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Suínos / Peixes

Manejo correto do cocho melhora a rentabilidade na produção de suínos

Para estabelecer um padrão de regulagem de cocho devemos ter em mente três principais fatores: facilidade de acesso ao cocho, velocidade de consumo do animal e preenchimento de bandeja. 

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Foto: Shutterstock

A suinocultura brasileira vem passando por uma crise considerável. De acordo com os dados do Cepea, depois de novembro de 2020 no qual o preço pago ao produtor ficou entre R$ 8,50 a R$ 9,50, os produtores amargam mais de 16 meses de prejuízo. O milho, que compõe em média 60 a 80% da ração fornecida aos animais, apresentou constante alta de preços nesse mesmo período. Associado a isso temos altas dos ingredientes proteicos, vitamínicos e minerais devido a problemas de suprimentos e preços dolarizados, além de momentos de desabastecimento em razões de trânsito marítimo, restrições por consequência da Covid-19, entre outros fatores. A alta no milho e soja e queda no preço pago ao produtor é a realidade de quem vive de produzir suínos.

É inegável que o cenário é desafiador para o produtor brasileiro, no entanto, temos que conduzir nossos esforços para reduzir o prejuízo e buscar mais competitividade. Nesse sentido abordaremos um pouco sobre a regulagem de cocho, o seu uso e o impacto que tem esse manejo no ambiente de produção.

É muito difícil estabelecer um padrão de regulagem de cocho diante de fatores como a granulometria da ração, a fluidez dos ingredientes, o tipo e a regulagem de cocho, a palatabilidade da ração, a utilização de água nos cochos, a densidade dos animais na baia, a manutenção e a altura dos cochos e principalmente o colaborador que realiza o controle diário de alguns desses fatores. Devemos ter em mente três principais fatores que norteiam todo o processo de utilização do cocho e que são primordiais no sucesso da produção, são eles: facilidade de acesso ao cocho, velocidade de consumo do animal e preenchimento de bandeja.

Cochos na creche

Para leitões na creche, o ajuste de cocho deve ter maior foco no desperdício de ração, e mais importante é a acessibilidade dos leitões ao cocho, assim, se o acesso a ração no cocho for dificultoso, como por exemplo a altura da borda do prato ser alta demais, o animal passará mais tempo tentando se alimentar, ocupando o espaço de comedouro dos outros animais. Outro detalhe importante é que a dificuldade dos animais em se alimentar pode desencadear alguns comportamentos estereotipados, como morder rabo, vicio de sucção, mordida de orelha entre outros fatores de comportamento social que prejudicam a adaptação dos animais recém desmamados e consequentemente diminuição de consumo e crescimento. Pesquisadores relataram que o tempo que um animal gasta comento, começa a declinar 21 dias após o desmame, e que que isso se deve à capacidade de consumo do animal aumentar à medida que vai se desenvolvendo, isso reforça a importância das dietas pré-inicias serem de alta palatabilidade e de maior digestibilidade até os 45 dias de vida.

Cochos na engorda

Um trabalho desenvolvido em Kansas em 2010, pesquisadores avaliaram 3 regulagens de cocho relacionados à cobertura de prato, o resultado encontrado sugere que no início do alojamento, o cocho deve ser ajustado para uma cobertura de prato de 58%, ou seja, deve ser ofertado em maior volume, o que não interfere na conversão alimentar, no entanto, após esses animais atingirem por volta de 68 kg, aproximadamente 115 dias de idade, o cocho deve ser ajustado para uma cobertura de prato menor, de 28%. Na prática devemos considerar que à medida que os animais vão crescendo a regulagem de cocho deve acompanhar de forma gradativa, diminuindo a cobertura de prato e 28 ou 25% de cobertura de prato é uma boa medida para ser considerada em animais mais velhos.

Sobre a utilização de água no cocho, existem vários estudos que mostram que a água presente no cocho aumenta o consumo médio diário de ração e esse consumo elevado pode aumentar a conversão alimentar. Um estudo avaliou diferentes regulagens de cocho comparando cochos com água e sem água.

