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Avicultura

Matrizeiro e incubatório: Onde a magia começa!

Processo produtivo começa ainda antes da granja, em três das mais importantes e decisivas fases para o sucesso da avicultura: matrizeiro, produção de ovos férteis e incubatório

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Quando o consumidor brasileiro saboreia um bom prato a base de frango, raramente pensa de onde veio aquele produto. Uns talvez pensem que vem do supermercado, outros associam sabidamente ao produtor rural, mesmo que ainda acreditem em processos produtivos mais rústicos do que realmente são. Mas o processo produtivo começa ainda antes da granja, em três das mais importantes e decisivas fases para o sucesso da avicultura nacional. O matrizeiro, a produção de ovos férteis e o incubatório. Tudo para ter o chamado pintinho de um dia, que vai povoar as granjas avícolas carregando consigo genética destinada à produção de carne e imunidade para encarar doenças e outros desafios.

Atualmente, as grandes empresas avícolas do Brasil têm seu próprio matrizeiro e incubatório. Algumas conseguem a autossuficiência, em processos cada vez mais automatizados, sanitariamente seguros e que respeitam o bem-estar animal. Uma delas é a cooperativa Lar, que produz 300 mil pintinhos por dia, 365 dias por ano, na região Oeste do Paraná. Em linhas gerais, um dos grandes cuidados que temos que ter nas fases do matrizeiro, produção e incubatório é a biosseguridade. Essa é a palavra de ordem”, comenta o gerente de Matrizeiro e Incubatório da Lar, Sérgio Luiz Lenz. A preocupação tem sentido: se uma ave sair contaminada desses estabelecimentos, toda a cadeia produtiva pode ser afetada. No caso da cooperativa paranaense, mais 1,2 mil aviários. “É o início de toda a cadeia. Se você tiver um problema sanitário, ou você espelha o problema ou para de produzir. Por isso, aqui é tudo feito de maneira preventiva”, comenta.

Recria

Em Sub Sede, distrito de Santa Helena, PR, a empresa mantém o setor de Recria de aves. É lá que a matriz, que chega com um dia de vida, vai se tornar apta a produzir ovos que vão para os incubatório. Para se ter uma ideia do investimento, cada fêmea de um dia custa em torno de R$ 15. Já o macho, R$ 25. A título de comparação, um pintinho de um dia custa R$ 1 ou menos.

“São três fases de produção. A primeira é a recria das aves. Atualmente no Brasil, de ponta, há duas genéticas. Nós usamos 70% de uma e 30% de outra. O setor de recria recebe a matriz de um dia. Nós alocamos nesse setor até que ela chegue às 21 semanas, aproximadamente. Nesse período, o foco é deixar a matriz apta para produzir ovo, cum uma conformação corporal adequada, ou seja, peso adequado, e uniformidade do lote, com o maior percentual possível dentro da mesma faixa de peso”, comenta Lenz.

Ele explica que esses dois fatores vão influenciar, inclusive, o manejo de equipamentos lá na granja do avicultor. “Se a ave tem o mesmo tamanho, o tamanho do ovo segue essa faixa de uniformidade. Como 65% do peso do ovo deve ser o peso do pintinho, quanto maior o ovo, maior do pintinho”, acentua. “Nós buscamos isso por que quanto mais uniforme for o pintinho, mais facilita o manejo do produtor, uma vez que linha de niple e de comedouro vai subindo de acordo com o crescimento. Se eu tiver disparidade, vai ter frango maior e menor. Então, se regular o equipamento pelo grande, o pequeno não come, se regular para o pequeno, o grande não come direito”, exemplifica. “O foco principal é uniformidade e conformação corporal”, reforça.

A outro item, também que é rigorosamente perseguido nesses núcleos: imunidade. Impedidos legalmente de promover processos curativos, matrizeiro e incubatório trabalham de forma preventiva. Na recria, o programa vacinal inclui dez aplicações nas matrizes. Assim, o pintinho já chega na granja comercial carregando em sua genética imunidade contra as principais doenças que acometem os planteis em cada região. “Outro item da recria é o status sanitário, a parte imunológica, parte de defesa da ave. Nas matrizes o controle é mais rigoroso, praticamente sem uso de antibióticos. O fator importante na recria é que a gente trabalha de maneira preventiva. Todo programa de autodefesa da ave vai ser feito aqui. São dez etapas de vacinações que são feitas de maneira preventiva. Essa reserva das vacinas, cepas e sorotipos ficam para a fase de produção. Isso dá imunidade para a progênie”, comenta. “Quase que unicamente, salvo uma ou outra situação, a gente trabalha de maneira preventiva, por isso essas granjas são mais isoladas que as granjas comerciais”, explica Lenz. De acordo com ele, os programas vacinais variam de região para região, dependendo dos desafios específicos. “Cada região usa um programa vacinal”, cita. Elas são aplicadas via oral (massal) e individual.

Pesando uma a uma

Mas como garantir que as matrizes cheguem às 21 semanas com a mesma faixa de peso. Nesse caso, só mesmo cuidando de uma a uma. O manejo técnico para buscar uniformidade exige que as aves sejam pesadas, uma a uma, quatro vezes durante sua estada no matrizeiro. Para se ter uma noção melhor, a Lar recria 1,3 milhão de aves por ano e cada uma delas é pesada, avaliada e segregada quatro vezes.

“Nosso sistema é em quatro seleções 100%. A matriz é pesada individualmente nas semanas quatro, oito, 12 e 16. Então segregamos entre as leves, as pesadas e aquelas que estão dentro do esperado. Nossa variação é de 10%. Acima ou abaixo disso, vai para categoria de acima da média, no caso das pesadas, ou abaixo da média, para as leves. A gente segrega os lotes, fornece nutrição diferenciada para que na próxima seleção elas já possam estar dentro da média”, destaca. Hoje são 70 mil matrizes cada um dos oito núcleos do matrizeiro.

