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Manejo do futuro breve vai exigir mais dedicação e esforço

Suinocultura muda com o tempo e o jeito de trabalhar nas granjas também; práticas de manejo estão em constante evolução

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Arquivo/OP Rural

A suinocultura muda com o tempo e o jeito de trabalhar nas granjas também. As práticas de manejo estão em constante evolução. Para falar sobre as atualizações que o setor tem experimentado, a Comissão Organizadora do Simpósio Brasil Sul de Suinocultura, que aconteceu em agosto, em Chapecó, SC, levou ao evento o pós-doutor em Medicina Veterinária e professor da Universidade Estadual de Londrina (UEL), no Paraná, Caio Abércio da Silva. Para ele, o manejo do futuro vai exigir mais dedicação e esforço, mas será compensatório.

“Nos últimos 10/15 anos uma série de legislações e regulamentos oficiais, códigos de práticas de adoção voluntária desenvolvidos pela indústria relacionados aos cuidados com os animais, programas corporativos e ações tomadas na própria granja, como treinamentos para melhora das habilidades de monitoramento e aquisição de mais conhecimentos sobre a interpretação correta dos resultados, têm permeado a suinocultura no mundo. As condições legais estabelecidas pelas Diretivas Europeias e pela OIE nos atingem e, por este motivo, além de outros tantos, nos fez desenhar nossas próprias regras (a Instrução Normativa 195, de 04 de julho de 2018, ou simplesmente IN 195 do MAPA), que embora ainda não tenham sido promulgadas, demandam discussões, pois chegarão às nossas granjas, devendo por este motivo serem discutidas”, comenta.

O fim dos antibióticos promotores de crescimento deve ser um desafio iminente ao setor em relação ao manejo. “Esta conduta também está perto de se concretizar com plenitude no Brasil e seguramente deveremos adotar uma série de medidas para esta realidade. As experiências daqueles que passaram ou passam por este quadro não exigiram ações isoladas, mas uma série de condutas que em tese pedem mais rigor na limpeza e desinfecção das instalações, aplicação mais efetiva do manejo all in all out (todos dentro, todos fora), revisão de alguns conceitos nutricionais, como maior uso de fibra, ingredientes moduladores da imunidade e de maior digestibilidade, uso de aditivos alternativos identificados com o status sanitário e nutricional da granja e maior atenção dos colaboradores no manejo, especialmente de animais mais jovens. A razão deste esforço se deve em parte pela retirada de um principio (antibióticos) que tem grande impacto na saúde gastrintestinal e como melhorador do desempenho, e que tinha o poder de superar os desafios que não vinham sendo bem resolvidos (com manejo) nas granjas”, avalia.

Mas as mudanças podem ser bem mais acentuadas nos próximos anos, entende o especialista. “Se considerarmos que as orientações passarão a ser leis, o alojamento de gestantes em gaiolas, a castração sem anestesia, o corte de cauda sem justificativa, assim como o desbaste dos dentes deverão ser suprimidos”, aposta.

De acordo com o palestrante, de modo geral as granjas brasileiras de suínos já estão bem avançadas na questão do manejo. “Há muitas exigências postas. No entanto, muitas já estão em curso nas granjas, são realizadas. Talvez para sermos objetivos, deixaríamos que estas simplesmente passassem da condição informal para a formal. Ou seja, seriam realizadas de acordo com protocolos oficiais, seriam estas registradas e mantidas para eventual averiguação”, aponta.

Mais tecnificados

Os mais tecnificados levam vantagem. “Presume-se que granjas mais tecnificadas investem mais como um todo e detêm muitos aspectos positivos relacionados ao status sanitário e à ausência de fatores de produção dito críticos, como instalações quentes, mal edificadas, com materiais inapropriados, mal dimensionada. Isto facilita alguns manejos, como a decisão de não desbastar os dentes ou a secção da cauda. Também há tecnologias já identificadas com as mudanças que vêm, como a climatização e os recursos automatizados de tratos alimentares identificados com as exigências dos animais. Nestes dois exemplos, o primeiro pode significar a oferta mais adequada da temperatura e da umidade ideal para cada idade/categoria animal, e a segunda a minimização de erros nutricionais, atendendo assim a premissa básica da correta nutrição dos indivíduos”, aponta o professor.

