Suínos
Manejo ineficiente dos pisos pode potencializar doenças respiratórias
Palestrante destaca que a diferença de uma produção eficiente de suínos não está no tipo de piso e estrutura da granja, mas sim na manutenção e manejo dos dejetos e gases que são formados durante a criação dos suínos.

Entender e explicar os desafios ambientais relacionados ao piso ripado nas granjas de terminação de suínos e as doenças respiratórias foi a proposta apresentada pelo analista da Embrapa Suínos e Aves, Armando Lopes do Amaral, durante o 17º Encontro Regional da Associação Brasileira de Veterinários Especialistas em Suínos Regional do Paraná (Abraves-PR), realizado em meados de março, em Toledo, PR. Armando discorreu sobre as diversas origens e mistura de animais com várias idades, a relação da adoção do vazio sanitário nas fases da criação, os índices de amônia, a utilização do piso ripado, os rebanhos com excesso de primíparas e a flutuação de temperatura, relacionando todos estes pontos e enaltecendo que a diferença de uma produção eficiente de suínos não está no tipo de piso e estrutura da granja, mas sim na manutenção e manejo dos dejetos e gases que são formados durante a criação dos suínos.

Analista da Embrapa Suínos e Aves, Armando Lopes do Amaral, durante palestra no Paraná – Foto: Patrícia Schulz/OP Rural
O palestrante iniciou a sua fala enaltecendo que a apresentação era fruto de trabalho de uma grande equipe da Embrapa e que a suinocultura evoluiu muitos nos últimos 30 anos, entretanto, muitos problemas e desafios permanecem e atrapalham muito este setor. “É o caso das doenças respiratórias que assustam e impactam bastante a produção de suínos. Estudos mostram que o piso ripado tem relação com as doenças respiratórias, mas vou apresentar dados e apontamentos que evidenciam que o problema não está no tipo de piso, mas sim, no manejo”, argumentou.
Um ponto que precisa ser melhorado na produção dos suínos é nas Unidades de Produção de Leitão (UPL), isso porque é neste momento que ocorrem as muitas misturas de animais, que advêm de origens e lugares diferentes e que podem carregar e transmitir inúmeros tipos de doenças. Desta forma, é preciso ter controle da origem e fazer uma boa seleção dos animais. “Eu acredito que a mistura dos animais precisa ser revista, desde a UPL, pois senão mexer nesta etapa não será possível ajustar as etapas posteriores” afirmou.
Armando defendeu a necessidade de fazer o vazio sanitário em todas as etapas da produção, como uma medida preventiva e que ajuda a reduzir a incidência de doenças infecciosas. “Eu sei que o produtor acredita que não é benéfico fazer o vazio sanitário, por conta dos prazos que ele tem de produção, porém, se eu tivesse uma granja meu sonho seria praticar o vazio sanitário em todos os setores, desde a maternidade, creche, desenvolvimento e a terminação, porque isso traria muitos benefícios aos animais. O que vemos, na prática, é que o vazio sanitário é realizado por alguns produtores nas UPLs, pois neste momento é mais fácil cuidar e não misturar os animais”, refletiu.
O pesquisador mencionou também a necessidade de primar por uma biossegurança, tanto na parte interna como a área externa da granja. “Hoje temos difundido tantos procedimentos e conhecimentos e eu acho inadmissível que ainda temos produtores que abrem as suas granjas para qualquer tipo de visitas, sem nenhum controle. Muitos planteis não têm nem mesmo um portão de acesso, o que permite a entrada de qualquer pessoa. A produção de suínos, com qualidade e eficiência, é uma atividade séria e que requer um alinhamento de protocolos que devem ser atendidos”, defendeu.