Fêmeas e machos

Na recria, fêmeas e machos são criados em galpões separados. “Cada um fica em um galpão porque as exigências, as necessidades nutricionais, por exemplo, são diferentes entre fêmeas e machos”, destaca. De acordo com o gerente, a cooperativa compra aproximadamente 13% de machos em relação ao número de fêmeas.

Produção

Depois da recria, as matrizes vão para a fase de produção de ovos, explica Lenz. Que é, no fim das contas, quando ela começa a dar lucro, já que até agora só “gastou”. “Quando a matriz começa a produzir, está custando pelo menos R$ 40. Ela vai produzir ovos por cerca de 41 semanas”, comenta.

“Quando a ave está apta a gente faz a transferência. Tira a ave da recria e traz para a produção”, comenta. A unidade de produção de ovos fica no distrito de Vila Celeste, também em Santa Helena, ao lado do incubatório (terceira fase). “Em produção, temos aproximadamente um milhão de aves constantemente. Cada uma fica 41 semanas, ou aproximadamente dez meses. É muito menos que a poedeira, que fica 70-80 semanas, porque a genética é dedicada para produzir frango com bastante peito, coxa, que converta bem. A carga genética é para produzir carne e não para produzir ovo”, exemplifica.

Nesse período, machos e fêmeas são misturados para que os ovos possam ser fecundados. “São cerca de dez fêmeas par cada macho. Um macho cobre dez fêmeas. Para fecundar o ovo, tem que ter o macho”, cita. E o romance acontece com um clima agradável para as aves. “Nossas instalações para produção de ovos têm controle de ambiência, com exaustores, placas evaporativas, que controlam a umidade entre 65 e 70%, temperatura entre 25 a 30 graus. Trabalhamos com sistema totalmente fechado. Não há ventilação natural”.

Os animais ficam soltos e colocam os ovos em ninhos, situados em cima de pequenos poleiros que servem, também para limpar as patas antes de chegar ao ninho para fazer a postura. “Em nosso caso, temos uma espécie de grade de plástico até chegar ao ninho. Quando a matriz sobe, passa por essa gradezinha e já limpa a pata. Dentro do ninho tem um tapetinho de borracha, feito de material confortável, para não machucar. O ninho é côncavo, e o ovo desliza para uma esteira que faz a coleta automatizada. São oito esteiras, de oito núcleos, que desembocam em uma esteira principal. De lá, os ovos são postos em bandejas, também automaticamente.

A automação reduziu a dependência por mão de obra – vale lembrar que a produção é 365 dias por ano. “A coleta é automatizada, por esteira. Ela produz ovo no tapete e ovo rola para o fundo do ninho, onde passa a esteira. São oito galpões, todos chegam a uma cabeceira, onde são juntados em uma esteira central, tudo filmado por câmeras em vários pontos. Temos a embandejadora automática, que coloca 86 ovos na bandeja que já vai para incubar. Essa automação minimizou a dificuldade que tínhamos em encontrar mão de obra, mesmo assim ainda preciso de pessoas. Tem o profissional que controla a esteira, por exemplo, e os classificadores. O processo coleta, desinfeta e vai para estocagem”, explica. A estocagem já fica em outras estruturas, os incubatórios.

Incubatório

A Lar produz cerca de 300 mil pintinhos por dia, mas seus dois incubatórios, de Itaipulândia, inaugurado em maio do ano passado, e em Santa Helena, têm capacidade para 600 mil pintinhos/dia. “É o Terceiro processo, Quando chega no incubatório, passa por classificação, quando são retirados ovos trincados, quebrados. Também é feita a conferência do posicionamento do ovo. Ele tem que estar com a ponta fina para baixo porque quando o embrião está formado ele respira pela câmara de ar, que aquela bolha que fica quando você faz um ovo cozido”, explica Lenz. “O pintinho vai sempre para cima. Se o ovo tiver invertido, ele literalmente vai morrer na casca”, justifica. Esse processo também é feito manualmente. “Seguem no processo só ovos aptos a produzir pintinho”, pontua.

Mas antes de ir para as máquinas incubadoras, é necessário um período de descanso, já que, da produção à incubação, os ovos foram agitados pelo transporte. “Na estocagem, ideal é incubar no terceiro dia. Antes disso, por menor que seja o transporte, você agita o ovo. É preciso deixar o ovo estabilizar. Depois de três, cinco dias, você pode começar a ter perdas. Quanto mais tempo na estocagem, maiores as perdas técnicas. Você começa a ter perda de eclosão e tende a ter um pintinho com qualidade inferior, mais fraco, com menos vivacidade”, sustenta o profissional.

Imitando a choca

Totalmente automatizado, mas imitando a natureza. É assim que funcionam as máquinas que incubam os ovos fecundados. A começar pelo tempo: 21 dias. Temperatura, umidade, movimentação, tudo controlado. “Na incubadora o ovo fica por 21 dias, é o que a natureza faz. A gente tenta reproduzir o que a galinha choca faz. Ela mantém a temperatura ficando em cima do ovo. Nós mantemos essa temperatura. A choca sai do ninho para entrar umidade, então a incubadora também controla umidade. Às vezes, a choca mexe o ovo com a pata ou o bico. De hora em hora, nosso equipamento faz a viragem do ovo, inclina alguns graus. Tudo para temperatura e umidade serem distribuídos com uniformidade nesse ovo. Todo esse ciclo de formação temos que oferecer porque o embrião precisa. A temperatura na máquina gira em torno de 37,5º Celsius.

