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Medalha Assis Brasil destaca o mérito de personalidades gaúchas na agricultura e na pecuária
Cerimônia de entrega da honraria serás realizada nesta sexta-feira, a partir das 11 horas, na Tribuna de Honra.

A Medalha Assis Brasil vai ser entregue nesta sexta-feira (02), durante a 45ª Expointer no Parque de Exposições Assis Brasil, em Esteio (RS), a três personalidades de destaque no agronegócio. A honraria é o maior reconhecimento do Rio Grande do Sul às personalidades que tenham se destacado por serviços de excepcional mérito na agricultura e na pecuária.
Neste ano, a Medalha será concedida à secretária estadual de Meio Ambiente, Marjorie Kauffmann; ao produtor rural e presidente do Sindicato Rural de Pelotas, Fernando Rechsteiner, e ao presidente da Associação Brasileira de Criadores de Ovinos (Arco), Edemundo Gressler.
Edemundo Gressler é médico-veterinário e produtor rural. Foi secretário de Saúde e vereador do município de São Sepé, onde nasceu. Desde 2019, é o presidente da Associação Brasileira de Criadores de Ovinos (Arco), entidade criada em 1942 e que representa os ovinocultores de todo o país. “É uma honraria você receber uma medalha tão significativa para o setor. Eu considero uma medalha para a ovinocultura, porque não se faz nada sozinho. Além da Arco, existem os associados, os criadores de ovelhas, que estão junto conosco no recebimento deste prêmio”, comemora Gressler.
Segundo ele, hoje o Brasil tem um rebanho de 20 milhões de ovinos e um potencial de crescimento muito grande.
O produtor rural Fernando Rechsteiner é economista nascido no Rio de Janeiro. É presidente do Sindicato Rural de Pelotas, diretor da Federação de Agricultura do Rio Grande do Sul (Farsul) e conselheiro do Instituto Rio Grandense do Arroz (Irga). “Muito honrado com a homenagem, a maior do agro do Rio Grande do Sul”, afirma Fernando. Ele conta que quando recebeu a notícia passou um filme pela sua cabeça da história da sua família. “Eu sou a quinta geração trabalhando na nossa propriedade e eu me lembrei do início, quando o meu tataravô charqueador começou a enxergar o declínio do charque e foi à Itália buscar alternativas. Voltou de lá com a ideia do plantio de lavouras de arroz”, rememora.
Além de arroz, a propriedade de Rechsteiner também produz soja e trabalha com pecuária de corte.
A secretária do Meio Ambiente e Infraestrutura, Marjorie Kauffmann, é natural de Lajeado, engenheira florestal, com pós-doutorado pela Universidade do Vale do Taquari (Univates). Foi diretora-presidente da Fundação Estadual de Proteção Ambiental Henrique Luís Roesslet (Fepam), diretora da Secretaria do Meio Ambiente de Lajeado e professora. “O anúncio desta homenagem me trouxe uma surpresa e uma gratidão imensa pelo reconhecimento, porque nós temos trabalhado muito na desburocratização e na busca da efetiva conservação ambiental, além de modernizar esta pauta como um todo. Nós temos que entender que o setor agropecuário é muito importante e que o meio ambiente não está contra, nós precisamos caminhar juntos”, afirma Marjorie.
Ela destaca que o recebimento desta medalha numa Expointer completamente diferente, que aliou inovação, modernidade e que trouxe as questões ambientais como pautas para o debate, como a agricultura de baixo carbono e a redução de emissões, é muito importante.
A medalha será entregue pelo governador do Estado, Ranolfo Vieira Júnior, em cerimônia a ser realizada às 11 horas, na Tribuna de Honra.
Criação
A medalha Assis Brasil foi criada por meio do decreto 22.555, de 25 de julho de 1973. O nome é uma homenagem a Joaquim Francisco de Assis Brasil, que teve destacada presença na política nacional no final do século 19, além de produtor rural com ações pioneiras, como o desenvolvimento de uma nova variedade de milho, a introdução da raça Jersey no Brasil e a criação de gado Devon puro. O lema de Assis Brasil, considerado o patrono da agricultura sul-riograndense, era “uma quadra, uma légua”.

