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Mato Grosso do Sul tem potencial para irrigação agrícola em 2,4 milhões de hectares
Dentre as vantagens da irrigação para o produtor estão maior estabilidade de produção, maior produtividade e lucratividade, assertividade da janela de plantio, planejamento e execução do processo produtivo, é ter certeza dos seus investimentos e retorno. No entanto, o maior gargalo para a expansão do sistema no Estado é a energia elétrica.

O Painel “Características do clima, potencial e desafios do uso de irrigação em áreas de expansão e de intensificação” realizado no 2º Simpósio de Sistemas Intensivos de Produção, na última quinta-feira (17), em Campo Grande (MS), mostrou que, apesar de o clima ser um fator penalizador da agropecuária em alguns momentos, devido a intempéries, o produtor rural possui algumas metodologias a seu favor, como a irrigação, o Sistema Plantio Direto e a Integração Lavoura-Pecuária-Floresta.
Conforme o moderador do Painel, o pesquisador Danilton Luiz Flumignan, da Embrapa Agropecuária Oeste, a agropecuária é uma empresa a céu aberto. “Precisamos ter conhecimento de como tudo acontece para tomar a melhor decisão e convivermos bem com as adversidades climáticas”, disse Flugminan. Segundo ele, Mato Grosso do Sul tem a seu favor o alto potencial para irrigação. “São 2,4 milhões de hectares. O potencial de irrigação ainda é subutilizado, mas está começando uma nova dinâmica. Ainda existe o conceito de que a agricultura ‘estraga’ a água e é um conceito extremamente equivocado”, afirmou.

Foto: Guilherme Martimon
O primeiro palestrante foi o pesquisador José Renato Bouças Farias, da Embrapa Soja, com o tema “Desafios climáticos para a intensificação e expansão da agropecuária”. De acordo com ele, o foco sempre é produtividade, não somente em termos em kg/ha, mas também em rentabilidade. “Para isso, todo o sistema de produção se alicerça em três pilares, que são interligados e altamente dinâmicos: planta, ambiente (físico, químicos, biológicos – bióticos e abióticos) e homem (o grande catalisador do sistema para torná-lo cada vez mais sustentável e rentável)”, destacou Bouças.
O pesquisador comentou que, quando favorável, ninguém nota o clima, mas quando há adversidade climática, ele é o grande penalizador do rendimento. “Sua grande variabilidade e imprevisibilidade a longo prazo é impactante”.
As mudanças promovem grande alteração na fenologia, no ciclo da cultura agrícola, no aumento ou diminuição de pragas e doenças, afeta as necessidades hídricas das plantas, muda até mesmo a distribuição geográfica da cultura (Zarc), podendo inviabilizar uma cultura em determinada região.
Para se ter uma ideia de como as adversidades climáticas afetam a produção agrícola, o Brasil deixou de vender 22 milhões de toneladas de soja, porque o grão não se desenvolveu devido à falta de água, na safra de 2021/22 – somando os estados do Paraná e Rio Grande do Sul, a perda foi de US$ 25 bilhões. “Se não tem soja, não tem suíno, frango, ovo. Não vende máquina, apartamento, caminhonete… tudo em função da falta de água. O maior efeito, no final, é sobre quantidade e qualidade da produção agropecuária. Nas últimas safras, houve quebras acentuadas na produção de grãos em várias regiões do Brasil, o que traz impacto para toda a sociedade, para todo o país”, pontuou Bouças.
Para amenizar o problema da redução da disponibilidade de água e má distribuição das chuvas durante o ano, é possível realizar algumas ações de adaptação para ajustar o sistema produtivo.
Ele citou várias formas, como preservação de nascentes, rios e margens dos rios; práticas de conservação de solo e água, como terraços e curva de nivel; rotação e diversificação de culturas, Sistema Plantio Direto; sistemas integrados de produção (como ILP e ILPF); ajuste fitotécnico; respeito ao Zoneamento Agrícola de Avaliação de Risco Climático (Zarc), que orienta o produtor e os técnicos a planejar melhor o sistema de produção; entre outros.
Gestão de riscos
“Eventos meteorológicos adversos são a grande fonte de preocupação do produtor”, afirmou o pesquisador José Eduardo Monteiro, da Embrapa Agricultura Digital, no mesmo Painel, com a palestra intitulada “O clima em sistemas intensivos de produção”.
Os dados de 2015 mostram que, no Brasil, a perda com grãos, na média, foi de R$ 11 bilhões, causados principalmente pelas condições adversas. Na safra 2020/2021, houve atraso

