Bovinos / Grãos / Máquinas Avanços em produtividade
Melhoramento genético eleva produtividade e qualidade das raças zebuínas no Brasil
A pecuária de corte representa hoje cerca de 30% do PIB do agronegócio nacional e gera uma receita superior a R$ 400 bilhões por ano. Para se chegar a esse patamar foi necessário aprimorar e modernizar os sistemas de produção, organizar processos e melhorar as condições de manejo nutricional dos animais, além de investir em melhoramento genético para alcançar melhores níveis de produtividade a fim de atender as exigências do mercado.
Constantes investimentos em tecnologia para melhorar a produtividade e a qualidade da carne bovina consolidou o Brasil como um dos principais produtores de gado de corte do mundo, fazendo com que o produto brasileiro alcançasse maior competitividade e chegasse ao mercado de mais de 150 países. A pecuária de corte representa hoje cerca de 30% do PIB do agronegócio nacional e gera uma receita superior a R$ 400 bilhões por ano.
Para se chegar a esse patamar foi necessário aprimorar e modernizar os sistemas de produção, organizar processos e melhorar as condições de manejo nutricional dos animais, além de investir em melhoramento genético para alcançar melhores níveis de produtividade a fim de atender as exigências do mercado.
Detentor do maior rebanho bovino do mundo, as raças zebuínas são predominantes na pecuária de corte brasileira, abrangendo mais de 80% da produção nacional. São raças puras de Zebu Nelore, Nelore Mocho, Kangayam, Sindi, Guzerá, Gir, as três últimas também têm aptidão leiteira; enquanto as raças neozebuínas são Brahman, Indubrasil e Tabapuã.
De origem indiana, a maior virtude econômica desses animais é que melhor se adaptam ao clima tropical por serem mais resistentes a temperaturas altas, clima seco, insolação e a doenças, características pelas quais fazem o Brasil ter o melhor rebanho de zebus do mundo, resultado de investimentos constantes em melhoramento genético e manejo nutricional para alcançar níveis melhores de eficiência e produtividade.
Há mais de cinco décadas, a Associação Brasileira dos Criadores de Zebu (ABCZ) desenvolve o Programa de Melhoramento Genético de Zebuínos (PMGZ), considerado o maior projeto do mundo destinado ao aprimoramento de todas as raças zebuínas e ao fortalecimento das cadeias produtivas da carne e do leite.
A iniciativa auxilia os produtores no processo de seleção dos animais, identificando os bovinos mais precoces, férteis, de melhores índices de ganho de peso ou de produção leiteira, disponibilizando ao mercado informações genéticas consistentes que atestam as performances dos rebanhos inscritos nas provas zootécnicas da ABCZ.
PMGZ
O programa PMGZ é desenvolvido em várias etapas, que compreendem coleta de dados, processamento das avaliações genéticas, divulgação e orientação sobre o uso dos resultados. A cada semestre as avaliações genéticas das raças zebuínas de corte são atualizadas pela ABCZ, tendo como base as informações das provas zootécnicas, que englobam três etapas: Controle do Desenvolvimento Ponderal (CDP), Provas de Ganho em Peso (PGP) e o Controle Leiteiro (CL), o que permite oferecer ao mercado informações genéticas atuais sobre o desempenho dos rebanhos inscritos no Serviço de Registro Genealógico das Raças Zebuínas (SRGRZ).
As pesagens são trimestrais e intercaladas, uma é feita por um técnico da ABCZ e a outra pelo criador. Para a avaliação genômica, o criador coleta o pelo do animal e envia à ABCZ, que encaminha codificado ao laboratório especializado credenciado à entidade para fazer o exame.
O programa tem uma entrada anual de aproximadamente 250 mil novos animais e atualmente já supera a marca de 15,5 milhões de pesagens de zebuínos desde que o projeto foi implantado em 1968.
Avaliações Genéticas
Todos os animais jovens, machos e fêmeas, matrizes e touros, participantes do Controle Leiteiro recebem as avaliações genéticas através do Sumário do Leite e os participantes do CDP através do Sumário de Corte. Os dados das Provas de Ganho em Peso também são considerados para a formação das avaliações genéticas, no entanto se restringem apenas aos machos jovens de cada propriedade.
