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Livro registra resultados de 15 anos da Unidade de Referência Tecnológica em sistemas ILPF
Com o objetivo de gerar e validar tecnologias e sistemas integrados de produção agropecuária.

A Embrapa Milho e Sorgo lança um livro de registros de experiências e resultados alcançados durante os primeiros 15 anos de implantação do sistema de Integração Lavoura-Pecuária (ILP) e os primeiros 10 anos de trabalho com a Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF), em sua Unidade de Referência Tecnológica e de Pesquisa (URTP).
Nessa ótica, com o objetivo de gerar e validar tecnologias e sistemas integrados de produção agropecuária, a partir de 2005, foi implantado na área o sistema de Integração Lavoura-Pecuária de corte e, em 2009, foi instalado o sistema de Integração Lavoura-Pecuária-Floresta, ambos na Embrapa Milho e Sorgo, em Sete Lagoas-MG.
A publicação conta com 14 capítulos, mas não esgota o tema, pois se propõe a contribuir para o aprimoramento das estratégias em sistemas ILPF com vistas à ampliação de sua adequada adoção no Brasil. Os editores técnicos são pesquisadores da Embrapa Milho e Sorgo, Ramon Costa Alvarenga, Miguel Marques Gontijo Neto, Derli Prudente Santana, Márcia Cristina Teixeira da Silveira e Emerson Borghi.
Intitulada “Quinze anos de Integração Lavoura-Pecuária e dez anos de Integração Lavoura-Pecuária-Floresta na Embrapa Milho e Sorgo”, essa obra relata os principais resultados e estratégias de ILPF adaptados aos condicionantes local e regional. Os editores consideram que “os trabalhos configuram um passo importante para a evolução dos sistemas de produção agropecuária tradicionais. Assim, uma equipe multidisciplinar tem dedicado esforços para gerar informações nesses sistemas integrados de produção”.
Além de gerar informações básicas, a URTP é uma base para a realização de eventos-âncora de divulgação das tecnologias associadas ao sistema integrado para produtores, técnicos e estudantes, e para a capacitação técnica de multiplicadores públicos e de entidades privadas. O local também tem sido utilizado por profissionais para aprimoramento de conhecimentos técnico-científicos, gerenciais e mercadológicos, via trabalhos de pós-graduação com universidades parceiras.
“O que a Embrapa entrega com este livro são dados consolidados e validados na região. Os resultados demonstram alto impacto, com culturas integradas e em sistemas intensificados que, já na sua origem de instalação, eram extremamente disruptivos para os produtores locais. Nossos cientistas aplicaram e continuam aplicando a pesquisa e a inovação em referência tecnológica e conhecimento de ponta para produzir e transferir conhecimentos, tecnologias e novos sistemas produtivos resilientes, sustentáveis e com maior agregação de valor e renda aos produtores e indústrias”, comenta Sara Rios, chefe-adjunta de Transferência de Tecnologia da Embrapa Milho e Sorgo.
Frederico Durães, chefe-geral da Embrapa Milho e Sorgo, enfatiza as oportunidades de governança produtiva e mitigação de riscos, em tempos de uma nova bioeconomia, com estratégias de produtividade, uso e eficiência de fatores de produção, descarbonização e estabilidade e sustentabilidade de sistemas agropecuários.
“Com as estratégias metodológicas de Unidade de Referência Tecnológica e de Pesquisa (URTP) e com a exposição dos arranjos e dos resultados torna-se possível acompanhar as mudanças dos sistemas agrícolas para os sistemas intensificados de produção agropecuária sustentáveis.
A URTP ILP/ILPF da Embrapa Milho e Sorgo compõe uma rede de arranjos produtivos similares em Minas Gerais, cujas natureza e maturidade permitem explicar, com base em conhecimento técnico-científico e boas práticas agropecuárias, gerenciais e mercadológicas, as performances de eficiência produtiva e se prestam como eventos-âncora para aplicação e irradiação tecnológica e difusão de conhecimento, focando em adoção tecnológica e expansão produtiva com sustentabilidade”, comenta Durães.
Para ler e baixar a obra, clique aqui.

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Santa Catarina registra avanço simultâneo nas importações e exportações de milho em 2025
Volume importado sobe 31,5% e embarques aumentam 243%, refletindo demanda das cadeias produtivas e oportunidades geradas pela proximidade dos portos.