Fotos: Gilson Abreu
na implantação na primeira safra, com chuvas bem abaixo da média. Consequentemente, atrasaram-se a colheita da soja e a implantação da segunda safra, além das geadas recordes em 2021. Com isso, o Brasil perdeu R$ 60 bilhões.
Em 2022, a primeira safra foi plantada normalmente, pois teve um início com chuva, porém a quantidade de chuva reduziu no momento de desenvolvimento da soja, nos meses de novembro e dezembro, levando a quebras em todo o Centro-Sul do País; segundo informações da CNA, foram R$ 70 bilhões em perdas.
A sinistralidade média do setor rural de 2014 a 2022 totalizou 87% – histórico elevado, já que o valor de equilíbrio é até 65%. De acordo com Monteiro, o seguro rural não chega a 20% do mercado nacional da agropecuária Brasil. “É um problema de Estado [governo federal] para o País, sendo o setor rural tão importante para a economia brasileira. Mais do que nunca, temos que falar de gestão de riscos climáticos na agricultura, e o Brasil não possui essa gestão em sua maioria. Agora, estamos sendo forçados a prestar mais atenção nisso”, disse.
Para realizar a gestão de riscos, o pesquisador falou que é necessário realizar a avaliação de riscos (identificação, probalidade, severidade – saber onde, quando, qual cultura, frequência, qual o grau de severidade); fazer o monitoramento de resultados para, em seguida, concluir a gestão com o tratamento dos riscos.
O produtor e o técnico podem usar a seu favor o Zarc, que existe para mais de 40 culturas, diferentes ciclos, para 3 a 6 tipos de solos, em todo o território brasileiro, durante o ano todo. Está disponível no site do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), no Painel de Indicadores de Riscos ou pelo app Painel de Indicação de Riscos (Android e iOS).
Para o tratamento de risco, algumas estratégias podem ser adotadas, como transferir o risco (seguro rural – seguradora ou ProAgro); mudar época de plantio pode ser estratégia básica de escape; manejo aprimorado do solo; uso de cultivares adaptadadas; práticas culturais; cultivo protegido; reduzir impacto com irrigação; entre outros.
Irrigação
Marcelo Dutra, supervisor comercial da Cooperativa Agrícola Sul-Mato-Grossense (Copasul), falou sobre a implantação da irrigação. “Estamos no processo de fomento à irrigação há oito anos [na cooperativa]. Estamos num momento de mudança de paradigma. A irrigação já é realidade e tem prioridade neste momento”, garante.

