Suínos
Manejo em bandas é opção para suinocultor que busca por resultados e praticidade
Entre os pontos positivos em adotar o manejo em bandas estão a otimização da mão de obra, respeito ao vazio sanitário e menos incidência de doenças nos lotes
Há um ano o suinocultor de Carambeí, PR, Eduardo Dykstra, adotou na propriedade uma forma diferente de manejo. Conhecido como “manejo em bandas”, a novidade chegou ao produtor a partir da Frísia Cooperativa Agroindustrial, da qual é cooperado. Analisando as vantagens do novo método, o produtor adequou sua propriedade e passou a realizar o novo tipo de manejo. Agora que conhece bem como funciona o modelo, o produtor não quer mais ouvir falar da forma antiga de manejo. “Se eu conhecesse antes, já teria adotado há muito tempo”, afirma.
A produção de suínos utilizando o manejo em bandas tem como objetivo trabalhar com grupos homogêneos de fêmeas (bandas) em intervalos regulares entre cada lote, permitindo a ocorrência de partos, desmames e coberturas em intervalos distintos. Os intervalos entre bandas podem ser a cada sete dias ou superior, sendo geralmente utilizados intervalos de 14, 21 ou 28 dias, denominados bandas quinzenais, trissemanais ou quadrissemanais, respectivamente. A definição do intervalo de bandas a ser trabalhado vai depender de alguns fatores pré-existentes na granja, conforme o número de fêmeas no plantel, disponibilidade de instalações/salas, mão de obra e desafios sanitários existentes no plantel, principalmente se a granja já estiver construída e em produção. Eduardo, que possui o ciclo completo na propriedade, com creche, maternidade e engorda, adotou o intervalo de 21 dias.
O suinocultor foi o primeiro da cooperativa a adotar o manejo em bandas. “No início fiquei com um pouco de receio, porque não conhecia como funcionava. Mas, como me explicaram e mostraram as vantagens de adotar este tipo de manejo, apostei na ideia”, lembra. E não é para menos, o manejo em bandas oferece diversas vantagens para o suinocultor que quer mais lucros e menos despesas na propriedade. Entre os pontos positivos em adotar o manejo em bandas estão otimização da mão de obra, respeito ao vazio sanitário e menos incidência de doenças nos lotes.
De acordo com o coordenador de Assistência Técnica da MSD Saúde Animal, Diogo Fontana, trabalhar com manejo em bandas na produção de suínos significa também ter grupos homogêneos de animais em cada lote, facilitando a entrada e saída de todos os suínos nas instalações, ocasionando um período de vazio sanitário e trazendo benefícios para a granja. Ele cita alguns dos benefícios desta forma de manejo. “Há o vazio sanitário e melhora do status sanitário da granja, organização das atividades, controle da reprodução e produção, e melhora de resultados técnicos e econômicos na propriedade”, informa.
Fontana explica que o manejo em bandas possibilita aplicar o manejo todos dentro todos fora (all in all out) nas instalações. “Esse manejo consiste na transferência ao mesmo tempo de todos os animais de uma instalação para outra. Dessa forma, a instalação que abrigava os animais ficará vazia e haverá tempo e condições suficientes para realizar a limpeza e a desinfecção de forma eficiente, quebrando o ciclo de transmissão de agentes e diminuindo a pressão de infecção das instalações”, conta. Ocorre ainda a concentração das principais atividades de manejo a cada intervalo determinado de tempo. Segundo Fontana, isso faz com que manejos que são realizados semanalmente, ou até mesmo diariamente, como partos, desmames, coberturas, lavagem e desinfecção das salas, passem a ser realizados em um intervalo determinado pelo período do manejo de lotes adotados.
O coordenador explica ainda que com o aumento do número de coberturas realizadas devido à concentração desse manejo, haverá concentração e foco da equipe na detecção de estro e inseminação artificial, e a adoção de novas tecnologias disponíveis para a reprodução na suinocultura podem ser facilitadas, como a inseminação artificial em tempo fixo e o uso da ultrassonografia para diagnóstico de prenhes. “Além disso a logística de entrega de sêmen e fêmeas para reposição podem ser otimizadas. Em granjas multiplicadoras de rebanho fechado a utilização desse manejo facilita a logística de recebimento de sêmen de alto valor genético, recebendo um volume maior com menor frequência de entrega, concentrando cobertura e partos de bisavós e avós”, esclarece. Fontana acrescenta que as atividades concentradas e otimização da mão-de-obra permitem a diminuição das atividades dos finais de semana, melhor programação de férias e folgas para os funcionários, e a existência de períodos regulares de trabalho com os animais permite a melhor manutenção e reparo das instalações proporcionando pelo aumento do tempo de vazio das instalações.