De acordo com o gerente de Melhoramento Pró-Genética da ABCZ, Lauro Fraga Almeida, todos os dados levantados pelo PMGZ são fontes para geração das avaliações genéticas de animais jovens e adultos. A avaliação abrange a Diferença Esperada na Progênie (DEP), que reúne informações do animal e de seus parentes, indicando a diferença esperada na produção média da progênie de um determinado animal em relação à produção média das progênies de todos os animais que participam da mesma avaliação, ou seja, é o resultado da DEP que definirá o uso ou não de determinado animal como reprodutor.
Por exemplo, se há dois touros no rebanho, o touro A com DEP+40 kg para peso ao sobreano e o touro B com DEP+25 kg para peso ao sobreano, espera-se que, em média, a progênie do touro A pese 15 kg a mais que a progênie do touro B, no caso de todos os outros fatores não apresentarem alteração.
Como a DEP é uma estimativa deve ser acompanhada sempre da Acurácia (AC), que mede o grau de confiança da expectativa da DEP, ou seja, quanto maior o número de informações utilizadas na avaliação genética de determinado animal, maior será a AC de suas DEPs. O valor da Acurácia varia de 1 a 99% e deve ser usada como uma referência para a intensidade de uso deste animal. A Acurácia calculada nas avaliações genéticas do PMGZ segue as recomendações metodológicas da Federação de Melhoramento de Carne.
Características avaliadas
Nas avaliações da DEP são levantadas informações sobre o crescimento de cada animal por meio do peso a desmama, peso ao ano, peso ao sobreano (aos 450 dias de idade dos filhos) e ganho em peso pós desmama; em relação à habilidade materna são avaliados o peso à fase materna – efeito materno (medida na fase de 120 dias de idade do animal) e o total materno do peso a desmama; na parte reprodutiva são colhidos dados como idade ao primeiro parto, stayability, perímetro escrotal ao ano e o perímetro escrotal ao sobreano; na análise morfológica são feitas as avaliações que englobam a estrutura corporal, a precocidade e a musculosidade; e ainda é realizada a ultrassonografia da carcaça, que permite fazer a avaliação da composição corporal dos animais (área de olho de lombo, acabamento de gordura e marmoreio), o que possibilita a seleção de animais com carcaças uniformes e específicas para determinados mercados.
Por fim, é feita uma avaliação técnica visual chamada de EPMURAS, que analisa a estrutura corporal, a precocidade, a musculosidade, o umbigo, a caracterização racial, aprumos (proporções, direções, angulações e articulações dos membros anteriores e posteriores) e a sexualidade, características que ajudam os técnicos a ter uma visão tridimensional dos animais. “Então todas essas informações nos dão uma garantia muito grande do rebanho de cada criador, direcionando pontos de melhorias que precisam ser feitos no rebanho de cada propriedade”, expõe Almeida.
De acordo com o profissional, cerca de duas mil propriedades espalhadas por todas as regiões do território nacional participam do PMGZ. “Esse programa desempenha um papel importante no crescimento do número de novos criadores das raças zebuínas, porque quando um garrote novo chega à propriedade com dois anos de idade, por exemplo, ou uma novilha entra em reprodução, temos uma perspectiva do que vão produzir através da DEP desses animais”, destaca Almeida.
Vantagens do PMGZ
Entre as vantagens do PMGZ estão a melhora da fertilidade do rebanho, melhora os índices de ganho de peso, diminui o intervalo entre gerações, coloca à venda animais testados, agregando valor; proporciona aos criadores a produção de animais prontos mais jovens para o abate; oferece ao consumidor carne de melhor qualidade; diminui o custo de produção por unidade de produto e melhora a relação custo/benefício; aperfeiçoa os recursos da propriedade, aumenta a lucratividade do produtor, além de evidenciar os animais mais precoces.
