Avicultura Organismo saudável
Meio ambiente interfere na microbiota intestinal das aves
A composição da microbiota intestinal é única em cada indivíduo, sendo composta de bactérias distintas – em sua maioria não patogênicas, archaea, vírus, protozoários, algas e fungos, herdados do hospedeiro, adquiridos ao nascimento e ainda definidos pelas características ambientais, como a idade e os hábitos alimentares.
O aperfeiçoamento contínuo dos segmentos de genética, nutrição, biossegurança e bem-estar animal evidenciam a evolução da avicultura ao longo de várias décadas, com importantes avanços no manejo de doenças infecciosas, melhora da imunidade e da saúde intestinal das aves. De acordo com a zootecnista e gerente de P&D na Master Agroindustrital, Raquel Lunedo, a maior parte do trato gastrointestinal é colonizada por uma complexa, diversa e interativa comunidade de microrganismos, que trabalham juntos envolvendo fatores bióticos (hospedeiros – plantas ou animais) e abióticos (temperatura, pH, oxigênio, pressão, componentes químicos, estrutura dos arredores).
Raquel explica que a composição da microbiota intestinal é única em cada indivíduo, sendo composta de bactérias distintas – em sua maioria não patogênicas, archaea, vírus, protozoários, algas e fungos, herdados do hospedeiro, adquiridos ao nascimento e ainda definidos pelas características ambientais, como a idade e os hábitos alimentares.
Os microrganismos – chamados de conectores biológicos – estão envolvidos em todo o processo de transformação de nutrientes. “Se nós pensarmos em um ciclo de nitrogênio da natureza todos os seus passos têm microrganismos atuando para que aquele nutriente se transforme e esteja disponível para o próximo organismo que vai utilizá-lo, então os microrganismos são extremamente importantes para a auto sustentabilidade da biosfera, tanto que se fizermos uma conta, estima-se que 1/3 da biomassa da terra é composta por procariotos, um número extremamente grande, dos mais diversos ambientes dentro da terra. E dentre esses ambientes, o trato gastrointestinal dos animais é o habitat mais denso, diverso e abundante”, afirma Raquel.
De acordo com a zootecnista, os microrganismos presentes no aparelho reprodutor podem colonizar o embrião durante a formação do ovo e com o nascimento do pintainho a microbiota intestinal, que é completamente imatura após a eclosão, vai ser transformada pela ração, água, cama, insetos, poeira e pessoas, fatores que vão proporcionar o desenvolvimento e o estabelecimento da microbiota intestinal. “Se vai se estabelecer ou não no animal essa microbiota vai depender da solubilidade fisiológica deste animal, como está a nutrição e o ambiente. Ele pode entrar em contato com diversos organismos benéficos ou patogênicos, o que vai decidir se este organismo vai colonizar e se perpetuar no trato deste animal são as condições oferecidas para ele”, explica.
Microbiota e sua relação com o hospedeiro
Os aspectos relacionados à fisiologia digestiva do hospedeiro – quantidade e composição das secreções intestinais, controle da motilidade, turnover das células epiteliais – são fatores relevantes para o estabelecimento das populações microbianas.
Conforme Raquel, um animal ruminante só consegue aproveitar o capim porque possui um ambiente interno que possibilita que os microrganismos sobrevivam no rúmen, visto que se desequilibrar o rúmen vai gerar um prejuízo enorme para o metabolismo do animal.
A partir deste modelo surgiu a Teoria do metaorganismo ou superorganismo, a qual atesta que para ter um metabolismo completo é necessário ter um evento cooperativo entre diferentes organismos, sendo que cada organismo é composto por três domínios – archea, bactéria e eucariota. “O genoma fundamental que cada organismo eucarioto vive é o metagenoma (DNA microbiano e animal) porque a forma como os genes e as bactérias são expressas vão intervir na disfunção gênica do animal hospedeiro e vice-versa, ou seja, a forma como o animal hospedeiro vai expressar seus genes influencia no microbioma que se apresenta no intestino”, menciona Raquel.
Segundo a profissional, é no trato gastrointestinal que se encontram as populações mais diversas e com maior dinamismo da microbiota e do hospedeiro. Raquel afirma que a evolução é tão grande e conjunta entre microbiota e hospedeiro que eliminando toda a microbiota de um animal vai causar alterações na capacidade do bili absorver sais, na diferença na cripta, na menor vascularização, na função das células imunes, na mineralização e densidade óssea, na atividade de osteoblastos e osteoclastos, no sistema vascular intestinal, além de modificar a ingestão de alimentos e aumentar a vilosidade intestinal, etc., ou seja, o animal não conseguirá absorver os nutrientes da mesma forma como se tivesse com a microbiota presente, afetando o desenvolvimento do sistema imune e o desempenho produtivo da ave. “21, desde que essa microbiota esteja controlada, benéfica e atuando de forma comensal para o animal, qualquer desequilíbrio perde-se a capacidade produtiva. Para ter um organismo saudável é preciso ter a microbiota presente”, evidencia.