A fase da maternidade foi resguardada pelo palestrante, reforçando a necessidade de cuidar da saúde dos animais, desde a ingestão do colostro até a fase da terminação. “As granjas precisam ser planejadas e devem contar com salas de maternidade que ofereçam o que os leitões precisam para garantir uma boa produção. Desde o recebimento do colostro até uma desmame adequado, que visa a criação de um rebanho produtivo, mas que também zele pelo bem-estar do animal”, mencionou. Outro ponto que faz diferença na propagação de doenças é o excesso de primíparas no rebanho. “Por meio dos nossos estudos verificamos que pouquíssimos produtores fazem uma boa aclimatação das leitoas, desta maneira, as doenças podem proliferar mais, porque são muitos animais que são mais sensíveis e que estão juntos, deixando a granja mais suscetível aos patógenos”, ponderou.
Armando Lopes falou sobre as vantagens dos tipos de piso e elencou alguns pontos que são principais para cada tipo, conforme dados/tabela abaixo.
Resultados
O pesquisador da Embrapa apresentou os resultados dos estudos deles expressando que o piso vazado também traz muitas desvantagens, como depósito de dejetos na instalação; maior produção de gases, dificuldade de identificar animais doentes, corroborando para o risco de apresentar mais danos no trato respiratório. “A literatura também mostra que o piso ripado, com armazenamento de dejetos no fosso, foi associado com o aumento de pneumonia e pleurite. Também no estudo de caso que realizamos em 2022 confirmamos que o piso compacto possibilitou um maior peso médio de carcaça, bem como a mortalidade não teve diferença no tipo de piso. Por r outro lado, nas instalações onde o piso semi-ripado é utilizado foi constatado um aumento nos índices de pneumonia em relação ao compacto, sendo que os animais do piso ripado ficaram mais doentes. Desta forma foi utilizado mais medicamentos para estas produções”, informou.
Recomendações práticas
O pesquisador reforçou que as doenças respiratórias estão associadas a muitos fatores e que o importante não é o tipo de piso e instalações que o produtor tem disponível, mas sim o manejo que é feito para a remoção dos dejetos e, consequentemente, a diminuição dos gases e a produção de amônia que são muito prejudiciais e que agravam os problemas respiratórios. “Para ficar bem claro, não estou defendendo a volta do piso compacto, muito pelo contrário, acredito que a utilização do piso ripado não irá diminuir, o que eu estou defendendo é que os produtores encontrem alternativas para acabar com o depósito de dejetos, sendo que existem alternativas muito práticas, tais como a retirada dos dejetos semanalmente, organizar a produção em lotes maiores, concentrar as coberturas dos lotes em até 4 a 5 dias, controlar a taxa de reposição e, principalmente, pensar sempre em atacar as causas e não apenas as consequências. A suinocultura melhorou e pode melhorar cada vez mais, em cada granja temos um investimento financeiro muito alto, e isso precisava ser trabalhado com muito zelo e eficiência”, finalizou.
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Suínos
Poder de compra do suinocultor cai e relação de troca com farelo atinge pior nível do semestre
Após pico histórico em setembro, alta nos preços do farelo de soja reduz competitividade e encarece a alimentação dos plantéis em novembro.

A relação de troca de suíno vivo por farelo de soja atingiu em setembro o momento mais favorável ao suinocultor paulista em 20 anos.
No entanto, desde outubro, o derivado de soja passou a registrar pequenos aumentos nos preços, contexto que tem desfavorecido o poder de compra do suinocultor.
Assim, neste mês de novembro, a relação de troca de animal vivo por farelo já é a pior deste segundo semestre.
Cálculos do Cepea mostram que, com a venda de um quilo de suíno vivo na região de Campinas, o produtor pode adquirir, nesta parcial de novembro (até o dia 18), R$ 5,13 quilos de farelo, contra R$ 5,37 quilos em outubro e R$ 5,57 quilos em setembro.
Trata-se do menor poder de compra desde junho deste ano, quando era possível adquirir R$ 5,02 quilos.