Vacinação in ovo

Dezenove dias depois de entrar na máquina, o pintinho recebe uma vacina, ainda dentro do ovo. “Aproximadamente no dia 19 a gente faz dois processos. Um é a busca pela parte imunológica. Os ovos vão para vacinação in ovo, que é defesa dele. Depois, transfere das bandejas para as caixas, que são nascedouros. Ou seja: sai da incubadora para os nascedouros, onde ficam mais dois dias. Quando eclodem, durante a janela de nascimento, a máquina seleciona, tira cascas de ovos, descarta quem tem problemas, no bico, pata, etc., faz a preparação para expedição”, comenta. “Quanto menor o intervalo entre o nascimento e a chegada na granja, melhor é, pois o pintinho vai ter aquecimento adequado, vai começar a se hidratar e a comer o mais breve possível. Caso contrário, ele demore muito para chegar à granja, além de não ganhar peso, acontece o efeito ao contrário, vai desidratando. Ele vai chegar na granja, como dizem, baqueado”, aponta. “Carregou… é campo. Assim ele consegue uma arrancada (de desempenho) maior”, garante Lenz.

A Lar, de acordo com Lenz, produz aproximadamente 90% de sua demanda, mas ele explica que esse 10% é uma margem que deve ser levada em consideração por conta de oscilações de mercado, como natal, feriados, carnaval e outras festas. “A gente produz aproximadamente 90% que nosso abate demanda, porque ele diminui em períodos como carnaval, natal, etc. O restante compra de fora, é comum ter esse ajuste de mercado porque têm meses em que o reduz abate. Nesses casos, nossa capacidade pode chegar a 100% da demanda”, acrescenta.

Custa caro

Lenz explica que todos os processos de biosseguridade são necessários para proteger o alto investimento nessa fase a avicultura. “Só nessa estrutura temos R$ 100 milhões investidos. São um milhão de aves a R$ 40 cada. Por isso tudo o que fazemos, como tomar banho, trocar calçados, todo o isolamento, é necessário para proteger esse investimento”, pontua. Muito do investimento está em equipamentos de ponta. “A automação chega sempre primeiro para as matrizes. Nossos níveis de automação são o que tem de top, mas também precisamos de mão de obra”, comenta. Ao todo, matrizeiro, produção e incubatório geram 620 empregos diretos.

Mais informações você encontra na edição de Aves de abril/maio de 2018 ou online.

Fonte: O Presente Rural

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Avicultura

Nutrição, manejo e genética: o tripé da saúde locomotora em frangos

Seleção de animais por características de crescimento rápido muitas vezes resulta em desequilíbrios entre a capacidade estrutural do esqueleto e o peso corporal, tornando as aves mais suscetíveis a lesões articulares, afetando de sobremaneira o bem-estar e a produtividade das aves.

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Fotos: Shutterstock

As questões relacionadas à saúde locomotora em frangos de corte têm, nos últimos anos, despertado uma preocupação crescente na indústria avícola. O rápido crescimento genético das aves para atender à demanda do mercado tem levado a um aumento na incidência desses problemas, principalmente de artrites.

A seleção de animais por características de crescimento rápido muitas vezes resulta em desequilíbrios entre a capacidade estrutural do esqueleto e o peso corporal, tornando as aves mais suscetíveis a lesões articulares, afetando de sobremaneira o bem-estar e a produtividade das aves. Condições de manejo inadequadas, como densidade populacional elevada, má qualidade da cama, ventilação inadequada e estresse térmico, podem contribuir para o aumento da incidência de problemas locomotores.

A falta de espaço e a qualidade inadequada do substrato podem causar lesões nas articulações e dificultar o movimento das aves. A nutrição também desempenha um papel fundamental na saúde locomotora das aves. Dietas desequilibradas em minerais e vitaminas essenciais, como cálcio, fósforo e vitamina D, podem comprometer a saúde óssea e articular das aves. A formulação cuidadosa das dietas, adaptada às necessidades específicas das aves em diferentes estágios de crescimento, é essencial para prevenir deficiências nutricionais que possam contribuir para o desenvolvimento de artrites.

Médica-veterinária, professora, mestre em Nutrição Animal e doutora em Zootecnia, Jovanir Inês Müller Fernandes: “Devido a dor e a dificuldade locomotora as aves passam a ficar mais tempo sentadas, o que compromete ainda mais a circulação sanguínea nas áreas de crescimento ósseo” – Fotos: Divulgação

Além disso, medidas preventivas, como o monitoramento regular da saúde locomotora das aves e a identificação precoce de problemas, são fundamentais para garantir o bem-estar das aves e a sustentabilidade da indústria avícola. Investimentos em pesquisa contínua e educação para produtores são essenciais para promover práticas de manejo sustentáveis e melhorar o desempenho econômico e ambiental da produção avícola.

Diante desse cenário, se faz necessário uma abordagem multifatorial, envolvendo estratégias de manejo integradas para reduzir a incidência de artrites e problemas locomotores em frangos de corte. Isso inclui a seleção criteriosa de linhagens genéticas com melhores características de saúde locomotora, o fornecimento de ambientes de alojamento adequados e a implementação de programas nutricionais. Sobre essa temática, a médica-veterinária, professora, mestre em Nutrição Animal e doutora em Zootecnia, Jovanir Inês Müller Fernandes, tratou no 24º Simpósio Brasil Sul de Avicultura (SBSA), realizado entre os dias 09 e 11 de abril, no Centro de Cultura e Eventos Plínio Arlindo de Nes, em Chapecó (SC).

