regiões do território nacional participam do PMGZ. “Esse programa desempenha um papel importante no crescimento do número de novos criadores das raças zebuínas, porque quando um garrote novo chega à propriedade com dois anos de idade, por exemplo, ou uma novilha entra em reprodução, temos uma perspectiva do que vão produzir através da DEP desses animais”, destaca Almeida.

Vantagens do PMGZ

Entre as vantagens do PMGZ estão a melhora da fertilidade do rebanho, melhora os índices de ganho de peso, diminui o intervalo entre gerações, coloca à venda animais testados, agregando valor; proporciona aos criadores a produção de animais prontos mais jovens para o abate; oferece ao consumidor carne de melhor qualidade; diminui o custo de produção por unidade de produto e melhora a relação custo/benefício; aperfeiçoa os recursos da propriedade, aumenta a lucratividade do produtor, além de evidenciar os animais mais precoces.

Pró-Genética

Com o objetivo de contribuir para o aumento da produção sustentável da bovinocultura de corte e de leite no país, a ABCZ desenvolveu em 2006 o programa Pró-Genética, que passou a fazer parte do PMGZ. No ano seguinte, o Estado de Minais Gerais tornou o Pró-Genética uma política pública, aderida também pelos Estados do Espírito Santo, Rondônia e Tocantins. A iniciativa tem apoio dos governos federal, estaduais e municipais, órgãos de pesquisa, de extensão rural, de defesa sanitária animal e de capacitação e formação de mão de obra rural.

Segundo Almeida, o Pró-Genética visa aumentar a produção de carne e leite nas pequenas e médias propriedades rurais, através do uso de touros melhoradores, além de proporcionar ao pequeno e médio produtor rural possibilidades de aumento de renda, através da melhoria da produtividade e, consequentemente, da qualidade do seu padrão social; estimular os governos municipais, estaduais e federal a criar políticas públicas de fomento e apoio financeiro aos pequenos e médios produtores rurais; e estabelecer uma conexão real e contínua entre o segmento da produção de genética especializada – os chamados rebanhos “elite” – e a base da produção – rebanhos comerciais, de forma a garantir o fluxo de genética superior para a base produtiva.

No ano passado, a ABCZ fez o mapeamento genético de 180 mil animais. Almeida diz que o intuito da associação é fazer anualmente cerca de 100 mil genotipagens para que os animais tenham uma maior acurácia e uma maior garantia na DEP. “A parte de desempenho de cada animal é até fácil de se conseguir, porque seus filhos nos fornecem essas informações, mas a parte reprodutiva até uma filha ou um filho entrar em reprodução é mais difícil de mensurar, da mesma forma que a parte da habilidade materna das filhas de um determinado touro. Então quando se faz a DEP nós aumentamos a confiança nessa informação, o que nos possibilita usar mais esses animais jovens com uma maior garantia e automaticamente diminuir o intervalo de geração”, pontua o gerente de Melhoramento Pró-Genética.

Democratização no acesso às raças zebuínas

O Pró-Genética democratiza o acesso aos bezerros e touros através de leilões chancelados em 24 unidades federativas do país e em feiras como do Show Rural Coopavel, realizado no mês de fevereiro em Cascavel, no Oeste do Paraná, e que contou com a exposição de animais de origem zebuína.  Os espaços da feira precisam ser amplos e dispor de uma estrutura de curral, onde os animais ficam à mostra para os compradores.

A negociação acontece de forma livre entre vendedor e comprador. Todos os animais possuem registro definitivo, exame andrológico – que garante sua fertilidade e idade máxima de 3,5 anos. “Existe um preço sugerido entre 40 e 60@, então o produtor entende perfeitamente que esse valor é um excelente investimento, que teria uma taxa de retorno em quatro anos e uma taxa interna de retorno de 26%”, expõe Almeida, destacando que a partir do momento que o produtor compra um touro e começa a produzir um bezerro zebuíno entra na rica cadeia produtiva da pecuária brasileira. “Esse bezerro que o produtor coloca no mercado pode ir para um confinador e essa carne pode estar sendo exportada para mais de 140 países. Isso mostra o quanto a pecuária é inclusiva, não é um núcleo fechado, porque permite a distribuição de renda a toda cadeia produtiva e toda a receita dessa pecuária fica no Brasil”, salienta o técnico responsável da ABCZ.

