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Mananoligossacarídeos – MOS: modo de ação e benefícios na produção animal
Além de auxiliar na prevenção de ocorrência de determinadas enfermidades, o MOS atua na modulação da microbiota intestinal

Artigo escrito por Eliana Dantas, médica veterinária, PhD e gerente técnico Global para Monogástricos da Biorigin
A inclusão de aditivos nutricionais nas dietas dos animais de produção é uma prática comum e observada globalmente, pois os aditivos têm se mostrado como uma ferramenta útil na prevenção de desordens intestinais, na melhora da saúde intestinal e na melhora das respostas de defesa dos animais.
Com a expansão global da restrição ao uso de antibióticos como promotores de crescimento, muitas alternativas têm sido estudadas e muitas são as ofertas ao mercado de produtos funcionais que, dentro de um programa sanitário e de melhorias no manejo, buscam manter o bem-estar e o desempenho animal. Neste contexto, para que o produtor possa fazer uma escolha assertiva, faz-se necessário o entendimento adequado do modo de ação específico dos diferentes aditivos e similares e a compreensão das melhores formas de aplicação, considerando principalmente as possíveis combinações de produtos e os resultados esperados de acordo com a fase de produção e os seus principais desafios.
Entre as alternativas estão os produtos prebióticos. Prebióticos são ingredientes alimentares que não são digeridos na porção proximal do trato gastrintestinal de animais monogástricos e são benéficos ao hospedeiro por estimular, seletivamente, o crescimento e/ou atividade de um limitado número de microrganismos no cólon, os quais proporcionam um ambiente intestinal saudável.
Derivados da levedura Saccharomyces cerevisiae possuem ação prebiótica e os mananoligossacarídeos (MOS) são empregados há tempos na alimentação animal, com diversos benefícios comprovados.
O MOS é parte integrante da parede da levedura e apresenta como forma de ação a capacidade de aglutinar bactérias Gram-negativas que contém fímbria tipo 1, modular a flora intestinal por servir de substrato para o crescimento de bactérias benéficas, adsorver algumas micotoxinas e tem capacidade de estimular alguns parâmetros da função imune intestinal. A capacidade de adsorção das bactérias patogênicas se dá através da ação das mananas (polímero de manose) que atuam como ligantes de alta afinidade para receptores manose-específicos presentes em fímbrias tipo 1. Com esta ligação, o patógeno não se adere à mucosa intestinal, sendo expelido através das fezes, sem que ocorra a infecção, mantendo-se assim a saúde e o desempenho animal.
A mesma prevenção ocorre em casos de intoxicação por micotoxinas, já que o MOS é capaz de se ligar seletivamente e inativar determinadas micotoxinas no lúmen intestinal. Além de auxiliar na prevenção de ocorrência de determinadas enfermidades, o MOS atua na modulação da microbiota intestinal favorecendo a proliferação de bactérias benéficas, especialmente Lactobacillus e Bifidobacterium, as quais fermentam o MOS para sua nutrição e neste processo há a produção de ácidos graxos de cadeia curta que servem de fonte energética aos enterócitos, e ainda há a redução do pH do meio, o que torna o ambiente desfavorável ao desenvolvimento de determinadas bactérias patogênicas, resultando em proteção e integridade intestinal.
Estudos recentes
Por fim, estudo recente comprovou a ação do MOS no fortalecimento da imunidade intestinal de animais infectados experimentalmente com Escherichia coli, através do aumento da produção de anticorpos anti-E. coli e aumento da produção das citocinas IL-1, IL-6, IL-10 e TNF-α.
Tendo a microbiota do trato digestivo ação significativa no estado sanitário dos animais e sendo a imunidade local de extrema importância para a proteção animal, o emprego do MOS na dieta representa uma ferramenta útil na manutenção da saúde intestinal e no combate aos desafios de campo, favorecendo ao final os índices zootécnicos e produtivos, reduzindo a dependência aos antibióticos.
Com o objetivo de avaliar os efeitos benéficos da inclusão mananas de alta solubilidade na dieta de leitões desmamados, realizou-se um estudo com desafio experimental com Escherichia coli K88 que avaliou o desempenho animal e a saúde intestinal na Universidade de Minnesota. O processo de produção deste aditivo torna a camada de mananas mais solúvel, o que eleva sua atividade e expõe parcialmente a camada de glucanas, responsáveis por modular a resposta imune sistêmica, potencializando assim o efeito prebiótico deste produto, quando comparado ao MOS padrão.
Neste estudo fez-se a inclusão de 0,1% do aditivo comercial na dieta dos leitões durante os primeiros 11 dias pós-desmame. Os resultados desta inclusão foram comparados aos dos animais desafiados e não suplementados com o aditivo prebiótico. Como resultado desta inclusão do aditivo na dieta dos leitões houve maior ganho de peso total pelos leitões (P=0,002) e maior ganho de peso diário (P=0,02) e melhora na conversão alimentar (P=0,01). Observou-se ainda maior proliferação celular nos tecidos linfoides de íleo e linfonodo mesentérico dos animais tratados, indicando a ação do produto na modulação do sistema imune. Houve também maior produção de ácidos graxos voláteis de cadeia curta e vilosidades intestinais maiores, demonstrando a influência positiva do aditivo na mucosa intestinal.
Poder de aglutinação
Estes resultados evidenciam o poder de aglutinação da E. coli pela levedura Saccharomyces cerevisiae e seu efeito positivo na saúde intestinal, na proteção e no desempenho dos animais.
Todos estes benefícios comprovam a importância do emprego de MOS de alta qualidade na dieta dos animais de produção na promoção da saúde e desempenho, na função imune e no fortalecimento da barreira intestinal. Também, comprova-se a importância de seu emprego nos programas de redução no uso de antibióticos, ressaltando que, em relação aos antibióticos promotores de crescimento, o MOS e outros derivados da levedura Saccharomyces cerevisiae não exigem período de carência, não possuem efeito residual e não induzem mutação ou resistência bacteriana.
Outras notícias você encontra na edição de Suínos e Peixes de julho/agosto de 2019 ou online.

