Conectado com

Suínos

Manejo alimentar é desafio em granjas com alta densidade

Tratar de forma correta para que não haja disputa no comedouro é essencial para garantir bons resultados mesmo com alta densidade

Publicado em

em

Para garantir um bom desempenho dos animais, a nutrição é um dos pontos mais importantes, principalmente na fase de creche. E uma situação que as granjas têm enfrentado nos últimos anos é a alta densidade e consequente falta de espaço. Dessa forma, se não feito o manejo corretamente, os animais não desenvolverão o seu melhor potencial. Ou seja, se faltar comida ou água o desempenho cai. A médica veterinária Fernanda Laskoski falou sobre a “densidade e manejo alimentar na fase de creche e como estes fatores podem estar relacionados” durante o Simpósio Internacional de Suinocultura (Sinsui), que aconteceu de 22 a 24 de maio, em Porto Alegre, RS.

O tema vem sendo estudado pela profissional há algum tempo. Os dados obtidos no estudo fazem parte de uma nova linha de pesquisa iniciada no setor de Suínos da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) sobre estratégias de manejo para leitões na fase de creche. As informações fazem parte da tese de doutorado da pesquisadora.

Fernanda conta que estudos que abordam a densidade e o manejo alimentar para leitões na fase de creche, assim como a relação entre eles, ainda são escassos. “Dessa forma, iniciamos essa linha de pesquisa há poucos anos e, através da parceria gerada entre Setor de Suínos/UFRGS, Master Agroindustrial e Agroceres PIC, podemos afirmar a existência dessa relação para leitões na fase de creche”, diz.

Ela informa que quando se aborda manejo alimentar, está sendo referido ao espaço disponível no comedouro/leitão e a forma de apresentação dessa ração (úmida ou seca). “Através de dados recentes, podemos observar que o uso de ração seca promove aos animais uma duração de permanência maior no comedouro, e ao mesmo tempo, a necessidade de se buscar um acesso à água, tornando a disputa pelo espaço de comedouro e de baia maior”, afirma. Fernanda acrescenta que enquanto isso, foi possível notar ainda que o uso de ração úmida promove uma maior saciedade, reduzindo a necessidade pelo acesso à água, moderando o percentual de disputas por espaço físico de baia e por acesso ao comedouro e permitindo um menor espaço de comedouro disponível ou um maior número de leitões/boca.

A médica veterinária comenta que não é possível afirmar que aumentar o espaço de comedouro faria com que aumentasse os lucros na propriedade sem uma análise comparando a recomendação ideal em relação ao que já se pratica na propriedade. “Obviamente que apenas aumentar o espaço de comedouro não seria ideal e muito menos lucrativo se o manejo alimentar não estiver adequado. Ainda, deve se levar em consideração a forma de apresentação de ração – úmida ou seca –, a qual demostra exigências diferentes quanto ao espaço de comedouro disponível”, afirma.

Alternativas

De acordo com ela, segundo dados recentes, é possível afirmar que, com o uso de ração seca, aumentar o espaço de comedouro para leitões ou reduzir o número de leitões/boca submetidos a uma alta densidade é sim uma alternativa interessante para melhoria dos indicadores zootécnicos, visto que investimentos em espaço de comedouro são menores quando comparados a investimentos em espaço físico de baia. “Ainda neste mesmo contexto, de acordo com os nossos dados e através de uma regressão logística, levando em consideração a taxa de sobrevivência e o peso final da fase, temos uma tendência de que a cada aumento de 1 cm de espaço de comedouro/leitão, consegue-se 54,25 quilos a mais entregues ao final da creche, a cada 100 leitões desmamados”, relata.

Fernanda ainda afirma que já se sabe que aumentar o espaço de comedouro com o uso de ração seca traz o benefício de aumentar o desempenho a partir do aumento do espaço no comedouro para o animal. “Nos últimos trabalhos, temos observado que um menor número de leitões/boca (maior espaço de comedouro) com o uso de ração seca, em animais sob alta densidade, gerou uma antecipação e aumento de consumo pós-desmame e uma tendência de melhoria no GPD ao longo da fase de creche. Porém, com uso de ração úmida, este benefício pode não ser observado”, esclarece.

