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Mais de 75% das sementes de trigo do Paraná já estão comercializadas
Líder na produção de grãos de trigo no país, Paraná também é referência em sementes de qualidade para o cereal, contribuindo diretamente para um melhor potencial produtivo no campo

Produtores paranaenses de sementes de trigo já comercializaram mais de 75% do estoque reservado a safra do cereal em 2021. O Paraná tem estimativa de semear uma área de 1 milhão 142 mil hectares de trigo neste ano, o que corresponde a aumento de 2% em relação a 2020. Os dados são da Associação Paranaense dos produtores de Sementes e Mudas – Apasem com base em estudos internos junto a empresários do setor e análise de números divulgados pelo Departamento de Economia Rural (Deral) e Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).
Segundo a Associação, o produtor sementeiro está atento as intensas movimentações do mercado do trigo nestes últimos tempos. Com isso, a procura pela semente deste cereal, que ocorre tradicionalmente no mês de março, em 2021, iniciou ainda primeiras semanas do mês de janeiro. “Isto já era indicativo de que o Paraná repetiria o bom desempenho visto nos dois últimos anos quando, somente nossos associados colheram mais de 4 milhões sacas, contendo cada uma 40 quilos de sementes”, aponta o Diretor Executivo da Apasem, Jhony Möller.
Esses números continuam dando a dianteira ao Estado na produção de sementes e do grão do cereal em todo o Brasil. Dos mais de 11,8 milhões de toneladas de grãos necessárias para abastecer o mercado interno anualmente, 6,2 milhões de toneladas são produzidas no Brasil, dos quais o Paraná injeta 3,7 milhões de toneladas ou 50% de toda a produção do trigo interno. Outras 5 milhões de toneladas o país precisa importar de diferentes países.
Normalmente a semeadura inicia em meados de maio, dependendo das condições climáticas de cada região. “Essa tendência deve se manter, uma vez que grande parte da comercialização da semente já ocorreu”, destaca Möller.
A tecnologia avançada disponível, tanto para sementes quanto para o manuseio da lavoura, bem como preços atrativos, estão levando produtores a optarem pelo cultivo do trigo em 2021, visando atender ao déficit que o país ainda têm em relação ao consumo interno do cereal.
Para que ele possa ter um ponta pé inicial com qualidade em sua lavoura, o começo de tudo é a escolha de uma boa semente que lhe permita um alto potencial produtivo. “Aliado ao clima, solo e boas práticas de manejo esse produtor certamente terá resultados expressivos na lavoura e de certa forma garantia de que o grão terá aceitação no mercado interno”, avalia Jhony.
O Diretor explica ainda que o Paraná é reconhecido nacionalmente por oferecer sementes de qualidade ao mercado. “De todas as empresas associadas a Apasem, 90% dedicam sua produção de sementes parcial e até total na produção voltada ao trigo. Um negócio que gera milhões a economia do Estado e feito por gestores e estruturas altamente qualificadas”, explica Moller.
Parte dessas sementes passam por análise nos laboratórios da Apasem em Ponta Grossa e Toledo, sendo que a região dos Campos Gerais produz a maioria do trigo paranaense. As amostras recebidas pela estrutura de Ponta Grossa nos últimos tempos apontaram que as sementes que estão chegando a safra de 2021 são de alta qualidade. “Podemos afirmar que 99% do trigo que estamos analisando apresenta resultado acima dos 80% de germinação, padrão mínimo exigido pela legislação para que se possa realizar a comercialização de sementes. Chama a atenção também o fato do vigor das sementes estarem bastante elevados”, explica a responsável técnica de Laboratório Apasem, Juliana Veiga. As primeiras amostras de trigo foram recebidas em novembro de 2020 e a finalização das análises ocorreram no final de fevereiro.

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Santa Catarina registra avanço simultâneo nas importações e exportações de milho em 2025
Volume importado sobe 31,5% e embarques aumentam 243%, refletindo demanda das cadeias produtivas e oportunidades geradas pela proximidade dos portos.