Pró-Genética
Com o objetivo de contribuir para o aumento da produção sustentável da bovinocultura de corte e de leite no país, a ABCZ desenvolveu em 2006 o programa Pró-Genética, que passou a fazer parte do PMGZ. No ano seguinte, o Estado de Minais Gerais tornou o Pró-Genética uma política pública, aderida também pelos Estados do Espírito Santo, Rondônia e Tocantins. A iniciativa tem apoio dos governos federal, estaduais e municipais, órgãos de pesquisa, de extensão rural, de defesa sanitária animal e de capacitação e formação de mão de obra rural.
Segundo Almeida, o Pró-Genética visa aumentar a produção de carne e leite nas pequenas e médias propriedades rurais, através do uso de touros melhoradores, além de proporcionar ao pequeno e médio produtor rural possibilidades de aumento de renda, através da melhoria da produtividade e, consequentemente, da qualidade do seu padrão social; estimular os governos municipais, estaduais e federal a criar políticas públicas de fomento e apoio financeiro aos pequenos e médios produtores rurais; e estabelecer uma conexão real e contínua entre o segmento da produção de genética especializada – os chamados rebanhos “elite” – e a base da produção – rebanhos comerciais, de forma a garantir o fluxo de genética superior para a base produtiva.
No ano passado, a ABCZ fez o mapeamento genético de 180 mil animais. Almeida diz que o intuito da associação é fazer anualmente cerca de 100 mil genotipagens para que os animais tenham uma maior acurácia e uma maior garantia na DEP. “A parte de desempenho de cada animal é até fácil de se conseguir, porque seus filhos nos fornecem essas informações, mas a parte reprodutiva até uma filha ou um filho entrar em reprodução é mais difícil de mensurar, da mesma forma que a parte da habilidade materna das filhas de um determinado touro. Então quando se faz a DEP nós aumentamos a confiança nessa informação, o que nos possibilita usar mais esses animais jovens com uma maior garantia e automaticamente diminuir o intervalo de geração”, pontua o gerente de Melhoramento Pró-Genética.
Democratização no acesso às raças zebuínas
O Pró-Genética democratiza o acesso aos bezerros e touros através de leilões chancelados em 24 unidades federativas do país e em feiras como do Show Rural Coopavel, realizado no mês de fevereiro em Cascavel, no Oeste do Paraná, e que contou com a exposição de animais de origem zebuína. Os espaços da feira precisam ser amplos e dispor de uma estrutura de curral, onde os animais ficam à mostra para os compradores.
A negociação acontece de forma livre entre vendedor e comprador. Todos os animais possuem registro definitivo, exame andrológico – que garante sua fertilidade e idade máxima de 3,5 anos. “Existe um preço sugerido entre 40 e 60@, então o produtor entende perfeitamente que esse valor é um excelente investimento, que teria uma taxa de retorno em quatro anos e uma taxa interna de retorno de 26%”, expõe Almeida, destacando que a partir do momento que o produtor compra um touro e começa a produzir um bezerro zebuíno entra na rica cadeia produtiva da pecuária brasileira. “Esse bezerro que o produtor coloca no mercado pode ir para um confinador e essa carne pode estar sendo exportada para mais de 140 países. Isso mostra o quanto a pecuária é inclusiva, não é um núcleo fechado, porque permite a distribuição de renda a toda cadeia produtiva e toda a receita dessa pecuária fica no Brasil”, salienta o técnico responsável da ABCZ.
Criador há mais de 30 anos da raça Nelore Hatch, Leandro Nogueira, de São Jorge D’Oeste, PR, possui um rebanho de três mil cabeças, sendo 1,2 mil matrizes. Ele participou da Feira da Pecuária no Show Rural Coopavel na área de comercialização de animais. O produtor destaca o melhoramento genético e a precocidade da raça como um fator determinante para criação. “Ter um touro melhorador no plantel vai fazer com que a vaca tenha um bezerro mais pesado, vai melhorar o ganho de peso do animal com menos idade, diminui o custo de produção e proporciona uma carne de melhor qualidade”, evidencia.