Criador há mais de 30 anos da raça Nelore Hatch, Leandro Nogueira: “Ter um touro melhorador no plantel vai fazer com que a vaca tenha um bezerro mais pesado, vai melhorar o ganho de peso do animal com menos idade, diminui o custo de produção e proporciona uma carne de melhor qualidade”

Criador há mais de 30 anos da raça Nelore Hatch, Leandro Nogueira, de São Jorge D’Oeste, PR, possui um rebanho de três mil cabeças, sendo 1,2 mil matrizes. Ele participou da Feira da Pecuária no Show Rural Coopavel na área de comercialização de animais. O produtor destaca o melhoramento genético e a precocidade da raça como um fator determinante para criação. “Ter um touro melhorador no plantel vai fazer com que a vaca tenha um bezerro mais pesado, vai melhorar o ganho de peso do animal com menos idade, diminui o custo de produção e proporciona uma carne de melhor qualidade”, evidencia.

Reconhecida como uma vitrine para o produtor, Nogueira diz que a parceria com a ABCZ já perdura a mais de 25 anos e tem trazido inúmeros benefícios. “Quando vou vender um animal, a primeira coisa que me perguntam é se o touro é registrado, isso oferece maior credibilidade ao comprador, porque conhece a procedência do animal, terá todas as informações da DEP, saberá que há um acompanhamento técnico e uma avaliação sobre a eficiência e qualidade do touro que está comprando”, explica Nogueira.

Entre as vantagens deste programa, Almeida afirma que o produtor terá um animal com uma maior fertilidade no rebanho, o que automaticamente consegue diminuir o intervalo entre o parto das fêmeas, aumentar o número de bezerros por ano e, consequentemente, a receita do produtor. Por parte do animal, ele diz que os bezerros que estão nascendo vão ganhar mais peso, o que vai diminuir a idade ao abate, o custo de produção e ainda o animal vai produzir uma carne de melhor qualidade.

Resultados dos programas de genética

Com os programas de genética foram inúmeros os benefícios alcançados na produção brasileira de zebuínos, entre eles Almeida destaca uma maior valorização e utilização dos animais jovens e um maior reconhecimento pelo mercado na utilização de sêmen dos touros zebuínos. “A raça Nelore, por exemplo, ultrapassou a raça Angus – que era líder na venda de sêmen no Brasil, sendo hoje a raça Nelore a que mais comercializa sêmen de gado de corte no país e no mundo. Então para nós isso é um feito imenso, que mostra todo o potencial das raças zebuínas”, exalta.

O gerente de Melhoramento Pró-Genética menciona que o avanço na qualidade desses animais em todas as suas características dão um maior retorno econômico e sustentável aos criadores. “A preocupação da ABCZ passa pelo associado que precisa ter uma segurança maior, uma menor margem de erro no uso de novos reprodutores, da mesma forma que essa genética ofertada ao mercado através de sêmen, embriões e touros tenha uma maior assertividade por parte dos pecuaristas que vão fazer os bezerros de corte”, ressalta Almeida.

Segunda pátria das raças zebuínas

Animais zebuínos em exposição na Feira da Pecuária do 34º Show Rural Coopavel, realizado em fevereiro no Paraná

O Brasil é considerado a segunda pátria das raças zebuínas por deter o maior rebanho do mundo e por ser o país que mais consome e exporta carne de zebu no planeta. “A carne de zebu brasileira é consumida em mais de 140 países, o que atesta a qualidade do produto oferecido ao mercado consumidor. Chegamos a este patamar devido ao trabalho feito pela ABCZ através do PMGZ na identificação e valorização das linhagens mais eficientes e produtivas, que garantem a sustentabilidade do processo, a economicidade, a lucratividade aos produtores e a segurança alimentar na mesa do brasileiro e de todo o mundo que compra a carne do Brasil”, frisa Almeida.

