Avicultura
Manejo da cama de frango mantém biossegurança e controle de patógenos
No manejo da cama do aviário é imprescindível o conhecimento das condições bromatológicas e microbiológicas para entender os desafios e averiguar como esta informação pode contribuir nas boas práticas de produção
Artigo escrito por Letícia Tonoli Braga, médica veterinária e gerente técnica comercial da Biomin
A biosseguridade consiste em um conjunto de procedimentos técnico-conceituais, operacionais e estruturais que visa prevenir ou controlar a contaminação dos rebanhos avícolas por agentes de doenças que possam ter impacto na produtividade destes rebanhos e na saúde dos consumidores. No manejo da cama do aviário, que contém fezes, urina, restos de ração, penas e outros materiais em pequena quantidade, é imprescindível o conhecimento das condições bromatológicas e microbiológicas desta cama. Desta forma é possível entender os desafios e averiguar como esta informação pode contribuir no programa de boas práticas de produção.
Dentre as bactérias presentes na cama, encontram-se em maiores quantidades as bactérias aeróbias e microaerófilas. Entre os gram-positivos e gram-negativos mais frequentes destacam-se Lactobacillus sp e Escherichia coli, respectivamente.
A grande diversidade de bactérias presentes na cama pode ser dividida em dois grupos: a. Bactérias que não representam risco direto à saúde animal, mas que influenciam as condições da cama, consistindo no grupo mais expressivo numericamente. b. Patógenos primários e secundários de aves ou os comensais para aves, porém potenciais patógenos para humanos.
Os organismos não patogênicos, do grupo um, participam de complexos processos de reciclagem dos nutrientes excretados pelas aves, tais como os que atuam na decomposição do ácido úrico resultando em amônia, e os proteolíticos que produzem enzimas (proteases) que decompõem proteínas da excreta.
O grupo dois, no entanto, é o grupo de interesse quando se considera riscos microbiológicos da reutilização de cama, sobretudo os agentes zoonóticos, devido as suas implicações em saúde pública. A Salmonella e Campylobacter, especialmente Campylobacater jejuni, figuram entre os agentes implicados em segurança alimentar mais relevantes. Bactérias como Escherichia coli e Staphylococcus aureus, Clostridium perfringens, entre outras, também podem estar presentes na cama e atuarem como patógenos oportunistas ou contaminantes de alimentos.
Tratamentos
O tratamento adequado das camas nos intervalos entre lotes é um processo fundamental para prevenir a disseminação das doenças. Há várias possibilidades de tratamentos da cama de frango conforme seu princípio: fermentativos, acidificantes, alcalinizantes e redutores de umidade. Geralmente o manejo preventivo de insetos e larvas é também integrado a esses procedimentos.
Recentemente pesquisadores Embrapa Aves e Suínos (SC) validaram uma técnica que previne a disseminação de doenças aviárias causadas por vírus na cama de frango. O procedimento, chamado de “fermentação plana”, mostrou-se eficiente na inativação de microrganismos. O processo, que consiste na umidificação do material e cobertura com lona impermeável para impedir a troca de gases com o ambiente, é um método de tratamento genuinamente nacional.
Foi comprovado o efeito da fermentação plana sobre o vírus da Doença de Gumboro (VDIB) na cama de aviário reutilizada. “Os experimentos demonstraram que o método é efetivo sobre o vírus da Doença de Gumboro, um modelo viral altamente resistente ao ambiente. A estratégia também pode ser recomendada para inativar vírus aviários residuais com características de resistência equivalentes”, destaca Clarissa Vaz, pequisadora da Embrapa. Estudos anteriores realizados pela pesquisadora Virgínia Santiago Silva, da Embrapa Suínos e Aves, em parceria com a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), já haviam comprovado a eficiência do método no tratamento contra Salmonella Enteritidis e enterobactérias.
O estudo é usado como referência pelo serviço veterinário oficial e agroindústrias avícolas. Desta vez, a confirmação científica do efeito do procedimento sobre os vírus aviários é importante para auxiliar nas orientações aos produtores e na fiscalização pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa).
Reutilização da cama
A grande vantagem da reutilização da cama entre lotes de frangos é a sustentabilidade da produção, tanto pelo aspecto econômico (custo de aquisição de cama aviária a cada novo lote), quanto ambiental (necessidade de áreas plantadas com eucalipto para abastecer a produção – no caso da cama de maravalha, e descarte da cama ao final do lote). Regiões com densa produção de frangos apresentam dificuldade em absorver esse resíduo da produção. A desvantagem é que se o manejo não for adequado, os frangos podem apresentar problemas sanitários e também fisiológicos, como calos de pé e de peito e lesões decorrentes de níveis excessivos de amônia.
Mais informações você encontra na edição de Aves de setembro/outubro de 2018 ou online.
Fonte: O Presente Rural