As importações de milho seguem em ritmo acelerado em Santa Catarina ao longo de 2025. De janeiro a outubro, o estado comprou mais de 349,1 mil toneladas, volume 31,5% superior ao do mesmo período do ano passado, segundo dados do Boletim Agropecuário de Santa Catarina, elaborado pela Epagri/Cepa com base no Comex Stat/MDIC. Em termos de valor, o milho importado movimentou US$ 59,74 milhões, alta de 23,5% frente ao acumulado de 2024. Toda a origem é atribuída ao Paraguai, principal fornecedor externo do cereal para o mercado catarinense.

Foto: Claudio Neves
A tendência de expansão no abastecimento externo se intensificou no segundo semestre. Em outubro, Santa Catarina importou mais de 63 mil toneladas, mantendo a curva ascendente registrada desde julho, quando os volumes mensais passaram consistentemente da casa das 50 mil toneladas. A Epagri/Cepa aponta que esse movimento deve avançar até novembro, período em que a demanda das agroindústrias de aves, suínos e bovinos segue aquecida.
Os dados mensais ilustram essa escalada. De outubro de 2024 a outubro de 2025, as importações variaram de mínimas próximas a 3,4 mil toneladas (março/25) a máximas superiores a 63 mil toneladas (setembro/25). Nesse intervalo, meses como junho, julho e agosto concentraram forte entrada do cereal, acompanhados de receitas que oscilaram entre US$ 7,4 milhões e US$ 11,2 milhões.
Exportações crescem apesar do déficit interno
Em um cenário aparentemente contraditório, o estado, que possui déficit anual estimado em 6 milhões de toneladas de milho para suprir seu grande parque agroindustrial, também ampliou as exportações do grão em 2025.
Até outubro, Santa Catarina embarcou 130,1 mil toneladas, um salto de 243,9% em relação ao mesmo período de 2024. O valor exportado também chamou atenção: US$ 30,71 milhões, alta de 282,33% na comparação anual.

Foto: Claudio Neves
Segundo a Epagri/Cepa, essa movimentação ocorre majoritariamente em regiões produtoras próximas aos portos catarinenses, onde os preços de exportação tornam-se mais competitivos que os do mercado interno, especialmente quando o câmbio favorece vendas externas ou quando há descompasso logístico entre oferta e demanda regional.
Essa dinâmica reforça um traço estrutural conhecido do agro catarinense: ao mesmo tempo em que é um dos maiores consumidores de milho do país, devido ao peso das cadeias de proteína animal, Santa Catarina não alcança autossuficiência e depende do cereal de outras regiões e países para abastecimento. A exportação pontual ocorre quando há excedentes regionais temporários, oportunidades comerciais ou vantagens logísticas.
Perspectivas
Com a entrada gradual da nova safra 2025/26 no estado e no Centro-Oeste brasileiro, a tendência é que os volumes importados se acomodem a partir do fim do ano. No entanto, o comportamento do câmbio, os preços internacionais e o resultado final da produção catarinense seguirão determinando a necessidade de compras externas — e, por outro lado, a competitividade das exportações.
Para a Epagri/Cepa, o quadro de 2025 reforça tanto a importância do milho como insumo estratégico para as cadeias de proteína animal quanto a vulnerabilidade decorrente da dependência externa e interestadual do cereal. Santa Catarina continua sendo um estado que importa para abastecer seu agro e exporta quando a lógica de mercado permite, um equilíbrio dinâmico que movimenta portos, indústrias e produtores ao longo de todo o ano.
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Brasil e Japão avançam em tratativas para ampliar comércio agro
Reunião entre Mapa e MAFF reforça pedido de auditoria japonesa para habilitar exportações de carne bovina e aprofunda cooperação técnica entre os países.