O profissional explica ainda que devido à concentração de todas as atividades em um espaço maior de tempo (semanas), é possível especializar a mão de obra e aumentar o número de funcionários para cada fase da produção. “Por exemplo, em semana de partos os funcionários ficarão concentrados e com foco na maternidade, e em semana de coberturas as atenções estarão voltadas para a gestação”, confirma. Fontana acrescenta que a concentração de partos possibilita também uma transferência de leitões entre as matrizes mais efetiva, além de benefícios na creche. “Com o desmame integral do lote, haverá um melhor aproveitamento nutricional na fase de creche, pois a ração é formulada para atender animais com a idade média de desmame da granja, mas se houver grande variabilidade de idade entre os leitões ao desmame, os leitões muito novos não terão um máximo aproveitamento nutricional e leitões mais velhos já deveriam estar se alimentando de uma ração com outra formulação”, acrescenta.
Outro ponto destacado foi que como a prática de mãe de leite não é permitida neste manejo, uma baia de maternidade poderá ser utilizada mais vezes por diferentes matrizes e leitões durante o ano, otimizando o uso dessa instalação. “Uma vez que a produção vai ser concentrada, outra possibilidade de redução de custo é com a otimização da logística da granja, mais suínos serão produzidos, o que vai facilitar e reduzir os custos com transportes”, diz Fontana.
Estes benefícios fizeram com que Eduardo acreditasse nesse formato de produção. “O manejo em bandas facilita muito a mão de obra, já que as atividades são concentradas. Em uma semana nós cuidamos somente dos partos, na outra, somente da cobertura. É uma forma de trabalhar que facilita a vida do produtor”, afirma. Para o suinocultor, esta forma de manejo permite que o produtor foque melhor em cada ciclo, permitindo que o trabalho realizado seja feito de maneira mais eficiente.
Para Adotar
A médica veterinária da Frísia, Kialane Pagno, acompanha os cooperados que adotaram o manejo em bandas, assim como Eduardo. De acordo com ela, há aproximadamente três anos o projeto vem sendo fomentado entre os suinocultores. “Atualmente nós temos três propriedades que aderiram ao manejo em bandas, e mais duas que estão em transição para adotar”, conta. Ela comenta que os produtores que pretendem seguir esta forma de manejo visitam a propriedade de Eduardo, para ver exatamente como a atividade funciona. “Vendo como funciona na propriedade de um produtor, os outros têm uma ideia melhor de como este tipo de manejo é feito”, diz.
Para Kialane, o que mais chama a atenção do suinocultor em adotar esta forma de manejo é a possibilidade do vazio sanitário. “Com o manejo em bandas o suinocultor consegue fazer da melhor forma o vazio sanitário entre os lotes, de uma forma ritmada, porque isso é algo que precisa ser respeitado”, argumenta. Além disso, respeitando o vazio sanitário, o produtor tem ainda menor incidência de doenças na propriedade, principalmente diarreia na maternidade, gerando também economia ao produtor, que não precisa gastar muito com medicamentos. “A sanidade na propriedade é maior”, afirma.
A médica veterinária diz ainda que todas as granjas que trabalham em sistema semanal podem transformar o sistema em banda de manejo em lotes e passar a trabalhar com intervalo entre lotes superiores a sete dias. “Nada impede que a granja que passa a usar o manejo bandas, possa voltar ao sistema semanal ou trocar o tipo de bandas”, conta. Porém, a definição pelo intervalo entre as bandas deve considerar a quantidade de instalações disponíveis e o plantel produtivo da granja. “A transformação de uma granja de fluxo semanal para manejo em bandas pode ser realizada de três maneiras distintas: natural, artificial e mista”, diz.
Na forma natural de sincronização das bandas, se utiliza de estratégias de prolongamento da fase de lactação de um lote – para isso há necessidade de sobra de instalações de maternidade – e desmame precoce de outro lote – necessidade de espaço na creche para alojamento de animais leves –, ou, dependendo do intervalo entre bandas escolhidos, o manejo de salta cio pode ser realizado aumento do número de dias não produtivos. Já para a transformação utilizando a forma artificial é necessário utilizar um hormônio à base de progesterona sintética que atua de forma a protelar a entrada em estro durante o fornecimento do produto. “A vantagem desta ferramenta é proporcionar a estruturação das bandas de fêmeas de forma planejada e organizada em granjas que não possuem instalações sobrando durante o período de transformação”, explica Kialane. No sistema misto é utilizada tanto a forma natural considerado o ciclo reprodutivo das fêmeas, quanto à forma artificial com o uso do hormônio.
