Suínos
Maior produtor de suínos do Nordeste projeta verticalização completa da atividade
Granja Xerez planeja expandir suas operações a partir de 2024, com a construção de uma nova unidade produtora, uma nova fábrica de ração e um abatedouro próprio.
Com um plantel de três mil matrizes, a Granja Xerez, localizada na Região Metropolitana de Fortaleza, CE, é considerada a maior produtora de suínos das regiões Norte e Nordeste do Brasil, com uma produção anual de cerca de 10 mil toneladas de carne suína. Fundada em 1991 por Allan Mororó Xerez Silva, o complexo possui um sítio de produção com três mil matrizes nas cidades de Maranguape e Caridade, distribuída em três Unidades Produtoras de Leitões (UPLs) e 12 granjas para crescimento e terminação. E também atua na avicultura de corte, com abate de 105 mil frangos por semana, duas fábricas para produção própria de ração e uma extrusora de soja. “As atividades da Granja Xerez começaram há 32 anos com frango de corte e há cerca de 22 anos adentramos na suinocultura. Apesar de vários núcleos de produção, atuamos em um sistema integrado de forma independente, sendo todas as granjas de um mesmo produtor”, menciona o médico-veterinário da Granja Xerez, Tiago Silva Andrade, que também é professor na Faculdade de Medicina Veterinária da Universidade Estadual do Ceará e doutor em Zootecnia.
A Granja Xerez utiliza as mais modernas tecnologias de produção, incluindo sistemas de alimentação automatizada, tecnologia de nutrição, construção de galpões com sistemas de pressão negativa, revestimento de telhas de cerâmica, pé direito elevado, arborização, controle de temperatura e umidade, monitoramento sanitário, tratamento da água e densidade de alojamento nas baias. “Conseguimos atenuar o calor gerado pelo sol com investimentos em ambiência, por outro lado, aqui não tem uma variação muito grande de temperatura, o que para a saúde dos animais é bastante importante”, pontua Andrade, acrescentando: “Posso afirmar que as nossas granjas tecnificadas não deixam nada a desejar para as granjas do Sul do país, porque as tecnologias chegam aqui também”.
De acordo o médico-veterinário, o Ceará oferece condições climáticas ideais para a criação de suínos, uma vez que apresenta uma temperatura estável ao longo de todo o ano, sem muitas variações térmicas. Das três UPLs, uma é totalmente climatizada com pressão negativa. Essa granja está localizada em um dos lugares mais quentes do Ceará, com temperatura média de 32ºC. “Com a pressão negativa conseguimos oferecer uma sensação térmica de 25º C para as 700 matrizes que estão alojadas, inclusive esta unidade foi reconhecida entre as 10 melhores do Brasil na categoria 501 a 1000 matrizes no Prêmio Melhores da Suinocultura Agriness, com índice de desmame fêmeas/ano superior a 35 e uma produção de mais de 235 quilos de leitões desmamados por fêmea/ano”, conta Andrade, orgulhoso.
Visando a sustentabilidade do negócio, os resíduos orgânicos são reaproveitados para produção de biofertilizantes e a geração de energia. “Atualmente usamos o biofertilizante nas propriedades da Granja Xerez, mas temos um projeto para comercializar esse produto futuramente”, adianta Andrade. “Hoje para você criar suínos tem que ser sustentável, porque é uma atividade que tem um potencial poluidor muito grande”, argumenta o profissional.
Escoamento da produção
Com uma produção média de 15.2 leitões nascidos vivos por fêmea, a granja comercializa aproximadamente 1,5 mil animais terminados por semana. Cerca de 90% desse total permanece na Região Metropolitana de Fortaleza, enquanto o restante é destinado a cidades do interior. O preço do quilo do suíno vivo, em setembro, variava entre R$ 8,50 e R$ 8,80. “Na Região Metropolitana de Fortaleza três abatedouros recebem nossos produtos. Por enquanto a Granja Xerez ainda não tem uma estrutura própria para abate”, expõe Andrade.