“Num primeiro momento nos inquietamos, pois para aqueles que não adotam várias destas orientações, significa uma saída da zona de conforto. Para aqueles que já adotam, a percepção de mais atividades, de mais gasto de tempo, pois as medidas (tomando por base a IN 195) são bem detalhadas. Também, inevitavelmente poderemos ter a necessidade de investimentos, uma vez que algumas orientações podem implicar em novos modelos de alojamento (um caso bem típico são as baias coletivas) ou de manejo diferenciados (como o uso de cama, exigindo a compra e o transporte deste material)”, diz.

Todos juntos

Todos os atores do processo produtivo devem fazer a sua parte, alerta o profissional. “Não há um papel tão distinto assim para cada profissional de operação, pois ambos deverão compreender e executar correta e integralmente estes novos manejos. O técnico terá que fomentar a formação do produtor e do colaborador e para isso ele terá que também conhecer os procedimentos. Cabe um destaque ao papel mais efetivo do médico veterinário nas decisões de orientação de procedimentos de tratamentos sanitários e de eutanásia.  Já aos profissionais da indústria, creio que devam investir mais em pesquisa e buscar identificar os gargalos que as novas demandas gerarão para que os ajustes venham a contento”, sugere.

Para o professor, há uma expectativa que esse novo manejo será mais trabalhoso e vai exigir mais tempo e dedicação. “Há uma expectativa que sim, especialmente na implantação. Creio que na sequência haverá maior fluidez na rotina. Chamo a atenção que em muitos casos já executamos uma parte bastante relevante de ações que serão demandadas. Neste caso não serão exigidos tempo e dedicação na mesma proporção de quem ainda não realiza estes”, reforça.

Outros benefícios

Para o professor, é natural que aos poucos a indústria passe a observar vantagens econômicas e de mercado com as novas práticas. “Num primeiro momento, estamos falando que muitos destas mudanças envolvem disciplina, atenção, observação mais rigorosa dos animais, prevenção de maus tratos e das adversidades ambientais e nutricionais, entre outras. É pertinente que este conjunto melhore os resultados zootécnicos na granja e a qualidade da carcaça e da carne na indústria, favorecendo os ganhos. Num segundo plano, poderemos ser cobrados por estas ações tanto internamente quanto fora do país – e aí talvez seja mais intensa a cobrança -, levando à abertura e/ou manutenção de mercados. Estamos com o recente acordo com a Comunidade Européia estabelecido. Como seremos vistos?”, questiona.

Heterogênea

Segundo o especialista, é preciso padrões mais específicos serem seguidos por toda a cadeia, que, em sua opinião, é bastante mesclada de bons e maus exemplos. “A suinocultura brasileira é ainda muito heterogenia. Há infelizmente alguns poucos produtores que não zelam adequadamente pelo seu negócio e assim afetam o maior protagonista da granja, o suíno. Felizmente, com a maioria das granjas temos experimentado uma grande evolução legal, tecnológica, ambiental, de consciência e, por consequência, de resultados zootécnicos. O Brasil é um dos importantes produtores mundiais de suínos e está entre aqueles que mais utilizam mão-de-obra nas granjas. Mão-de-obra significa oportunidade de zelo dos animais, e assim somos um dos melhores”, sustenta.

Outras notícias você encontra na edição de Suínos e Peixes de julho/agosto de 2019 ou online.

Fonte: O Presente Rural

Suínos

Swine Day 2025 reforça integração entre ciência e indústria na suinocultura

Com 180 participantes, painéis técnicos, pré-evento sanitário e palestras internacionais, encontro promoveu troca qualificada e aproximação entre universidade e setor produtivo.

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Foto: Divulgação/Swine Day

Realizado nos dias 12 e 13 de novembro, na Faculdade de Veterinária da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), o Swine Day chegou à sua 9ª edição reunindo 180 participantes, 23 empresas apoiadoras, quatro painéis, 29 apresentações orais e oito espaços de discussão. O encontro reafirmou sua vocação de aproximar pesquisa científica e indústria suinícola, promovendo ambiente de troca técnica e atualização profissional.

O evento também contou com um pré-evento dedicado exclusivamente aos desafios sanitários causados por Mycoplasma hyopneumoniae na suinocultura mundial, com quatro apresentações orais, uma mesa-redonda e 2 espaços de debate direcionados ao tema.

As pesquisas apresentadas foram organizadas em quatro painéis temáticos: UFRGS–ISU, Sanidade, Nutrição e Saúde e Produção e Reprodução. Cada sessão contou com momentos de discussão, reforçando a proposta do Swine Day de estimular o diálogo técnico entre academia, empresas e profissionais da cadeia produtiva.