Mais informações você encontra na edição de Suínos e Peixes de julho/agosto de 2017 ou online.
Fonte: O Presente Rural

Suínos
Poder de compra do suinocultor cai e relação de troca com farelo atinge pior nível do semestre
Após pico histórico em setembro, alta nos preços do farelo de soja reduz competitividade e encarece a alimentação dos plantéis em novembro.

A relação de troca de suíno vivo por farelo de soja atingiu em setembro o momento mais favorável ao suinocultor paulista em 20 anos.
No entanto, desde outubro, o derivado de soja passou a registrar pequenos aumentos nos preços, contexto que tem desfavorecido o poder de compra do suinocultor.
Assim, neste mês de novembro, a relação de troca de animal vivo por farelo já é a pior deste segundo semestre.
Cálculos do Cepea mostram que, com a venda de um quilo de suíno vivo na região de Campinas, o produtor pode adquirir, nesta parcial de novembro (até o dia 18), R$ 5,13 quilos de farelo, contra R$ 5,37 quilos em outubro e R$ 5,57 quilos em setembro.
Trata-se do menor poder de compra desde junho deste ano, quando era possível adquirir R$ 5,02 quilos.
Suínos
Aurora Coop lança primeiro Relatório de Sustentabilidade e consolida compromisso com o futuro
Documento reúne práticas ambientais, sociais e de governança, reforçando o compromisso da Aurora Coop com transparência, inovação e desenvolvimento sustentável.

A Aurora Coop acaba de publicar o seu primeiro Relatório de Sustentabilidade, referente ao exercício de 2024, documento que inaugura uma nova etapa na trajetória da cooperativa. O lançamento reafirma o compromisso da instituição em integrar a sustentabilidade à estratégia corporativa e aos processos de gestão de um dos maiores conglomerados agroindustriais do país.
Segundo o presidente Neivor Canton, o relatório é fruto de um trabalho que alia governança, responsabilidade social e visão de futuro. “A sustentabilidade, para nós, não é apenas um conceito, mas uma prática incorporada em todas as nossas cadeias produtivas. Este relatório demonstra a maturidade da Aurora Coop e nossa disposição em ampliar a transparência com a sociedade”, destacou.
Em 2024, a Aurora Coop registrou receita operacional bruta de R$ 24,9 bilhões, crescimento de 14,2% em relação ao ano anterior. Presente em mais de 80 países distribuídos em 13 regiões comerciais, incluindo África, América do Norte, Ásia e Europa, a cooperativa consolidou a posição de destaque internacional ao responder por 21,6% das exportações brasileiras de carne suína e 8,4% das exportações de carne de frango.

Vice-presidente da Aurora Coop Marcos Antonio Zordan e o presidente Neivor Canton
De acordo com o vice-presidente de agronegócios, Marcos Antonio Zordan, os números atestam a força do cooperativismo e a capacidade de geração de riqueza regional. “O modelo cooperativista mostra sua eficiência ao unir produção, competitividade e compromisso social. Esses resultados são compartilhados entre os cooperados e as comunidades, e reforçam a relevância do setor no desenvolvimento do país”, afirmou.
A jornada de sustentabilidade da Aurora Coop foi desenhada em consonância com padrões internacionais e com base na escuta ativa dos públicos estratégicos. Entre os temas prioritários figuram: uso racional da água, gestão de efluentes, transição energética, práticas empregatícias, saúde e bem-estar animal, segurança do consumidor e desenvolvimento local. “O documento reflete uma organização que reconhece a responsabilidade de atuar em cadeias longas e complexas, como a avicultura, a suinocultura e a produção de lácteos”, sublinha Canton.
Impacto social e ambiental
Em 2024, a cooperativa gerou 2.510 novos empregos, alcançando o marco de 46,8 mil colaboradores, dos quais 31% em cargos de liderança são ocupados por mulheres. Foram distribuídos R$ 3,3 bilhões em salários e benefícios, além de R$ 580 milhões em investimentos sociais e de infraestrutura, com destaque para a ampliação de unidades industriais e melhorias estruturais que fortaleceram as economias locais.
A Fundação Aury Luiz Bodanese (FALB), braço social da Aurora Coop, realizou mais de 930 ações em oito estados, beneficiando diretamente mais de 54 mil pessoas. Em resposta à emergência climática no Rio Grande do Sul, a instituição doou 100 toneladas de alimentos, antecipou o 13º salário dos colaboradores da região, disponibilizou logística para doações, distribuiu EPIs a voluntários e destinou recursos à aquisição de medicamentos.
