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Mascarada, ileíte merece mais atenção do suinocultor

Devido ao grande uso de antimicrobianos, a doença muitas vezes não é detectada pelos testes; suinocultor precisa investir em vacinação e biossegurança

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Uma doença com grandes impactos econômicos dentro da granja, mas que ainda está mascarada, a Enteropatia Proliferativa Suína, ou ileíte, pede bastante atenção do suinocultor e do médico veterinário. Se apresentando principalmente em duas formas, aguda e crônica, a enfermidade pode acontecer nas fases de creche e terminação. O professor da Universidade de Passo Fundo (UPF), doutor Rafael Frandoloso, conta que a doença é desencadeada por uma bactéria intracelular obrigatória, a Lawsonia intracellularis.

O professor explica que na fase aguda, o suíno apresenta fezes escuras ou sanguinolentas. “A apresentação aguda vai acontecer fundamentalmente em suínos de final de terminação e leitoas de reposição”, conta. Ele informa que dados de granjas dos Estados Unidos mostram que até 50% dos animais acometidos pela forma aguda morrem. Já a forma crônica da doença acontece em animais mais novos, entre seis e 20 semanas de idade. “Esses animais apresentam fezes pastosas, ficam apáticos e desuniformes em relação ao peso e tamanho”, diz.

A doença pode ainda aparecer de forma subclínica. “A esta forma temos que dar especial atenção, porque os animais aparentemente estão normais, mas apresentam uma redução no crescimento, além de também uma desuniformidade grande em relação ao tamanho”, explica.

Frandoloso afirma ser necessário a visita e consulta de um médico veterinário para a confirmação da doença. “É preciso fazer um diagnóstico das fezes para detectar a Lawsonia intracellularis. Então, é necessário ter uma combinação da avaliação clínica com a avaliação microbiológica para fechar um correto diagnóstico”, informa.

20% a menos

Entre os impactos causados pela doença estão os diferentes tamanhos no lote, diminuição do ganho de peso diário e aumento dos índices de conversão alimentar, além da mortalidade de animais, principalmente na terminação. “É uma doença que tem um impacto econômico muito importante na suinocultura”, reitera o professor. Frandoloso explica que estudos mostram que em termos de ganho de peso diário, há uma redução de 20,8% em animais com a infecção subclínica em relação a animais que não têm a presença do patógeno. Já em índices de conversão alimentar, o impacto da enfermidade é em torno de 20,4% em comparação a animais não infectados. “Outro dado interessante, de uma quantificação feita nos Estados Unidos, mostra que em termos de ganho de peso diário, animais com alta excreção do patógeno nas fezes deixam de ganhar até 131 gramas em comparação com aqueles que não apresentam a doença. Uma perda considerável”, admite.

Os impactos são sentidos diretamente no bolso do produtor. “Com a doença, existe o aumento do custo com tratamento com antimicrobianos. Além do mais, nos Estados Unidos a enfermidade representa nas granjas uma perda de US$ 1 a US$ 5 por animal na terminação. Isso é bastante dinheiro que o suinocultor deixa de ganhar”, diz Frandoloso.

Poucos dados

O professor conta que a doença é endêmica no mundo todo, porém, no Brasil, como em outros países como China e demais da América Latina que produzem suínos, não existem dados epidemiológicos robustos sobre esta enfermidade. “Na América somente Estados Unidos e Canadá têm estas informações refinadas sobre a epidemiologia da doença”, conta. No Brasil, o professor Roberto Guedes, da Universidade Federal de Minas Gerais, vem trabalhando nesse levantamento soroepidemiológico e microbiológico para ter as informações de como está a situação no país, conta Frandoloso. “Não deve ser diferente de outros países que têm a suinocultura tecnificada. Porém, pelo uso massivo de antimicrobianos que temos aqui, a doença está mascarada. A partir do momento que nós retirarmos os antimicrobianos por uma pressão de mercados importadores, ela vai começar a aparecer, assim como tantas outras”, diz.

Em poucas palavras, o especialista explica que a Lawsonia intracellularis altera a funcionalidade do intestino delgado (Íleo), o que é bastante importante, pois o animal acometido não consegue adquirir todos os nutrientes necessários para se desenvolver, crescer e chegar aos padrões desejados ao final da terminação.