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Santa Catarina registra avanço simultâneo nas importações e exportações de milho em 2025
Volume importado sobe 31,5% e embarques aumentam 243%, refletindo demanda das cadeias produtivas e oportunidades geradas pela proximidade dos portos.

As importações de milho seguem em ritmo acelerado em Santa Catarina ao longo de 2025. De janeiro a outubro, o estado comprou mais de 349,1 mil toneladas, volume 31,5% superior ao do mesmo período do ano passado, segundo dados do Boletim Agropecuário de Santa Catarina, elaborado pela Epagri/Cepa com base no Comex Stat/MDIC. Em termos de valor, o milho importado movimentou US$ 59,74 milhões, alta de 23,5% frente ao acumulado de 2024. Toda a origem é atribuída ao Paraguai, principal fornecedor externo do cereal para o mercado catarinense.

Foto: Claudio Neves
A tendência de expansão no abastecimento externo se intensificou no segundo semestre. Em outubro, Santa Catarina importou mais de 63 mil toneladas, mantendo a curva ascendente registrada desde julho, quando os volumes mensais passaram consistentemente da casa das 50 mil toneladas. A Epagri/Cepa aponta que esse movimento deve avançar até novembro, período em que a demanda das agroindústrias de aves, suínos e bovinos segue aquecida.
Os dados mensais ilustram essa escalada. De outubro de 2024 a outubro de 2025, as importações variaram de mínimas próximas a 3,4 mil toneladas (março/25) a máximas superiores a 63 mil toneladas (setembro/25). Nesse intervalo, meses como junho, julho e agosto concentraram forte entrada do cereal, acompanhados de receitas que oscilaram entre US$ 7,4 milhões e US$ 11,2 milhões.
Exportações crescem apesar do déficit interno
Em um cenário aparentemente contraditório, o estado, que possui déficit anual estimado em 6 milhões de toneladas de milho para suprir seu grande parque agroindustrial, também ampliou as exportações do grão em 2025.
Até outubro, Santa Catarina embarcou 130,1 mil toneladas, um salto de 243,9% em relação ao mesmo período de 2024. O valor exportado também chamou atenção: US$ 30,71 milhões, alta de 282,33% na comparação anual.

Foto: Claudio Neves
Segundo a Epagri/Cepa, essa movimentação ocorre majoritariamente em regiões produtoras próximas aos portos catarinenses, onde os preços de exportação tornam-se mais competitivos que os do mercado interno, especialmente quando o câmbio favorece vendas externas ou quando há descompasso logístico entre oferta e demanda regional.
Essa dinâmica reforça um traço estrutural conhecido do agro catarinense: ao mesmo tempo em que é um dos maiores consumidores de milho do país, devido ao peso das cadeias de proteína animal, Santa Catarina não alcança autossuficiência e depende do cereal de outras regiões e países para abastecimento. A exportação pontual ocorre quando há excedentes regionais temporários, oportunidades comerciais ou vantagens logísticas.
Perspectivas
Com a entrada gradual da nova safra 2025/26 no estado e no Centro-Oeste brasileiro, a tendência é que os volumes importados se acomodem a partir do fim do ano. No entanto, o comportamento do câmbio, os preços internacionais e o resultado final da produção catarinense seguirão determinando a necessidade de compras externas — e, por outro lado, a competitividade das exportações.
Para a Epagri/Cepa, o quadro de 2025 reforça tanto a importância do milho como insumo estratégico para as cadeias de proteína animal quanto a vulnerabilidade decorrente da dependência externa e interestadual do cereal. Santa Catarina continua sendo um estado que importa para abastecer seu agro e exporta quando a lógica de mercado permite, um equilíbrio dinâmico que movimenta portos, indústrias e produtores ao longo de todo o ano.
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Brasil e Japão avançam em tratativas para ampliar comércio agro
Reunião entre Mapa e MAFF reforça pedido de auditoria japonesa para habilitar exportações de carne bovina e aprofunda cooperação técnica entre os países.