Ele citou diferentes modelos de irrigação: pivô central na agricultura, jardins, climatização, campos de futebol, aspersores na pecuária para maior conforto animal e na mineração para diminuição de poeira.
No caso da agricultura, Dutra enfatizou a importância de se construir um projeto. “É elaborar a melhor solução de engenharia que atenda à necessidade e à expectativa do investidor, oferecendo a melhor relação de custo-beneficio em função dos recursos e condições existentes. Tem que ser feita a gestão do projeto”, explicou o supervisor comercial da Copasul. É complexo e leva vários aspectos em consideração: conhecimento da área, viabilidade hídrica, layout com o proprietário, energia, regularizações, licença e implantação que é a parte final do projeto.
Contando a área de todos os cooperados da Copasul, há uma área de 30 mil hectares de irrigação instalada em Mato Grosso do Sul. “A irrigação é uma realidade. Estamos maduros o suficiente para realizar a implantação”, acredita ele.
O produtor rural de Nova Andradina, Paulo Eduardo Lima, é irrigante desde 2011, e preside a Associação dos Irrigantes do Estado de Mato Grosso do Sul (AIEMS), fundada em 2017. A associação conta com 26 produtores irrigantes com pivô central e aspersão. Alguns utilizam a irrigação subterrânea, mas ainda é incipiente.
Lima pontuou algumas vantagens da irrigação para o produtor: maior estabilidade de produção, maior produtividade e lucratividade, assertividade da janela de plantio, planejamento e execução do processo produtivo, é ter certeza dos seus investimentos e retorno. Entre os desafios estão custo de implantação (elevado), adequação da fertilidade e da uniformidade do solo, despesa mensal (energia ou combustível), trabalho operacional mais elevado e técnico porque vai trabalhar com tecnologia de ponta, falta de profisisonais qualificados que trabalham na lavoura com irrigação em MS, erosão no rastro em áreas de declividade; juros e linhas de crédito, e incentivos fiscais.
O maior gargalo para a expansão da irrigação em Mato Grosso do Sul é a energia elétrica. Lima conta que falta e demora a chegada de energia elétrica para a irrigação. “São poucas redes de distribuição elétrica e, as que existem, são de baixa carga. A falta de energia elética eleva os custos. Têm fazendas com três anos usando motor à diesel por falta de energia elétrica”, contou o produtor irrigante.
O sistema de produção vai depender da dinâmica da propriedade, de tecnologias adaptadas para irrigação, como cultivares responsivas para áreas irrigadas, possibilidade de adubação líquida, treinamento de equipes, mais atenção à pressão de doenças que é maior. “Fazendo tudo certo, a irrigação vai ser a cereja do bolo no sistema de produção.”
Ele deu alguns exemplos de resultados de irrigação em soja. Na Fazenda Santa Fé, no município de Laguna Carapã, os pivôs estão na área mais argilosa. A média de produtividade da soja nos últimos cinco anos, na área de irrigado foi de 84,2 sc/ha; no sequeiro, a média caiu para 55 sc/ha. Na área da fazenda do presidente da AIEMS, em Nova Andradina, 80% da área é irrigada e possui 20% de argila – a soja irrigada rendeu 78,8 sc/ha, enquanto no sequeiro a produtividade foi menor: 54,2 sc/ha no sequeiro.

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Tarifaço dos EUA continua a afetar 22% das exportações brasileiras
Apesar da retirada de 238 produtos da lista de sobretaxas, produtos agrícolas e industriais ainda enfrentam barreiras, mantendo parte das vendas brasileiras aos EUA sob tarifas adicionais.

O presidente em exercício e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, afirmou nesta sexta-feira (21) que 22% das exportações brasileiras para os Estados Unidos permanecem sujeitas às sobretaxas impostas pelo governo norte-americano. A declaração foi dada no Palácio do Planalto, um dia após a Casa Branca retirar 238 produtos da lista do chamado tarifaço.

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Segundo Alckmin, a nova decisão representa o maior avanço até agora nas negociações bilaterais. Ele destacou que, no início da imposição das tarifas, 36% das vendas brasileiras ao mercado norte-americano estavam submetidas a alíquotas adicionais. “Gradualmente, tivemos decisões que ampliaram as isenções. Com a retirada dos 238 produtos, reduzimos para 22% a fatia da exportação sujeita ao tarifaço”, ponderou.
A medida anunciada pelo presidente dos EUA, Donald Trump, revoga a tarifa extra de 40% para uma lista de itens majoritariamente agrícolas, como café, carne bovina, banana, tomate, açaí, castanha de caju e chá. A isenção tem efeito retroativo a 13 de novembro e permitirá o reembolso de produtos já exportados.
Impacto nas exportações
Dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC) indicam que, tomando como base os US$ 40,4 bilhões exportados pelo Brasil aos EUA em 2024:
- US$ 8,9 bilhões seguem sujeitos à tarifa adicional de 40% (ou 10% mais 40%, dependendo do produto);
- US$ 6,2 bilhões continuam enfrentando a tarifa extra de 10%;
- US$ 14,3 bilhões estão livres de sobretaxas;
- US$ 10,9 bilhões permanecem sob as tarifas horizontais da Seção 232, aplicadas a setores como siderurgia e alumínio.

