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Melaço de cana-de-açúcar ganha protagonismo na nutrição animal
De coproduto das usinas a insumo estratégico, ingrediente amplia eficiência alimentar, reduz custos e fortalece a integração entre a pecuária e o setor sucroenergético.

Artigo escrito por Antonio Carlos da Silva Jr., Nature AgroPec, Consultor Técnico da Mellaço de Cana
O melaço de cana-de-açúcar deixou de ser apenas um coproduto das usinas sucroalcooleiras para se consolidar como um insumo estratégico na nutrição animal. Amplamente utilizado na pecuária de corte e leite, e cada vez mais estudado em outras espécies, o melaço oferece energia prontamente disponível, melhora a palatabilidade e favorece o aproveitamento de dietas de menor custo.
Quimicamente, trata-se de um xarope espesso rico em açúcares solúveis — sacarose, glicose e frutose — que podem representar cerca de 75% da matéria seca. Essa composição confere alta densidade energética e fermentabilidade ruminal. No rúmen, os açúcares do melaço são rapidamente convertidos em ácidos graxos voláteis (AGVs), combustível essencial para as bactérias celulolíticas, melhorando a digestão de volumosos fibrosos como fenos maduros, palhadas e pastagens de baixa qualidade. O resultado prático é maior ingestão de matéria seca, melhor eficiência alimentar e desempenho superior em períodos de restrição nutricional.
A alta palatabilidade é outro atributo importante. O sabor adocicado e o aroma característico do melaço reduzem a poeira das rações, aumentam a coesão física e diminuem a seleção de partículas pelos animais. Em dietas de bovinos de corte e leite, a inclusão de 5 a 12% de melaço melhora a uniformidade do consumo, especialmente em lotes a pasto, onde o desafio é manter a ingestão equilibrada entre indivíduos.
Leite
Em bovino leiteiro, estudos apontam que a substituição parcial do amido por melaço, em dietas de transição, favorece o equilíbrio energético no pré e pós-parto, contribuindo para a estabilidade do pH ruminal e para a produção de gordura no leite. Essa estratégia reduz o risco de acidose subclínica e melhora o perfil de fermentação, com maior produção de acetato e butirato, precursores de lipídios do leite.
Corte a pasto
Em bovinos de corte sob regime de pasto, o principal gargalo é a falta de energia fermentável sincronizada com nitrogênio disponível. A associação entre melaço e ureia — em blocos sólidos, suplementos líquidos ou rações — fornece energia e nitrogênio simultaneamente, promovendo maior síntese de proteína microbiana e melhor aproveitamento de forragens secas. Essa prática tem sido amplamente validada em sistemas tropicais, resultando em ganhos de peso consistentes mesmo na estação seca.
Aglutinante
O melaço também desempenha papel tecnológico nas fábricas de ração: atua como aglutinante durante a peletização, melhora a integridade dos pellets e reduz perdas por finos. Além disso, seu sabor ajuda a mascarar ingredientes menos palatáveis, como ureia ou minerais, garantindo consumo uniforme.
Suínos e equinos
Recentemente, o uso do melaço tem despertado interesse em suínos e equinos. Em suínos, ensaios realizados nas últimas décadas — e compilados em revisões recentes — demonstram que a inclusão de melaço em dietas de crescimento e terminação não compromete o desempenho nem a qualidade da carcaça. Revisões de literatura científicas concluem que “a adição de melaço em dietas de suínos pesados, com ou sem soro de leite, não apresenta efeitos negativos sobre o rendimento e a qualidade de carcaça”. Outros estudos conduzidos no Caribe também indicam que o melaço pode substituir parcialmente fontes de amido, mantendo ganho de peso e consumo estáveis, desde que os níveis não excedam limites que causem diarreia ou reduções na digestibilidade de nitrogênio.
Em equinos, o melaço de cana é amplamente utilizado em formulações comerciais, principalmente para melhorar a aceitação de rações, aglutinar partículas e fornecer energia de rápida disponibilidade. Fontes técnicas em nutrição equina relatam níveis usuais de inclusão entre 3 e 10%, sem prejuízo à saúde dos animais, desde que respeitada a condição metabólica e o nível de trabalho. No entanto, a literatura científica é limitada sobre o impacto direto do melaço na digestibilidade e desempenho de equinos, o que reforça a necessidade de manejo cuidadoso e formulação supervisionada por nutricionistas especializados.
Sustentabilidade e economia circular
Além dos efeitos nutricionais, o uso do melaço está alinhado às tendências de sustentabilidade e economia circular. Trata-se de um coproduto abundante da indústria sucroalcooleira que pode substituir parte dos grãos em dietas animais, reduzindo custos e a pegada ambiental da produção pecuária. A integração entre o setor sucroenergético e a nutrição animal exemplifica como coprodutos agrícolas podem agregar valor, fortalecer cadeias regionais e contribuir para uma pecuária mais eficiente e resiliente.
Equilíbrio
Por fim, é importante lembrar que, apesar de suas vantagens, o uso do melaço exige equilíbrio. Altas inclusões, sem adequada correção de fibra e proteína, podem causar distúrbios ruminais e acidose. Assim, o melaço deve ser sempre incorporado dentro de programas nutricionais completos, respeitando as particularidades de cada espécie, categoria e sistema de produção.
Em síntese, o melaço de cana-de-açúcar representa muito mais que uma fonte barata de energia: é um ingrediente multifuncional que melhora a eficiência alimentar, promove sustentabilidade e consolida a integração entre agroindústria e produção animal moderna.

