Avicultura
Mário Penz propõe o fim das margens de segurança na formulação das rações
O profissional, um dos mais respeitados no mundo quando o assunto é nutrição para a avicultura, defende essa ideia pelo fato de que essa “sobra” tem um alto custo e ainda é menos sustentável ao meio ambiente

Quando uma ração é formulada para atender todas as necessidades de um frango de corte, os nutricionistas colocam sempre uma pitada a mais dos nutrientes necessários para não correr o risco de o animal não receber tudo aquilo que precisa para desenvolver todo seu potencial genético. No entanto, essa prática comum está com os dias contados se depender do diretor global de Avicultura da Cargill, Mário Penz, que defende o fim das margens de segurança como forma de se alcançar uma avicultura mais sustentável do ponto de vista econômico e ambiental.

Mário Penz, durante palestra no Mercolab, em setembro, sugere que novas tecnologias, métodos e treinamento especializado podem auxiliar a reduzir custos das rações, com consequências positivas também para o meio ambiente – Foto: Giuliano De Luca/OP Rural
Penz propôs e defendeu a ideia durante o 14º Encontro Mercolab de Avicultura, que aconteceu em setembro, em Cascavel, no Paraná, reunindo profissionais do setor, como veterinários e técnicos que estão a campo. O profissional, um dos mais respeitados no mundo quando o assunto é nutrição para a avicultura, justificou pelo fato de que essa “sobra” tem um alto custo e ainda é menos sustentável ao meio ambiente. Por definição, a nutrição de precisão tem o objetivo de “fornecer ao animal a alimentação que atenda, precisamente, suas necessidades nutricionais, buscando uma eficiência produtiva ideal, para produzir produtos de melhor qualidade, economicamente viáveis e que melhor preservem o meio ambiente”.
“A gente precisa atender as necessidades dos animais sem margens de segurança. A gente sempre trabalha com garantias, mas a margem de segurança em produção animal tem um custo absolutamente impressionante”, mencionou. Penz apresentou um estudo feito em 2021 que mostra os benefícios de reduzir 1% de proteína bruta nas rações de aves, reduzindo o custo sem comprometer o desempenho zootécnico. Entre as vantagens, ele citou menor consumo de alimento, menor consumo de água, menor produção de dejetos, em volume e quantidade de fósforo e nitrogênio, e menor produção de CO2. “Esse conceito traz consigo um apelo importante de sustentabilidade. Não é só produzir uma ração mais barata, é produzir com mais sustentabilidade”, frisou o palestrante.
No experimento, segundo Mário Penz, a quantidade reduzida proteína bruta na ração dos frangos foi diminuída em 1%, de 19% para 18%. A redução na produção de CO2 foi de 6,9% com menos proteína bruta na dieta.
Desafios da nutrição de precisão
O palestrante destacou também alguns desafios que precisam ser vencidos para uma nutrição de precisão e para que a redução nas margens de proteína bruta possam acontecer. Para ele, o conceito precisa ser mais amplo, abrangendo “a nutrição, formulação e alimentação de precisão”. Isso porque o profissional destaca que é preciso trabalhar com as diferenças entre cenários para formular rações direcionadas para determinada localidade, tipo de estrutura, tipo de características desejáveis do animal, entre outras situações. “Existe a variabilidade. Temos que ter propostas diferentes de melhoria da nutrição dependendo da granja. Quando falo em nutrição de precisão, tenho que saber qual produto eu quero, se desejo conversão alimentar, ganho de peso diário, rendimento de carcaça, custo/kg ganho, custo do alimento, etc.”, mencionou. “Estamos eliminando as formulações lineares, temos que partir para as não lineares, saber a genética, o sexo, a época do ano, densidade, espaço de vazio sanitário, etc. São conceitos que precisam entrar na fórmula”, ampliou.
Entre outros desafios citados por Penz estão conhecer a fundo os fornecedores de matéria-prima, ter um laboratório de bromatologia para identificar o que está entrando na fábrica de ração, utilizar a tecnologia NIR, ler em tempo real a composição dos ingredientes na hora de fazer a ração, com zero margem de segurança. “Temos que customizar o processo na produção de ração, aumentar o número de fases (de criação animal) para reduzir riscos de erros metabólicos. Posso ser muito mais preciso nas minhas recomendações”, sustenta Penz.
Outro ponto de atenção para a nutrição de precisão, alertou Penz, é a manutenção da qualidade da água. “A água é muito importante. O frango come porque bebe. Se beber menos, vai comer menos, vai ganhar menos. É preciso resfriar a água. Gastamos 500 mil dólares em uma granja e não resfriamos a água?’, provocou o palestrante.
Pessoas
Penz também deu destaque nas pessoas para que a nutrição de precisão aconteça de fato. “Se não treinar aqueles que cuidam dos aviários, vamos estar impedido de chegar lá. É fundamental o treinamento de técnicos e produtores, temos que treinar as pessoas que estão nas granjas, remunerar bem os melhores, criem um departamento de ambiente, com treinamentos contínuos e constates”, sugeriu Penz.
Fica a dica:
- Nutrição e alimentação de precisão levam à produção mais eficiente
- Todo o trabalho inicia com o bom uso dos ingredientes
- Os propósitos da produção devem estar bem definidos
- As atividades devem ser controladas em tempo real
- As instalações não padronizadas promovem variabilidades críticas ao negócio
- Os técnicos e produtores devem ser treinados para o correto emprego de novas tecnologias
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Avicultura
Com 33 anos de atuação, Sindiavipar reforça protagonismo do Paraná na produção de frango
Trabalho conjunto com setor produtivo e instituições públicas sustenta avanços em biosseguridade, rastreabilidade e competitividade.