DEP Genômica

Anos após ano, a pecuária brasileira busca novos processos para acelerar a produtividade do rebanho nacional. Em 2016, a ABCZ passou a aplicar no rebanho das raças Nelore e Tabapuã uma nova tecnologia, conhecida como DEP Genômica, cujo intuito é minimizar erros no processo de seleção de animais jovens, mais uma iniciativa que passou a integrar uma das etapas do PMGZ. Para calcular a DEP Genômica são usadas informações de animais de raça pura, progênies, desempenho do animal e Valor Molecular Predito (MVP).

“Existe a intenção da ABCZ de aproximação com as outras associações, para que possamos também fornecer a DEP Genômica das raças Brahman, Guzerá, Gir e Indubrasil. É importante que haja uma aproximação das associações e dos criadores com a ABCZ para que seja feito um plano de trabalho e buscado essa introdução da DEP Genômica”, sugere Almeida, acrescentando que a raça Brahman é mundialmente conhecida, originária dos Estados Unidos, e está em toda faixa intertropical do planeta. “No Brasil, se fizermos esse processo vamos ter o primeiro programa da raça Brahman no mundo com avaliação genômica. Será um grande feito para a ABCZ e para os criadores, que vão ter reconhecidos o seu trabalho de seleção internacionalmente”, evidencia.

PNAT

Através do PMGZ é também realizado o Programa Nacional de Avaliação de Touros Jovens, que seleciona reprodutores zebuínos registrados com idades entre 18 e 25 meses, com exame andrológico positivo para avaliação de suas progênies. “É um programa de democratização ao acesso de touros para todos os produtores do Brasil, conta com a participação de criadores, técnicos e centrais de inseminação e a distribuição gratuita de sêmen a propriedades cadastradas na ABCZ”, menciona Almeida.

Entre as contribuições do PNAT para o desenvolvimento das raças zebuínas está a manutenção da variabilidade genética dos animais para seleção.

O que esperar para o futuro

Comercialização de bovinos zebuínos na Feira da Pecuária do 34º Show Rural Coopavel, realizado em fevereiro no Paraná

Segundo a ABCZ, a inseminação artificial no Brasil vem crescendo, contudo no gado de corte e no gado de leite de forma mais lenta. Em 2020, foram inseminados apenas 20% do rebanho bovino nacional e comercializado através de leilões e nas fazendas em torno de 100 mil touros. “Esse número somado ao potencial de cobertura que esses touros têm, a vida útil deles (em média seis anos) e a cobertura de 30 fêmeas por touro, obtemos 58% das matrizes bovinas brasileiras aptas à reprodução cobertas com boi comum”, menciona o responsável pelo Melhoramento Pró-Genética da ABCZ, questionando: “Como podemos concorrer com uma agricultura de precisão quando ainda usamos um boi com origem desconhecida? É como se você preparasse a terra para plantar uma semente de soja e usasse uma semente que você não sabe a origem. Então nós temos ainda esse imenso potencial de produzir pelo menos 150 mil touros registrados para colocar no mercado”, afirma, ampliando: “Muitos pequenos produtores podem se tornar sócios da ABCZ, no sentido de saber quanto custa o sistema de criação, quanto ele tem de rentabilidade com uma atividade com vacas comuns e quanto custaria como investimento as vacas registradas e a rentabilidade que ele pode ter com esses animais”.