Multifatoriais

Os aspectos mais relevantes que estão relacionados com os problemas locomotores são fatores traumáticos ou mecânicos, infeciosos, nutricionais, ambientais e relacionados ao manejo. Esses fatores podem ainda estar associados ou ocorrer de forma isolada. Jovanir menciona que a cama de má qualidade, que não foi adequadamente manejada no intervalo entre lotes, pode levar à instabilidade na locomoção do pintainho pela presença de cascões e desnivelamentos e resultar em microfraturas e fendas em áreas de crescimento ósseo nas extremidades dos ossos longos, como tíbia e fêmur.

Por outro lado, camas úmidas podem predispor às lesões de coxim plantar, as pododermatites, que além de provocar dor, são portas de entrada para bactérias e vírus presentes na cama. “O aumento na umidade nas camas pode ser resultado da baixa digestibilidade da dieta (granulometria inadequada, micotoxinas, fatores antinutricionais e agentes patogênicos), da ambiência inadequada (manejo de placas evaporativas, ventilação e estresse térmico) e das disbacterioses, que alteram a estabilidade da microbiota intestinal, comprometendo a funcionalidade da mucosa intestinal”, ressalta a médica-veterinária.

A doutora em Zootecnia explica que bactérias oportunistas podem atravessar a barreira epitelial intestinal através das junções firmes entre as células e por meio da via hematogênica chegam até às microfraturas e fissuras osteocondróticas na extremidade proximal do fêmur e da tíbia, contribuindo com o quadro de necrose e degeneração das áreas de metáfise dos ossos longos. “Devido a dor e a dificuldade locomotora as aves passam a ficar mais tempo sentadas, o que compromete ainda mais a circulação sanguínea nas áreas de crescimento ósseo, contribuindo com a isquemia e necrose. Esses distúrbios podem resultar em alterações da angulação dos ossos longos e contribuir para o rompimento de ligamentos e tendões, além da ocorrência de artrites assépticas”, pontua Jovanir.

Além desses fatores, a identificação de cepas bacterianas e virais mais patogênicas e virulentas, que eram consideradas comensais, podem estar envolvidas na ocorrência e agravamento dos problemas locomotores e artrites. “O surgimento dessas cepas pode estar relacionado com a pressão de seleção de microrganismos resistentes pelo uso sem critérios de antibióticos terapêuticos e o manejo inadequado”, ressalta Jovanir, acrescentando: “Nessa situação, a troca de genes de resistência entre bactérias do ambiente por meio de elementos genéticos móveis contribui para a manutenção dessas bactérias portadoras de genes de patogenicidade e de resistência aos antibióticos de um lote para outro. Além disso, o curto período de intervalo entre lotes, o aumento da densidade de alojamento e os erros de manejo, mantém essas cepas mais resistentes e mais patogênicas que podem acometer as aves e resultarem em diferentes manifestações de lesões e comprometimento do sistema locomotor”.

As artrites e problemas locomotores acarretam uma série de consequências adversas nas aves, incluindo dor, comprometimento do bem- -estar animal, dificuldade locomotora,

restrição de acesso à água e ração, prostração sobre a cama, ingestão de cama e inalação de amônia, aumento da taxa de mortalidade (com aves eliminadas), queda no desempenho produtivo, aumento das condenações no abatedouro devido à fragilidade óssea, dermatites/celulites e aerossaculite.

Perdas operacionais no abatedouro

No ambiente do abatedouro, esses problemas também se refletem em perdas operacionais, visto que a redução da velocidade no processo de abate é necessária devido ao aumento das condenações, além dos riscos microbiológicos adicionais decorrentes do aumento da presença de patógenos durante o processamento das carcaças.

Nutrição: papel-chave na prevenção

A nutrição tem papel fundamental em prover nutrientes para o crescimento ósseo. É importante que os níveis nutricionais sejam ajustados à necessidade das aves e aos processos de fabricação de ração. Um desafio é fazer com que esses nutrientes cheguem até o osso. “A baixa digestibilidade dos ingredientes, granulometria inadequada, ocorrência de micotoxinas, fatores antinutricionais e agentes patogênicos presentes nos ingredientes podem levar às falhas nos processos de digestão e absorção e em agressão à mucosa intestinal, resultando em sobras de substratos que podem desestabilizar e romper a homeostase do microbioma intestinal, contribuindo com a proliferação das bactérias patogênicas”, expõe a mestre em Nutrição Animal.

De acordo com ela, o aumento, principalmente de proteína não digerida e resultante do aumento do turnover celular da mucosa intestinal, leva a putrefação e a produção de substâncias e moléculas (aminas biogênicas, ácidos graxos de cadeia ramificada, amônia, indol e escatol) que afetam a funcionalidade da mucosa intestinal. “Além da redução da absorção de nutrientes, ocorre aumento da permeabilidade intestinal, ativação do sistema imunológico do hospedeiro, translocação bacteriana, lipopolissacarídeos e padrões moleculares associados a microrganismos (MAMPs) através da barreira endotelial e liberação de citocinas pró-inflamatórias como TNF-α, IL-6, IL-11 e IL-17, que podem ativar a osteoclastogênese e aumentar a reabsorção óssea, principalmente das trabéculas, localizadas nas regiões proximais dos ossos longos”, enfatiza.

Genética das linhagens

O constante melhoramento genético tem resultado em mudanças no crescimento e na deposição de tecido muscular, alterando a conformação da carcaça pela maior deposição de carne de peito, movendo o centro de gravidade dos frangos de corte para frente. “Isso tem contribuído para que a ave adapte sua postura com modificação das propriedades morfológicas, biofísicas e mecânicas da estrutura óssea, o que afeta diretamente as regiões proximais da tíbia e fêmur e a quarta vertebra, ponto de sustentação do peso a ave. Além disso, ossos crescem acompanhando a taxa de crescimento muscular em função da gravidade que o peso vivo exerce, entretanto, não mineralizam o suficiente até a idade de abate”, frisa Jovanir.