OMinistério da Agricultura e Pecuária (Mapa), representado pelo secretário de Comércio e Relações Internacionais, Luis Rua, realizou uma reunião bilateral com o vice-ministro internacional do Ministério da Agricultura, Pecuária e Florestas (MAFF), Osamu Kubota, para fortalecer a agenda comercial entre os países e aprofundar o diálogo sobre temas da relação bilateral.
No encontro, a delegação brasileira apresentou as principais prioridades do Brasil, incluindo temas regulatórios e iniciativas de cooperação, e reiterou o pedido para o agendamento da auditoria japonesa necessária para a abertura do mercado para exportação de carne bovina brasileira. O Mapa também destacou avanços recentes no diálogo e reforçou os pontos considerados estratégicos para ampliar o fluxo comercial e aprimorar mecanismos de parceria.
Os representantes japoneses compartilharam seus interesses e expectativas, demonstrando disposição para intensificar o diálogo técnico e buscar convergência nas agendas de interesse mútuo.
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Bioinsumos colocam agro brasileiro na liderança da transição sustentável
Soluções biológicas reposicionam o agronegócio como força estratégica na agenda climática global.

A sustentabilidade como a conhecemos já não é suficiente. A nova fronteira da produção agrícola tem nome e propósito: agricultura sustentável, um modelo que revitaliza o solo, amplia a biodiversidade e aumenta a captura de carbono. Em destaque nas discussões da COP30, o tema reposiciona o agronegócio como parte da solução, consolidando-se como uma das estratégias mais promissoras para recuperação de agro-ecossistemas, captura de carbono e mitigação das mudanças climáticas.

Thiago Castro, Gerente de P&D da Koppert Brasil participa de painel na AgriZone, durante a COP30: “A agricultura sustentável é, em sua essência, sobre restaurar a vida”
Atualmente, a agricultura e o uso da terra correspondem a 23% das emissões globais de gases do efeito, aproximadamente. Ao migrar para práticas sustentáveis, lavouras deixam de ser fontes de emissão e tornam-se sumidouros de carbono, “reservatórios” naturais que filtram o dióxido de carbono da atmosfera. “A agricultura sustentável é, em sua essência, sobre restaurar a vida. E não tem como falar em vida no solo sem falar em controle biológico”, afirma o PhD em Entomologia com ênfase em Controle Biológico, Thiago Castro.
Segudo ele, ao introduzir um inimigo natural para combater uma praga, devolvemos ao ecossistema uma peça que faltava. “Isso fortalece a teia biológica, melhora a estrutura do solo, aumenta a disponibilidade de nutrientes e reduz a necessidade de intervenções agressivas. É a própria natureza trabalhando a nosso favor”, ressalta.
As soluções biológicas para a agricultura incluem produtos à base de micro e macroorganismos e extratos vegetais, sendo biodefensivos (para controle de pragas e doenças), bioativadores (que auxiliam na nutrição e saúde das plantas) e bioestimulantes (que melhoram a disponibilidade de nutrientes no solo).
Maior mercado mundial de bioinsumos
O Brasil é protagonista nesse campo: cerca de 61% dos produtores fazem uso regular de insumos biológicos agrícolas, uma taxa quatro vezes maior que a média global. Para a safra de 2025/26, o setor projeta um crescimento de 13% na adoção dessas tecnologias.
A vespa Trichogramma galloi e o fungo Beauveria bassiana (Cepa Esalq PL 63) são exemplos de macro e microrganismos amplamente utilizados nas culturas de cana-de-açúcar, soja, milho e algodão, para o controle de lagartas e mosca-branca, respectivamente. Esses agentes atuam nas pragas sem afetar polinizadores e organismos benéficos para o ecossistema.
Os impactos do manejo biológico são mensuráveis: maior porosidade do solo, retenção de água e nutrientes, menor erosão; menor dependência de fertilizantes e inseticidas sintéticos, diminuição na resistência de pragas; equilíbrio ecológico e estabilidade produtiva.
Entre as práticas sustentáveis que já fazem parte da rotina do agro brasileiro estão o uso de inoculantes e fungos benéficos, a rotação de culturas, a integração lavoura-pecuária-floresta (ILPF) e o manejo biológico de pragas e doenças. Práticas que estimulam a vida no solo e o equilíbrio natural no campo. “Os produtores que adotam manejo biológico investem em seu maior ativo que é a terra”, salienta Castro, acrescentando: “O manejo biológico não é uma tendência, é uma necessidade do planeta, e a agricultura pode e deve ser o caminho para a regeneração ambiental, para esse equilíbrio que buscamos e precisamos”.