Os pesquisadores encontraram um desempenho reduzido quando a configuração de abertura de cocho ficou mais fechada no início do alojamento dos animais, isso mostra que mesmo com a água no cocho, a regulagem é um fator primordial durante todo o período de alojamento para se ter um bons resultados sobre o consumo. O mesmo autor ressalta que o consumo de ração em cochos com a presença de água é mais sensível às diferenças de abertura.

Com isso podemos afirmar que é muito importante em qualquer tipo de cocho o acompanhamento da regulagem durante todo o período de alojamento dos animais. Outro detalhe importante no mesmo estudo é que houve um aumento no custo da ração associado ao maior consumo nos cochos com a presença de água, e que isso eliminou qualquer benefício de um peso maior no final.

No campo, a questão de ter água ou não no cocho deve ser avaliada a cada granja, pois devemos utilizar o benefício da água a nosso favor, ou seja, em momento que o mercado está favorável a maior desempenho, a água é uma boa estratégia para melhorar o ganho de peso, no entanto, quando o mercado não é favorável a retirada de água e um ajuste mais detalhado de cocho pode fazer a diferença no custo de produção.

Em uma granja onde realizei um projeto de ajuste de cocho, os colaboradores foram treinados a manusear o tipo de cocho presente na granja e assim trabalhamos a rotina com um foco na regulagem desses cochos. Após seis meses de trabalho realizamos um fechamento onde constatamos uma redução de 4% no consumo de ração, mantendo o mesmo resultado de ganho de peso e peso final.

Estudo sobre o desperdício

Muitas vezes não percebemos a importância de manter um cocho regulado e com a manutenção em dia. Sabemos que cada granja possui suas particularidades, mas vamos realizar um cálculo simples que pode nos dar uma ideia da importância de realizar esses ajustes.

Considerando uma granja de ciclo completo de mil matrizes com os seguintes índices de produção: 2,45 P/F/A  e 47 partos semanais e média de 12,5 desmamados, isso equivale a um desempenho de 30 DFA. Uma granja como essa aloja aproximadamente 580 animais por semana (vamos arredondar para facilitar os cálculos), além disso, vamos considerar que a idade de saída de creche seja de 63 dias e de abate seja 161 dias, totalizando 14 lotes de 580 animais no período de crescimento e engorda. Dando sequência, vamos considerar que para cada lote de 580 animais é utilizado um cocho para 45 animais, assim cada lote utilizaria aproximadamente 13 cochos, concluindo um número de 182 cochos utilizados na fase de crescimento e engorda dessa granja modelo.

Com esses números faremos uma conta simples considerando o desperdício de 1,0 kg por cocho temos em 30 dias um desperdício total de ração de 5.460 kg. O custo médio atual de uma dieta utilizando milho e soja é de aproximadamente R$ 2,05 o quilo, portanto o prejuízo mensal soma R$ 11.193.

As referências bibliográficas estão com o autor. Contato via: daniela.gaspar@wisium.com.

Para ficar atualizado e por dentro de tudo que está acontecendo no setor suinícola e da piscicultura acesse gratuitamente a edição digital Suínos e Peixes.

Fonte: Por Renato Philomeno, médico-veterinário, mestre em Produção e Nutrição de Não Ruminantes e consultor técnico comercial nas áreas de Gestão, Nutrição, Sanidade da Wisium.

Suínos / Peixes

Preços do suíno vivo encerram abril com movimentos distintos

Segundo pesquisadores deste Centro, em Minas Gerais, compradores estiveram mais ativos na aquisição de novos lotes de animais, levando suinocultores daquele estado a reajustarem positivamente os valores. Já em outras praças, as cotações seguiram em queda, pressionadas pela demanda enfraquecida.

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Foto: Ari Dias

Os preços do suíno vivo no mercado independente encerraram abril com movimentos distintos entre as regiões acompanhadas pelo Cepea.

