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Megaleite 2023 terá encontro sobre pecuária leiteira para mulheres
Evento tem como objetivo despertar o interesse feminino pela a seleção da raça bovina Girolando.

As mulheres terão um evento especial durante a Megaleite 2023, maior exposição de pecuária leiteira da América Latina que acontecerá de 7 a 10 de junho em Belo Horizonte/MG. A diretora de Relações Internacionais da Associação Brasileira dos Criadores de Girolando, Tatiane Tetzner, compartilhará sua experiência técnica sobre a raça com mulheres de várias partes do Brasil e de outros países que estiverem visitando a feira.
O encontro “Prosa Boa de Girolando para Mulheres” será realizado no dia 9 de junho, a partir das 10h, no estande dos Núcleos de Fomento, no Parque da Gameleira. As participantes terão a oportunidade de conhecer as principais características dos animais Girolando, bem como seu potencial produtivo e avanços. De origem brasileira, a raça responde por 80% do leite produzido no país e é uma das maiores em comercialização de sêmen.
Médica-veterinária, Tatiane tem longa experiência com a raça Girolando, com atuações como jurada em exposições no Brasil e em países da América Latina. Ela ainda comanda a empresa Padma Consultoria Pecuária, onde atua na evolução genética de rebanhos leiteiros. Na Associação, coordena o projeto internacional Brazilian Girolando, cujo objetivo é fomentar a raça e as tecnologias da pecuária leiteira em toda a América Latina.
Segundo Tatiane, a proposta do curso é apresentar noções básicas sobre a raça, para despertar nas mulheres o interesse em começar a olhar para as vacas a partir de uma ótica diferente, de avaliação, e assim tomar gosto para aprimorar os conceitos do Girolando. “O acesso à informação é o caminho para a mulher ampliar sua participação em qualquer atividade profissional e no agro não é diferente. Por isso, é um orgulho ter a oportunidade de dividir os conhecimentos que adquiri ao longo de minha carreira com as mulheres interessadas em se capacitarem para atuar com excelência na pecuária leiteira”, diz a diretora da Girolando.
De acordo com a diretora do Núcleo de Criadores Girolando das Gerais, Marina Diniz, a proposta do evento é levar mais informações sobre a seleção da raça para esse público. “A participação feminina na criação de Girolando vem crescendo nos últimos anos, mas queremos ampliar ainda mais o número de criadoras, pois elas podem dar grande contribuição para o avanço da raça”, diz Marina, uma das organizadoras do evento.
As participantes poderão ainda contribuir com entidades sociais, levando, no dia do evento, um litro de leite ou mais. O “Prosa Boa de Girolando para Mulheres” é uma realização do Núcleo das Gerais em parceria com a Associação de Girolando. As pessoas interessadas podem enviar os dados pessoais (nome e contato) para o e-mail marinadiniz@yahoo.com. A participação é gratuita. Mais informações: 34 9 8426-6946.
Sobre a Megaleite 2023
A 18ª edição da Megaleite terá em sua programação competições de bovinos, palestras técnicas, leilões de bovinos, mini fazendinha, Festival do Queijo, lançamentos de tecnologias e de Sumário de Touros, Congresso da Associação Brasileira dos Criadores de Búfalos, reunião da Câmara Setorial do Leite da CEPA/SEAPA, 6º Encontro Regional Reunião do Conseleite-Minas, reunião da Comissão Técnica da Pecuária de Leite da FAEMG/SENAR, dentre outros eventos. A programação completa está disponível no site da Megaleite (www.megaleite.com.br). A feira é organizada pela Associação Brasileira dos Criadores de Girolando.

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Pressões ambientais externas reacendem disputa sobre limites da autorregulação no agronegócio
Advogada alerta que auditorias privadas e acordos setoriais, como a Moratória da Soja, podem impor obrigações além da lei, gerar assimetria concorrencial e tensionar princípios constitucionais.

A intensificação de exigências internacionais para que produtores brasileiros comprovem de forma contínua a inexistência de dano ambiental como condição para exportar commodities, especialmente a soja, reacendeu um debate jurídico sensível no país. Para a advogada especialista em Direito Agrário e do Agronegócio, Márcia de Alcântara, parte dessas exigências ultrapassa a pauta da sustentabilidade e pode entrar em choque com princípios constitucionais e da ordem econômica, sobretudo quando assumem caráter padronizado e coordenado por grandes agentes privados.
Segundo ela, quando tradings internacionais reunidas em associações que concentram parcela expressiva do mercado firmam pactos com auditorias e monitoramentos próprios, acabam impondo obrigações ambientais adicionais às previstas em lei. “Esses acordos privados transferem ao produtor o ônus de provar continuamente que não causa dano ambiental, invertendo a presunção de legalidade e de boa-fé de quem cumpre o Código Florestal e demais normas”, explica.
Márcia observa que esse tipo de exigência, quando se torna condição para o acesso ao mercado, tensiona princípios como a segurança jurídica e o devido processo. “Quando a obrigação é padronizada e coordenada por agentes dominantes, deixa de ser mera cláusula contratual e passa a se aproximar de uma restrição coletiva, com efeito de boicote”, afirma.
Moratória da Soja e coordenação setorial