As importações de milho seguem em ritmo acelerado em Santa Catarina ao longo de 2025. De janeiro a outubro, o estado comprou mais de 349,1 mil toneladas, volume 31,5% superior ao do mesmo período do ano passado, segundo dados do Boletim Agropecuário de Santa Catarina, elaborado pela Epagri/Cepa com base no Comex Stat/MDIC. Em termos de valor, o milho importado movimentou US$ 59,74 milhões, alta de 23,5% frente ao acumulado de 2024. Toda a origem é atribuída ao Paraguai, principal fornecedor externo do cereal para o mercado catarinense.

Foto: Claudio Neves
A tendência de expansão no abastecimento externo se intensificou no segundo semestre. Em outubro, Santa Catarina importou mais de 63 mil toneladas, mantendo a curva ascendente registrada desde julho, quando os volumes mensais passaram consistentemente da casa das 50 mil toneladas. A Epagri/Cepa aponta que esse movimento deve avançar até novembro, período em que a demanda das agroindústrias de aves, suínos e bovinos segue aquecida.
Os dados mensais ilustram essa escalada. De outubro de 2024 a outubro de 2025, as importações variaram de mínimas próximas a 3,4 mil toneladas (março/25) a máximas superiores a 63 mil toneladas (setembro/25). Nesse intervalo, meses como junho, julho e agosto concentraram forte entrada do cereal, acompanhados de receitas que oscilaram entre US$ 7,4 milhões e US$ 11,2 milhões.
Exportações crescem apesar do déficit interno
Em um cenário aparentemente contraditório, o estado, que possui déficit anual estimado em 6 milhões de toneladas de milho para suprir seu grande parque agroindustrial, também ampliou as exportações do grão em 2025.
Até outubro, Santa Catarina embarcou 130,1 mil toneladas, um salto de 243,9% em relação ao mesmo período de 2024. O valor exportado também chamou atenção: US$ 30,71 milhões, alta de 282,33% na comparação anual.

Foto: Claudio Neves
Segundo a Epagri/Cepa, essa movimentação ocorre majoritariamente em regiões produtoras próximas aos portos catarinenses, onde os preços de exportação tornam-se mais competitivos que os do mercado interno, especialmente quando o câmbio favorece vendas externas ou quando há descompasso logístico entre oferta e demanda regional.
Essa dinâmica reforça um traço estrutural conhecido do agro catarinense: ao mesmo tempo em que é um dos maiores consumidores de milho do país, devido ao peso das cadeias de proteína animal, Santa Catarina não alcança autossuficiência e depende do cereal de outras regiões e países para abastecimento. A exportação pontual ocorre quando há excedentes regionais temporários, oportunidades comerciais ou vantagens logísticas.
Perspectivas
Com a entrada gradual da nova safra 2025/26 no estado e no Centro-Oeste brasileiro, a tendência é que os volumes importados se acomodem a partir do fim do ano. No entanto, o comportamento do câmbio, os preços internacionais e o resultado final da produção catarinense seguirão determinando a necessidade de compras externas — e, por outro lado, a competitividade das exportações.
Para a Epagri/Cepa, o quadro de 2025 reforça tanto a importância do milho como insumo estratégico para as cadeias de proteína animal quanto a vulnerabilidade decorrente da dependência externa e interestadual do cereal. Santa Catarina continua sendo um estado que importa para abastecer seu agro e exporta quando a lógica de mercado permite, um equilíbrio dinâmico que movimenta portos, indústrias e produtores ao longo de todo o ano.
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Brasil e Japão avançam em tratativas para ampliar comércio agro
Reunião entre Mapa e MAFF reforça pedido de auditoria japonesa para habilitar exportações de carne bovina e aprofunda cooperação técnica entre os países.