Bem-estar animal

A pecuária seletiva trabalha com o melhor manejo dos animais para que tenham uma boa oferta de volumoso, de água e sombreamento, para que possam desempenhar o máximo do seu potencial genético. “A pecuária brasileira tem feito isso muito bem. Cerca de 90% do nosso gado é de capim e vai para o confinamento nos últimos 90 a 120 dias. Então é importante mostrarmos que a nossa pecuária é arborizada, fixadora de carbono, geradora de emprego e que ela cria uma ambiência salutar para os proprietários, para aqueles que trabalham na propriedade e para os animais”, sustenta.

Para ficar atualizado e por dentro de tudo que está acontecendo no setor de bovinocultura, commodities e maquinários agrícolas acesse gratuitamente a edição digital Bovinos, Grãos e Máquinas.

Fonte: O Presente Rural

Bovinos / Grãos / Máquinas

Brasil avança em norma que libera exportação de subprodutos de bovinos e bubalinos

Proposta moderniza regras sanitárias e permite que empresas do Sisbi-Poa destinem materiais sem demanda interna a plantas com inspeção federal para exportação.

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Foto: Gisele Rosso

O Brasil deu um passo importante para ampliar o aproveitamento de subprodutos de bovinos e bubalinos destinados ao mercado internacional. O Projeto de Lei 4314/2016, de autoria do ex-deputado Jerônimo Goergen (RS), moderniza regras sanitárias e autoriza que empresas integrantes do Sistema Brasileiro de Inspeção de Produtos de Origem Animal (Sisbi-Poa) destinem ao exterior materiais que não têm demanda alimentar no mercado interno, desde que o envio seja feito por estabelecimentos com fiscalização federal.

A proposta, aprovada na Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania (CCJC) da Câmara, na terça-feira (18), recebeu ajustes de redação e correções técnicas apresentadas pelo relator, deputado Cabo Gilberto Silva (PL-PB).

Ele destacou que versões anteriores do texto acumulavam vícios materiais e erros de referência à Lei 1.283/1950, que regula a inspeção industrial e sanitária de produtos de origem animal no país, o que comprometia a clareza normativa e poderia gerar insegurança jurídica.

Adequação técnica e segurança jurídica

Deputado Cabo Gilberto Silva: “A remissão incorreta não decorre da vontade do legislador, mas de um erro material, passível de correção. Preservar a referência ao artigo 12 garante coerência e evita contradições interpretativas” – Foto: Divulgação/FPA

Cabo Gilberto apontou que substitutivos anteriores citavam equivocadamente o artigo 11 da Lei 1.283/1950, quando a referência correta deveria ser o artigo 12, que trata diretamente das condições de inspeção sanitária. Para o relator, manter o erro poderia abrir brechas interpretativas. “A remissão incorreta não decorre da vontade do legislador, mas de um erro material, passível de correção. Preservar a referência ao artigo 12 garante coerência e evita contradições interpretativas”, afirmou.

Ele também corrigiu dispositivos que, segundo sua avaliação, extrapolavam a competência do Parlamento ao abordarem temas típicos de regulamentação pelo Poder Executivo. “Alguns trechos invadiam competências próprias do Poder Executivo. Ajustamos essas inconsistências para preservar a constitucionalidade e a técnica legislativa”, explicou.

Exportação via estabelecimentos com inspeção federal

Com essas correções, o texto final deixa claro que estabelecimentos estaduais ou municipais integrados ao Sisbi-Poa poderão destinar subprodutos sem demanda local a plantas industriais com inspeção federal, habilitadas pelo Ministério da Agricultura para exportação.

A medida atende mercados externos que utilizam esses materiais em diversas aplicações industriais e contribui para ampliar o aproveitamento de resíduos do abate, fortalecer a cadeia produtiva e garantir conformidade sanitária nas operações internacionais.

Avanço regulatório

Para o deputado Cabo Gilberto, a atualização moderniza a legislação e posiciona o Brasil para aproveitar melhor oportunidades no comércio global. “A atualização aperfeiçoa a legislação, reforça o papel do Sisbi-Poa e contribui para que o país aproveite oportunidades no mercado internacional sem comprometer a fiscalização sanitária”, destacou o relator.