Dessa forma, a docente diz que é importante compreender que a rápida taxa de crescimento das atuais linhagens de frangos de corte não é causa das artrites e problemas locomotores, mas sim se constitui num fator de predisposição. “Isso é confirmado pela variação na ocorrência e na gravidade dos problemas locomotores e artrites entre as linhagens genéticas, regiões, clima e até entre aviários de uma mesma companhia avícola”, menciona.

Principais desafios de manejo

Um dos principais desafios enfrentados, segundo Jovanir, é manter um ambiente adequado e saudável que permita a expressão natural do comportamento das aves, enquanto atende às necessidades de bem-estar, saúde e produtividade das mesmas. “As aves respiram, comem (ração e cama) e bebem, portanto, diminuir a carga de microorganismos patogênicos e antígenos que possam perturbar a homeostase do sistema imune de mucosas contribui não só para a redução de problemas locomotores e artrite, como também para a redução de outras condições que afetam o bem-estar das aves, a produtividade e a rentabilidade da cadeia avícola”, salienta a doutora em Zootecnia.

O manejo da cama e do ambiente das aves se constituem no maior desafio que precisa ser enfrentado. Com as constantes melhorias genéticas, o aumento da taxa de crescimento e da taxa metabólica das aves vêm acompanhado do aumento do consumo de ração, da produção de gases e da excreção de água. “A cama retém esses substratos, os quais são metabolizados pela microbiota, alterando o perfil e a diversidade, gerando ainda mais umidade e amônia”, enfatiza, ampliando: “A umidade excessiva contribui com a ocorrência direta dos problemas locomotores e artrites, enquanto que a amônia é o principal agressor da mucosa respiratória, predispondo a ocorrência de aerossaculite e outros problemas respiratórios”.

Alojamento e densidade populacional

Na eclosão, os pintainhos apresentam placas de crescimento ósseo espessas e frágeis e ossos fino e porosos. O período logo após a eclosão é um estágio crítico para o desenvolvimento ósseo e, por isso, de acordo com Jovanir, as práticas realizadas no incubatório devem prevenir lesões mecânicas e amenizar estressores e contaminações que possam impactar o crescimento e a mineralização óssea.

Somado a isso, o tempo e a qualidade do transporte dos pintainhos até as granjas podem ser fatores primários da ocorrência de problemas locomotores em frangos de corte. “No alojamento é necessário adotar estratégias que minimizem os impactos sobre essas estruturas ósseas frágeis e oferecer um ambiente adequado que permite o estabelecimento de uma microbiota simbiótica, uma vez que o pintainho não é colonizado pela transferência da microbiota materna, a exemplo de outras espécies”, pontua a médica-veterinária. O maior número de aves por metro quadrado implica em maior volume de excretas, maior umidade na cama e pior qualidade do ar, fatores fortemente associados a ocorrência dos problemas locomotores e artrite. “A densidade populacional de um aviário deve ser muito bem calculada e dimensionada levando em conta a capacidade de manter o ambiente em torno da ave adequado para o seu bem-estar, comportamento natural, produtividade e saúde”, reforça Jovanir.

Sinais clínicos comuns

Entre os sinais clínicos mais comuns de artrites e problemas locomotores em frangos de corte, estão a dificuldade locomotora (andar com dor), claudicação, busca por equilíbrio ao andar com abertura de asas, dedos tortos, assimetria entre pernas, articulações (especialmente articulação tibiotársica) quentes e com aumento de tamanho, além de aves em posição de decúbito ou sentadas.

Controle e prevenção

As medidas de controle e prevenção para reduzir a ocorrência de artrites e problemas locomotores são basicamente as mesmas previstas nos programas sanitários que as empresas e agroindústrias aplicam para reduzir a ocorrência de qualquer enfermidade ou distúrbio. “É importante que os programas sanitários sejam pautados em dados históricos de cada cooperativa ou agroindústria da ocorrência desses problemas para que seja possível a interpretação e entendimento dos fatores envolvidos e traçadas estratégias mais especificas e assertivas no controle”, enfatiza, evidenciando que além da adoção de estratégias sanitárias, nutricionais e ambientais, deve haver um comprometimento coletivo de todos os envolvidos com a cadeia avícola.

Na fábrica de ração, a especialista diz que devem ser implantados e acompanhados programas de qualidade em todas as etapas de fabricação e de processamento. “As estratégias devem ser aplicadas ainda nos matrizeiros, visando a qualidade da casca do ovo, a transferência de nutrientes para o embrião e o controle sanitário”, menciona.

No incubatório, Jovanir destaca a necessidade de realizar estudos que busquem oportunidades de aprimoramento no desenvolvimento do tecido ósseo, bem como melhorias nos processos aos quais o pintainho recém-eclodido é submetido. “É fundamental que o pintainho seja transportado para as granjas sem impacto sobre o aparelho locomotor”, frisa.

Nas granjas, a docente explica que as camas devem estar secas, trituradas e aquecidas, uma vez que a presença de cascões causa instabilidade nas articulações de ossos longos, ainda com grande quantidade de tecido cartilaginoso. “A altura dos bebedouros nipple é um fator que pode comprometer a saúde das placas de crescimento dos ossos, devido ao esforço para beber água. O manejo do ambiente das aves, a qualidade do ar e água são fatores fundamentais para controlar a diversidade e a carga microbiológica e eliminar organismos competitivos, promovendo a manutenção da estabilidade do microbioma simbiótico no ambiente intestinal da ave”, reforça.

Para ficar atualizado e por dentro de tudo que está acontecendo no setor avícola acesse a versão digital de Avicultura de Corte e Postura clicando aqui. Boa leitura!