Atento às demandas do mercado, o médico-veterinário conta que a preferência dos consumidores cearenses é por animais com peso que varia entre 95kg e 105kg, mas a Granja Xerez identificou um nicho de mercado para trabalhar com animais mais pesados. “Em alguns mercados oferecemos animais com até 120kg, peso acima da média do Nordeste, estratégia que nos permitiu ampliar nossas vendas”, ressalta.
O profissional diz que um dos grandes diferenciais para os produtores cearenses está no valor de venda dos animais, que em média são comercializados entre R$ 1,50 a R$ 2 mais alto do que a média da Bolsa de Suínos do Estado de Minas Gerais (BSEMG). “Esse valor superior de venda nos permite enfrentar uma crise com maior resiliência em comparação aos produtores das regiões Sul e Sudeste do país, que enfrentaram dificuldades significativas nos últimos anos. Isso ocorre porque nossos preços de venda são mais altos, mesmo que nossos custos de produção sejam comparáveis aos de outras regiões do Brasil”, salienta.
Desafios
Entre os gargalos enfrentados pelos suinocultores cearenses, Andrade pontua que o principal deles é o custo com frete, o qual vem sendo superado com a safra expressiva de grãos na região do Matopiba – formada por regiões dos estados do Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia – que no ciclo 2022/23 produziu 35 milhões de toneladas, crescimento de 92% em comparação à temporada 2013/14, quando chegou a 18 milhões de toneladas.
De acordo com o estudo Projeções do Agronegócio, Brasil 2022/23 a 2032/33, divulgado recentemente pelo Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), o Matopiba deve produzir 48 milhões de toneladas, em uma área plantada de 11 milhões de hectares, nos próximos 10 anos. “Como os grãos vêm de fora do Estado, o custo com frete para os produtores do Nordeste é bem maior se comparado com o custo de produção da região Sul e Sudeste do país. Contudo, a produção em escala do Matopiba está aproximando os grãos do Ceará, fazendo com que os produtores reduzam seus custos com logística, o que está balizando um pouco nosso custo de produção”, afirma Andrade.
Por sua vez, a sanidade segue sendo um dos maiores desafios da suinocultura cearense que, com exceção da Bahia e de Sergipe, os demais estados nordestinos seguem com a Peste Suína Clássica (PSC) presente em suas criações. “Participei em 2019 do grupo de trabalho que desenvolveu o Plano Nacional de Erradicação da Peste Suína Clássica no Nordeste, cujo projeto piloto está em execução em Alagoas. Espero que essa campanha de vacinação seja viabilizada economicamente para que possa ser estendida para o restante dos estados nordestinos, de modo que daqui a oito ou dez anos possamos alcançar um status sanitário mais favorável, o que vai nos permitir competir em pé de igualdade com outras regiões do país e buscar a certificação de zona livre da PSC”, anseia.
Oportunidades
A maioria dos grãos utilizados para produção de ração são da região do Matopiba, especificamente do Maranhão e do Piauí. “O crescimento da produção de grãos nessa região, aliado à proximidade geográfica com o Ceará, nos permitiu reduzir significativamente nossos custos em comparação com o que era praticado há 15 ou 20 anos atrás”, menciona.
Andrade destaca que, em operação, a Ferrovia TransNordestina, cuja primeira fase está programada para ser concluída até 2027, ligará a nova fronteira agrícola brasileira – composta pelo Sul dos estados do Piauí e Maranhão, além do Norte do Tocantins e Oeste da Bahia –, aos portos do Pecém (Ceará) e Suape (Pernambuco), diminuindo os custos com fretes rodoviários para transportar os grãos. “Com sua operação em pleno funcionamento vamos poder transportar milho, farelo de soja e outros grãos por via férrea, o que vai resultar em uma redução adicional nos custos de frete”, afirma.
Andrade também vislumbra o mercado das exportações de carne suína nordestina em um futuro próximo, dado a proximidade do Porto do Pecém com a Europa e a África. “Mas, para isso, é necessário trabalharmos bem a sanidade nas granjas nordestinas”, salienta.
Com 54,6 milhões de habitantes, a população da região Nordeste é conhecida por sua preferência pelo consumo de produtos in natura, contudo a média de carne suína consumida pelos nordestinos varia entre oito e nove quilos, muito abaixo da média nacional, de 20,5 quilos per capita, de acordo com dados da Associação Brasileira dos Criadores de Suínos (ABCS). “Temos um grande mercado para ser explorado. Se conseguirmos melhorar o consumo interno no Nordeste vamos impulsionar um maior crescimento do nosso setor”, frisa Andrade.