Aumentando desempenho e espaço

De acordo com a médica veterinária, a qualidade dos comedouros ainda é um ponto crítico nas instalações. “Existe uma gama de comedouros presentes no mercado e cada um com sua particularidade. No entanto, o comedouro ainda não é tratado com grande importância na fase de creche”, conta. Fernanda explica que pelo fornecimento da ração ser à vontade nessa fase, a regulagem e preenchimento de pratos dos comedouros também são pontos essenciais, mas pouco manejados.

Porém, ela afirma que independentemente do tipo de comedouro utilizado, algo que é extremamente relevante e algumas vezes esquecido é o espaço de comedouro disponível para consumo, ou seja, o espaço de área útil para a alimentação. “Por isso, o primeiro passo é identificar: qual espaço de comedouro ou número de leitões/boca que está sendo utilizado na instalação? A partir dessa análise, podemos inferir o que é mais vantajoso e o que pode se praticar, pois podemos afirmar que o espaço disponível de comedouro/leitão possui impacto e um envolvimento direto e indireto com indicadores zootécnicos importantes, como o GPD, consumo alimentar e até ocorrência de canibalismo”, continua.

Por isso, para a pesquisadora, avaliar cada instalação de creche que compõe um sistema com o intuito de identificar o espaço de comedouro utilizado é uma possível oportunidade de ganhos em produtividade e bem-estar animal.

Menos canibalismo

Fernanda informa ainda que em trabalhos atuais já foi demonstrado existir uma relação entre espaço de comedouro e ocorrência de canibalismo de cauda e orelha. “Com um maior número de leitões por espaço disponível de comedouro, espera-se que aumente a competição por alimento entre os animais e isso induza a um estresse. O estresse pode ocorrer porque os leitões não são livres para comer em momentos desejados ou para consumir a quantidade desejada de alimento e, com isso, podem gerar e serem submetidos a interações agressivas, sendo o canibalismo uma delas”, comenta.

Dessa forma, para casos onde se utiliza ração seca, aumentar o espaço de comedouro pode gerar uma redução ou até ausência de canibalismo, em casos de alta densidade, contribuindo para o bem-estar animal, explica a médica veterinária. “Já o uso de ração úmida, quando bem manejada, pode promover uma redução de estresse ao reduzir disputas pelo acesso ao comedouro”, informa.

Fernanda diz que é possível afirmar que com a evolução da produtividade e o aumento do número de desamados/fêmea/ano é perceptível rotineiramente que agroindústrias e empresas produtoras de suínos têm aumentado o número de leitões nas instalações de creche, sendo comum observar animais alojados em densidade maior que a indicada para a fase e peso. “O número de animais aumentou, porém, as instalações não acompanharam esse aumento. Pensar em possibilidades e alternativas que auxiliem neste cenário é essencial para manutenção dos resultados zootécnicos”, frisa.

A médica veterinária ainda ressalta que a utilização de ração úmida gera um alto percentual de manejo e uma maior necessidade de disponibilidade de mão-de-obra, quando comparado ao uso de ração seca. “Porém, como já citado, quando bem manejada, pode trazer muitos benefícios para leitões nessa fase, auxiliando principalmente em cenários com pouca oferta de espaço físico e de comedouro. Identificar pontos como número de animais/boca de comedouro, densidade e forma de oferta do alimento para extrair ao máximo o potencial genético das linhagens atuais de acordo com o ambiente ofertado ainda é gargalo da produção que deve ser revisado”, sugere a especialista.

Mais informações você encontra na edição de Suínos e Peixes de maio/junho de 2018 ou online.

Fonte: O Presente Rural

Continue Lendo

Suínos

Poder de compra do suinocultor cai e relação de troca com farelo atinge pior nível do semestre

Após pico histórico em setembro, alta nos preços do farelo de soja reduz competitividade e encarece a alimentação dos plantéis em novembro.

Publicado em

em

Foto: Divulgação/Arquivo OPR

A relação de troca de suíno vivo por farelo de soja atingiu em setembro o momento mais favorável ao suinocultor paulista em 20 anos.

No entanto, desde outubro, o derivado de soja passou a registrar pequenos aumentos nos preços, contexto que tem desfavorecido o poder de compra do suinocultor.

Assim, neste mês de novembro, a relação de troca de animal vivo por farelo já é a pior deste segundo semestre.