Reconhecida como uma vitrine para o produtor, Nogueira diz que a parceria com a ABCZ já perdura a mais de 25 anos e tem trazido inúmeros benefícios. “Quando vou vender um animal, a primeira coisa que me perguntam é se o touro é registrado, isso oferece maior credibilidade ao comprador, porque conhece a procedência do animal, terá todas as informações da DEP, saberá que há um acompanhamento técnico e uma avaliação sobre a eficiência e qualidade do touro que está comprando”, explica Nogueira.
Entre as vantagens deste programa, Almeida afirma que o produtor terá um animal com uma maior fertilidade no rebanho, o que automaticamente consegue diminuir o intervalo entre o parto das fêmeas, aumentar o número de bezerros por ano e, consequentemente, a receita do produtor. Por parte do animal, ele diz que os bezerros que estão nascendo vão ganhar mais peso, o que vai diminuir a idade ao abate, o custo de produção e ainda o animal vai produzir uma carne de melhor qualidade.
Resultados dos programas de genética
Com os programas de genética foram inúmeros os benefícios alcançados na produção brasileira de zebuínos, entre eles Almeida destaca uma maior valorização e utilização dos animais jovens e um maior reconhecimento pelo mercado na utilização de sêmen dos touros zebuínos. “A raça Nelore, por exemplo, ultrapassou a raça Angus – que era líder na venda de sêmen no Brasil, sendo hoje a raça Nelore a que mais comercializa sêmen de gado de corte no país e no mundo. Então para nós isso é um feito imenso, que mostra todo o potencial das raças zebuínas”, exalta.
O gerente de Melhoramento Pró-Genética menciona que o avanço na qualidade desses animais em todas as suas características dão um maior retorno econômico e sustentável aos criadores. “A preocupação da ABCZ passa pelo associado que precisa ter uma segurança maior, uma menor margem de erro no uso de novos reprodutores, da mesma forma que essa genética ofertada ao mercado através de sêmen, embriões e touros tenha uma maior assertividade por parte dos pecuaristas que vão fazer os bezerros de corte”, ressalta Almeida.
Segunda pátria das raças zebuínas
O Brasil é considerado a segunda pátria das raças zebuínas por deter o maior rebanho do mundo e por ser o país que mais consome e exporta carne de zebu no planeta. “A carne de zebu brasileira é consumida em mais de 140 países, o que atesta a qualidade do produto oferecido ao mercado consumidor. Chegamos a este patamar devido ao trabalho feito pela ABCZ através do PMGZ na identificação e valorização das linhagens mais eficientes e produtivas, que garantem a sustentabilidade do processo, a economicidade, a lucratividade aos produtores e a segurança alimentar na mesa do brasileiro e de todo o mundo que compra a carne do Brasil”, frisa Almeida.
DEP Genômica
Anos após ano, a pecuária brasileira busca novos processos para acelerar a produtividade do rebanho nacional. Em 2016, a ABCZ passou a aplicar no rebanho das raças Nelore e Tabapuã uma nova tecnologia, conhecida como DEP Genômica, cujo intuito é minimizar erros no processo de seleção de animais jovens, mais uma iniciativa que passou a integrar uma das etapas do PMGZ. Para calcular a DEP Genômica são usadas informações de animais de raça pura, progênies, desempenho do animal e Valor Molecular Predito (MVP).
“Existe a intenção da ABCZ de aproximação com as outras associações, para que possamos também fornecer a DEP Genômica das raças Brahman, Guzerá, Gir e Indubrasil. É importante que haja uma aproximação das associações e dos criadores com a ABCZ para que seja feito um plano de trabalho e buscado essa introdução da DEP Genômica”, sugere Almeida, acrescentando que a raça Brahman é mundialmente conhecida, originária dos Estados Unidos, e está em toda faixa intertropical do planeta. “No Brasil, se fizermos esse processo vamos ter o primeiro programa da raça Brahman no mundo com avaliação genômica. Será um grande feito para a ABCZ e para os criadores, que vão ter reconhecidos o seu trabalho de seleção internacionalmente”, evidencia.