Avicultura
Indústria avícola amplia presença na diretoria da Associação Brasileira de Reciclagem
Nova composição da ABRA reforça a integração entre cadeias produtivas e destaca o papel estratégico da reciclagem animal na sustentabilidade do agronegócio brasileiro.

A Associação Brasileira de Reciclagem (ABRA) definiu, na última sexta-feira (12), a nova composição de seu Conselho Diretivo e Fiscal, com mandato até 2028. A assembleia geral marcou a renovação parcial da liderança da entidade e sinalizou uma maior aproximação entre a indústria de reciclagem animal e setores estratégicos do agronegócio, como a avicultura.
Entre os nomes eleitos para as vice-presidências está Hugo Bongiorno, cuja chegada à diretoria amplia a participação do segmento avícola nas decisões da associação. O movimento ocorre em um momento em que a reciclagem animal ganha relevância dentro das discussões sobre economia circular, destinação adequada de subprodutos e redução de impactos ambientais ao longo das cadeias produtivas.
Dados do Anuário da ABRA de 2024 mostram a dimensão econômica do setor. O Brasil ocupa atualmente a terceira posição entre os maiores exportadores mundiais de gorduras de animais terrestres e a quarta colocação no ranking de exportações de farinhas de origem animal. Os números reforçam a importância da atividade não apenas do ponto de vista ambiental, mas também como geradora de valor, renda e divisas para o país.
A presença de representantes de diferentes cadeias produtivas na diretoria da entidade reflete a complexidade do setor e a necessidade de articulação entre indústrias de proteína animal, recicladores e órgãos reguladores. “Como único representante da avicultura brasileira e paranaense na diretoria, a proposta é levar para a ABRA a força do nosso setor. Por isso, fico feliz por contribuir para este trabalho”, afirmou Bongiorno, que atua como diretor da Unifrango e da Avenorte Guibon Foods.
A nova gestão será liderada por Pedro Daniel Bittar, reconduzido à presidência da ABRA. Também integram o Conselho Diretivo os vice-presidentes José Carlos Silva de Carvalho Júnior, Dimas Ribeiro Martins Júnior, Murilo Santana, Fabio Garcia Spironelli e Hugo Bongiorno. Já o Conselho Fiscal será composto por Rodrigo Hermes de Araújo, Wagner Fernandes Coura e Alisson Barros Navarro, com Vicenzo Fuga, Rodrigo Francisco e Roger Matias Pires como suplentes.
Com a nova configuração, a ABRA busca fortalecer o diálogo institucional, aprimorar práticas de reciclagem animal e ampliar a contribuição do setor para uma agropecuária mais eficiente e ambientalmente responsável.
Avicultura
Avicultura supera ano crítico e pode entrar em 2026 com bases sólidas para crescer
Após enfrentar pressões sanitárias, custos elevados e restrições comerciais em 2025, o setor mostra resiliência, retoma exportações e reforça a confiança do mercado global.