Fonte: O Presente Rural
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Avicultura

Paraná impõe mais rigor para manter gripe aviária longe de seus planteis

Além das medidas de controle voltadas para a segurança alimentar e a reputação da indústria avícola paranaense e brasileira, também é importante desmistificar mitos e informar o
consumidor sobre a doença e que o consumo de produtos avícolas é seguro mesmo que haja ocorrência de foco em granjas comerciais.

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Com pouco mais de quatro meses sem uma ocorrência do vírus da Influenza aviária de Alta Patogenicidade (H5N1) no Paraná, a Agência de Defesa Agropecuária (Adapar) continua alerta e atuando em conjunto com as entidades setoriais e a cadeia produtiva do estado no combate à doença. O vírus é altamente contagioso e afeta várias espécies de aves industriais, domésticas e silvestres, além de animais marinhos e ocasionalmente outras espécies.

Até o fechamento desta reportagem haviam 13 focos de gripe aviária confirmados no Paraná, todos na região litorânea e em animais silvestres. Com três casos cada, Guaraqueçaba, Paranaguá e Pontal do Paraná lideram os registros, seguidos por Guaratuba com dois focos, enquanto Antonina e Matinhos reportaram um foco cada.

Até o momento, não foram registrados casos em aves comerciais ou de subsistência no Paraná, sendo todas as ocorrências diagnosticadas em aves silvestres das espécies trinta-réis-real, trinta-réis-de-bando e gaivota-maria-velha.

Médico-veterinário e fiscal de defesa agropecuária da Adapar, Jeison Solano Spim: “O consumo de carne e de ovos é segura” – Fotos: Jaqueline Galvão/OP Rural

O médico-veterinário e fiscal de defesa agropecuária da Adapar, Jeison Solano Spim, ressalta que as regras de biosseguridade para registro avícola sempre foram muito rígidas no estado. “O Paraná segue uma legislação nacional, mas com suas particularidades, uma vez que enquanto a legislação do país dispensa o registro para produtores com até mil aves, no Paraná essa regra é mais rigorosa, exigindo registro independente da quantidade de aves mantidas pelo produtor. “Se for produtor comercial, obrigatoriamente precisa de registro e precisa cumprir as medidas de biossegurança exigidas”, enfatiza Spim.

Mesmo com o enfrentamento da Influenza aviária, essas regras não sofreram alterações significativas, já que são bastante rigorosas desde o início. O que foi intensificado é a fiscalização, que ocorre no momento do registro, válido por cinco anos. Durante esse período de vigência do registro, as granjas são submetidas a vistorias periódicas por fiscais. Spim explica: “Durante esses cinco anos a granja recebe periodicamente a vistoria de fiscais até o momento da renovação, quando é feita uma nova vistoria”.

Essas medidas visam garantir a conformidade com os protocolos de biosseguridade e contribuir para a prevenção e controle de doenças avícolas, incluindo a Influenza aviária. “A cooperação dos produtores e o rigor na aplicação das regulamentações são essenciais para proteger tanto a saúde das aves quanto a segurança alimentar da população”, salienta o fiscal.

Intensificação da fiscalização

Em dezembro de 2023, o Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) demandou que os órgãos de defesa agropecuária dos estados intensificassem as ações junto às granjas. “Passamos mais um pente fino nas unidades produtivas, ocasião em que foram identificadas algumas granjas com problemas sanitários pontuais, que incluem principalmente questões de manejo e limpeza do ambiente. Para regularizar esses problemas, iniciamos em fevereiro uma ação nestas unidades”, relata Spim.

A Agência de Defesa Agropecuária do Paraná mantém uma vigilância e busca ativa pelo vírus da Influenza aviária a fim de mapear em quais locais o vírus está circulando. “Esse trabalho é constante e é realizado desde que o primeiro caso foi confirmado no Paraná, em junho de 2023, demonstrando o compromisso do estado com a segurança sanitária na produção avícola”, evidencia o fiscal.

Maior produtor de aves do país

Em 2023, o Paraná reafirmou seu protagonismo na produção de alimentos, especialmente na avicultura. O estado produziu 2,1 bilhões de frangos, mantendo sua liderança no

ranking nacional com uma participação de 34,3%, seguido por Santa Catarina e Rio Grande do Sul, de acordo com os dados divulgados em março pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Esse resultado representou um crescimento de 5,4% em relação ao ano anterior, reafirma a posição do Paraná como principal polo de produção avícola do país. “O Paraná ostenta o título de principal produtor de frango do Brasil, um feito atribuído ao trabalho dedicado das empresas, entidades setoriais, do governo e dos produtores que garantem qualidade do alimento que chega à mesa dos consumidores”, destaca o profissional.

Além disso, o estado também cresceu na produção de ovos de galinha, alcançando a marca de 434 milhões de dúzias em 2023, aumento de 7,1% em relação a 2022 e um novo recorde na série histórica. Esses dados reforçam o papel fundamental do Paraná na garantia do abastecimento nacional e na consolidação da agroindústria brasileira como um dos principais players globais.

Em todo o país foram abatidos 6,28 bilhões de frangos, crescimento de 2,8% em relação ao ano anterior, o que também foi o melhor resultado da série histórica iniciada em 1997. Além disso, o país registrou um aumento na produção de ovos de galinha, alcançando um total de 4,21 bilhões de dúzias, outro recorde histórico.

Educação sanitária

Além das ações de fiscalização e controle, o fiscal da Adapar enfatiza a importância da educação sanitária. Spim frisa que é fundamental alinhar diretrizes de segurança da produção que devem ser seguidas à risca, mas ressalta que os produtores também estão conscientes de suas responsabilidades para garantir a biossegurança na produção de animais. “Essa abordagem holística, que combina fiscalização rigorosa, vigilância ativa e educação sanitária, é essencial para manter a segurança e a qualidade da produção avícola do Paraná e assegurar a confiança do consumidor no produto final”, reforça.