Suínos
Aurora Coop lança primeiro Relatório de Sustentabilidade e consolida compromisso com o futuro
Documento reúne práticas ambientais, sociais e de governança, reforçando o compromisso da Aurora Coop com transparência, inovação e desenvolvimento sustentável.

A Aurora Coop acaba de publicar o seu primeiro Relatório de Sustentabilidade, referente ao exercício de 2024, documento que inaugura uma nova etapa na trajetória da cooperativa. O lançamento reafirma o compromisso da instituição em integrar a sustentabilidade à estratégia corporativa e aos processos de gestão de um dos maiores conglomerados agroindustriais do país.
Segundo o presidente Neivor Canton, o relatório é fruto de um trabalho que alia governança, responsabilidade social e visão de futuro. “A sustentabilidade, para nós, não é apenas um conceito, mas uma prática incorporada em todas as nossas cadeias produtivas. Este relatório demonstra a maturidade da Aurora Coop e nossa disposição em ampliar a transparência com a sociedade”, destacou.
Em 2024, a Aurora Coop registrou receita operacional bruta de R$ 24,9 bilhões, crescimento de 14,2% em relação ao ano anterior. Presente em mais de 80 países distribuídos em 13 regiões comerciais, incluindo África, América do Norte, Ásia e Europa, a cooperativa consolidou a posição de destaque internacional ao responder por 21,6% das exportações brasileiras de carne suína e 8,4% das exportações de carne de frango.

Vice-presidente da Aurora Coop Marcos Antonio Zordan e o presidente Neivor Canton
De acordo com o vice-presidente de agronegócios, Marcos Antonio Zordan, os números atestam a força do cooperativismo e a capacidade de geração de riqueza regional. “O modelo cooperativista mostra sua eficiência ao unir produção, competitividade e compromisso social. Esses resultados são compartilhados entre os cooperados e as comunidades, e reforçam a relevância do setor no desenvolvimento do país”, afirmou.
A jornada de sustentabilidade da Aurora Coop foi desenhada em consonância com padrões internacionais e com base na escuta ativa dos públicos estratégicos. Entre os temas prioritários figuram: uso racional da água, gestão de efluentes, transição energética, práticas empregatícias, saúde e bem-estar animal, segurança do consumidor e desenvolvimento local. “O documento reflete uma organização que reconhece a responsabilidade de atuar em cadeias longas e complexas, como a avicultura, a suinocultura e a produção de lácteos”, sublinha Canton.
Impacto social e ambiental
Em 2024, a cooperativa gerou 2.510 novos empregos, alcançando o marco de 46,8 mil colaboradores, dos quais 31% em cargos de liderança são ocupados por mulheres. Foram distribuídos R$ 3,3 bilhões em salários e benefícios, além de R$ 580 milhões em investimentos sociais e de infraestrutura, com destaque para a ampliação de unidades industriais e melhorias estruturais que fortaleceram as economias locais.
A Fundação Aury Luiz Bodanese (FALB), braço social da Aurora Coop, realizou mais de 930 ações em oito estados, beneficiando diretamente mais de 54 mil pessoas. Em resposta à emergência climática no Rio Grande do Sul, a instituição doou 100 toneladas de alimentos, antecipou o 13º salário dos colaboradores da região, disponibilizou logística para doações, distribuiu EPIs a voluntários e destinou recursos à aquisição de medicamentos.
O relatório evidencia práticas voltadas ao uso eficiente de recursos naturais e à gestão de resíduos com foco na circularidade. Em 2024, a cooperativa intensificou a autogeração de energia a partir de fontes renováveis e devolveu ao meio ambiente mais de 90% da água utilizada, devidamente tratada.
Outras iniciativas incluem reflorestamento próprio, rotas logísticas otimizadas e embalagens sustentáveis: 79% dos materiais vieram de fontes renováveis, 60% do papelão utilizado eram reciclados e 86% dos resíduos foram reaproveitados, especialmente por meio de compostagem, biodigestão e reciclagem. Em parceria com o Instituto Recicleiros, a Aurora Coop atuou na Logística Reversa de Embalagens em nível nacional. “O cuidado ambiental é parte de nossa responsabilidade como produtores de alimentos e como cidadãos cooperativistas”, enfatiza Zordan.