O relatório evidencia práticas voltadas ao uso eficiente de recursos naturais e à gestão de resíduos com foco na circularidade. Em 2024, a cooperativa intensificou a autogeração de energia a partir de fontes renováveis e devolveu ao meio ambiente mais de 90% da água utilizada, devidamente tratada.
Outras iniciativas incluem reflorestamento próprio, rotas logísticas otimizadas e embalagens sustentáveis: 79% dos materiais vieram de fontes renováveis, 60% do papelão utilizado eram reciclados e 86% dos resíduos foram reaproveitados, especialmente por meio de compostagem, biodigestão e reciclagem. Em parceria com o Instituto Recicleiros, a Aurora Coop atuou na Logística Reversa de Embalagens em nível nacional. “O cuidado ambiental é parte de nossa responsabilidade como produtores de alimentos e como cidadãos cooperativistas”, enfatiza Zordan.
O bem-estar animal e a segurança do consumidor estão no cerne da atuação da cooperativa. Práticas rigorosas asseguram o respeito aos animais e a inocuidade dos alimentos, garantindo a confiança dos mercados internos e externos.
Futuro sustentável
Para Neivor Canton, a publicação do primeiro relatório é um marco institucional que projeta a Aurora Coop para novos patamares de governança. “Este documento não é um ponto de chegada, mas de partida. Ao comunicar com transparência nossas ações e resultados, reforçamos nossa identidade cooperativista e reiteramos o compromisso de gerar prosperidade compartilhada e preservar os recursos para as futuras gerações.”
Já Marcos Antonio Zordan ressalta que a iniciativa insere a Aurora Coop no rol das empresas globais que aliam competitividade e responsabilidade. “A sustentabilidade é o caminho para garantir longevidade empresarial, fortalecer o vínculo com a sociedade e assegurar alimentos produzidos de forma ética e responsável.”
O Relatório de Sustentabilidade 2024 da Aurora Coop confirma o papel de liderança da cooperativa como referência nacional e internacional na integração entre desempenho econômico, responsabilidade social e cuidado ambiental. Trata-se de uma publicação que fortalece a identidade cooperativista e projeta a instituição como protagonista na construção de um futuro sustentável.
Com distribuição nacional nas principais regiões produtoras do agro brasileiro, O Presente Rural – Suinocultura também está disponível em formato digital. O conteúdo completo pode ser acessado gratuitamente em PDF, na aba Edições Impressas do site.
Suínos
Swine Day 2025 reforça integração entre ciência e indústria na suinocultura
Com 180 participantes, painéis técnicos, pré-evento sanitário e palestras internacionais, encontro promoveu troca qualificada e aproximação entre universidade e setor produtivo.

Realizado nos dias 12 e 13 de novembro, na Faculdade de Veterinária da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), o Swine Day chegou à sua 9ª edição reunindo 180 participantes, 23 empresas apoiadoras, quatro painéis, 29 apresentações orais e oito espaços de discussão. O encontro reafirmou sua vocação de aproximar pesquisa científica e indústria suinícola, promovendo ambiente de troca técnica e atualização profissional.
O evento também contou com um pré-evento dedicado exclusivamente aos desafios sanitários causados por Mycoplasma hyopneumoniae na suinocultura mundial, com quatro apresentações orais, uma mesa-redonda e 2 espaços de debate direcionados ao tema.
As pesquisas apresentadas foram organizadas em quatro painéis temáticos: UFRGS–ISU, Sanidade, Nutrição e Saúde e Produção e Reprodução. Cada sessão contou com momentos de discussão, reforçando a proposta do Swine Day de estimular o diálogo técnico entre academia, empresas e profissionais da cadeia produtiva.
Entre os destaques da programação estiveram as palestras âncoras. A primeira, ministrada pelo Daniel Linhares, apresentou “Estratégias epidemiológicas para monitoria sanitária em rebanhos suínos: metodologias utilizadas nos EUA que poderiam ser aplicadas no Brasil”. Já o Gustavo Silva abordou “Ferramentas de análise de dados aplicadas à tomada de decisão na indústria de suínos”.
Durante o encerramento, a comissão organizadora agradeceu a participação dos presentes e anunciou que a próxima edição do Swine Day será realizada nos dias 11 e 12 de novembro de 2026.
Com elevado nível técnico, forte participação institucional e apoio do setor privado, o Swine Day 2025 foi considerado pela organização um sucesso, consolidando sua importância como espaço de conexão entre ciência e indústria dentro da suinocultura brasileira.
