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Mãos que transformam

Ao longo dos anos o agro brasileiro deixou de ser somente um fornecedor de matéria-prima para se tornar um fornecedor dos mais diferenciados produtos, agregando valor àquilo que produz

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Com o passar dos anos, o agro foi melhorando, se atualizando, aderindo tecnologias e oferecendo ao produtor rural oportunidades de crescer e fazer mais e melhor. Isto é visível principalmente quando se fala na industrialização do setor. Deixar de ser somente um fornecedor de matéria-prima e passar a agregar valor ao que está produzindo está fazendo toda a diferença. Para saber um pouco sobre esta melhoria que vem acontecendo há anos, a reportagem de O Presente Rural conversou com o presidente da Organização das Cooperativas do Estado de Santa Catarina (Ocesc), Luiz Vicente Suzin.

De acordo com o líder cooperativista, a decisão de industrializar a produção da matéria-prima do agro brasileiro foi decisiva para a conquista da independência do setor. “O cooperativismo deixou de ser fornecedor barato de matérias-primas para as indústrias não-cooperativistas e passou a controlar todo o ciclo de produção, agregando valor para melhor remunerar o cooperado”, afirma.

Acompanhe a entrevista completa e a opinião da liderança sobre a importância das indústrias cooperativistas para o agronegócio catarinense e brasileiro.

O Presente Rural (OP Rural): A industrialização mudou o agronegócio, antes mais dedicado aos grãos. Como se deu essa mudança no Brasil?

Luiz Vicente Suzin (LVS): Os produtores rurais perceberam que não tinham futuro como simples fornecedores de matérias-primas para processamento das agroindústrias, visto que as commodities têm pouca capacidade para agregação de valor. Por isso, a partir da década de 1960/1970 passaram a se organizar em cooperativas de primeiro e de segundo graus para construir plantas industriais destinadas ao beneficiamento de sua própria matéria-prima. As primeiras plantas industriais processaram grãos (milho, soja, trigo e feijão) e produziram rações e insumos nutricionais (premix e núcleos) para aves e suínos. Depois, foram criados frigoríficos para abate e industrialização de aves e suínos, gerando toda a linha de alimentos cárneos. As cooperativas também construíram modernos laticínios para processar o leite e colocar no mercado ampla linha de produtos lácteos.

OP Rural: Qual é a produção em volume e principais itens das indústrias? Quantos colaboradores e quantos produtores diretamente e indiretamente envolvidos?

LVS: Na organização do cooperativismo, as indústrias pertencem ao ramo agropecuário. As 51 cooperativas agropecuárias representam 63% do movimento econômico de todo o sistema cooperativista catarinense. No conjunto, essas cooperativas mantêm um quadro social de 71.648 cooperados e um quadro funcional de 39.883 empregados. O faturamento anual do ramo agropecuário totalizou mais de R$ 20 bilhões em 2017.

OP Rural: Como a indústria do agro contribui para o setor cooperativista?

LVS: O cooperativismo mudou o cenário no campo, reduzindo as incertezas que cercam a atividade agropecuária. Para chegar-se a isso se seguiu um longo caminho que passou pela profissionalização do produtor, a organização da produção, a eliminação de todos os níveis de intermediação e industrialização própria. Apesar de seu reduzido território (pouco mais de 1% da superfície nacional), Santa Catarina situa-se entre as dez unidades da Federação em produção agrícola e pecuária. Essa pujança se deve, em grande parte, ao alto valor agregado das atividades intensivas desenvolvidas. A fruticultura e a produção animal são estrelas desse cenário. A produção animal tem respondido nos últimos anos por mais de 60% de todo o valor da produção agropecuária catarinense e este é o maior diferencial em relação às demais unidades da federação.

OP Rural: Como as cooperativas contribuíram para a industrialização dos produtos agropecuários? Como a indústria auxilia o produtor, do campo à comercialização?

LVS: Decisivo, nesse processo, para a conquista da independência foi a decisão de industrializar a produção primária. Com isso, o cooperativismo deixou de ser fornecedor barato de matérias-primas para as indústrias não-cooperativistas e passou a controlar todo o ciclo de produção, agregando valor para melhor remunerar o cooperado. O produtor rural deve associar-se às cooperativas agropecuárias que tenham unidades próprias de processamento industrial ou estejam vinculadas a uma cooperativa central, como a Aurora. Há mais de 40 anos, os produtores do Oeste catarinense eram meros fornecedores de matérias-primas. Com o surgimento da Aurora (uma cooperativa de segundo grau), ficou na mão do produtor a industrialização de todas as matérias-primas, como grãos, lácteos, carnes, etc. A salvação está no associativismo de qualidade, ou seja, nas cooperativas eficientes.

OP Rural: Os processos produtivos dentro da indústria estão cada vez mais automatizados. Fale um pouco sobre as vantagens desse modelo, o que o produtor pode ganhar com isso?