Cálculos do Cepea mostram que, com a venda de um quilo de suíno vivo na região de Campinas, o produtor pode adquirir, nesta parcial de novembro (até o dia 18), R$ 5,13 quilos de farelo, contra R$ 5,37 quilos em outubro e R$ 5,57 quilos em setembro.

Trata-se do menor poder de compra desde junho deste ano, quando era possível adquirir R$ 5,02 quilos.

Fonte: Assessoria Cepea
Continue Lendo

Suínos

Aurora Coop lança primeiro Relatório de Sustentabilidade e consolida compromisso com o futuro

Documento reúne práticas ambientais, sociais e de governança, reforçando o compromisso da Aurora Coop com transparência, inovação e desenvolvimento sustentável.

Publicado em

em

Fotos: Aurora Coop

A Aurora Coop acaba de publicar o seu primeiro Relatório de Sustentabilidade, referente ao exercício de 2024, documento que inaugura uma nova etapa na trajetória da cooperativa. O lançamento reafirma o compromisso da instituição em integrar a sustentabilidade à estratégia corporativa e aos processos de gestão de um dos maiores conglomerados agroindustriais do país.

Segundo o presidente Neivor Canton, o relatório é fruto de um trabalho que alia governança, responsabilidade social e visão de futuro. “A sustentabilidade, para nós, não é apenas um conceito, mas uma prática incorporada em todas as nossas cadeias produtivas. Este relatório demonstra a maturidade da Aurora Coop e nossa disposição em ampliar a transparência com a sociedade”, destacou.

Em 2024, a Aurora Coop registrou receita operacional bruta de R$ 24,9 bilhões, crescimento de 14,2% em relação ao ano anterior. Presente em mais de 80 países distribuídos em 13 regiões comerciais, incluindo África, América do Norte, Ásia e Europa, a cooperativa consolidou a posição de destaque internacional ao responder por 21,6% das exportações brasileiras de carne suína e 8,4% das exportações de carne de frango.

Vice-presidente da Aurora Coop Marcos Antonio Zordan e o presidente Neivor Canton

De acordo com o vice-presidente de agronegócios, Marcos Antonio Zordan, os números atestam a força do cooperativismo e a capacidade de geração de riqueza regional. “O modelo cooperativista mostra sua eficiência ao unir produção, competitividade e compromisso social. Esses resultados são compartilhados entre os cooperados e as comunidades, e reforçam a relevância do setor no desenvolvimento do país”, afirmou.

A jornada de sustentabilidade da Aurora Coop foi desenhada em consonância com padrões internacionais e com base na escuta ativa dos públicos estratégicos. Entre os temas prioritários figuram: uso racional da água, gestão de efluentes, transição energética, práticas empregatícias, saúde e bem-estar animal, segurança do consumidor e desenvolvimento local. “O documento reflete uma organização que reconhece a responsabilidade de atuar em cadeias longas e complexas, como a avicultura, a suinocultura e a produção de lácteos”, sublinha Canton.

Impacto social e ambiental

Em 2024, a cooperativa gerou 2.510 novos empregos, alcançando o marco de 46,8 mil colaboradores, dos quais 31% em cargos de liderança são ocupados por mulheres. Foram distribuídos R$ 3,3 bilhões em salários e benefícios, além de R$ 580 milhões em investimentos sociais e de infraestrutura, com destaque para a ampliação de unidades industriais e melhorias estruturais que fortaleceram as economias locais.

A Fundação Aury Luiz Bodanese (FALB), braço social da Aurora Coop, realizou mais de 930 ações em oito estados, beneficiando diretamente mais de 54 mil pessoas. Em resposta à emergência climática no Rio Grande do Sul, a instituição doou 100 toneladas de alimentos, antecipou o 13º salário dos colaboradores da região, disponibilizou logística para doações, distribuiu EPIs a voluntários e destinou recursos à aquisição de medicamentos.

O relatório evidencia práticas voltadas ao uso eficiente de recursos naturais e à gestão de resíduos com foco na circularidade. Em 2024, a cooperativa intensificou a autogeração de energia a partir de fontes renováveis e devolveu ao meio ambiente mais de 90% da água utilizada, devidamente tratada.