Segundo pesquisadores deste Centro, em Minas Gerais, compradores estiveram mais ativos na aquisição de novos lotes de animais, levando suinocultores daquele estado a reajustarem positivamente os valores.

Já em outras praças, as cotações seguiram em queda, pressionadas pela demanda enfraquecida.

Para a carne, apesar da desvalorização das carcaças, agentes consultados pelo Cepea relataram melhora das vendas no final de abril.

Quanto às exportações, o volume de carne suína embarcado nos 20 primeiros dias úteis de abril já supera o escoado no mês anterior, interrompendo o movimento de queda observado desde fevereiro.

Segundo dados da Secex, são 86,8 mil toneladas do produto in natura enviadas ao exterior na parcial de abril, e, caso esse ritmo se mantenha, o total pode chegar a 95,4 mil toneladas, maior volume até então para este ano.

 

Fonte: Assessoria Cepea
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Suínos / Peixes

Embaixador da Coreia do Sul visita indústrias da C.Vale

Iniciativa pode resultar em novos negócios no segmento carnes da cooperativa

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Visitantes conheceram frigorífico de peixes - Fotos: Assessoria

A C.Vale recebeu, no dia 25 de abril, o embaixador da Coreia do Sul, Lim Ki-mo, e o especialista de negócios da embaixada sul-coreana, Rafael Eojin Kim. Eles conheceram os processos de industrialização de carne de frango, de peixes e da esmagadora de soja, além da disposição dos produtos nos pontos de venda do hipermercado da cooperativa, em Palotina.

O presidente da C.Vale, Alfredo Lang, recepcionou os visitantes e está confiante no incremento das vendas da cooperativa para a Coréia do Sul. “É muito importante receber uma visita dessa envergadura porque amplia os laços comerciais entre os dois países”, pontuou. Também participaram do encontro o CEO da cooperativa, Edio Schreiner, os gerentes Reni Girardi (Divisão Industrial), Fernando Aguiar (Departamento de Comercialização do Complexo Agroindustrial) e gerências de departamentos e indústrias.

O embaixador Lim Ki-Mo disse ter ficado admirado com o tamanho das plantas industriais e a tecnologia do processo de agroindustrialização da cooperativa. “Eu sabia que a C.Vale era grande, mas visitando pessoalmente fiquei impressionado. É incrível”, enfatizou o embaixador, que finalizou a visita cantando em forma de agradecimento pelo acolhimento da direção e funcionários da C.Vale.

 

Fonte: Assessoria CVale
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Suínos / Peixes

Doença do edema em suínos: uma análise detalhada

Diagnóstico da doença pode ser desafiador devido à rápida progressão da condição e à sobreposição de sintomas com outras enfermidades.

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Foto e texto: Assessoria

A doença do edema (DE) é um importante desafio sanitário em nível global na suinocultura. Com alta prevalência a patologia ocasiona perdas econômicas ao setor associadas, principalmente, com a morte súbita de leitões nas fases de creche e recria.

A doença foi descrita pela primeira vez na literatura por Shanks em 1938, na Irlanda do Norte, ao mesmo tempo que Hudson (1938) registrava sua ocorrência na Inglaterra.

Ao pensarmos no controle da enfermidade, a adoção de medidas de manejo adequadas desempenha um papel fundamental na prevenção da disseminação do Escherichia coli, o agente causador da DE.  Desta forma, é essencial reforçar práticas, como o respeito ao período de vazio sanitário durante a troca de lotes, a limpeza e desinfecção regular de todos os equipamentos e baias ocupadas com produtos adequados, e a garantia de que as baias estejam limpas e secas antes da introdução dos animais. Embora possam parecer simples, a aplicação rigorosa dessas ações é indispensável para o sucesso do manejo sanitário.