LVS: A indústria da carne, no Brasil e no mundo, acompanha a tendência de emprego cada vez maior da automação e da robotização para aquelas etapas da produção que envolvem movimentos maquinais e repetitivos. Com isso, protege-se a saúde do trabalhador e se reduzem custos. O produtor rural associado à cooperativa proprietária ou coproprietária da indústria tem ganhos reais indiretos.

OP Rural: Quais as dificuldades da indústria cooperativista?

LVS: As mesmas de todas as empresas brasileiras: alta carga tributária, excesso de normatização, burocracia, lentidão na emissão de licenças e autorizações, deficiências infraestruturais, etc. As cooperativas sofrem com os problemas de infraestrutura e logística para escoar sua produção e manter a competitividade. 

OP Rural: Quais as vantagens para as cooperativas em terem seus parques industriais?

LVS: Autonomia no processo produtivo, criação de linhas próprias de marcas e produtos e geração de valor para toda a cadeia produtiva, beneficiando milhares de famílias rurais cooperadas.

OP Rural: A agroindústria está migrando do Sul para o Centro-Oeste? Se sim, por quê?

LVS: A escassez e o encarecimento do milho no Sul do Brasil criaram um movimento em direção ao Centro-Oeste brasileiro. O milho é um insumo essencial para gigantescas cadeias produtivas do Brasil. Duas delas estão em Santa Catarina, que detém o mais avançado parque agroindustrial da avicultura e da suinocultura do país. Para alimentar um rebanho anual de 1,2 bilhão de aves e 12 milhões de suínos, empregam-se milhões de toneladas de rações cuja base nutricional em 70% é o milho. De tempos em tempos, um perigo real e iminente assusta o agronegócio catarinense, representada no quadro de superencarecimento de milho que se repete e que assola violentamente as maiores cadeias produtivas de Santa Catarina e ameaça causar pesados e irreversíveis prejuízos à avicultura e à suinocultura. As crises de 2011, 2012 e 2016 ainda estão na lembrança.

Mais informações você encontra na edição de Aves de julho/agosto de 2018 ou online.

Fonte: O Presente Rural

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Indústria avícola amplia presença na diretoria da Associação Brasileira de Reciclagem

Nova composição da ABRA reforça a integração entre cadeias produtivas e destaca o papel estratégico da reciclagem animal na sustentabilidade do agronegócio brasileiro.

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A Associação Brasileira de Reciclagem (ABRA) definiu, na última sexta-feira (12), a nova composição de seu Conselho Diretivo e Fiscal, com mandato até 2028. A assembleia geral marcou a renovação parcial da liderança da entidade e sinalizou uma maior aproximação entre a indústria de reciclagem animal e setores estratégicos do agronegócio, como a avicultura.

Entre os nomes eleitos para as vice-presidências está Hugo Bongiorno, cuja chegada à diretoria amplia a participação do segmento avícola nas decisões da associação. O movimento ocorre em um momento em que a reciclagem animal ganha relevância dentro das discussões sobre economia circular, destinação adequada de subprodutos e redução de impactos ambientais ao longo das cadeias produtivas.

Dados do Anuário da ABRA de 2024 mostram a dimensão econômica do setor. O Brasil ocupa atualmente a terceira posição entre os maiores exportadores mundiais de gorduras de animais terrestres e a quarta colocação no ranking de exportações de farinhas de origem animal. Os números reforçam a importância da atividade não apenas do ponto de vista ambiental, mas também como geradora de valor, renda e divisas para o país.

A presença de representantes de diferentes cadeias produtivas na diretoria da entidade reflete a complexidade do setor e a necessidade de articulação entre indústrias de proteína animal, recicladores e órgãos reguladores. “Como único representante da avicultura brasileira e paranaense na diretoria, a proposta é levar para a ABRA a força do nosso setor. Por isso, fico feliz por contribuir para este trabalho”, afirmou Bongiorno, que atua como diretor da Unifrango e da Avenorte Guibon Foods.

A nova gestão será liderada por Pedro Daniel Bittar, reconduzido à presidência da ABRA. Também integram o Conselho Diretivo os vice-presidentes José Carlos Silva de Carvalho Júnior, Dimas Ribeiro Martins Júnior, Murilo Santana, Fabio Garcia Spironelli e Hugo Bongiorno. Já o Conselho Fiscal será composto por Rodrigo Hermes de Araújo, Wagner Fernandes Coura e Alisson Barros Navarro, com Vicenzo Fuga, Rodrigo Francisco e Roger Matias Pires como suplentes.

Com a nova configuração, a ABRA busca fortalecer o diálogo institucional, aprimorar práticas de reciclagem animal e ampliar a contribuição do setor para uma agropecuária mais eficiente e ambientalmente responsável.

Fonte: O Presente Rural com Unifrango
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Avicultura supera ano crítico e pode entrar em 2026 com bases sólidas para crescer

Após enfrentar pressões sanitárias, custos elevados e restrições comerciais em 2025, o setor mostra resiliência, retoma exportações e reforça a confiança do mercado global.