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De acordo com a secretária de Comércio Exterior do MDIC, Tatiana Prazeres, a parcela das exportações brasileiras totalmente livre de tarifas adicionais aumentou 42% desde o início da crise.
Ela ponderou, no entanto, que o setor industrial continua sendo o mais afetado e exige maior atenção por parte do governo. “Para a indústria, a busca de mercados alternativos é mais complexa do que para commodities”, afirmou.
Aeronaves da Embraer, por exemplo, seguem sujeitas à tarifa de 10%.
Negociações seguem
Alckmin afirmou que a decisão dos EUA foi influenciada pelo diálogo recente entre Trump e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, durante encontro na Malásia, em outubro. O governo brasileiro enviou aos EUA, em 4 de novembro, uma proposta de acordo comercial, cujo teor não foi detalhado.
O presidente em exercício reiterou que o país busca avançar nas tratativas para retirar novos produtos da lista de itens tarifados. Ele mencionou que temas tarifários e não tarifários seguem na pauta de discussão, incluindo áreas como terras raras, big techs, energia renovável e o Regime Especial de Tributação para Serviços de Data Center (Redata).
Alckmin também confirmou que Lula apresentou a Trump, além do pedido de redução tarifária, questionamentos sobre a aplicação da Lei

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Magnitsky, que resultou em sanções contra autoridades brasileiras.
Segundo o presidente em exercício, ainda não há reunião prevista entre os presidentes, embora Lula tenha convidado o mandatário norte-americano para visitar o Brasil.
Setores mais sensíveis
Apesar do alívio para diversos itens agrícolas, o governo avalia que os produtos industriais permanecem como o principal foco de preocupação. Parte desses segmentos, especialmente bens de maior valor agregado ou fabricados sob encomenda, têm mais dificuldade para redirecionar exportações para outros mercados.
Alckmin afirmou que seguirá empenhado em buscar novas exceções. “Continuamos otimistas. O trabalho não terminou, mas avança com menos barreiras”, declarou.
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COP30 evidencia protagonismo do cooperativismo nas soluções para clima e energia
Painéis na Green Zone e Agri Zone mostraram como cooperativas já entregam resultados em redução de emissões, bioenergia, logística sustentável e soberania alimentar, reforçando o modelo como peça-chave da transição climática justa no país.

A participação do cooperativismo brasileiro na COP30, na última quarta-feira (19), evidenciou a força do modelo e sua capacidade de integrar inovação, inclusão e sustentabilidade para responder aos maiores desafios climáticos, alimentares e energéticos do país. Painéis na Green Zone e na Agri Zone reuniram dirigentes de cooperativas, pesquisadores, técnicos e produtores para apresentar experiências concretas que mostram como a ação coletiva já transforma territórios.

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Em todos os debates, a mensagem central foi unânime: o cooperativismo não espera, entrega resultados mensuráveis na redução de emissões, no uso eficiente de recursos naturais e na geração de renda e oportunidades, posicionando-se como peça-chave para uma transição climática justa, inclusiva e territorializada.
Energia limpa, economia circular e logística sustentável
No Pavilhão do Coop, o painel Transição Energética Justa: Cooperar para Transformar, mediado por João Penna, coordenador de Relações Internacionais do Sistema OCB, reuniu três experiências que demonstram como o cooperativismo tem sido decisivo para acelerar a transição energética no Brasil e mitigar passivos ambientais de forma eficiente.
Alexandre Gatti Lages, superintendente do Sistema Ocemg, chamou atenção para o avanço das energias renováveis dentro do movimento. Ele lembrou que, segundo dados do Anuário do Cooperativismo Brasileiro, cerca de 20% das cooperativas brasileiras já produzem sua própria energia e Minas Gerais possui potencial ainda maior. Por isso, a Ocemg criou, em 2020, o Projeto Minascoop Energia, estruturado nos pilares ESG. “O Minascoop nasceu com esse propósito de fazer um trabalho diferente, doando energia para entidades que precisam”, afirmou.
A iniciativa reduz custos energéticos (Econômico), promove geração fotovoltaica limpa (Ambiental) e estimula a doação de parte da