Entre os destaques da programação estiveram as palestras âncoras. A primeira, ministrada pelo Daniel Linhares, apresentou “Estratégias epidemiológicas para monitoria sanitária em rebanhos suínos: metodologias utilizadas nos EUA que poderiam ser aplicadas no Brasil”. Já o Gustavo Silva abordou “Ferramentas de análise de dados aplicadas à tomada de decisão na indústria de suínos”.

Durante o encerramento, a comissão organizadora agradeceu a participação dos presentes e anunciou que a próxima edição do Swine Day será realizada nos dias 11 e 12 de novembro de 2026.

Com elevado nível técnico, forte participação institucional e apoio do setor privado, o Swine Day 2025 foi considerado pela organização um sucesso, consolidando sua importância como espaço de conexão entre ciência e indústria dentro da suinocultura brasileira.

Fonte: O Presente Rural
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Suínos

Preços do suíno vivo seguem estáveis e novembro registra avanço nas principais praças

Indicador Cepea/ESALQ mostra mercado firme com altas moderadas no mês e estabilidade diária em estados líderes da suinocultura.

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Foto: Shutterstock

Os preços do suíno vivo medidos pelo Indicador Cepea/Esalq registraram estabilidade na maioria das praças acompanhadas na terça-feira (18). Apesar do cenário de calmaria diária, o mês ainda apresenta variações positivas, refletindo um mercado que segue firme na demanda e no escoamento da produção.

Em Minas Gerais, o valor médio se manteve em R$ 8,44/kg, sem alteração no dia e com avanço mensal de 2,55%, o maior entre os estados analisados. No Paraná, o preço ficou em R$ 8,45/kg, registrando leve alta diária de 0,24% e acumulando 1,20% no mês.

No Rio Grande do Sul, o indicador permaneceu estável em R$ 8,37/kg, com crescimento mensal de 1,09%. Santa Catarina, tradicional referência na suinocultura, manteve o preço em R$ 8,25/kg, repetindo estabilidade diária e mensal.

Em São Paulo, o valor do suíno vivo ficou em R$ 8,81/kg, sem variação no dia e com leve alta de 0,46% no acumulado de novembro.

Os dados são do Cepea, que monitora diariamente o comportamento do mercado e evidencia, neste momento, um setor de suínos com preços firmes, porém com oscilações moderadas entre as principais regiões produtoras.

Fonte: Assessoria Cepea
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Suínos

Produção de suínos avança e exportações seguem perto de recorde

Mercado interno reage bem ao aumento da oferta, enquanto embarques permanecem em níveis históricos e sustentam margens da suinocultura.

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Foto: Jonathan Campos

A produção de suínos mantém trajetória de crescimento, impulsionada por abates maiores, carcaças mais pesadas e margens favoráveis, de acordo com dados do Itaú BBA Agro. Embora o volume disponibilizado ao mercado interno esteja maior, a demanda doméstica tem respondido positivamente, garantindo firmeza nos preços mesmo diante da ampliação da oferta.

Em outubro, o preço do suíno vivo registrou leve retração, com queda de 4% na média ponderada da Região Sul e de Minas Gerais. Apesar disso, o spread da suinocultura sofreu apenas uma redução marginal e segue em patamar sólido.

Foto: Shutterstock

Dados do IBGE apontam que os abates cresceram 6,1% no terceiro trimestre de 2025 frente ao mesmo período de 2024, após altas de 2,3% e 2,6% nos trimestres anteriores. Com carcaças mais pesadas neste ano, a produção de carne suína avançou ainda mais, chegando a 8,1%, reflexo direto das boas margens, favorecidas por custos de produção controlados.

Do lado da demanda, o mercado externo tem sido um importante aliado na absorção do aumento da oferta. Em outubro, as exportações somaram 125,7 mil toneladas in natura, o segundo maior volume da história, atrás apenas do mês anterior, e 8% acima de outubro de 2024. No acumulado dos dez primeiros meses do ano, o crescimento chega a 13,5%.

O preço médio em dólares recuou 1,2%, mas o impacto sobre o spread de exportação foi mínimo. O indicador segue próximo de 43%, acima da média histórica de dez anos (40%), impulsionado pela desvalorização cambial, que atenuou a queda em reais.

Mesmo com as exportações caminhando para superar o recorde histórico de 2024, a oferta interna de carne suína está maior em 2025 em função do aumento da produção. Ainda assim, o mercado doméstico tem absorvido bem esse volume adicional, mantendo os preços firmes e reforçando o bom momento do setor.

Fonte: O Presente Rural com informações Itaú BBA Agro
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