Fonte: Assessoria FPA
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Bovinos / Grãos / Máquinas

Aliança Láctea debate crise do leite e traça estratégias para fortalecer o setor no Sul e Sudeste

Encontro em Florianópolis reuniu lideranças de vários estados para discutir competitividade, exportações, antidumping e ações conjuntas para reverter a crise da cadeia produtiva.

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Encontro realizado na sede do Sistema Faesc/Senar, em Florianópolis, ocorreu de forma híbrida reunindo participantes dos três Estados do Sul, do Centro Oeste e de São Paulo - Foto: Silvania Cuochinski/MB Comunicação

Os desafios do atual cenário da cadeia produtiva do leite e as estratégias para fortalecer o setor foram destaques na reunião da Aliança Láctea Sul Brasileira (ALSB), realizada na terça-feira (18), na sede do Sistema Faesc/Senar, em Florianópolis. O evento, realizado de forma híbrida, reuniu lideranças das federações de agricultura, representantes da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil, bem como de governos estaduais e entidades dos três Estados do Sul, do Centro Oeste e de São Paulo, para discutir temas estratégicos para o futuro da cadeia produtiva do leite.

A abertura do evento reforçou a importância da atuação conjunta para a construção de políticas públicas que assegurem competitividade, sustentabilidade e crescimento para o segmento. Durante sua explanação, o presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de SC (Faesc), José Zeferino Pedrozo, expressou a satisfação em sediar o encontro e expôs a preocupação com essa grave crise que afeta diretamente a economia rural e a sobrevivência de mais de milhares de famílias produtoras.

Registro das lideranças que participaram da reunião de forma presencial – Foto: Enzo Santiago

O dirigente lembrou da audiência pública, recém-realizada pela Alesc, para discutir a atual situação da cadeia produtiva. “A Assembleia Legislativa, por iniciativa do deputado estadual Altair Silva, promoveu essa audiência pública que oportunizou discussões relevantes sobre o tema. Representamos a Federação da Agricultura do nosso estado e, para nossa surpresa, a mobilização foi tão significativa que contou com mais de 700 pessoas. O evento resultou na criação de uma comissão que trabalhará estrategicamente junto ao governo federal e ao governo catarinense nas sugestões indicadas”.

Pedrozo também ressaltou que em janeiro deste ano levou à CNA, a preocupação com a queda constante no preço pago aos produtores. “A CNA imediatamente solicitou a aplicação de um antidumping provisório, pedindo a verificação dos preços do leite em pó importado da Argentina e do Uruguai”, afirmou.

As atividades seguiram com explanação do presidente da ALSB, Rodrigo Ramos Rizzo, que destacou a importância estratégica da reunião e mediou os debates. Entre os destaques da programação esteve a apresentação do Modelo de Negócios para exportação de lácteos, que focou nas oportunidades para ampliar a presença brasileira no mercado internacional e tornar a cadeia mais competitiva. A explanação foi conduzida pelo consultor Airton Spies e o objetivo é entregar a proposta ao CODESUL e ao BRDE.

“O documento foi elaborado pelo Grupo de Trabalho da Aliança está finalizado. Agora, estamos formatando para entregar de uma maneira formal ao CODESUL no mês de dezembro, com as adequações que cada uma das entidades julgar necessário”, afirmou Rodrigo Rizzo.

Outro item da pauta foi a apresentação do “Termo de Prorrogação” da ALSB, conduzida por Orlando Pessuti, representando o CODESUL. A Secretaria da Agricultura do Estado de São Paulo, representada por José Carlos de Faria Cardoso Junior, ampliou o diálogo da ALSB com outros Estados interessados em participar e fortalecer a Aliança Láctea Sul Brasileira.