O bem-estar animal e a segurança do consumidor estão no cerne da atuação da cooperativa. Práticas rigorosas asseguram o respeito aos animais e a inocuidade dos alimentos, garantindo a confiança dos mercados internos e externos.
Futuro sustentável
Para Neivor Canton, a publicação do primeiro relatório é um marco institucional que projeta a Aurora Coop para novos patamares de governança. “Este documento não é um ponto de chegada, mas de partida. Ao comunicar com transparência nossas ações e resultados, reforçamos nossa identidade cooperativista e reiteramos o compromisso de gerar prosperidade compartilhada e preservar os recursos para as futuras gerações.”
Já Marcos Antonio Zordan ressalta que a iniciativa insere a Aurora Coop no rol das empresas globais que aliam competitividade e responsabilidade. “A sustentabilidade é o caminho para garantir longevidade empresarial, fortalecer o vínculo com a sociedade e assegurar alimentos produzidos de forma ética e responsável.”
O Relatório de Sustentabilidade 2024 da Aurora Coop confirma o papel de liderança da cooperativa como referência nacional e internacional na integração entre desempenho econômico, responsabilidade social e cuidado ambiental. Trata-se de uma publicação que fortalece a identidade cooperativista e projeta a instituição como protagonista na construção de um futuro sustentável.
Com distribuição nacional nas principais regiões produtoras do agro brasileiro, O Presente Rural – Suinocultura também está disponível em formato digital. O conteúdo completo pode ser acessado gratuitamente em PDF, na aba Edições Impressas do site.
Suínos
Swine Day 2025 reforça integração entre ciência e indústria na suinocultura
Com 180 participantes, painéis técnicos, pré-evento sanitário e palestras internacionais, encontro promoveu troca qualificada e aproximação entre universidade e setor produtivo.

Realizado nos dias 12 e 13 de novembro, na Faculdade de Veterinária da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), o Swine Day chegou à sua 9ª edição reunindo 180 participantes, 23 empresas apoiadoras, quatro painéis, 29 apresentações orais e oito espaços de discussão. O encontro reafirmou sua vocação de aproximar pesquisa científica e indústria suinícola, promovendo ambiente de troca técnica e atualização profissional.
O evento também contou com um pré-evento dedicado exclusivamente aos desafios sanitários causados por Mycoplasma hyopneumoniae na suinocultura mundial, com quatro apresentações orais, uma mesa-redonda e 2 espaços de debate direcionados ao tema.
As pesquisas apresentadas foram organizadas em quatro painéis temáticos: UFRGS–ISU, Sanidade, Nutrição e Saúde e Produção e Reprodução. Cada sessão contou com momentos de discussão, reforçando a proposta do Swine Day de estimular o diálogo técnico entre academia, empresas e profissionais da cadeia produtiva.
Entre os destaques da programação estiveram as palestras âncoras. A primeira, ministrada pelo Daniel Linhares, apresentou “Estratégias epidemiológicas para monitoria sanitária em rebanhos suínos: metodologias utilizadas nos EUA que poderiam ser aplicadas no Brasil”. Já o Gustavo Silva abordou “Ferramentas de análise de dados aplicadas à tomada de decisão na indústria de suínos”.
Durante o encerramento, a comissão organizadora agradeceu a participação dos presentes e anunciou que a próxima edição do Swine Day será realizada nos dias 11 e 12 de novembro de 2026.
Com elevado nível técnico, forte participação institucional e apoio do setor privado, o Swine Day 2025 foi considerado pela organização um sucesso, consolidando sua importância como espaço de conexão entre ciência e indústria dentro da suinocultura brasileira.