Avicultor Altevir Ferneda, da Linha Rocinha, em Guaraniaçu, PR: “Desde o início de nossa produção avícola, sempre priorizamos a máxima atenção à criação, conscientes da responsabilidade que carregamos”

Com capacidade para alojar até 70 mil aves por lote, o avicultor Altevir Ferneda, da Linha Rocinha, localizada em Guaraniaçu, interior do Paraná, afirma que sempre manteve medidas de biosseguridade rigorosas em sua propriedade, mas, com a ocorrência dos primeiros casos da doença em aves silvestres no litoral, essas medidas foram intensificadas. “Nossa granja é toda automatizada e restringimos o acesso exclusivamente aos funcionários autorizados. Monitoramos de forma contínua as instalações dos aviários e mantemos cuidado especial com as aves, a fim de sua segurança e saúde sejam garantidas”, assegura. “Reconhecemos a importância desse cuidado rigoroso para evitar a entrada de qualquer patógeno nas instalações. Desde o início de nossa produção avícola, sempre priorizamos a máxima atenção à criação, conscientes da responsabilidade que carregamos”, exalta o produtor, que trabalha junto com os familiares Fernando, Aline e Frederico na propriedade.

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Período de migração

O médico-veterinário conta que até 2023 a agência trabalhava com uma rota migratória que trouxe o vírus para o país. No entanto, ao longo do ano, os fiscais aprenderam mais sobre as aves migratórias e descobriram várias rotas, incluindo aquelas que vêm diretamente da Europa para o Brasil. Isso ocorre durante todo o ano, o que significa que aves migratórias chegam todos os meses ao país de áreas contaminadas de diferentes partes do mundo. “Essa descoberta colocou a defesa agropecuária em alerta constante. Nosso trabalho é voltado não apenas para conter o foco, mas, sim, para garantir que a doença fique fora das granjas comerciais”, reforça Spim, acrescentando: “Através de uma parceria com a Universidade Federal do Paraná, que possui um centro de estudos de animais da fauna marinha no litoral, somos comunicados sempre que eventos fora do comum, como a morte de aves silvestres, acontece à beira mar, inclusive com os pesquisadores nos auxiliando na identificação de aves suspeitas”.

Como proceder em casos suspeitos

Em caso de detecção de um foco suspeito de Influenza aviária, Spim explica que o controle é realizado conforme o Plano Nacional de Contingência, disponível no site do Ministério da Agricultura e Pecuária, que estabelece zonas de atuação, perímetros de vigilância e atividades específicas para controlar o foco. “Cada zona possui protocolos diferentes para mitigar a disseminação do vírus”, expõe.

O médico-veterinário ressalta que a notificação imediata é fundamental. “Qualquer suspeita, especialmente em granjas comerciais, deve ser comunicada à Adapar imediatamente. No caso de uma confirmação em uma granja comercial, o Brasil perde seu status de país livre da doença, o que terá uma repercussão global. Isso pode levar ao fechamento e dificuldade de recuperação de mercados”, aponta, ampliando: “A colaboração entre todos os elos da cadeia produtiva e instituições de pesquisa é essencial para garantir a segurança da produção avícola e proteger a reputação do Brasil como um dos principais produtores e exportadores de alimentos do mundo”.

 Importância da conscientização sobre a doença

Além das medidas de controle voltadas para a segurança alimentar e a reputação da indústria avícola paranaense e brasileira, também é importante desmistificar mitos e informar o consumidor sobre a doença e que o consumo de produtos avícolas é seguro mesmo que haja ocorrência de foco em granjas comerciais. A Influenza aviária é um vírus que circula no mundo há muitos anos, com um novo ciclo iniciado em 2014. No entanto, nunca houve registro de casos em humanos devido ao consumo de carne de frango e de ovos. “O consumo de carne e de ovos é segura”, ressalta.

A intensificação do controle da doença é fundamental devido ao impacto significativo que ela pode ter na cadeia de produção das aves. “Além de proteger a saúde das aves e garantir a qualidade dos produtos avícolas, os esforços de controle da Influenza aviária visam também tranquilizar o consumidor quanto à segurança dos alimentos. A conscientização sobre a doença e suas formas de transmissão ajuda a evitar preocupações desnecessárias e a manter a confiança na qualidade dos produtos avícolas disponíveis no mercado”, argumenta o médico-veterinário.

 O que fazer em caso de suspeita da doença

Ao avistar uma ave morta, Spim reforma que não se deve aproximar e nem mexer no animal, a fim de evitar a propagação do vírus. “Comunique imediatamente a suspeita ao Serviço Veterinário Oficial da sua região, que fará o trabalho de investigação e, se a suspeita for confirmada, desencadeará todas as medidas cabíveis”, salienta.

A Adapar dispõe de 21 Unidades Regionais de Sanidade Agropecuária (URS) com a atribuição de administrar 130 Unidades Locais de Sanidade Agropecuária (ULSA) e 33 Postos de Fiscalização do Trânsito Agropecuário (PFTA). Para saber onde está localizada a unidade da sua região acesse www.adapar.pr.gov.br/Pagina/Unidades-Regionais-de-Sanidade-Agropecuaria-URS.