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energia produzida a instituições filantrópicas (Social). “Hoje, já são 52 cooperativas participantes, com 138 usinas instaladas em 88 municípios, que juntas produzem 14 MW”, complementou.
Juliano Millnitz, diretor-executivo da Primato, cooperativa paranaense que atende mais de 11 mil cooperados e é a maior produtora de suínos do Brasil, apresentou o case Suíno Verde: Energia Limpa do Campo ao Transporte. O programa vem sendo observado por pesquisadores e autoridades por transformarum enorme passivo ambiental em combustível limpo.
A cooperativa produz, diariamente, 9,5 milhões de litros de dejetos suínos e implantou um sistema que centraliza 630 mil litros/dia para produzir biometano. No processo, o material sólido é convertido em fertilizante, enquanto o líquido gera biogás e biometano. A planta é autossuficiente em energia e o foco agora é a mobilidade sustentável. “Hoje já operamos seis caminhões totalmente movidos a biometano e a meta é que toda a cadeia de suínos seja transportada com combustível limpo, o que representará uma economia de 447 toneladas de óleo diesel por ano, equivalente a R$ 920 mil anuais”, explicou Nunes.
O terceiro case foi apresentado por Evaldo Matos, diretor da Coopmetro, que abordou um dos maiores desafios brasileiros: a dependência da matriz rodoviária, responsável por 70% do transporte nacional. A cooperativa lidera o Programa de Renovação de Frota (Pave), que democratiza o acesso de pequenos transportadores a caminhões novos, conectando cooperados, cooperativas de crédito e fabricantes.

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Os impactos ambientais são expressivos: 14% menos CO₂, 75% menos óxidos de nitrogênio e 12% mais autonomia. No campo social, o programa alcança 13,5 mil beneficiados, fortalece renda e promove inclusão, com aumento de 15% na presença feminina. “O Pave é uma contribuição concreta para uma logística mais verde, mais saudável”, afirmou Matos, destacando ainda que a operação registra zero inadimplência com os bancos parceiros.
A representante do Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável (CEBDS), Melissa Pesconi, elogiou a abordagem das cooperativas, reforçando que seus resultados são exemplos para grandes empresas. Ela apresentou as coalizões setoriais de descarbonização lideradas pelo CEBDS: iniciativas multissetoriais que reúnem setor privado, governos e sociedade civil para desenvolver e implementar planos de redução das emissões de gases de efeito estufa (GEE) em diversos setores da economia.
Melissa destacou que “a visão técnica dos dados precisa dialogar com a prática transformadora, e as cooperativas já mostram que a transição energética deve ser guiada também por critérios sociais, econômicos e políticos”.
Amazônia reforça protagonismo comunitário
Também na Green Zone, o painel Identidade e Inclusão para a Soberania Alimentar na Agricultura Amazônica, mediado por Beatriz

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Barros Braga, secretária de Desenvolvimento Rural do Amapá, trouxe uma discussão profunda sobre como diferentes Amazônias, com culturas, ecossistemas e modos de produzir próprios, constroem caminhos para garantir segurança alimentar em meio às desigualdades estruturais.
Com mais de duas décadas de atuação, a Cooperacre levou ao painel a visão dos extrativistas. O assessor Alberto “Dande” de Oliveira Tavares descreveu a trajetória de verticalização da cooperativa, que investe em agroindústrias de castanha, borracha, frutas e óleos. “A Amazônia não é vista apenas como fornecedora de matérias-primas. A Cooperacre investiu na verticalização, garantindo renda, autonomia e permanência das famílias”, disse.
Ele reforçou a importância do reconhecimento do serviço ambiental prestado pelos extrativistas: “Essas famílias entregam muito além de alimentos. Entregam equilíbrio climático, água de qualidade, biodiversidade. O pagamento por serviços ambientais precisa chegar até elas”, complementou
Já o agricultor e gerente comercial da Camta, Emerson Tsunoda, relatou o processo de reinvenção da cooperativa, que deixou a dependência da monocultura da pimenta e adotou sistemas agroflorestais integrados (cacau, açaí, pimenta e outras culturas). A mudança ampliou mercados, diversificou renda e elevou a resiliência produtiva. Ele celebrou também que bancos passaram a financiar apenas produtores estruturados em SAFs. “Quem consome nossos produtos consome também uma história de união e reinvenção”, resumiu.