O sistema imune intestinal exerce papel importante para o equilíbrio entre a microbiota intestinal e o hospedeiro. É responsável pela defesa contra os microrganismos patogênicos: reações iniciais (imunidade inata) e pelas respostas tardias (imunidade adquirida). “O sistema imune é a principal forma de comunicação entre hospedeiro e bactéria”, cita Raquel.
Meio ambiente e a microbiota
Segundo Raquel, vários estudos foram e estão sendo realizados sobre fatores que afetam a microbiota de aves de postura, no entanto, é difícil, segundo ela, encontrar formas corretas de mostrar os dados sobre qual microbiota, ingrediente, nutriente e aditivo é melhor usar para manipular os tralhados com microbiota em aves de postura, uma vez que o ambiente interfere de forma exponencial nos resultados.
A microbiota do pintainho possui dois fatores: potencial genético e meio ambiente, que pode favorecer ou desfavorecer o potencial genético do animal. “É exatamente neste ponto é que se consegue modular a microbiota, principalmente em animais jovens”, ressalta Raquel.
Para ficar atualizado e por dentro de tudo que está acontecendo no setor avícola acesse gratuitamente a edição digital Avicultura – Corte & Postura.
Avicultura Em Porto Alegre
Asgav promove evento sobre prevenção de incêndios nas indústrias
Encontro contou com especialistas do Corpo de Bombeiros.
Na última terça-feira (19), a Asgav realizou um importante evento via web, onde participaram integrantes das indústrias de aves e suínos de diversos estados do Brasil, com mais de 150 participantes inscritos.
O evento abordou o tema “Prevenção de Incêndios: Regras e Práticas de Prevenção na Indústria” e contou com uma palestra especial do Tenente Coronel Éderson Fioravante Lunardi do Corpo de Bombeiros e Secretaria de Segurança Pública do Rio Grande do Sul.
A inciativa da Asgav também contou com apoio da ABPA – Associação Brasileira de Proteína Animal, propiciando a participação de indústrias e cooperativas de aves e suínos de diversos estados do Brasil.
“Nos últimos anos, temos registrado diversos incêndios em indústrias do setor e buscar informações atualizadas com especialistas, discutir leis e procedimentos e a troca de informações entre diversas indústrias do setor também é uma forma de intensificar a prevenção”, comentou José Eduardo dos Santos – Presidente Executivo da O.A.RS (Asgav/Sipargs).
Na apresentação do representante do corpo e bombeiros foram abordados alguns registros de incêndios em outros países e no Brasil, as causas, falhas e fatores que propiciaram os sinistros.
As regras e leis dos programas de prevenção contra incêndios também foram amplamente abordadas e dialogadas com os participantes.
Segundo o representante da Asgav, o tema também será objeto de encontros presenciais e troca de informações entre estados, principalmente na área de Segurança e Saúde do Trabalho, contado com a participação dos especialistas do corpo de bombeiros.
Avicultura
Conbrasfran 2024 começa nesta segunda-feira (25), com governador em exercício do Rio Grande do Sul Gabriel Souza e outras autoridades
Na palestra de abertura, Souza vai discutir os desafios deste ano, medidas de enfrentamento e a superação.
A cidade de Gramado, na serra gaúcha, vai sediar a Conbrasfran 2024, a Conferência Brasil Sul da Indústria e Produção de Carne de Frango, evento promovido pela Associação Gaúcha de Avicultura (Asgav). O encontro, que acontece a partir de segunda-feira, dia 25, vai reunir líderes políticos, empresariais e investidores de destaque de todo o país para debater oportunidades e desafios da cadeia produtiva e suas perspectivas para 2025 e além.
A Asgav propõe que durante três dias Gramado seja a sede da avicultura brasileira, afirma o presidente Executivo da Asgav e organizador do evento, José Eduardo dos Santos. “Porque todas as atenções estarão voltadas para a Conbrasfran 2024, evento de expressão que vai acontecer no Hotel Master. Lá vamos reunir empresas do setor, agroindústrias, órgãos oficiais e líderes de diversos segmentos da cadeia produtiva”, disse Santos.
Entre os nomes confirmados, estão o governador em exercício do Estado do Rio Grande do Sul, Gabriel Souza, que vai abrir a programação, a partir das 18h30, com um debate sobre os desafios enfrentados pelo estado neste ano e a superação durante a palestra O desafio que a natureza nos trouxe: Como estamos superando, como evoluímos e os caminhos para o fortalecimento. Após a palestra de abertura, haverá um coquetel de boas-vindas aos participantes.
A programação da Conbrasfran segue nos dias 26 e 27 com programações técnicas no período da manhã, tratando temas como a reforma tributária e seus impactos na avicultura, estratégias para uma produção mais sustentável, nutrição e saúde animal, os desafios de logística e seus impactos na atividade e estratégias comerciais para a carne de frango, entre outros temas. No período da tarde, debates conjunturais tomarão conta da programação com análises exclusivas e discussões sobre o ambiente de negócios no Brasil e no exterior.
Outras informações sobre a Conbrasfran 2024 podem ser encontradas no site do evento, acesse clicando aqui.