Também ganhou ênfase a apresentação do presidente da Cooperativa Central Gaúcha (CCGL), Caio Viana, e sua equipe que relataram o case sobre o status sanitário do Programa Nacional de Controle e Erradicação da Brucelose e da Tuberculose Animal (PNCEBT) da cooperativa. O encontro abordou, ainda, a definição da direção da ALSB para o período 2026–2027, que ficará sob responsabilidade da Faep, e abriu espaço para contribuições gerais dos participantes, que ampliaram o diálogo para fortalecer a cadeia produtiva.

Encontro produtivo para o futuro do setor

Rodrigo Rizzo fez uma avaliação positiva da reunião, destacando que foi produtiva ao trazer diversos itens de pauta que refletem o cenário atual do setor. Segundo ele, um dos temas de impacto foi a questão da brucelose e da tuberculose, apontada como uma melhoria ainda necessária para aprimorar todo o processo e fortalecer o acesso ao mercado internacional.

Na visão de Rizzo, a união das entidades tem sido fundamental, especialmente para enfrentar a ação antidumping movida pela CNA, relacionada ao leite em pó importado, principalmente do Uruguai e da Argentina, que tem prejudicado o setor. “Esse produto tem entrado no país e afetado tanto as indústrias, que perdem competitividade, quanto os produtores, que enfrentam a queda nos preços”, destacou.

Reunião discutiu os desafios do atual cenário da cadeia produtiva do leite e as estratégias para fortalecer o setor – Foto: Silvania Cuochinski/MB Comunicação

O presidente da Aliança Láctea frisou, ainda, que é importante seguir atento ao monitoramento que que vem sendo realizado em relação à ação antidumping movido pela CNA. “Também discutimos sobre as exportações e competitividade. Somos competitivos em praticamente todos os aspectos. Temos alta qualidade e excelência na produção do nosso leite. O único ponto que ainda precisamos melhorar é o preço. O Brasil ainda não é competitivo nesse quesito. Isso depende de tempo e de um trabalho interno que precisa ser realizado.”, ressaltou.

O presidente Pedrozo também avaliou positivamente o encontro. Em sua mensagem final, reforçou o papel da Aliança Láctea Sul-Brasileira como um fórum essencial para a articulação institucional, debate técnico e construção de estratégias conjuntas capazes de contribuir para a superação da crise enfrentada pelo setor e para impulsionar o desenvolvimento da cadeia láctea. “Agradeço a participação de todos e espero que esse encontro represente mais um passo para a busca por soluções que fortaleçam o setor, promovendo o crescimento não apenas nos Estados envolvidos, mas em todo o Brasil. “

Representação

Também participaram e contribuíram com suas que contribuíram com análises e encaminhamentos essenciais para o fortalecimento da cadeia láctea, as seguintes autoridades e representantes de entidades: o presidente do Sindileite/SC e Conseleite/SC, Selvino Giesel; o secretário adjunto da Agricultura e Pecuária de Santa Catarina, Admir Edi Dalla Cort; o assessor técnico da CNA, Guilherme Dias; o presidente da Comissão Nacional de Pecuária de Leite da CNA, Ronei Volpi;  o presidente do Sindileite/PR, Elias José Zydek; o presidente do Sindilat/RS, Guilherme Portela; o presidente da Famasul, Marcelo Bertoni; representantes da Farsul e da Faep;  o secretário da Agricultura e Abastecimento do Paraná, Marcio Fernando Nunes; o secretário de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação de Mato Grosso do Sul, Jaime Elias Verruck; o presidente do SILEMS, Abraão Giuseppe Beluzi; representantes da secretaria da Agricultura, Pecuária, Produção Sustentável e Irrigação do Rio Grande do Sul, da Secretaria de Articulação Nacional, representantes do Sindilat, do Sebrae/RS; Conseleite/RS; do Codesul/PR, da Epagri, da Cidasc; entre outros.

Fonte: Assessoria Sistema Faesc/Senar
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Bovinos / Grãos / Máquinas Pecuária no Pampa

Produtores da Campanha conhecem tecnologias para bovinos e gestão do clima

Tarde de Campo em Hulha Negra apresentou ferramentas de rastreabilidade, controle de pragas, nutrição animal e agrometeorologia aplicada ao campo.