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Bioenergia e desenvolvimento regional
Na Agri Zone, o painel Desenvolvimento Regional e Transição Energética, promovido pela Confederação Nacional da Agricultura e Pecuária (CNA), reuniu especialistas do setor de bioenergia para discutir como a interiorização da indústria e a diversificação das matérias-primas podem impulsionar cidades e regiões inteiras.
O cooperativismo foi representado pela analista de Sustentabilidade do Sistema OCB, Laís Nara Castro. Ela apresentou dados atualizados do setor e reforçou que o movimento já é parte essencial da transição energética nacional. “Hoje, mais de 910 cooperativas já geram sua própria energia, seja para consumo interno ou para abastecer processos produtivos. Somando tudo, temos mais de 4,9 mil empreendimentos de geração distribuída espalhados pelo Brasil. É energia limpa, descentralizada e que chega na ponta, no pequeno e no médio produtor”, descreveu.
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Novas obras devem tornar mais dinâmicas as visitas ao Show Rural
Coopavel investe em ampliações, novas obras e melhorias operacionais para receber 600 empresas e até 22 mil veículos na edição de 2026, reforçando o evento como vitrine global de inovação no agronegócio.

Poucas vezes em 38 anos de Show Rural, a Coopavel e parceiros investiram tanto em novas obras e em melhorias simultâneas no parque que abriga um dos três maiores eventos técnicos do agronegócio mundial. São inúmeros projetos em execução ao mesmo tempo, tudo para melhorar ainda mais a dinâmica e o aproveitamento das visitas de quem se desloca a Cascavel, no Oeste do Paraná, para ter acesso às inovações desenvolvidas pelas empresas do setor para que o agricultor produza mais, com menos custos e observando a lógica da sustentabilidade.

Foto: Divulgação/Coopavel

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“O que estamos fazendo, mas em uma escala maior que em outros anos, busca atender às expectativas de um produtor rural cada vez mais exigente e conectado a mudanças que, ao longo dos anos, transformaram a realidade agropecuária brasileira e mundial. O Show Rural é um evento de vanguarda, focado na inovação e na superação e os resultados do que estamos fazendo poderão ser vistos de 9 a 13 de fevereiro de 2026, durante a 38ª edição do evento”, menciona Dilvo Grolli, presidente da Coopavel, cooperativa que organiza a mostra de tecnologia.
Obras
Estão em ampliação os espaços físicos da administração do parque e do Espaço Impulso (parceria com o Itaipu Parquetec), hub do agro inaugurado há quase quatro anos e que se tornou um ambiente multiplicador de novos conhecimentos para as mais diferentes atividades rurais. Esses prédios terão as suas áreas dobradas, o mesmo acontecendo com o galpão destinado à agricultura familiar.

Foto: Divulgação/Coopavel
A Itaipu investe cerca de R$ 1,7 milhão em uma nova estrutura, anexa à antiga, que vai permitir, a partir do ano que vem, mais que dobrar o número de agroindústrias familiares presentes no Show Rural. As duas primeiras estão com mais de 60% do cronograma de obras pronto, e o novo pavilhão está praticamente concluído.
A área pavimentada com asfalto foi ampliada em 2,5 quilômetros e, nesse trecho, a largura da via é de cinco metros. Em vias anteriormente pavimentadas, a largura está em ampliação de três para cinco metros. Novos trechos de ruas vão receber cobertura. Onze dos 15 quilômetros de vias que conectam todo o parque estarão protegidos da chuva e do sol na edição de fevereiro. Os 28 conjuntos de banheiros, masculinos e femininos, foram todos reformados, trabalho que envolveu da troca de portas até do piso.
A área do antigo estacionamento de expositores foi toda gramada e, considerando trechos próximos, permitirá aumentar em 15 mil metros quadrados o espaço destinado a expositores. “Teremos 600 empresas, como em edições anteriores, mas algumas que pediam agora terão espaços maiores para apresentar as suas novidades aos visitantes”, conforme o coordenador geral Rogério Rizzardi.
22 mil veículos
O empresário Assis Gurgacz cedeu uma área vizinha ao parque para a ampliação do novo estacionamento. Para a 38ª edição, a capacidade

Foto: Divulgação/Coopavel
de recepção vai subir de 17 mil para 22 mil veículos. Em fevereiro passado, o estacionamento tinha capacidade para 400 ônibus, e em 2026 poderão ser recebidos e devidamente abrigados 700.
Uma nova passarela vai ligar o estacionamento ao novo portão principal do parque. A maior parte do trecho é elevada, passando sobre o antigo estacionamento. Além disso, outras duas lanchonetes serão implantadas no parque, bem como ampliado o número de estações no restaurante para que mais pessoas possam se servir simultaneamente. No Show Rural Coopavel, o acesso ao parque e o uso de vagas de estacionamento são gratuitos.