Outras iniciativas incluem reflorestamento próprio, rotas logísticas otimizadas e embalagens sustentáveis: 79% dos materiais vieram de fontes renováveis, 60% do papelão utilizado eram reciclados e 86% dos resíduos foram reaproveitados, especialmente por meio de compostagem, biodigestão e reciclagem. Em parceria com o Instituto Recicleiros, a Aurora Coop atuou na Logística Reversa de Embalagens em nível nacional. “O cuidado ambiental é parte de nossa responsabilidade como produtores de alimentos e como cidadãos cooperativistas”, enfatiza Zordan.

O bem-estar animal e a segurança do consumidor estão no cerne da atuação da cooperativa. Práticas rigorosas asseguram o respeito aos animais e a inocuidade dos alimentos, garantindo a confiança dos mercados internos e externos.

Futuro sustentável

Para Neivor Canton, a publicação do primeiro relatório é um marco institucional que projeta a Aurora Coop para novos patamares de governança. “Este documento não é um ponto de chegada, mas de partida. Ao comunicar com transparência nossas ações e resultados, reforçamos nossa identidade cooperativista e reiteramos o compromisso de gerar prosperidade compartilhada e preservar os recursos para as futuras gerações.”

Já Marcos Antonio Zordan ressalta que a iniciativa insere a Aurora Coop no rol das empresas globais que aliam competitividade e responsabilidade. “A sustentabilidade é o caminho para garantir longevidade empresarial, fortalecer o vínculo com a sociedade e assegurar alimentos produzidos de forma ética e responsável.”

O Relatório de Sustentabilidade 2024 da Aurora Coop confirma o papel de liderança da cooperativa como referência nacional e internacional na integração entre desempenho econômico, responsabilidade social e cuidado ambiental. Trata-se de uma publicação que fortalece a identidade cooperativista e projeta a instituição como protagonista na construção de um futuro sustentável.

Com distribuição nacional nas principais regiões produtoras do agro brasileiro, O Presente Rural – Suinocultura também está disponível em formato digital. O conteúdo completo pode ser acessado gratuitamente em PDF, na aba Edições Impressas do site.

Fonte: O Presente Rural
Continue Lendo

Suínos

Swine Day 2025 reforça integração entre ciência e indústria na suinocultura

Com 180 participantes, painéis técnicos, pré-evento sanitário e palestras internacionais, encontro promoveu troca qualificada e aproximação entre universidade e setor produtivo.

Publicado em

em

Foto: Divulgação/Swine Day

Realizado nos dias 12 e 13 de novembro, na Faculdade de Veterinária da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), o Swine Day chegou à sua 9ª edição reunindo 180 participantes, 23 empresas apoiadoras, quatro painéis, 29 apresentações orais e oito espaços de discussão. O encontro reafirmou sua vocação de aproximar pesquisa científica e indústria suinícola, promovendo ambiente de troca técnica e atualização profissional.

O evento também contou com um pré-evento dedicado exclusivamente aos desafios sanitários causados por Mycoplasma hyopneumoniae na suinocultura mundial, com quatro apresentações orais, uma mesa-redonda e 2 espaços de debate direcionados ao tema.

As pesquisas apresentadas foram organizadas em quatro painéis temáticos: UFRGS–ISU, Sanidade, Nutrição e Saúde e Produção e Reprodução. Cada sessão contou com momentos de discussão, reforçando a proposta do Swine Day de estimular o diálogo técnico entre academia, empresas e profissionais da cadeia produtiva.

Entre os destaques da programação estiveram as palestras âncoras. A primeira, ministrada pelo Daniel Linhares, apresentou “Estratégias epidemiológicas para monitoria sanitária em rebanhos suínos: metodologias utilizadas nos EUA que poderiam ser aplicadas no Brasil”. Já o Gustavo Silva abordou “Ferramentas de análise de dados aplicadas à tomada de decisão na indústria de suínos”.

Durante o encerramento, a comissão organizadora agradeceu a participação dos presentes e anunciou que a próxima edição do Swine Day será realizada nos dias 11 e 12 de novembro de 2026.

Com elevado nível técnico, forte participação institucional e apoio do setor privado, o Swine Day 2025 foi considerado pela organização um sucesso, consolidando sua importância como espaço de conexão entre ciência e indústria dentro da suinocultura brasileira.

Fonte: O Presente Rural
Continue Lendo

NEWSLETTER

Assine nossa newsletter e recebas as principais notícias em seu email.