O ano de 2025 entra para a história recente da avicultura brasileira como um dos anos mais desafiadores. O setor enfrentou pressão sanitária global, instabilidade geopolítica, custos de produção elevados e restrições comerciais temporárias em mercados-chave. Mesmo assim, a cadeia mostrou capacidade de adaptação, coordenação institucional e resiliência produtiva.
A ação conjunta do Governo Federal, por meio do Ministério da Agricultura e Pecuária (MAPA), da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) e de entidades estaduais foi decisiva para conter danos e recuperar a confiança externa. Missões técnicas, diplomacia sanitária ativa e transparência nos controles sustentaram a reabertura gradual de importantes destinos ao longo do segundo semestre, reposicionando o Brasil como fornecedor confiável de proteína animal.
Os sinais de retomada já aparecem nos números do comércio exterior. Dados preliminares indicam que as exportações de carne de frango em dezembro devem superar 500 mil toneladas, o que levará o acumulado do ano a mais de 5 milhões de toneladas. Esse avanço ocorre em paralelo a uma gestão mais cautelosa da oferta: o alojamento de 559 milhões de pintos em novembro ficou abaixo das projeções iniciais, próximas de 600 milhões. O ajuste ajudou a equilibrar oferta e demanda e a dar previsibilidade ao mercado.
Para 2026, o cenário é positivo. A agenda econômica global tende a impulsionar o consumo de proteínas, com a retomada de mercados emergentes e regiões em recuperação. Nesse contexto, o Brasil – e, em especial, o Paraná, líder nacional – está bem-posicionado para atender ao mercado interno e aos principais compradores internacionais.
Investimentos contínuos para promover o bem-estar animal, biosseguridade e sustentabilidade reforçam essa perspectiva. A modernização de sistemas produtivos, o fortalecimento de protocolos sanitários e a adoção de práticas alinhadas às exigências ESG elevam o padrão da produção e ampliam a competitividade. Mais do que reagir, a avicultura brasileira se prepara para liderar, oferecendo proteína de alta qualidade, segura e produzida de forma responsável.
Depois de um ano de provas e aprendizados, o setor está ainda mais robusto e inicia 2026 com fundamentos sólidos, confiança renovada e expectativa de crescimento sustentável, reafirmando seu papel estratégico na segurança alimentar global.
Avicultura
Avicultura encerra 2025 em alta e mantém perspectiva positiva para 2026
Setor avança com produção e consumo em crescimento, margens favoráveis e preços firmes para proteínas, apesar da atenção voltada aos custos da ração e à segunda safra de milho.

O setor avícola deve encerrar 2025 com desempenho positivo, sustentado pelo aumento da produção, pelo avanço do consumo interno e pela manutenção de margens favoráveis, mesmo diante de alguns desafios ao longo do ano. A avaliação é de que os resultados permanecem sólidos, apesar de pressões pontuais nos custos e de um ambiente externo mais cauteloso.
Para 2026, a perspectiva segue otimista. A expectativa é de continuidade da expansão do setor, apoiada em um cenário de preços firmes para as proteínas. Um dos principais pontos de atenção, no entanto, está relacionado à segunda safra de milho, cuja incerteza pode pressionar os custos de ração. Ainda assim, a existência de estoques adequados no curto prazo e a possibilidade de uma boa safra reforçam a visão positiva para o próximo ano.

No fechamento de 2025, o aumento da produção, aliado ao fato de que as exportações não devem avançar de forma significativa, tende a direcionar maior volume ao mercado interno. Esse movimento ocorre em um contexto marcado pelos impactos da gripe aviária ao longo do ano e por um desempenho mais fraco das exportações em novembro. Com isso, a projeção é de expansão consistente do consumo aparente.
Para os próximos meses, mesmo com a alta nos preços dos insumos para ração, especialmente do milho, o cenário para o cereal em 2026 é considerado favorável. A avaliação se baseia na disponibilidade atual de estoques e na expectativa de uma nova safra robusta, que continuará sendo acompanhada de perto pelo setor.
Nesse ambiente, a tendência é de que as margens da avicultura se mantenham em patamares positivos, dando suporte ao crescimento da produção e à retomada gradual das exportações no próximo ano.
Já em relação à formação de preços da carne de frango em 2026 e nos anos seguintes, o cenário da pecuária de corte deve atuar como fator de sustentação. A menor disponibilidade de gado e os preços mais firmes da carne bovina tendem a favorecer a proteína avícola. No curto prazo, porém, o setor deve considerar os efeitos da sazonalidade, com maior oferta de fêmeas e melhor disponibilidade de gado a pasto, o que pode influenciar o comportamento dos preços.