PNAT
Através do PMGZ é também realizado o Programa Nacional de Avaliação de Touros Jovens, que seleciona reprodutores zebuínos registrados com idades entre 18 e 25 meses, com exame andrológico positivo para avaliação de suas progênies. “É um programa de democratização ao acesso de touros para todos os produtores do Brasil, conta com a participação de criadores, técnicos e centrais de inseminação e a distribuição gratuita de sêmen a propriedades cadastradas na ABCZ”, menciona Almeida.
Entre as contribuições do PNAT para o desenvolvimento das raças zebuínas está a manutenção da variabilidade genética dos animais para seleção.
O que esperar para o futuro
Segundo a ABCZ, a inseminação artificial no Brasil vem crescendo, contudo no gado de corte e no gado de leite de forma mais lenta. Em 2020, foram inseminados apenas 20% do rebanho bovino nacional e comercializado através de leilões e nas fazendas em torno de 100 mil touros. “Esse número somado ao potencial de cobertura que esses touros têm, a vida útil deles (em média seis anos) e a cobertura de 30 fêmeas por touro, obtemos 58% das matrizes bovinas brasileiras aptas à reprodução cobertas com boi comum”, menciona o responsável pelo Melhoramento Pró-Genética da ABCZ, questionando: “Como podemos concorrer com uma agricultura de precisão quando ainda usamos um boi com origem desconhecida? É como se você preparasse a terra para plantar uma semente de soja e usasse uma semente que você não sabe a origem. Então nós temos ainda esse imenso potencial de produzir pelo menos 150 mil touros registrados para colocar no mercado”, afirma, ampliando: “Muitos pequenos produtores podem se tornar sócios da ABCZ, no sentido de saber quanto custa o sistema de criação, quanto ele tem de rentabilidade com uma atividade com vacas comuns e quanto custaria como investimento as vacas registradas e a rentabilidade que ele pode ter com esses animais”.
Bem-estar animal
A pecuária seletiva trabalha com o melhor manejo dos animais para que tenham uma boa oferta de volumoso, de água e sombreamento, para que possam desempenhar o máximo do seu potencial genético. “A pecuária brasileira tem feito isso muito bem. Cerca de 90% do nosso gado é de capim e vai para o confinamento nos últimos 90 a 120 dias. Então é importante mostrarmos que a nossa pecuária é arborizada, fixadora de carbono, geradora de emprego e que ela cria uma ambiência salutar para os proprietários, para aqueles que trabalham na propriedade e para os animais”, sustenta.
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Derivados lácteos sobem em outubro, mas mercado prevê quedas no trimestre
OCB aponta que, em outubro, os preços médios do leite UHT e do queijo muçarela negociados entre indústrias e canais de distribuição em São Paulo registraram ligeiras altas de 0,66% e de 0,59% frente a setembro/24.
Preço sobe em setembro, mas deve cair no terceiro trimestre
A pesquisa do Cepea mostra que, em setembro, a “Média Brasil” fechou a R$ 2,8657/litro, 3,3% acima da do mês anterior e 33,8% maior que a registrada em setembro/23, em termos reais (os valores foram deflacionados pelo IPCA de setembro). O movimento de alta, contudo, parece ter terminado. Pesquisas ainda em andamento do Cepea indicam que, em outubro, a Média Brasil pode recuar cerca de 2%.
Derivados registram pequenas valorizações em outubro
Pesquisa realizada pelo Cepea em parceria com a Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB) aponta que, em outubro, os preços médios do leite UHT e do queijo muçarela negociados entre indústrias e canais de distribuição em São Paulo registraram ligeiras altas de 0,66% e de 0,59% frente a setembro/24, chegando a R$ 4,74/l e a R$ 33,26/kg, respectivamente. No caso do leite em pó (400g), a valorização foi de 4,32%, com média de R$ 31,49/kg. Na comparação com o mesmo período de 2023, os aumentos nos valores foram de 18,15% para o UHT, de 21,95% para a muçarela e de 12,31% para o leite em pó na mesma ordem, em termos reais (os dados foram deflacionados pelo IPCA de out/24).