Diagnóstico e transmissão

Segundo o professor, o diagnóstico pode ser feito de duas formas: pós mortem e ante mortem. Ele explica que na pós mortem são, basicamente, quatro técnicas que podem ser utilizadas: visualização das características macroscópicas durante a necropsia; histopatologia; PCR quantitativa de fezes e raspado intestinal, além do teste de imuno-histoquímica. “Destas técnicas, a menos específica é a análise macroscópica e as mais específicas são a PCR quantitativa e a imuno-histoquímica”, conta.

O diagnóstico ante mortem pode ser feito com a PCR, a partir das fezes, e sorologicamente, sendo que este último pode ser realizado através de três técnicas: imunofluorescência, imunoperoxidase e Elisa. “Vale ressaltar, porém, que se tratarmos o rebanho com antibióticos dificilmente vamos ver soropositividade. Este uso mascara o problema na granja”, reforça Frandoloso.

Além do mais, o professor conta que se um animal é sorologicamente negativo, não quer dizer que ele não esteja excretando a Lawsonia intracellularis. “O teste definitivo para saber se o rebanho é negativo é analisar a presença do patógeno nas fezes”, informa.

Já a transmissão da doença é feita por contato oral-fecal. A desinfecção das instalações é de fundamental importância para esta doença, porque a Lawsonia intracellularis sobrevive por até três semanas no ambiente em temperaturas entre 9 e 18° C. Além do mais, “roedores podem replicar o patógeno no seu intestino e servir de vetores para a transmissão deste microrganismo. Por isso é preciso ter muito cuidado no processo de desinfecção das granjas e controles de roedores”, alerta.

Controle

O controle da doença pode acontecer de duas formas, com a utilização de antimicrobianos e controle sanitário. “Os antibióticos são bastante efetivos, mas desde que utilizados de forma correta”, afirma Frandoloso. Ele explica que quando os antibióticos são utilizados, é preciso se atentar que o suinocultor está tratando algo, que é uma patologia, e que os resíduos podem impactar na saúde humana. “Se não controlarmos o uso destas moléculas pagaremos uma conta alta no futuro em razão do crescente aparecimento de bactérias multirresistentes a antimicrobianos”, diz. O doutor explica que a Tiamulina e a Clortetraciclina são antibióticos bastante efetivos contra a Lawsonia intracellularis. Há ainda o controle sanitário. “Podemos controlar a doença se fizermos bem o dever de casa em termos de biossegurança”, destaca.

Prevenção

A prevenção acontece basicamente através da vacinação. “Este é o melhor método preventivo. Quando contamos com um método de prevenção através da vacinação, não devemos escolher outro método, porque não existe investimento melhor que a administração de um produto biológico que irá induzir uma resposta imunológica que vai combater de forma específica o patógeno alvo da vacina, sem causar um impacto negativo sobre o microbioma do animal”, afirma o professor.

Para ele, a vacinação é o método mais racional para evitar a doença clínica nos animais. Além do mais, é a única forma que se possui para diminuir ou mesmo evitar a transferência de genes de resistência a antimicrobianos de patógenos veterinários a humanos. “A forma mais efetiva de nós contribuirmos para a saúde humana é utilizar vacinas em substituição ao uso de antibióticos para prevenir doenças nos animais”, declara. Frandoloso reitera que se o suinocultor utilizar a vacinação, a vacina terá a capacidade de evitar que o animal desenvolva a forma clínica da doença. “Assim, você não utilizará antimicrobianos para essa doença em nenhuma fase quando o animal está vacinado”, aponta.

Mais informações você encontra na edição de Suínos e Peixes de julho/agosto de 2018 ou online.

Fonte: O Presente Rural

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Poder de compra do suinocultor cai e relação de troca com farelo atinge pior nível do semestre

Após pico histórico em setembro, alta nos preços do farelo de soja reduz competitividade e encarece a alimentação dos plantéis em novembro.

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Foto: Divulgação/Arquivo OPR

A relação de troca de suíno vivo por farelo de soja atingiu em setembro o momento mais favorável ao suinocultor paulista em 20 anos.

No entanto, desde outubro, o derivado de soja passou a registrar pequenos aumentos nos preços, contexto que tem desfavorecido o poder de compra do suinocultor.