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Pescadores precisam regularizar registro até 31 de dezembro
Envio do REAP é obrigatório para manter o RGP ativo e garantir o acesso ao seguro-defeso; ministério intensifica auditorias e alerta para cancelamentos.

Opescador e a pescadora profissional têm até 31 de dezembro para enviar o Relatório Anual de Exercício da Atividade Pesqueira (REAP) no sistema PesqBrasil, do Ministério da Pesca e Aquicultura (MPA). O prazo é fundamental para manter o Registro Geral da Atividade Pesqueira (RGP) ativo e garantir o direito ao seguro-defeso.
O REAP é o documento que comprova que o trabalhador exerceu regularmente a pesca ao longo do ano. Nele, são informados, mês a mês, os volumes pescados, as espécies capturadas e os locais de pesca. Sem esse envio, o RGP fica irregular e o pescador não poderá acessar benefícios, como o seguro-defeso.
Registros estão sendo auditados
O MPA reforça que todas as informações declaradas passam por verificação. Segundo a secretária Nacional de Registro, Monitoramento e Pesquisa da Pesca e Aquicultura, Carolina Dória, o ministério já vem realizando um amplo processo de fiscalização. “O Ministério está conferindo todos os registros e cancelando aqueles que não estão ativos. Já foram mais de 300 mil cancelados apenas neste ano”, afirmou.
Ela também alerta que o preenchimento do REAP deve refletir a realidade da atividade exercida. “O seguro-defeso é um direito de quem vive da pesca. Quem não exerce a atividade e mantém registro ativo pode ser responsabilizado”, completou.
RGP e CIN
Para enviar o REAP, é necessário que o pescador esteja com o RGP ativo e regular. Além disso, até o prazo final, também é obrigatória a Carteira de Identidade Nacional (CIN), que passa a ser exigida tanto para a manutenção do RGP quanto para o envio do relatório.
A adoção da CIN permite ao Governo Federal integrar as bases de dados e aumentar a segurança na concessão do seguro-defeso e de outros benefícios sociais, como o Bolsa Família, reduzindo fraudes e garantindo que os recursos cheguem a quem realmente trabalha na pesca.
Como preencher o REAP
O preenchimento é feito de forma online e leva poucos minutos:
Acesse o Sistema PesqBrasil, do Ministério da Pesca e Aquicultura
Clique na opção “Manutenção” do seu cadastro
Entre no módulo REAP
Informe os dados da sua atividade pesqueira (espécies, quantidades, métodos e locais de pesca)
Envie o relatório
O acompanhamento pode ser feito no próprio menu “Manutenção”.
Não deixe para a última hora. O prazo termina no dia 31.
Notícias
Invasão de fazenda no Noroeste do Paraná acende alerta no campo
Sistema Faep repudia ação em Xambrê, cobra reintegração imediata e aponta risco à segurança jurídica e aos investimentos na produção agropecuária.