Conforme o doutor em Zootecnia, o pontapé inicial para o desenvolvimento da suinocultura no Ceará foi dado com a produção em escala na região de Matopiba, aproximando a produção de grãos dos produtores cearenses. “Agora, estamos focados em otimizar a utilização da Transnordestina para reduzir ainda mais os custos de transporte para nos tornarmos mais competitivos. Além disso, se o Plano Nacional de Erradicação da PSC for bem-sucedido no Nordeste, estou certo de que essa região se tornará a nova fronteira pecuária e agrícola do Brasil”, exalta, enfatizando: “Temos todos os ingredientes para desenvolver melhor a suinocultura no Ceará e no Nordeste: tecnologia, disponibilidade de grãos, clima favorável e, em breve, teremos a infraestrutura logística necessária para tornar o transporte de grãos mais acessível e os portos para exportação mais eficientes. Vejo com grande otimismo o futuro da suinocultura nordestina nos próximos 10 anos”.
De acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o Ceará possui 1,2 milhão de suínos e 199,2 mil matrizes suínas. “Dentro do Ceará existem em torno de 70 a 80 granjas automatizadas, o restante é de subsistência, em sua grande maioria de pequenos produtores que abastecem o comércio local onde estão inseridos”, expõe.
Expansão
Vislumbrando esse potencial de mercado que a Granja Xerez planeja expandir suas operações. No início do próximo ano deve iniciar a construção de uma nova granja no município de Caridade, com capacidade para mil matrizes, ampliando seu plantel para quatro mil leitoas. “Essa nova unidade de produção será construída de acordo com as mais recentes regulamentações de bem-estar animal do Ministério da Agricultura, permitindo a implementação de gestação coletiva na granja. Temos ainda um tempo para nos adaptarmos em relação às outras granjas que ainda são em gaiola, mas já estamos estudando como vamos fazer essa transição para as baias de gestação coletiva”, frisa Andrade. “Com essa expansão acredito que vamos aumentar a nossa presença no interior do estado”, completa.
O médico-veterinário também adianta que está em fase de negociação com uma empresa de genética para que a nova unidade possa ser destinada para multiplicadores de rebanho. “Quem sabe em um futuro próximo, possivelmente de curto a médio prazo, vamos poder transformar a Granja Xerez em uma unidade de multiplicação genética. Isso vai depender do resultado das negociações, uma vez que o mercado de genética opera de forma distinta, com base na Bolsa de Minas, onde os preços diferem dos praticados no Ceará. No entanto, a perspectiva é que haja vantagens logísticas, já que a produção local será mais econômica, sendo beneficiada pelo fato de os animais já nascerem em um ambiente aclimatado. Caso a negociação para estabelecer a unidade de multiplicação no Ceará não se concretize, vamos expandir nosso plantel para quatro mil matrizes, mantendo a mesma genética que temos trabalhado por mais de duas décadas”, evidencia.
Andrade antecipa que também há planos para construir um abatedouro próprio e buscar a verticalização completa da atividade, atuando em todos os estágios da suinocultura, desde a produção na central de sêmen até a mesa do consumidor.
Fábrica própria de ração
A Granja Xerez possui duas fábricas de ração próprias, situadas a uma distância entre 30 e 40 km de suas granjas, além de contar com uma extrusora de soja. Em vista do projeto de expansão, uma nova unidade fabril de rações foi construída e a infraestrutura já está pronta, restando apenas a instalação dos maquinários para entrar em operação. “Optamos pela produção própria da ração por conta do custo, que é alto se formos comprar já pronta, sem dizer que com a nossa fábrica temos todo o processo de qualidade na nossa mão. Comprando os grãos e fazendo a nossa própria ração conseguimos fazer o controle de fabricação”, sustenta Andrade, destacando que a Xerez emprega em torno de 500 pessoas nas áreas administrativa, avicultura de corte, suinocultura, fábrica de ração, manutenção e construção civil.