A toxinfecção característica pela DE é causada pela colonização do intestino delgado dos leitões por cepas da bactéria Escherichia coli produtoras da toxina Shiga2 (Vt2e) e que possuem habilidade de aderência às vilosidades intestinais, sendo uma das principais causas de morbidade e mortalidade em suínos, resultando em perdas econômicas significativas e impactos negativos na indústria suinícola.

Durante a multiplicação da bactéria (E.coli) no trato gastrointestinal dos suínos, a toxina Shiga 2 (Vt2e) é produzida e absorvida pela circulação sistêmica, onde induz a inativação da síntese proteica em células do endotélio vascular do intestino delgado, em tecidos subcutâneos e no encéfalo. A destruição das células endoteliais leva ao aparecimento do edema e de sinais neurotóxicos característicos da doença (HENTON; HUNTER, 1994).

Como resultado, ocorre extravasamento de fluido para os tecidos circundantes, resultando em edema, hemorragia e necrose, especialmente no intestino delgado. Além disso, a toxina pode desencadear uma resposta inflamatória sistêmica, exacerbando ainda mais os danos aos tecidos e órgãos afetados.

Os sinais clínicos da doença do edema em suínos variam em gravidade, mas frequentemente incluem, incoordenação motora com andar cambaleante que evolui para a paralisia de membros, edema de face, com inchaço bem característico das pálpebras, edema abdominal e subcutâneo, fezes sanguinolentas e dificuldade respiratória. O edema abdominal é uma característica marcante da doença, muitas vezes resultando em distensão abdominal pronunciada. Além disso, os suínos afetados podem apresentar sinais neurológicos, como tremores e convulsões, em casos graves.  Em toxinfecções de evolução mais aguda, os animais podem ir a óbito sem apresentar os sinais clínicos da doença, sendo considerado morte súbita.

O diagnóstico da doença do edema em suínos pode ser desafiador devido à rápida progressão da condição e à sobreposição de sintomas com outras doenças. No entanto, exames laboratoriais, como cultura bacteriana do conteúdo intestinal ou de swabs retais podem ajudar a identificar a presença. Quando há alto índices de mortalidade na propriedade, pode se recorrer a técnicas de necropsia, bem como a histopatologia das amostras de tecidos intestinais, sobretudo a identificação do gene da Vt2e via PCR, para o diagnóstico definitivo da doença

O tratamento geralmente envolve a administração de antibióticos, como penicilina ou ampicilina, para combater a infecção bacteriana, juntamente com terapias de suporte, como fluidoterapia e controle da dor.

Embora tenhamos métodos diagnósticos eficientes, o tratamento da doença do edema ainda é um desafio recorrente nas granjas. Sendo assim, prevenir a entrada da doença do edema no rebanho ainda é a melhor opção. Uma dieta rica em fibras, boas práticas de manejo sanitário, evitar situações de estresse logo após o desmame e a prática de vacinação são estratégias eficazes quando se diz respeito à prevenção (Rocha, 2016). Borowski et al. (2002) demonstraram, por exemplo, que duas doses de uma vacina composta por uma bactéria autógena contra E. coli, aplicadas em porcas e em leitões, foram suficientes para obter uma redução da sintomatologia e mortalidade dos animais acometidos.

A doença do edema em suínos representa um desafio significativo para a indústria suinícola, com sérias implicações econômicas e de bem-estar animal. Uma compreensão aprofundada dos mecanismos subjacentes à patogênese da doença, juntamente com a implementação de medidas preventivas e de controle eficazes, é essencial para minimizar sua incidência e impacto. Ao adotar uma abordagem integrada os produtores podem proteger a saúde e o bem-estar dos animais, ao mesmo tempo em que promovem a sustentabilidade e a rentabilidade da indústria suína.

Referências bibliográficas podem ser solicitadas pelo e-mail gisele@assiscomunicacoes.com.br.

Fonte: Por Pedro Filsner, médico-veterinário gerente nacional de Serviços Veterinários de Suínos da Ceva Saúde Animal.
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