Advogada Márcia de Alcântara: “Esses arranjos acabam por substituir o papel do Estado, criando regras opacas e sem devido processo ao produtor”
Entre os casos emblemáticos está a chamada Moratória da Soja, que proíbe a compra do grão oriundo de áreas desmatadas após 2008 na Amazônia. Para a advogada, o modelo de funcionamento da moratória se assemelha a uma forma de regulação privada, com possíveis implicações concorrenciais. “Há três pontos críticos nesse arranjo: a coordenação por associações que concentram parcela relevante do mercado; a troca de informações sensíveis e listas de exclusão que não são públicas; e a imposição de padrões mais severos do que a legislação brasileira. Esse conjunto pode configurar conduta anticoncorrencial, conforme o artigo 36 da Lei 12.529/2011”, avalia.
Ela acrescenta que cobranças financeiras ou bloqueios comerciais aplicados a produtores que não apresentem documentação adicional de regularidade ambiental podem representar penalidades privadas sem respaldo legal. O tema, segundo Márcia, já vem sendo acompanhado tanto pela autoridade antitruste quanto pelo Judiciário.
Marco jurídico recente
Nos últimos meses, a controvérsia ganhou contornos institucionais. Uma decisão liminar do ministro Flávio Dino, no Supremo Tribunal Federal (STF), determinou a suspensão de processos judiciais e administrativos ligados à Moratória da Soja até o julgamento de mérito, para evitar decisões contraditórias e permitir uma análise concentrada do conflito. Paralelamente, o Cade decidiu aguardar o posicionamento do STF antes de seguir com as investigações, embora mantenha atenção sobre a troca de informações sensíveis entre empresas durante o período.
Entidades como a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) e a Aprosoja-MT defendem que a atuação concorrencial do Estado não seja paralisada. Elas argumentam que há indícios de coordenação de compra e que a suspensão integral das apurações pode esvaziar a tutela concorrencial.
Entre os principais questionamentos estão a extrapolação normativa de acordos privados, a falta de transparência nos critérios de exclusão e a substituição da regulação pública por padrões privados de alcance global. “Esses arranjos acabam por substituir o papel do Estado, criando regras opacas e sem devido processo ao produtor”, pontua Márcia.
Possíveis desfechos

Foto: Gilson Abreu
A especialista mapeia dois possíveis desfechos para o impasse. Caso o STF decida a favor dos produtores, será reforçada a soberania regulatória do Estado brasileiro, com o reconhecimento de que critérios ambientais devem ser definidos por normas públicas claras e transparentes. A decisão poderia irradiar efeitos para outras cadeias produtivas, como carne, milho e café, estabelecendo parâmetros de ESG proporcionais e auditáveis. Em sentido contrário, validar a autorregulação privada abriria espaço para padrões globais com camadas adicionais de exigência, elevando custos de conformidade e reduzindo a concorrência.
Para Márcia, o Brasil já conta com um dos arcabouços ambientais mais robustos do mundo. O Código Florestal impõe a manutenção de Reserva Legal e Áreas de Preservação Permanente, exige o Cadastro Ambiental Rural georreferenciado e conta com sistemas de monitoramento por satélite e mecanismos de compensação ambiental.
Além disso, o país dispõe de políticas estruturantes como a Política Nacional do Meio Ambiente, o Sistema Nacional de Unidades de Conservação (SNUC) e a Política Nacional sobre Mudança do Clima. “Esse conjunto garante previsibilidade ao produtor regular e comprova que o país possui um marco ambiental sólido. Por isso, exigências externas precisam respeitar a proporcionalidade, a transparência e o devido processo. Caso contrário, correm o risco de ferir a legislação brasileira e distorcer a concorrência”, ressalta.
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Brasil e Reino Unido avançam em diálogo sobre agro de baixo carbono na COP30
Fávaro apresenta o Caminho Verde Brasil e discute novas parcerias para financiar recuperação ambiental e ampliar práticas sustentáveis no campo.

O ministro da Agricultura e Pecuária, Carlos Fávaro, se reuniu nesta quarta-feira (19) com a ministra da Natureza do Reino Unido, Mary Creagh, durante a COP30, em Belém. O encontro teve como foco a apresentação das práticas sustentáveis adotadas pelo setor agropecuário brasileiro, reconhecidas internacionalmente por aliarem produtividade e conservação ambiental.
Fávaro destacou as iniciativas do Caminho Verde Brasil, programa que visa impulsionar a recuperação ambiental e o aumento da produtividade por meio da restauração de áreas degradadas e da promoção de tecnologias sustentáveis no campo.
Segundo o ministro, a estratégia tem ampliado a competitividade do agro brasileiro, com acesso a mercados mais exigentes, ao mesmo tempo em que contribui para metas climáticas.
A agenda também incluiu discussões sobre mecanismos de financiamento voltados a ampliar projetos de sustentabilidade no setor. As autoridades avaliaram oportunidades de cooperação entre Brasil e Reino Unido para apoiar ações de recuperação ambiental, inovação e produção de baixo carbono na agricultura.
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Oferta robusta pressiona preços do trigo no mercado brasileiro
Levantamento do Cepea aponta desvalorização influenciada pela ampla oferta interna, expectativas de safra recorde no mundo e competitividade do produto importado.

Levantamento do Cepea mostra que os preços do trigo seguem enfraquecidos. A pressão sobre os valores vem sobretudo da oferta nacional, mas também das boas expectativas quanto à produtividade desta temporada.
Além disso, pesquisadores do Cepea indicam que o dólar em desvalorização aumenta a competitividade do trigo importado, o que leva o comprador a tentar negociar o trigo nacional a valores ainda menores.

Foto: Shutterstock
Em termos globais, a produção mundial de trigo deve crescer 3,5% e atingir volume recorde de 828,89 milhões de toneladas na safra 2025/26, segundo apontam dados divulgados pelo USDA neste mês.
Na Argentina, a Bolsa de Cereales reajustou sua projeção de produção para 24 milhões de toneladas, também um recorde.
Pesquisadores do Cepea ressaltam que esse cenário evidencia a ampla oferta externa e a possibilidade de o Brasil importar maiores volumes da Argentina, fatores que devem pesar sobre os preços mundiais e, consequentemente, nacionais.