O Sindicato das Indústrias de Produtos Avícolas do Estado do Paraná (Sindiavipar) celebra, nesta quarta-feira (19), 33 anos de atuação em defesa da avicultura paranaense. Desde sua fundação, em 1992, a entidade reúne e representa as principais indústrias do setor com objetivo de articular políticas, promover o desenvolvimento sustentável e fortalecer uma cadeia produtiva que alimenta milhões de pessoas dentro e fora do Brasil.

Foto: Shutterstock
Ao longo dessas mais de três décadas, o Sindiavipar consolidou seu papel como uma das entidades mais relevantes do país quando o assunto é sanidade avícola, biosseguridade e competitividade internacional. Com atuação estratégica junto ao poder público, entidades setoriais, instituições de pesquisa e organismos internacionais, o Sindiavipar contribui para que o Paraná seja reconhecido pela excelência na produção de carne de frango de qualidade, de maneira sustentável, com rastreabilidade, bem-estar-animal e rigor sanitário.
O Estado é referência para que as exportações brasileiras se destaquem no mercado global, e garantir abastecimento seguro a diversos mercados e desta forma contribui significativamente na segurança alimentar global. Esse desempenho se sustenta pelo excelente trabalho que as indústrias avícolas do estado executam quer seja através investimentos constantes ou com ações contínuas de prevenção, fiscalização, capacitação técnica e por uma avicultura integrada, inovadora, tecnológica, eficiente e moderna.

Foto: Shutterstock
Nos últimos anos, o Sindiavipar ampliou sua agenda estratégica para temas como inovação, sustentabilidade, educação sanitária e diálogo com a sociedade. A realização do Alimenta 2025, congresso multiproteína que reuniu autoridades, especialistas e os principais players da cadeia de proteína animal, reforçou a importância do debate sobre biosseguridade, bem-estar-animal, tecnologias, sustentabilidade, competitividade e mercados globais, posicionando o Paraná no centro das discussões sobre o futuro da produção de alimentos no país.
Os 33 anos do Sindiavipar representam a trajetória de um setor que cresceu com responsabilidade, pautado pela confiança e pelo compromisso de entregar alimentos de qualidade. Uma história construída pela união entre empresas, colaboradores, produtores, lideranças e parceiros que acreditam no potencial da avicultura paranaense.
O Sindiavipar segue atuando para garantir um setor forte, inovador e preparado para os desafios de um mundo que exige segurança, eficiência e sustentabilidade na produção de alimentos.
Avicultura
União Europeia reabre pre-listing e libera avanço das exportações de aves e ovos do Brasil
Com o restabelecimento do sistema de habilitação por indicação, frigoríficos que atenderem às exigências sanitárias poderão exportar de forma mais ágil, retomando um mercado fechado desde 2018.