Assim, neste mês de novembro, a relação de troca de animal vivo por farelo já é a pior deste segundo semestre.

Cálculos do Cepea mostram que, com a venda de um quilo de suíno vivo na região de Campinas, o produtor pode adquirir, nesta parcial de novembro (até o dia 18), R$ 5,13 quilos de farelo, contra R$ 5,37 quilos em outubro e R$ 5,57 quilos em setembro.

Trata-se do menor poder de compra desde junho deste ano, quando era possível adquirir R$ 5,02 quilos.

Fonte: Assessoria Cepea
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Aurora Coop lança primeiro Relatório de Sustentabilidade e consolida compromisso com o futuro

Documento reúne práticas ambientais, sociais e de governança, reforçando o compromisso da Aurora Coop com transparência, inovação e desenvolvimento sustentável.

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Fotos: Aurora Coop

A Aurora Coop acaba de publicar o seu primeiro Relatório de Sustentabilidade, referente ao exercício de 2024, documento que inaugura uma nova etapa na trajetória da cooperativa. O lançamento reafirma o compromisso da instituição em integrar a sustentabilidade à estratégia corporativa e aos processos de gestão de um dos maiores conglomerados agroindustriais do país.

Segundo o presidente Neivor Canton, o relatório é fruto de um trabalho que alia governança, responsabilidade social e visão de futuro. “A sustentabilidade, para nós, não é apenas um conceito, mas uma prática incorporada em todas as nossas cadeias produtivas. Este relatório demonstra a maturidade da Aurora Coop e nossa disposição em ampliar a transparência com a sociedade”, destacou.

Em 2024, a Aurora Coop registrou receita operacional bruta de R$ 24,9 bilhões, crescimento de 14,2% em relação ao ano anterior. Presente em mais de 80 países distribuídos em 13 regiões comerciais, incluindo África, América do Norte, Ásia e Europa, a cooperativa consolidou a posição de destaque internacional ao responder por 21,6% das exportações brasileiras de carne suína e 8,4% das exportações de carne de frango.

Vice-presidente da Aurora Coop Marcos Antonio Zordan e o presidente Neivor Canton

De acordo com o vice-presidente de agronegócios, Marcos Antonio Zordan, os números atestam a força do cooperativismo e a capacidade de geração de riqueza regional. “O modelo cooperativista mostra sua eficiência ao unir produção, competitividade e compromisso social. Esses resultados são compartilhados entre os cooperados e as comunidades, e reforçam a relevância do setor no desenvolvimento do país”, afirmou.

A jornada de sustentabilidade da Aurora Coop foi desenhada em consonância com padrões internacionais e com base na escuta ativa dos públicos estratégicos. Entre os temas prioritários figuram: uso racional da água, gestão de efluentes, transição energética, práticas empregatícias, saúde e bem-estar animal, segurança do consumidor e desenvolvimento local. “O documento reflete uma organização que reconhece a responsabilidade de atuar em cadeias longas e complexas, como a avicultura, a suinocultura e a produção de lácteos”, sublinha Canton.

Impacto social e ambiental

Em 2024, a cooperativa gerou 2.510 novos empregos, alcançando o marco de 46,8 mil colaboradores, dos quais 31% em cargos de liderança são ocupados por mulheres. Foram distribuídos R$ 3,3 bilhões em salários e benefícios, além de R$ 580 milhões em investimentos sociais e de infraestrutura, com destaque para a ampliação de unidades industriais e melhorias estruturais que fortaleceram as economias locais.

A Fundação Aury Luiz Bodanese (FALB), braço social da Aurora Coop, realizou mais de 930 ações em oito estados, beneficiando diretamente mais de 54 mil pessoas. Em resposta à emergência climática no Rio Grande do Sul, a instituição doou 100 toneladas de alimentos, antecipou o 13º salário dos colaboradores da região, disponibilizou logística para doações, distribuiu EPIs a voluntários e destinou recursos à aquisição de medicamentos.

O relatório evidencia práticas voltadas ao uso eficiente de recursos naturais e à gestão de resíduos com foco na circularidade. Em 2024, a cooperativa intensificou a autogeração de energia a partir de fontes renováveis e devolveu ao meio ambiente mais de 90% da água utilizada, devidamente tratada.