Avicultura
Relatório traz avanços e retrocessos de empresas latino-americanas sobre políticas de galinhas livres de gaiolas
Iniciativa da ONG Mercy For Animals, a 4ª edição do Monitor de Iniciativas Corporativas pelos Animais identifica compromisso – ou a ausência dele – de 58 grandes companhias, com o fim de uma das piores práticas de produção animal: o confinamento de aves na cadeia de ovos.
O bem-estar de galinhas poedeiras é gravemente comprometido pelo confinamento em gaiolas. Geralmente criadas em espaços minúsculos, entre 430 e 450 cm², essas aves são privadas de comportamentos naturais essenciais, como construir ninhos, procurar alimento e tomar banhos de areia, o que resulta em um intenso sofrimento.
Estudos, como o Monitor de Iniciativas Corporativas pelos Animais (MICA) da ONG internacional Mercy For Animals (MFA), comprovam que esse tipo de confinamento provoca dores físicas e psicológicas às galinhas, causando problemas de saúde como distúrbios metabólicos, ósseos e articulares, e o enfraquecimento do sistema imunológico das aves, entre outros problemas.
Para a MFA, a adoção de sistemas de produção sem gaiolas, além de promover o bem-estar animal, contribui para a segurança alimentar, reduzindo os riscos de contaminação e a propagação de doenças, principalmente em regiões como a América Latina, o que inclui o Brasil.
Focada nesse processo, a Mercy For Animals acaba de lançar a quarta edição do Monitor de Iniciativas Corporativas pelos Animais (MICA 2024), um instrumento essencial para analisar e avaliar o progresso das empresas latino-americanas em relação ao comprometimento com políticas de bem-estar animal em suas cadeias produtivas.
O relatório considera o compromisso – ou a ausência dele – de 58 grandes empresas, com o fim de uma das piores práticas de produção animal: o confinamento de galinhas em gaiolas em suas cadeias de fornecimento de ovos.
Destaques
A pesquisa se concentrou na análise de relatórios públicos de companhias de diversos setores com operações em territórios latino-americanos, da indústria alimentícia e varejo aos serviços de alimentação e hospitalidade. Elas foram selecionadas conforme o tamanho e influência em suas respectivas regiões de atuação, bem como a capacidade de se adaptarem à crescente demanda dos consumidores por práticas mais sustentáveis, que reduzam o sofrimento animal em grande escala.
O MICA 2024 aponta que as empresas Barilla, BRF, Costco e JBS, com atuação no Brasil, se mantiveram na dianteira por reportarem, publicamente, o alcance de uma cadeia de fornecimento latino-americana 100% livre de gaiolas. Outras – como Accor, Arcos Dourados e GPA – registraram um progresso moderado (36% a 65% dos ovos em suas operações vêm de aves não confinadas) ou algum progresso, a exemplo da Kraft-Heinz, Sodexo e Unilever, em que 11% a 35% dos ovos provêm de aves livres.
De acordo com a MFA, apesar de assumirem um compromisso público, algumas empresas não relataram, oficialmente, nenhum progresso – como a Best Western e BFFC. Entre as empresas que ainda não assumiram um compromisso público estão a Assaí e a Latam Airlines.
“As empresas que ocupam os primeiros lugares do ranking demonstram um forte compromisso e um progresso significativo na eliminação do confinamento em gaiolas. À medida que as regulamentações se tornam mais rigorosas, essas empresas estarão mais bem preparadas para cumprir as leis e evitar penalidades”, analisa Vanessa Garbini, vice-presidente de Relações Institucionais e Governamentais da Mercy For Animals.
Por outro lado, continua a executiva, “as empresas que não demonstraram compromisso com o bem-estar animal e não assumiram um posicionamento público sobre a eliminação dos sistemas de gaiolas, colocam em risco sua reputação e enfraquecem a confiança dos consumidores”.
“É fundamental que essas empresas compreendam a urgência de aderir ao movimento global sem gaiolas para reduzir o sofrimento animal”, alerta Vanessa Garbini.
Metodologia
A metodologia do MICA inclui o contato proativo com as empresas para oferecer apoio e transparência no processo de avaliação, a partir de uma análise baseada em informações públicas disponíveis, incluindo relatórios anuais e de sustentabilidade.
Os critérios de avaliação foram ajustados à medida que o mundo se aproxima do prazo de “2025 sem gaiolas”, estabelecido por muitas empresas na América Latina e em todo o planeta. “A transição para sistemas livres de gaiolas não é apenas uma questão ética, mas um movimento estratégico para os negócios. Com a crescente preocupação com o bem-estar animal, empresas que adotam práticas sem gaiolas ganham vantagem competitiva e a confiança do consumidor. A América Latina tem a oportunidade de liderar essa transformação e construir um futuro mais justo e sustentável”, avalia Vanessa Garbini.
Para conferir o relatório completo do MICA, acesse aqui.
Para saber mais sobre a importância de promover a eliminação dos sistemas de gaiolas, assista ao vídeo no Instagram, que detalha como funciona essa prática.
Assine também a petição e ajude a acabar com as gaiolas, clicando aqui.