Sem antibióticos
Andrade afirma que nas fases de crescimento e terminação dos animais não é usado nenhum tipo de antibiótico. “São três meses sem antibióticos na ração, só é usado em caso de necessidade via água, mas pela ração já estamos há algum tempo sem antibióticos na fase de crescimento e terminação. Para isso usamos produtos que beneficiem a saúde intestinal dos animais. Também trabalhamos muito forte a questão do vazio sanitário, em que é respeitado rigorosamente sete dias sem nenhum animal nas granjas de terminação. Conseguimos não usar antibiótico porque temos esse cuidado que vem desde a preparação das matrizes até o final do ciclo”, exalta.
“Temos todos os ingredientes para desenvolver melhor a suinocultura no Ceará e no Nordeste: tecnologia, disponibilidade de grãos, clima favorável e, em breve, teremos a infraestrutura logística necessária para tornar o transporte de grãos mais acessível e os portos para exportação mais eficientes”
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Importância do diagnóstico para controle de diarreia em leitões de maternidade
Ajuda a determinar a etiologia da diarreia, que pode variar desde infecções bacterianas, virais ou parasitárias, até problemas metabólicos ou nutricionais.
Artigo escrito por Lucas Avelino Rezende, consultor de Serviços Técnicos de suínos na Agroceres Multimix
Uma das causas mais frequentes de morte de leitões na maternidade, sem dúvidas, é a diarreia neonatal, que pode ser causada por diversos fatores, incluindo infecções bacterianas, virais ou parasitárias, bem como problemas nutricionais ou ambientais.
Por ser multifatorial, a simples presença de patógenos entéricos nem sempre é suficiente para produzir doença clínica. Diante disso, é importante saber que é necessário haver uma interação hospedeiro-ambiente-patógeno. Diferenças em práticas específicas de manejo e ambiente, bem como características do animal e do rebanho, podem influenciar muito o risco de ocorrência da doença.
Alguns fatores podem contribuir para o aumento na ocorrência da diarreia pré-desmame, como: leitões de baixo peso ao nascer, baixa temperatura ambiental levando ao estresse pelo frio, higiene ruim da gaiola de parição, ingestão de leite e colostro insuficientes e o número insuficiente de tetos para a prole.
As principais causas infecciosas de diarreia em leitões na maternidade no Brasil são as Clostridioses, Colibacilose, Rotaviroses e Coccidiose. Em alguns casos, a coinfecção de dois ou mais agentes podem estar presentes e agravar o caso de diarreia.
A sobrevivência de leitões é influenciada por vários fatores, incluindo ordem de nascimento, peso ao nascer, ingestão de colostro e níveis séricos de imunoglobulina G (IgG). Esses fatores interagem de maneiras complexas para determinar a suscetibilidade do leitão a doenças e a saúde geral.
Um importante ponto para entender a dinâmica do surgimento de diarreias na maternidade é a avaliação da ingestão de colostro pelos leitões, uma vez que é essencial para a imunidade passiva dos leitões recém-nascidos, já que não há transferência de imunoglobulinas e outros componentes da imunidade materna para os leitões via transplacentária.
De modo geral, granjas com baixo peso ao nascimento ou uma grande variabilidade do tamanho dos leitões nascidos são aquelas mais desafiadas com diarreias na maternidade, porque leitões com menor peso ao nascer podem ter dificuldade em consumir colostro suficiente, resultando em níveis mais baixos de IgG e maior suscetibilidade a infecções.
O diagnóstico clínico da causa da diarreia em leitões pode ser subjetivo e propenso a erros. Fatores como estresse, condições ambientais e outros problemas de saúde subjacentes podem ser muito semelhantes aos sintomas da diarreia. Para isso, devemos desenvolver critérios de diagnóstico mais objetivos para diarreia em leitões, como: monitorar os leitões desde o nascimento, permitindo a detecção precoce da doença, incorporar testes laboratoriais (por exemplo, consistência fecal, pH e níveis de eletrólitos), realizar necropsias e exames complementares a detecção viral ou bacteriana, como histopatologia e imuno-histoquímica.