OMinistério da Agricultura e Pecuária (Mapa), representado pelo secretário de Comércio e Relações Internacionais, Luis Rua, realizou uma reunião bilateral com o vice-ministro internacional do Ministério da Agricultura, Pecuária e Florestas (MAFF), Osamu Kubota, para fortalecer a agenda comercial entre os países e aprofundar o diálogo sobre temas da relação bilateral.
No encontro, a delegação brasileira apresentou as principais prioridades do Brasil, incluindo temas regulatórios e iniciativas de cooperação, e reiterou o pedido para o agendamento da auditoria japonesa necessária para a abertura do mercado para exportação de carne bovina brasileira. O Mapa também destacou avanços recentes no diálogo e reforçou os pontos considerados estratégicos para ampliar o fluxo comercial e aprimorar mecanismos de parceria.
Os representantes japoneses compartilharam seus interesses e expectativas, demonstrando disposição para intensificar o diálogo técnico e buscar convergência nas agendas de interesse mútuo.
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Bioinsumos colocam agro brasileiro na liderança da transição sustentável
Soluções biológicas reposicionam o agronegócio como força estratégica na agenda climática global.

A sustentabilidade como a conhecemos já não é suficiente. A nova fronteira da produção agrícola tem nome e propósito: agricultura sustentável, um modelo que revitaliza o solo, amplia a biodiversidade e aumenta a captura de carbono. Em destaque nas discussões da COP30, o tema reposiciona o agronegócio como parte da solução, consolidando-se como uma das estratégias mais promissoras para recuperação de agro-ecossistemas, captura de carbono e mitigação das mudanças climáticas.

Thiago Castro, Gerente de P&D da Koppert Brasil participa de painel na AgriZone, durante a COP30: “A agricultura sustentável é, em sua essência, sobre restaurar a vida”
Atualmente, a agricultura e o uso da terra correspondem a 23% das emissões globais de gases do efeito, aproximadamente. Ao migrar para práticas sustentáveis, lavouras deixam de ser fontes de emissão e tornam-se sumidouros de carbono, “reservatórios” naturais que filtram o dióxido de carbono da atmosfera. “A agricultura sustentável é, em sua essência, sobre restaurar a vida. E não tem como falar em vida no solo sem falar em controle biológico”, afirma o PhD em Entomologia com ênfase em Controle Biológico, Thiago Castro.
Segudo ele, ao introduzir um inimigo natural para combater uma praga, devolvemos ao ecossistema uma peça que faltava. “Isso fortalece a teia biológica, melhora a estrutura do solo, aumenta a disponibilidade de nutrientes e reduz a necessidade de intervenções agressivas. É a própria natureza trabalhando a nosso favor”, ressalta.
As soluções biológicas para a agricultura incluem produtos à base de micro e macroorganismos e extratos vegetais, sendo biodefensivos (para controle de pragas e doenças), bioativadores (que auxiliam na nutrição e saúde das plantas) e bioestimulantes (que melhoram a disponibilidade de nutrientes no solo).
Maior mercado mundial de bioinsumos
O Brasil é protagonista nesse campo: cerca de 61% dos produtores fazem uso regular de insumos biológicos agrícolas, uma taxa quatro vezes maior que a média global. Para a safra de 2025/26, o setor projeta um crescimento de 13% na adoção dessas tecnologias.
A vespa Trichogramma galloi e o fungo Beauveria bassiana (Cepa Esalq PL 63) são exemplos de macro e microrganismos amplamente utilizados nas culturas de cana-de-açúcar, soja, milho e algodão, para o controle de lagartas e mosca-branca, respectivamente. Esses agentes atuam nas pragas sem afetar polinizadores e organismos benéficos para o ecossistema.
Os impactos do manejo biológico são mensuráveis: maior porosidade do solo, retenção de água e nutrientes, menor erosão; menor dependência de fertilizantes e inseticidas sintéticos, diminuição na resistência de pragas; equilíbrio ecológico e estabilidade produtiva.
Entre as práticas sustentáveis que já fazem parte da rotina do agro brasileiro estão o uso de inoculantes e fungos benéficos, a rotação de culturas, a integração lavoura-pecuária-floresta (ILPF) e o manejo biológico de pragas e doenças. Práticas que estimulam a vida no solo e o equilíbrio natural no campo. “Os produtores que adotam manejo biológico investem em seu maior ativo que é a terra”, salienta Castro, acrescentando: “O manejo biológico não é uma tendência, é uma necessidade do planeta, e a agricultura pode e deve ser o caminho para a regeneração ambiental, para esse equilíbrio que buscamos e precisamos”.