Exportações recuam expressivos 66%, enquanto importações seguem em alta
Em outubro, as importações brasileiras de lácteos cresceram 11,6% em relação ao mês anterior; frente ao mesmo período do ano passado (outubro/23), o aumento foi de 7,43%. As exportações, por sua vez, caíram expressivos 65,91% no comparativo mensal e 46,6% no anual.
Custos com nutrição animal sobem em outubro
O Custo Operacional Efetivo (COE) da pecuária leiteira subiu 2,03% em outubro na “média Brasil” (BA, GO, MG, SC, SP, PR e RS), puxado sobretudo pelo aumento dos custos com nutrição animal. Com o resultado, o COE, que vinha registrando estabilidade na parcial do ano, passou a acumular alta de 1,97%.
Bovinos / Grãos / Máquinas Protecionismo econômico
O produtor rural brasileiro está cansado de ser tratado com desrespeito
CEO do Carrefour na França, Alexandre Bompard afirma que a rede vai deixar de comercializar carnes oriundas do Mercosul pois os produtos sul-americanos não cumprem as exigências e normas sanitárias.
A Associação dos Criadores de Mato Grosso (Acrimat), entidade representativa, sem fins lucrativos, emite nota oficial para rebater declarações do CEO do Carrefour na França, Alexandre Bompard. Nas suas recentes declarações o CEO afirma que a rede vai deixar de comercializar carnes oriundas do Mercosul pois os produtos sul-americanos não cumprem as exigências e normas sanitárias .
Veja abaixo, na integra, o que diz a nota:
O produtor rural brasileiro está cansado de ser tratado com desrespeito aqui dentro e mundo afora.
O protecionismo econômico de muitos países se traveste de protecionismo ambiental criando barreiras fantasmas para tentar reduzir nossa capacidade produtiva e cada vez mais os preços de nossos produtos.
Todos sabem que é difícil competir com o produtor rural brasileiro em eficiência. Também sabem da necessidade cada vez maior de adquirirem nossos produtos pois além de alimentar sua população ainda conseguem controlar preços da produção local.
A solução encontrada por esses países principalmente a UE e nitidamente a França, foi criar a “Lei Antidesmatamento” para nos impor regras que estão acima do nosso Código Florestal. Ora se temos uma lei, que é a mais rigorosa do mundo e a cumprimos à risca qual o motivo de tanto teatro? A resposta é que a incapacidade de produzir alimentos em quantidade suficiente e a também incapacidade de lidar com seus produtores faz com que joguem o problema para nós.
Outra questão: Por que simplesmente não param de comprar da gente já que somos tão destrutivos assim? Porque precisam muito dos nossos produtos mas querem de graça. Querem que a gente negocie de joelhos com eles. Sempre em desvantagem. Isso é uma afronta também à soberania nacional.
O senador Zequinha Marinho do Podemos do Pará, membro da FPA, tem um projeto de lei (PL 2088/2023) de reciprocidade ambiental que torna obrigatório o cumprimento de padrões ambientais compatíveis aos do Brasil por países que comercializem bens e produtos no mercado brasileiro.
Esse PL tem todo nosso apoio porque é justo e recíproco, que em resumo significa “da mesma maneira”. Os recentes casos da Danone e do Carrefour, empresas coincidentemente de origem francesa são sintomáticos e confirmam essa tendência das grandes empresas de jogar para a plateia em seus países- sede enquanto enviam cartas inócuas de desculpas para suas filiais principalmente ao Brasil.
A Associação dos Criadores do Mato Grosso (Acrimat), Estado com maior rebanho bovino do País e um dos que mais exporta, repudia toda essa forma de negociação desleal e está disposta a defender a ideia da suspensão do fornecimento de animais para o abate de frigoríficos que vendam para essas empresas.
Chega de hipocrisia no mercado, principalmente pela França, um país que sempre foi nosso parceiro comercial, vendendo desde queijos, carros e até aviões para o Brasil e nos trata como moleques.