Outras iniciativas incluem reflorestamento próprio, rotas logísticas otimizadas e embalagens sustentáveis: 79% dos materiais vieram de fontes renováveis, 60% do papelão utilizado eram reciclados e 86% dos resíduos foram reaproveitados, especialmente por meio de compostagem, biodigestão e reciclagem. Em parceria com o Instituto Recicleiros, a Aurora Coop atuou na Logística Reversa de Embalagens em nível nacional. “O cuidado ambiental é parte de nossa responsabilidade como produtores de alimentos e como cidadãos cooperativistas”, enfatiza Zordan.

O bem-estar animal e a segurança do consumidor estão no cerne da atuação da cooperativa. Práticas rigorosas asseguram o respeito aos animais e a inocuidade dos alimentos, garantindo a confiança dos mercados internos e externos.

Futuro sustentável

Para Neivor Canton, a publicação do primeiro relatório é um marco institucional que projeta a Aurora Coop para novos patamares de governança. “Este documento não é um ponto de chegada, mas de partida. Ao comunicar com transparência nossas ações e resultados, reforçamos nossa identidade cooperativista e reiteramos o compromisso de gerar prosperidade compartilhada e preservar os recursos para as futuras gerações.”

Já Marcos Antonio Zordan ressalta que a iniciativa insere a Aurora Coop no rol das empresas globais que aliam competitividade e responsabilidade. “A sustentabilidade é o caminho para garantir longevidade empresarial, fortalecer o vínculo com a sociedade e assegurar alimentos produzidos de forma ética e responsável.”

O Relatório de Sustentabilidade 2024 da Aurora Coop confirma o papel de liderança da cooperativa como referência nacional e internacional na integração entre desempenho econômico, responsabilidade social e cuidado ambiental. Trata-se de uma publicação que fortalece a identidade cooperativista e projeta a instituição como protagonista na construção de um futuro sustentável.

Com distribuição nacional nas principais regiões produtoras do agro brasileiro, O Presente Rural – Suinocultura também está disponível em formato digital. O conteúdo completo pode ser acessado gratuitamente em PDF, na aba Edições Impressas do site.

Fonte: O Presente Rural
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Swine Day 2025 reforça integração entre ciência e indústria na suinocultura

Com 180 participantes, painéis técnicos, pré-evento sanitário e palestras internacionais, encontro promoveu troca qualificada e aproximação entre universidade e setor produtivo.

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Foto: Divulgação/Swine Day

Realizado nos dias 12 e 13 de novembro, na Faculdade de Veterinária da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), o Swine Day chegou à sua 9ª edição reunindo 180 participantes, 23 empresas apoiadoras, quatro painéis, 29 apresentações orais e oito espaços de discussão. O encontro reafirmou sua vocação de aproximar pesquisa científica e indústria suinícola, promovendo ambiente de troca técnica e atualização profissional.

O evento também contou com um pré-evento dedicado exclusivamente aos desafios sanitários causados por Mycoplasma hyopneumoniae na suinocultura mundial, com quatro apresentações orais, uma mesa-redonda e 2 espaços de debate direcionados ao tema.

As pesquisas apresentadas foram organizadas em quatro painéis temáticos: UFRGS–ISU, Sanidade, Nutrição e Saúde e Produção e Reprodução. Cada sessão contou com momentos de discussão, reforçando a proposta do Swine Day de estimular o diálogo técnico entre academia, empresas e profissionais da cadeia produtiva.

Entre os destaques da programação estiveram as palestras âncoras. A primeira, ministrada pelo Daniel Linhares, apresentou “Estratégias epidemiológicas para monitoria sanitária em rebanhos suínos: metodologias utilizadas nos EUA que poderiam ser aplicadas no Brasil”. Já o Gustavo Silva abordou “Ferramentas de análise de dados aplicadas à tomada de decisão na indústria de suínos”.

Durante o encerramento, a comissão organizadora agradeceu a participação dos presentes e anunciou que a próxima edição do Swine Day será realizada nos dias 11 e 12 de novembro de 2026.

Com elevado nível técnico, forte participação institucional e apoio do setor privado, o Swine Day 2025 foi considerado pela organização um sucesso, consolidando sua importância como espaço de conexão entre ciência e indústria dentro da suinocultura brasileira.

Fonte: O Presente Rural
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