O Sistema Faep manifesta repúdio à invasão da Fazenda Santa Fé, no município de Xambrê, na região Noroeste do Paraná, neste sábado (27), por 250 integrantes da Frente Nacional de Luta Campo e Cidade (FNL) e do Movimento de Terra e Alimento. Diante do ocorrido, o presidente da entidade, Ágide Eduardo Meneguette, solicitou apoio ao secretário estadual de Segurança Pública, Coronel Hudson Leôncio Teixeira, para a imediata reintegração de posse.
Desde a invasão, equipes da Polícia Militar do Paraná, por meio do 25º Batalhão, com sede em Umuarama, estão no local. O acesso à fazenda permanece fechado e controlado pelas forças policiais.
Nos últimos meses, a escalada de invasões promovidas tem gerado insegurança entre produtores paranaenses. Para o presidente do Sistema Faep, Ágide Eduardo Meneguette, a invasão de propriedades produtivas e privadas constitui ato ilegal e afronta direta ao Estado de Direito, além de comprometer a produção agropecuária e desestimular investimentos no setor.
“Não vamos aceitar que grupos organizados desrespeitem a lei e coloquem em risco a segurança dos nossos produtores rurais”, afirma Meneguette. “O meio rural não pode estar atrelado a práticas ilegais e coercitivas promovidas por grupos criminosos. Essas ações enfraquecem as instituições, prejudicam o andamento de políticas públicas e ameaçam a segurança jurídica, um risco grave para o desenvolvimento do setor agropecuária”, complementa.
O Sistema Faep segue acompanhando o caso, dando suporte aos proprietários, por meio do Sindicato Rural de Umuarama, e cobrando a imediata reintegração de posse. Para a entidade, esse procedimento gera instabilidade, desestimula investimentos no campo e favorece a atuação de grupos que agem à margem da lei.
Notícias Retrospectiva 2025
Oferta recorde derruba preços da soja e amplia exportações do Brasil em 2025
Produção global elevada, colheita histórica no País e recomposição da oferta nos EUA e na Argentina pressionaram as cotações, enquanto os embarques brasileiros atingiram novo recorde.

O mercado de soja apresentou elevada volatilidade de preços ao longo de 2025, em um contexto de ampla oferta global, disputas comerciais entre China e Estados Unidos, mudanças na política de “retenciones” na Argentina e expansão da demanda em diversos países.
As cotações médias foram as mais baixas dos últimos anos tanto no Brasil quanto no front externo. Os Indicadores CEPEA/ESALQ – Paranaguá (PR) e CEPEA/ESALQ Paraná registraram em 2025 as menores médias anuais desde 2019, em termos reais. Na CME Group, o contrato de primeiro vencimento teve a menor média anual desde 2020.
No Brasil, apesar de o ano ter começado com o menor estoque de passagem em quatro safras, o avanço acelerado da colheita 2024/25 confirmou uma produção recorde de 171,48 milhões de toneladas.

Foto: Gilson Abreu
A quebra registrada no Rio Grande do Sul foi compensada pela elevada produtividade nos demais estados, o que ampliou a disponibilidade interna e a liquidez do mercado spot. Com esse desempenho, o País respondeu por cerca de 40% da produção mundial, estimada em 427,15 milhões de toneladas pelo USDA.
Argentina e EUA também tiveram recuperação expressiva na produção, alcançando os maiores volumes desde a safra 2021/22. Os EUA colheram 119,04 milhões de toneladas, crescimento de 5% em relação à temporada anterior, enquanto a Argentina produziu 51,1 milhões de toneladas, avanço de 6%. Outros países também atingiram recordes, reforçando o cenário de ampla oferta global.
Do lado da demanda, o desempenho também foi relevante. A China importou 108 milhões de toneladas, quantidade 3,5% menor que a da safra anterior, mas esse recuo foi compensado pela expansão das compras em outros destinos.
No total, o comércio mundial de soja atingiu 184,8 milhões de toneladas em 2024/25, alta de 3,9%, com o Brasil respondendo por 55,8% das exportações globais. Os embarques brasileiros atingiram um novo recorde em 2025. A China permaneceu como principal destino, com participação de 78,3% (de janeiro a novembro), enquanto a Argentina ampliou as importações do grão brasileiro em 73,5%, um movimento atípico e relevante ao longo do ano.