A União Europeia confirmou ao governo brasileiro, por meio de carta oficial, o retorno do sistema de habilitação por indicação da autoridade sanitária nacional, o chamado pre-listing, para estabelecimentos exportadores de carne de aves e ovos do Brasil. “Uma grande notícia é a retomada do pré-listing para a União Europeia. Esse mercado espetacular, remunerador para o frango e para os ovos brasileiros estava fechado desde 2018. Portanto, sete anos com o Brasil fora”, destacou o ministro da Agricultura e Pecuária, Carlos Fávaro.

Foto: Freepik
Com a decisão, os estabelecimentos que atenderem aos requisitos sanitários exigidos pela União Europeia poderão ser indicados pelo Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) e, uma vez comunicados ao bloco europeu, ficam aptos a exportar. No modelo de pre-listing, o Mapa atesta e encaminha a lista de plantas que cumprem as normas da UE, sem necessidade de avaliação caso a caso pelas autoridades europeias, o que torna o processo de habilitação mais ágil e previsível. “Trabalhamos três anos na reabertura e, finalmente, oficialmente, o mercado está reaberto. Todas as agroindústrias brasileiras que produzem ovos e frangos e que cumprirem os pré-requisitos sanitários podem vender para a Comunidade Europeia”, completou.
A confirmação oficial do mecanismo é resultado de uma agenda de trabalho contínua com a Comissão Europeia ao longo do ano. Em 2 de outubro, missão do Mapa a Bruxelas, liderada pelo secretário de Comércio e Relações Internacionais, Luís Rua, levou à União Europeia um conjunto de pedidos prioritários, entre eles o restabelecimento do pre-listing para proteína animal, o avanço nas tratativas para o retorno dos pescados e o reconhecimento da regionalização de enfermidades.
Na sequência, em 23 de outubro, reunião de alto nível em São Paulo entre o secretário Luís Rua e o comissário europeu para Agricultura, Christophe Hansen, consolidou entendimentos na pauta sanitária bilateral e registrou o retorno do sistema de pre-listing para estabelecimentos brasileiros habilitados a exportar carne de aves, o que agora se concretiza com o recebimento da carta oficial e permite o início dos procedimentos de habilitação por parte do Mapa. O encontro também encaminhou o avanço para pre-listing para ovos e o agendamento da auditoria europeia do sistema de pescados.

Foto: Ari Dias
Na ocasião, as partes acordaram ainda a retomada de um mecanismo permanente de alto nível para tratar de temas sanitários e regulatórios, com nova reunião prevista para o primeiro trimestre de 2026. O objetivo é assegurar previsibilidade, transparência e continuidade ao diálogo, reduzindo entraves técnicos e favorecendo o fluxo de comércio de produtos agropecuários entre o Brasil e a União Europeia.
Com o pre-listing restabelecido para carne de aves e ovos, o Brasil reforça o papel de seus serviços oficiais de inspeção como referência na garantia da segurança dos alimentos e no atendimento às exigências do mercado europeu, ao mesmo tempo em que avança em uma agenda de facilitação de comércio baseada em critérios técnicos e cooperação regulatória.
Avicultura
Exportações gaúchas de aves avançam e reforçam confiança do mercado global
Desempenho positivo em outubro, expansão da receita e sinais de estabilidade sanitária fortalecem o posicionamento do estado no mercado externo.