OMinistério da Agricultura e Pecuária (Mapa), representado pelo secretário de Comércio e Relações Internacionais, Luis Rua, realizou uma reunião bilateral com o vice-ministro internacional do Ministério da Agricultura, Pecuária e Florestas (MAFF), Osamu Kubota, para fortalecer a agenda comercial entre os países e aprofundar o diálogo sobre temas da relação bilateral.
No encontro, a delegação brasileira apresentou as principais prioridades do Brasil, incluindo temas regulatórios e iniciativas de cooperação, e reiterou o pedido para o agendamento da auditoria japonesa necessária para a abertura do mercado para exportação de carne bovina brasileira. O Mapa também destacou avanços recentes no diálogo e reforçou os pontos considerados estratégicos para ampliar o fluxo comercial e aprimorar mecanismos de parceria.
Os representantes japoneses compartilharam seus interesses e expectativas, demonstrando disposição para intensificar o diálogo técnico e buscar convergência nas agendas de interesse mútuo.
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Bioinsumos colocam agro brasileiro na liderança da transição sustentável
Soluções biológicas reposicionam o agronegócio como força estratégica na agenda climática global.

A sustentabilidade como a conhecemos já não é suficiente. A nova fronteira da produção agrícola tem nome e propósito: agricultura sustentável, um modelo que revitaliza o solo, amplia a biodiversidade e aumenta a captura de carbono. Em destaque nas discussões da COP30, o tema reposiciona o agronegócio como parte da solução, consolidando-se como uma das estratégias mais promissoras para recuperação de agro-ecossistemas, captura de carbono e mitigação das mudanças climáticas.

Thiago Castro, Gerente de P&D da Koppert Brasil participa de painel na AgriZone, durante a COP30: “A agricultura sustentável é, em sua essência, sobre restaurar a vida”
Atualmente, a agricultura e o uso da terra correspondem a 23% das emissões globais de gases do efeito, aproximadamente. Ao migrar para práticas sustentáveis, lavouras deixam de ser fontes de emissão e tornam-se sumidouros de carbono, “reservatórios” naturais que filtram o dióxido de carbono da atmosfera. “A agricultura sustentável é, em sua essência, sobre restaurar a vida. E não tem como falar em vida no solo sem falar em controle biológico”, afirma o PhD em Entomologia com ênfase em Controle Biológico, Thiago Castro.
Segudo ele, ao introduzir um inimigo natural para combater uma praga, devolvemos ao ecossistema uma peça que faltava. “Isso fortalece a teia biológica, melhora a estrutura do solo, aumenta a disponibilidade de nutrientes e reduz a necessidade de intervenções agressivas. É a própria natureza trabalhando a nosso favor”, ressalta.
As soluções biológicas para a agricultura incluem produtos à base de micro e macroorganismos e extratos vegetais, sendo biodefensivos (para controle de pragas e doenças), bioativadores (que auxiliam na nutrição e saúde das plantas) e bioestimulantes (que melhoram a disponibilidade de nutrientes no solo).
Maior mercado mundial de bioinsumos
O Brasil é protagonista nesse campo: cerca de 61% dos produtores fazem uso regular de insumos biológicos agrícolas, uma taxa quatro vezes maior que a média global. Para a safra de 2025/26, o setor projeta um crescimento de 13% na adoção dessas tecnologias.
A vespa Trichogramma galloi e o fungo Beauveria bassiana (Cepa Esalq PL 63) são exemplos de macro e microrganismos amplamente utilizados nas culturas de cana-de-açúcar, soja, milho e algodão, para o controle de lagartas e mosca-branca, respectivamente. Esses agentes atuam nas pragas sem afetar polinizadores e organismos benéficos para o ecossistema.
Os impactos do manejo biológico são mensuráveis: maior porosidade do solo, retenção de água e nutrientes, menor erosão; menor dependência de fertilizantes e inseticidas sintéticos, diminuição na resistência de pragas; equilíbrio ecológico e estabilidade produtiva.
Entre as práticas sustentáveis que já fazem parte da rotina do agro brasileiro estão o uso de inoculantes e fungos benéficos, a rotação de culturas, a integração lavoura-pecuária-floresta (ILPF) e o manejo biológico de pragas e doenças. Práticas que estimulam a vida no solo e o equilíbrio natural no campo. “Os produtores que adotam manejo biológico investem em seu maior ativo que é a terra”, salienta Castro, acrescentando: “O manejo biológico não é uma tendência, é uma necessidade do planeta, e a agricultura pode e deve ser o caminho para a regeneração ambiental, para esse equilíbrio que buscamos e precisamos”.