Suínos
Swine Day 2025 reforça integração entre ciência e indústria na suinocultura
Com 180 participantes, painéis técnicos, pré-evento sanitário e palestras internacionais, encontro promoveu troca qualificada e aproximação entre universidade e setor produtivo.

Realizado nos dias 12 e 13 de novembro, na Faculdade de Veterinária da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), o Swine Day chegou à sua 9ª edição reunindo 180 participantes, 23 empresas apoiadoras, quatro painéis, 29 apresentações orais e oito espaços de discussão. O encontro reafirmou sua vocação de aproximar pesquisa científica e indústria suinícola, promovendo ambiente de troca técnica e atualização profissional.
O evento também contou com um pré-evento dedicado exclusivamente aos desafios sanitários causados por Mycoplasma hyopneumoniae na suinocultura mundial, com quatro apresentações orais, uma mesa-redonda e 2 espaços de debate direcionados ao tema.
As pesquisas apresentadas foram organizadas em quatro painéis temáticos: UFRGS–ISU, Sanidade, Nutrição e Saúde e Produção e Reprodução. Cada sessão contou com momentos de discussão, reforçando a proposta do Swine Day de estimular o diálogo técnico entre academia, empresas e profissionais da cadeia produtiva.
Entre os destaques da programação estiveram as palestras âncoras. A primeira, ministrada pelo Daniel Linhares, apresentou “Estratégias epidemiológicas para monitoria sanitária em rebanhos suínos: metodologias utilizadas nos EUA que poderiam ser aplicadas no Brasil”. Já o Gustavo Silva abordou “Ferramentas de análise de dados aplicadas à tomada de decisão na indústria de suínos”.
Durante o encerramento, a comissão organizadora agradeceu a participação dos presentes e anunciou que a próxima edição do Swine Day será realizada nos dias 11 e 12 de novembro de 2026.
Com elevado nível técnico, forte participação institucional e apoio do setor privado, o Swine Day 2025 foi considerado pela organização um sucesso, consolidando sua importância como espaço de conexão entre ciência e indústria dentro da suinocultura brasileira.
Suínos
Preços do suíno vivo seguem estáveis e novembro registra avanço nas principais praças
Indicador Cepea/ESALQ mostra mercado firme com altas moderadas no mês e estabilidade diária em estados líderes da suinocultura.