Diagnóstico
Um diagnóstico preciso ajuda a determinar a etiologia da diarreia, que pode variar desde infecções bacterianas, virais ou parasitárias, até problemas metabólicos ou nutricionais. Um dos pilares para isso é a coleta adequada de amostras. Ela permite a identificação dos agentes etiológicos, avaliação da resposta imune e a monitorização da eficácia das terapias.
A escolha do tipo de amostra dependerá do agente etiológico suspeito e dos objetivos do exame. As amostras mais comuns incluem:
- Fezes: A coleta de fezes é o método mais simples e acessível. É importante coletar amostras frescas e representativas de diferentes animais do lote. Para suspeitas virais é importante coletar sempre de animais na fase aguda da doença, quando a eliminação viral é maior. Para casos de suspeita parasitária é importante associar o diagnostico com histopatologia, uma vez que a eliminação do Cystoisospora é intermitente.
- Sangue: A análise do sangue permite avaliar a resposta imune, a presença de anticorpos e detectar alterações bioquímicas.
- Conteúdo intestinal: A coleta do conteúdo intestinal é indicada para a identificação de patógenos que colonizam o intestino delgado ou grosso.
- Tecidos: A coleta de tecidos para histopatologia é parte fundamental e complementar as análises de cultivo bacteriano e detecção viral nas fazes ou conteúdo intestinal.
A coleta de amostras deve ser realizada de forma cuidadosa para evitar a contaminação e garantir a qualidade do material. Os recipientes utilizados para a coleta das amostras devem estar limpos e esterilizados para evitar a contaminação por outros microrganismos. De modo geral, é importante que as amostras sejam bem refrigeradas e nunca congeladas, uma vez que o processo de congelamento pode inviabilizar o cultivo bacteriano.
Após a coleta das amostras, diversos métodos podem ser utilizados para o diagnóstico, dentre eles cultura que possibilita a identificação e o isolamento de bactérias, PCR que detecta a presença de DNA ou RNA de vírus, bactérias com alta especificidade, sorologia para pesquisa de anticorpos contra os agentes infecciosos, indicando uma infecção prévia ou atual e a histopatologia que permite a avaliação de lesões histológicas e a identificação de agentes infecciosos em tecidos.
A histopatologia desempenha um papel crucial no diagnóstico preciso de doenças intestinais em leitões. Através da análise microscópica de tecidos, é possível identificar lesões características de diversas doenças, auxiliando na diferenciação entre condições infecciosas, inflamatórias, neoplásicas e degenerativas.
A escolha do método de coleta de amostra e do exame laboratorial dependerá do agente etiológico suspeito, da fase da doença e dos recursos disponíveis. A correta coleta e o transporte das amostras são essenciais para garantir a qualidade dos resultados.
A interpretação correta dos resultados dos exames laboratoriais é crucial para o diagnóstico preciso e o tratamento adequado da diarreia em leitões. Ela envolve a análise dos dados obtidos, a correlação com os sinais clínicos e a consideração de outros fatores, como a idade dos animais, as condições de manejo e a história epidemiológica do plantel.
Em resumo, o diagnóstico é uma ferramenta essencial no combate à diarreia em leitões de maternidade, uma vez que permite ações direcionadas e eficazes para controlar e prevenir a doença, garantindo a saúde e o bem-estar dos animais.
As referências bibliográficas estão com o autor. Contato: marketing.nutricao@agroceres.com.
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Suínos
Especialista evidencia importância de os profissionais da cadeia suinícola entenderem o que é sustentabilidade
Esses profissionais são fundamentais para a gestão do custo da indústria, pois a ração representa cerca de 70% do custo de produção.
Na suinocultura, a sustentabilidade se tornou um dos principais desafios enfrentados pelos profissionais do setor. O médico-veterinário José Francisco Miranda, especialista em Qualidade de Alimentos, destaca que a compreensão desse conceito é fundamental para que zootecnistas e veterinários contribuam efetivamente para a produção sustentável de suínos. “É preciso entender que a sustentabilidade não é custo, mas investimento”, afirma.