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O ano de 2025 entra para a história recente da avicultura brasileira como um dos anos mais desafiadores. O setor enfrentou pressão sanitária global, instabilidade geopolítica, custos de produção elevados e restrições comerciais temporárias em mercados-chave. Mesmo assim, a cadeia mostrou capacidade de adaptação, coordenação institucional e resiliência produtiva.

A ação conjunta do Governo Federal, por meio do Ministério da Agricultura e Pecuária (MAPA), da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) e de entidades estaduais foi decisiva para conter danos e recuperar a confiança externa. Missões técnicas, diplomacia sanitária ativa e transparência nos controles sustentaram a reabertura gradual de importantes destinos ao longo do segundo semestre, reposicionando o Brasil como fornecedor confiável de proteína animal.

Os sinais de retomada já aparecem nos números do comércio exterior. Dados preliminares indicam que as exportações de carne de frango em dezembro devem superar 500 mil toneladas, o que levará o acumulado do ano a mais de 5 milhões de toneladas. Esse avanço ocorre em paralelo a uma gestão mais cautelosa da oferta: o alojamento de 559 milhões de pintos em novembro ficou abaixo das projeções iniciais, próximas de 600 milhões. O ajuste ajudou a equilibrar oferta e demanda e a dar previsibilidade ao mercado.

Para 2026, o cenário é positivo. A agenda econômica global tende a impulsionar o consumo de proteínas, com a retomada de mercados emergentes e regiões em recuperação. Nesse contexto, o Brasil – e, em especial, o Paraná, líder nacional – está bem-posicionado para atender ao mercado interno e aos principais compradores internacionais.

Investimentos contínuos para promover o bem-estar animal, biosseguridade e sustentabilidade reforçam essa perspectiva. A modernização de sistemas produtivos, o fortalecimento de protocolos sanitários e a adoção de práticas alinhadas às exigências ESG elevam o padrão da produção e ampliam a competitividade. Mais do que reagir, a avicultura brasileira se prepara para liderar, oferecendo proteína de alta qualidade, segura e produzida de forma responsável.

Depois de um ano de provas e aprendizados, o setor está ainda mais robusto e inicia 2026 com fundamentos sólidos, confiança renovada e expectativa de crescimento sustentável, reafirmando seu papel estratégico na segurança alimentar global.

Fonte: Assessoria Sindiavipar
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Avicultura encerra 2025 em alta e mantém perspectiva positiva para 2026

Setor avança com produção e consumo em crescimento, margens favoráveis e preços firmes para proteínas, apesar da atenção voltada aos custos da ração e à segunda safra de milho.

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O setor avícola deve encerrar 2025 com desempenho positivo, sustentado pelo aumento da produção, pelo avanço do consumo interno e pela manutenção de margens favoráveis, mesmo diante de alguns desafios ao longo do ano. A avaliação é de que os resultados permanecem sólidos, apesar de pressões pontuais nos custos e de um ambiente externo mais cauteloso.

Para 2026, a perspectiva segue otimista. A expectativa é de continuidade da expansão do setor, apoiada em um cenário de preços firmes para as proteínas. Um dos principais pontos de atenção, no entanto, está relacionado à segunda safra de milho, cuja incerteza pode pressionar os custos de ração. Ainda assim, a existência de estoques adequados no curto prazo e a possibilidade de uma boa safra reforçam a visão positiva para o próximo ano.

No fechamento de 2025, o aumento da produção, aliado ao fato de que as exportações não devem avançar de forma significativa, tende a direcionar maior volume ao mercado interno. Esse movimento ocorre em um contexto marcado pelos impactos da gripe aviária ao longo do ano e por um desempenho mais fraco das exportações em novembro. Com isso, a projeção é de expansão consistente do consumo aparente.

Para os próximos meses, mesmo com a alta nos preços dos insumos para ração, especialmente do milho, o cenário para o cereal em 2026 é considerado favorável. A avaliação se baseia na disponibilidade atual de estoques e na expectativa de uma nova safra robusta, que continuará sendo acompanhada de perto pelo setor.

Nesse ambiente, a tendência é de que as margens da avicultura se mantenham em patamares positivos, dando suporte ao crescimento da produção e à retomada gradual das exportações no próximo ano.

Já em relação à formação de preços da carne de frango em 2026 e nos anos seguintes, o cenário da pecuária de corte deve atuar como fator de sustentação. A menor disponibilidade de gado e os preços mais firmes da carne bovina tendem a favorecer a proteína avícola. No curto prazo, porém, o setor deve considerar os efeitos da sazonalidade, com maior oferta de fêmeas e melhor disponibilidade de gado a pasto, o que pode influenciar o comportamento dos preços.

Fonte: O Presente Rural com Consultoria Agro Itaú BBA
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