Os preços do suíno vivo medidos pelo Indicador Cepea/Esalq registraram estabilidade na maioria das praças acompanhadas na terça-feira (18). Apesar do cenário de calmaria diária, o mês ainda apresenta variações positivas, refletindo um mercado que segue firme na demanda e no escoamento da produção.
Em Minas Gerais, o valor médio se manteve em R$ 8,44/kg, sem alteração no dia e com avanço mensal de 2,55%, o maior entre os estados analisados. No Paraná, o preço ficou em R$ 8,45/kg, registrando leve alta diária de 0,24% e acumulando 1,20% no mês.
No Rio Grande do Sul, o indicador permaneceu estável em R$ 8,37/kg, com crescimento mensal de 1,09%. Santa Catarina, tradicional referência na suinocultura, manteve o preço em R$ 8,25/kg, repetindo estabilidade diária e mensal.
Em São Paulo, o valor do suíno vivo ficou em R$ 8,81/kg, sem variação no dia e com leve alta de 0,46% no acumulado de novembro.
Os dados são do Cepea, que monitora diariamente o comportamento do mercado e evidencia, neste momento, um setor de suínos com preços firmes, porém com oscilações moderadas entre as principais regiões produtoras.
Suínos
Produção de suínos avança e exportações seguem perto de recorde
Mercado interno reage bem ao aumento da oferta, enquanto embarques permanecem em níveis históricos e sustentam margens da suinocultura.

A produção de suínos mantém trajetória de crescimento, impulsionada por abates maiores, carcaças mais pesadas e margens favoráveis, de acordo com dados do Itaú BBA Agro. Embora o volume disponibilizado ao mercado interno esteja maior, a demanda doméstica tem respondido positivamente, garantindo firmeza nos preços mesmo diante da ampliação da oferta.
Em outubro, o preço do suíno vivo registrou leve retração, com queda de 4% na média ponderada da Região Sul e de Minas Gerais. Apesar disso, o spread da suinocultura sofreu apenas uma redução marginal e segue em patamar sólido.

Foto: Shutterstock
Dados do IBGE apontam que os abates cresceram 6,1% no terceiro trimestre de 2025 frente ao mesmo período de 2024, após altas de 2,3% e 2,6% nos trimestres anteriores. Com carcaças mais pesadas neste ano, a produção de carne suína avançou ainda mais, chegando a 8,1%, reflexo direto das boas margens, favorecidas por custos de produção controlados.
Do lado da demanda, o mercado externo tem sido um importante aliado na absorção do aumento da oferta. Em outubro, as exportações somaram 125,7 mil toneladas in natura, o segundo maior volume da história, atrás apenas do mês anterior, e 8% acima de outubro de 2024. No acumulado dos dez primeiros meses do ano, o crescimento chega a 13,5%.
O preço médio em dólares recuou 1,2%, mas o impacto sobre o spread de exportação foi mínimo. O indicador segue próximo de 43%, acima da média histórica de dez anos (40%), impulsionado pela desvalorização cambial, que atenuou a queda em reais.
Mesmo com as exportações caminhando para superar o recorde histórico de 2024, a oferta interna de carne suína está maior em 2025 em função do aumento da produção. Ainda assim, o mercado doméstico tem absorvido bem esse volume adicional, mantendo os preços firmes e reforçando o bom momento do setor.