Ele ressalta que, ao longo dos últimos 15 anos, a discussão sobre práticas sustentáveis esteve frequentemente atrelada a um aumento nos custos, envolvendo ações como o plantio de árvores e a adequação da dieta dos animais. “Essas práticas eram vistas como um custo, o profissional precisa desmistificar essa visão. Na verdade, boas práticas de produção estão intimamente ligadas a resultados positivos”, explica.
Para Miranda, a eficiência na conversão alimentar é um exemplo claro de como sustentabilidade e produtividade caminham juntas. “Não existe produção com alta conversão alimentar que não seja sustentável. Os números de emissões são baixos quando a eficiência é alta”, ressalta.
Um ponto destacado pelo especialista é o papel dos zootecnistas e nutricionistas na cadeia produtiva. “Esses profissionais são fundamentais para a gestão do custo da indústria, pois a ração representa cerca de 70% do custo de produção. E cada vez mais eles terão um papel significativo na implantação da sustentabilidade dentro das empresas”, afirma.
O entendimento das análises de sustentabilidade e das tecnologias disponíveis é essencial. Miranda menciona, como exemplo, o uso de aditivos nutricionais, como a protease, que permite reduzir a quantidade de soja na ração. “Com isso, é possível diminuir a pegada de carbono em até 12%. No entanto, menos de 40% dos produtores no mundo utilizam essa tecnologia, o que revela uma falta de informação e confiança na eficácia desses produtos”, expõe.
Comunicação e conscientização
Para que as informações sobre sustentabilidade sejam disseminadas na suinocultura é fundamental que os profissionais comuniquem os benefícios dessas práticas não apenas entre si, mas também para a alta direção das empresas. “Os profissionais precisam trazer essa informação para a gestão, conscientes de que a sustentabilidade deve ser uma estratégia de crescimento, não apenas uma preocupação financeira”, destaca Miranda.
O especialista também ressalta a importância de uma colaboração entre academia, indústria e governo para facilitar a adoção de novas tecnologias. “Cada parte da cadeia produtiva deve contribuir para acelerar esse processo. É um esforço coletivo que envolve desde a produção até a comercialização”, enfatiza.
Compromisso do setor
Miranda acredita que o setor está comprometido com a adoção de práticas sustentáveis, embora reconheça a necessidade de discussão sobre o que é realmente necessário para essa transição. “As empresas entendem que a sustentabilidade traz benefícios não apenas para o planeta, mas também para sua própria lucratividade, mas é preciso acelerar a implementação destas práticas sustentáveis”, frisa,
Para se destacar neste cenário, Miranda enfatiza que os profissionais devem se aprofundar nas análises de sustentabilidade e na análise do ciclo de vida dos produtos. “Um bom profissional deve entender desde a produção do grão até o produto final que chega ao consumidor. Se ele se restringir a uma única área, pode perder de vista os benefícios que sua atuação pode trazer para toda a cadeia”, salienta.
A visão do especialista reforça que a sustentabilidade na suinocultura não é uma tendência passageira, mas uma necessidade imediata. “A adoção de práticas sustentáveis, aliada ao conhecimento técnico e científico, é fundamental para garantir um futuro mais responsável e eficiente para a indústria suinícola”, afirma.
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Suínos
Suinocultura teve ano de recuperação, mas cenário é de cautela
Conjuntura foi apresentada ao longo de reunião da Comissão Técnica de Suinocultura da Faep. Encontro também abordou segurança do trabalho em granjas de suínos.
Depois de dois anos difíceis, a suinocultura paranaense iniciou um período de recuperação em 2024. As perspectivas para o fim deste ano são positivas, mas os primeiros meses de 2025 vão exigir cautela dos produtores rurais, que devem ficar de olho em alguns pontos críticos. O cenário foi apresentado em reunião da Comissão Técnica (CT) de Suinocultura do Sistema Faep, realizada na última terça-feira (19). Os apontamentos foram feitos em palestra proferida por Rafael Ribeiro de Lima Filho, assessor técnico da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA). A mesma conjuntura consta do levantamento de custos de produção do Sistema Faep, que será publicado nos próximos dias.
O setor começou a se recuperar já em janeiro deste ano, com a retomada dos preços. Até novembro, o preço do suíno vivo no Paraná acumulou aumento de 54,4%, com a valorização se acentuando a partir de março. No atacado, o preço da carcaça especial também seguiu esse movimento. A recomposição ajudou o produtor a se refazer de um período em que a atividade trabalhou no vermelho.