O setor agroindustrial avícola do Rio Grande do Sul mantém um ritmo consistente de recuperação nas exportações de carne de frango, tanto processada quanto in natura. Em outubro, o estado registrou alta de 8,8% no volume embarcado em relação ao mesmo mês do ano passado. Foram 60,9 mil toneladas exportadas, um acréscimo de 4,9 mil toneladas frente às 56 mil toneladas enviadas em outubro de 2023.
A receita também avançou: o mês fechou com US$ 108,9 milhões, crescimento de 5% na comparação anual.
No acumulado de janeiro a outubro, entretanto, o desempenho ainda reflete os impactos do início do ano. Os volumes totais apresentam retração de 1%, enquanto a receita caiu 1,8% frente ao mesmo período de 2024, conforme quadro abaixo:

O rápido retorno das exportações de carne de aves do Rio Grande do Sul para mercados relevantes, confirma que, tanto o estado quanto o restante do país permanecem livres das doenças que geram restrições internacionais.
Inclusive, o reconhecimento por parte da Organização Mundial de Saúde Animal (OMSA) e muitos outros mercados demonstram a importância do reconhecimento da avicultura do Rio Grande do Sul por parte da China, ainda pendente. “Estamos avançando de forma consistente e, em breve, estaremos plenamente aptos a retomar nossas exportações na totalidade de mercados. Nossas indústrias, altamente capacitadas e equipadas, estão preparadas para atender às demandas de todos os mercados, considerando suas especificidades quanto a volumes e tipos de produtos avícolas”, afirmou José Eduardo dos Santos, Presidente Executivo da Organização Avícola do Rio Grande do Sul (Asgav/Sipargs).
Indústria e produção de ovos
O setor da indústria e produção de ovos ainda registra recuo nos volumes exportados de -5,9% nos dez meses de 2025 em relação ao mesmo período de 2024, ou seja, -317 toneladas. Porém, na receita acumulada o crescimento foi de 39,2%, atingindo um total de US$ 19 milhões de dólares de janeiro a outubro deste ano.
A receita aumentou 49,5% em outubro comparada a outubro de 2024, atingindo neste mês a cifra de US$ 2.9 milhões de dólares de faturamento. “A indústria e produção de ovos do Rio Grande do Sul está cada vez mais presente no mercado externo, o atendimento contínuo aos mais diversos mercados e o compromisso com qualidade, evidenciam nosso potencial de produção e exportação”, pontua Santos.

Exportações brasileiras
As exportações brasileiras de carne de frango registraram em outubro o segundo melhor resultado mensal da história do setor, de acordo com a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA). Ao todo, foram exportadas 501,3 mil toneladas de carne no mês, saldo que superou em 8,2% o volume embarcado no mesmo período do ano passado, com 463,5 mil toneladas.

Presidente Eeecutivo da Organização Avícola do Rio Grande do Sul, José Eduardo dos Santos: “A indústria e produção de ovos do Rio Grande do Sul está cada vez mais presente no mercado externo, o atendimento contínuo aos mais diversos mercados e o compromisso com qualidade, evidenciam nosso potencial de produção e exportação”
Com isso, as exportações de carne de frango no ano (volume acumulado entre janeiro e outubro) chegaram a 4,378 milhões de toneladas, saldo apenas 0,1% menor em relação ao total registrado no mesmo período do ano passado, com 4,380 milhões de toneladas.
A receita das exportações de outubro chegaram a US$ 865,4 milhões, volume 4,3% menor em relação ao décimo mês de 2024, com US$ 904,4 milhões. No ano (janeiro a outubro), o total chega a US$ 8,031 bilhões, resultado 1,8% menor em relação ao ano anterior, com US$ 8,177 bilhões.
Já as exportações brasileiras de ovos (considerando todos os produtos, entre in natura e processados) totalizaram 2.366 toneladas em outubro, informa a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA). O número supera em 13,6% o total exportado no mesmo período do ano passado, com 2.083 toneladas.
Em receita, houve incremento de 43,4%, com US$ 6,051 milhões em outubro deste ano, contra US$ 4,219 milhões no mesmo período do ano passado. No ano, a alta acumulada chega a 151,2%, com 36.745 toneladas entre janeiro e outubro deste ano contra 14.626 toneladas no mesmo período do ano passado. Em receita, houve incremento de 180,2%, com US$ 86,883 milhões nos dez primeiros meses deste ano, contra US$ 31,012 milhões no mesmo período do ano passado.