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Fotos: Fernando Dias/Ascom Seapi

Produtores da região da Campanha gaúcha tiveram a oportunidade de conhecer, na terça-feira (18), tecnologias aplicadas à pecuária de corte durante a Tarde de Campo organizada pela Secretaria da Agricultura, Pecuária, Produção Sustentável e Irrigação (Seapi), por meio do Departamento de Diagnóstico e Pesquisa Agropecuária (DDPA). O evento ocorreu no Centro Estadual de Diagnóstico e Pesquisa em Sistemas Integrados e Meteorologia Aplicada (Cesimet).

O foco da atividade foram pesquisas e ferramentas práticas para manejo de bovinos, nutrição, controle de carrapatos, identificação biométrica e agrometeorologia, voltadas especialmente para produtores da região.

Segundo Gabriel Fiori, médico-veterinário do Cesimet e coordenador do evento, o objetivo é integrar pesquisa aplicada e necessidade do produtor. “Estamos apresentando uma seleção de experimentos e resultados-chave desenvolvidos pela Secretaria, após um longo período de interrupção desse tipo de atividade. Este momento simboliza a revitalização do Centro. As tecnologias e ferramentas demonstradas são direcionadas especialmente aos produtores da Campanha”, afirmou.

Fiori reforçou o papel estratégico do Cesimet para a região. “A força da pesquisa aplicada e da inovação está no coração do Pampa. Mais do que um centro de pesquisa, somos um espaço que integra produtores e poder público. Não é apenas um evento técnico, mas um ambiente de troca e construção de conhecimento conectado às tendências atuais”, completou.

Márcio Amaral, diretor-geral da Seapi, destacou a importância de conciliar produtividade e sustentabilidade. “O desafio é trabalhar em uma atividade que precisa aumentar a produtividade sem descuidar da questão ambiental. A pecuária está retomando força na região, e integrar lavoura e pecuária é o caminho ideal”, disse.

Agrometeorologia e planejamento do produtor

Flávio Varone, coordenador do Sistema de Monitoramento e Alertas Agroclimáticos (Simagro-RS), apresentou dados em tempo real de 102 estações meteorológicas no Estado. O sistema permite ao produtor acessar informações sobre irrigação, umidade do solo e temperatura, tanto pelo site quanto pelo aplicativo gratuito. “Hoje contamos com previsão do tempo e dados agroclimáticos integrados. O produtor gaúcho tem, na tela do celular, informações essenciais para planejar suas atividades”, explicou Varone.

Geovanna Klassen Gielow, estudante de Agronomia da Urcamp, avaliou o aprendizado. “A palestra sobre clima agrometeorológico foi essencial para ver na prática a aplicação do que aprendemos na sala de aula”, comentou.

Rastreabilidade e sanidade animal

O controle de carrapatos foi apresentado pelo pesquisador José Reck Junior, do IPVDF/Seapi. O Rio Grande do Sul mantém testes gratuitos há 40 anos para avaliar a eficácia de carrapaticidas, um diferencial do Estado. “As condições climáticas da região favorecem a proliferação do carrapato durante grande parte do ano, e a resistência aos produtos usados no campo é um desafio constante”, disse.

A identificação biométrica de bovinos foi demonstrada pelo CEO da QR Cattle, Flávio Mallmann. A tecnologia permite rastrear cada animal, registrar sua localização georreferenciada e o tempo de permanência em cada propriedade. “Quando o animal se desloca, o sistema registra automaticamente essa mudança. A plataforma deve estar disponível ao público a partir de janeiro de 2026”, afirmou.

Além disso, o evento abordou nutrição e reprodução de bovinos, reforçando a integração entre pesquisa aplicada e necessidade produtiva da região.

Fonte: O Presente Rural com Seapi
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