Para prevenir e reduzir o risco de introdução da Influenza aviária na criação de aves comerciais é necessário tomar as seguintes medidas:

  • Cercar as unidades produtivas avícolas para que outras pessoas não entrem na produção.
  • Evitar o trânsito de pessoas e animais, bem como o contato das aves comerciais como patos, marrecos, gansos, perus e pássaros silvestres.
  • Realizar a lavagem e desinfecção de veículos para entrar e sair do núcleo de produção na propriedade.
  • Limpar e desinfetar regularmente sapatos, roupas, mãos, gaiolas, caixas, equipamentos e utensílios usados no aviário.
  • Evitar compartilhar ferramentas ou equipamentos com outros criadores.
  • Lavar sempre as mãos antes e depois de interagir com as aves.
  • Realizar controle de roedores e outras pragas que possam veicular doenças.
  • Oferecer água tratada às aves. O contato com água sem tratamento, procedente de nascente, pode comprometer todo o plantel.
  • Notificar o Serviço Veterinário Oficial da presença de sinais de doenças nervosas, respiratórias ou casos de morte repentina de grande quantidade de aves em um pequeno período de tempo.

Para ficar atualizado e por dentro de tudo que está acontecendo no setor avícola acesse a versão digital de Avicultura de Corte e Postura clicando aqui. Boa leitura!

Fonte: O Presente Rural
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Avicultura

Congresso APA debate avanços e desafios na avicultura de postura

Em uma maratona de 30 horas de conteúdo técnico, mais de 850 congressistas de vários estados brasileiros e países tiveram acesso a uma variedade de temas através de 25 palestras distribuídas nos painéis sobre Genética, Influenza aviária e Inspeção.

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Fotos: Jaqueline Galvão/OP Rural

Considerado um dos maiores eventos avícolas do Brasil, o Congresso APA de Produção e Comercialização de Ovos foi mais uma vez sucesso absoluto de público. Realizado pela Associação Paulista de Avicultura (APA), a 21ª edição reuniu produtores, fornecedores, academia, profissionais da área e grandes nomes do setor no mês de março, em Ribeirão Preto (SP).

Coordenador do congresso e diretor técnico da APA, José Roberto Bottura: “O sucesso do nosso evento é resultado de cada um que trabalha, acredita e confia em nós para sua realização”

Em uma maratona de 30 horas de conteúdo técnico, mais de 850 congressistas de vários estados brasileiros e países tiveram acesso a uma variedade de temas através de 25 palestras distribuídas nos painéis sobre Genética, Influenza aviária e Inspeção. Além disso, 75 trabalhos científicos foram expostos em pôsteres, enriquecendo ainda mais o ambiente acadêmico e profissional do evento.

O coordenador do congresso e diretor técnico da APA, José Roberto Bottura, destaca a evolução do evento. “A cada ano o congresso tem crescido em tamanho, o que muito nos orgulha. Superamos todas as nossas expectativas”, enfatizou. “O sucesso do nosso evento é resultado de cada um que trabalha, acredita e confia em nós para sua realização”, frisou.

Debates

Na edição 2024 temas essenciais do cotidiano do setor foram abordados, incluindo sanidade, inovação, evolução genética, exigências nutricionais, qualidade da água na granja, práticas de manejo, uso de minerais e aditivos alternativos, qualidade de casca, análise de dados, vacinação contra coccidiose, nutrição de precisão, vacina autógena, Influenza aviária, entre outros. “O fato de estarmos em um evento que não tem um espaço de feira de negócios em paralelo contribui muito para a interação dos participantes, que aproveitam os momentos de intervalo para tirar dúvidas, compartilhar opiniões, adquirir novas ideias, até por estarmos ainda no início do ano muitos dos assuntos discutidos no congresso podem ser bem utilizados ao longo de 2024”, salientou o zootecnista Diogo Ito, membro da Comissão Organizadora.

Responsável pelo controle de qualidade na Granja Odan, localizada em Pindamonhangaba (SP), Raquel Marques: “Esse congresso oferece uma riqueza de informações que muitas vezes são difíceis de encontrar no nosso cotidiano”

Riqueza de informações

Responsável pelo controle de qualidade na Granja Odan, localizada em Pindamonhangaba (SP), Raquel Marques compartilha suas impressões sobre o congresso e destaca os aspectos que mais a impressionaram: “Esta foi a primeira vez que participei deste congresso e foi uma experiência enriquecedora. Ele oferece uma riqueza de informações que muitas vezes são difíceis de encontrar no nosso cotidiano, especialmente dada a especificidade da nossa área. Foi uma experiência repleta de aprendizados, oportunidades de networking e compartilhamento de conhecimento”, frisou.

Trabalhos premiados

Durante o evento, os melhores trabalhos científicos em cada categoria foram premiados. O estudante Felipe Dilelis, da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, recebeu o prêmio na categoria Outras Áreas pelo trabalho intitulado “Biofilmes proteicos para manutenção da qualidade interna de ovos caipiras armazenados em temperatura ambiente”. Na categoria Sanidade, o prêmio foi para Viviane Amorim Ferreira, da Unesp Jaboticabal, pelo trabalho “Deleção do gene mgtC em Salmonella Gallinarum resulta em progressão retardada do Tifo Aviário”. Raully Lucas Silva, da Unesp de Jaboticabal, levou o 1º lugar na categoria Nutrição com o trabalho “Modelos não-lineares de efeito misto para predição das exigências de energia metabolizável e líquida em galinhas poedeiras na fase de postura”. Na categoria Manejo, o principal prêmio foi conquistado por Ednardo Rodrigues Freitas, da Universidade Federal do Ceará, com o trabalho “Programa de luz e forma física da ração pré-inicial sobre o desempenho de pintainhas até 35 dias de idade”.

Para ficar atualizado e por dentro de tudo que está acontecendo no setor avícola acesse a versão digital de Avicultura de Corte e Postura clicando aqui. Boa leitura!

Fonte: O Presente Rural
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