Por outro lado, a valorização da carne suína também serve de alerta. Com o aumento de preços, os produtos da suinocultura perdem competitividade, principalmente em relação à carne de frango, que teve alta bem menor ao longo ano: o preço subiu 7,7%, entre janeiro e novembro. Com isso, a tendência é que o frango possa ganhar a preferência do consumidor, em razão dos preços mais vantajosos.
“Temos que nos atentar com a competitividade da carne suína em relação a outras proteínas. Com seus preços subindo bem menos, o frango se tornou mais competitividade. Isso é um ponto de atenção para a suinocultura, neste cenário”, assinalou Lima Filho.
Exportações
Com 381,6 mil matrizes, o Paraná mantém 18% do rebanho brasileiro de suínos. A produção nacional está em estabilidade nos últimos três anos, mas houve uma mudança no portifólio de exportações paranaenses. Com a recomposição de seus rebanhos, a China reduziu as importações de suínos. O país asiático – que chegou a ser o destino de 40% das vendas externas paranaenses em 2019 – vai fechar 2024 com a aquisição de 17% das exportações de suínos do Paraná.
Em contrapartida, os embarques para as Filipinas aumentaram e já respondem por 18% das vendas externas de carne suína do Estado. Entre os destinos crescentes, também aparece o Chile, como destino de 9% das exportações de produtos da suinocultura paranaense. Nesse cenário, o Paraná deve fechar o ano com um aumento de 9% no volume exportado em relação a 2023, atingindo 978 mil toneladas. Os preços, em compensação, estão 2,3% menores. “Apesar disso, as margens de preço começaram a melhorar no segundo semestre”, observou Lima Filho.
Perspectivas
Diante deste cenário, as perspectivas são positivas para este final de ano. O assessor técnico da CNA destaca fatores positivos, como o recebimento do 13º salário pelos trabalhadores, o período de férias e as festas de final de ano. Segundo Lima Filho, tudo isso provoca o aquecimento da economia e tende a aumentar o consumo de carne suína. “A demanda interna aquecida e as exportações em bons volumes devem manter os preços do suíno vivo e da carne sustentados no final deste ano, mantendo um momento positivo para o produtor”, observou o palestrante.
Para 2025, se espera um tímido crescimento de 1,2% no rebanho de suínos, com produção aumentando em 1,6%. As exportações devem crescer 3%, segundo as projeções. Apesar disso, por questões sazonais, os produtores podem esperar uma redução de consumo nos dois primeiros meses de 2025. “É um período em que as pessoas tendem a ter mais contas para pagar, como alguns impostos. Além disso, a maior concorrência da carne de frango pode impactar a demanda doméstica”, disse Lima Filho.
Além disso, o aumento nos preços registrados neste ano pode estimular o alojamento de suínos em 2025. Com isso, pode haver uma futura pressão nos preços nas granjas e nas indústrias. Ou seja, o produtor deve ficar de olho no possível aumento dos custos de produção, puxado principalmente pelo preço do milho, da mão de obra e da energia elétrica. “O cenário continua positivo para a exportação, mas o cenário para o ano que vem é de cautela. O produtor deve se planejar e traçar suas estratégias para essa conjuntura”, apontou o assessor da CNA.
Segurança do trabalho
Além disso, a reunião da CT de Suinocultura da FAEP também contou com uma palestra sobre segurança do trabalho em granjas de suínos. O engenheiro e segurança do trabalho e professor da Universidade Federal do Paraná (UFPR), Sandro Andrioli Bittencourt, abordou as Normas Regulamentadoras (NRs) que visam prevenir acidentes de trabalho e garantir a segurança e o bem-estar dos trabalhadores.
Entre as normativas detalhadas na apresentação estão a NR-31 (que estabelece as regras de segurança do trabalho no setor agropecuário), a NR-33 (que diz respeito aos espaços confinados, como silos, túneis e moegas) e a NR-35 (que versa sobre trabalho em altura). Em seu catálogo de cursos, o Sistema Faep dispõe de capacitações para cada uma dessas regulamentações.