Nós como consumidores de muitos produtos franceses devemos começar a repensar nossos hábitos de consumo e escolher melhor nossos parceiros.
Com toda nossa indignação.
Oswaldo Pereira Ribeiro Junior
Presidente da Acrimat
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Queijo paranaense produzido na região Oeste está entre os nove melhores do mundo
Fabricado em parque tecnológico do Oeste do estado, Passionata foi o único brasileiro no ranking e também ganhou título de melhor queijo latino americano no World Cheese Awards.
Um queijo fino produzido no Oeste do Paraná ficou entre os nove melhores do mundo (super ouro) e recebeu o título de melhor da América Latina no concurso World Cheese Awards, realizado em Portugal. Ele concorreu com 4.784 tipos de queijos de 47 países. O Passionata é produzido no Biopark, em Toledo. Também produzidos no parque tecnológico, o Láurea ficou com a prata e o Entardecer d´Oeste com o bronze.
As três especialidades de queijo apresentadas no World Cheese Awards foram desenvolvidas no laboratório de queijos finos e serão fabricadas e comercializadas pela queijaria Flor da Terra. O projeto de queijos finos do Biopark é realizado em parceria com o Biopark Educação, existe há cinco anos e foi criado com a intenção de melhorar o valor agregado do leite para pequenos e médios produtores.
“A transferência da tecnologia é totalmente gratuita e essa premiação mostra como podemos produzir queijos finos com muita qualidade aqui em Toledo”, disse uma das fundadoras do Biopark, Carmen Donaduzzi.
“Os queijos finos que trouxemos para essa competição se destacam pelas cores vibrantes, sabores marcantes e aparências únicas, além das inovações no processo produtivo, que conferem um diferencial sensorial incrível”, destacou o pesquisador do Laboratório de Queijos Finos do Biopark, Kennidy Bortoli. “A competição toda foi muito emocionante, saber que estamos entre os nove melhores queijos do mundo, melhor da América Latina, mostra que estamos no caminho certo”.
O Paraná produz 12 milhões de litros por dia, a maioria vem de pequenos e médios produtores. Atualmente 22 pequenos e médios produtores de leite fazem parte do projeto no Oeste do Estado, produzindo 26 especialidades de queijo fino. Além disso, no decorrer de 2024, 98 pessoas já participaram dos cursos organizados pelo Biopark Educação.
Neste ano, foram introduzidas cinco novas especialidades para os produtores vinculados ao projeto de queijos finos: tipo Bel Paese, Cheddar Inglês, Emmental, Abondance e Jack Joss.
“O projeto é gratuito, e o único custo para o produtor é a adaptação ou construção do espaço de produção, quando necessário”, explicou Kennidy. “Toda a assessoria é oferecida pelo Biopark e pelo Biopark Educação, em parceria com o Sebrae, IDR-PR e Sistema Faep/Senar, que apoiam com capacitação e desenvolvimento. A orientação cobre desde a avaliação da qualidade do leite até embalagem, divulgação e comercialização do produto”.
A qualidade do leite é analisada no laboratório do parque e, conforme as características encontradas no leite, são sugeridas de três a quatro tecnologias de fabricação de queijos que foram previamente desenvolvidas no laboratório com leite com características semelhantes. O produtor então escolhe a que mais se identifica para iniciar a produção.
Concursos estaduais
Para valorizar a produção de queijos, vão iniciar em breve as inscrições para a segunda edição do Prêmio Queijos do Paraná, que conta com apoio do Governo do Paraná. As inscrições serão abertas em 1º de dezembro de 2024, e a premiação acontece em 30 de maio de 2025. A expectativa é de que haja mais de 600 produtos inscritos, superando a edição anterior, que teve 450 participantes. O regulamento pode ser acessado aqui. O objetivo é divulgar e valorizar os derivados lácteos produzidos no Estado.
O Governo do Paraná também apoia o Conecta Queijos, evento voltado a produtores da região Oeste. Ele é organizado em parceria pelo o IDR-Paran