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Linha do tempo com cultivares conta história da soja no Brasil durante Show Rural

Objetivo é mostrar a evolução deste grão, cujo início do plantio comercial no Brasil foi há 100 anos e também celebrar os 50 anos da Embrapa Soja.

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Foto: Carina Rufino

A soja é cultivada na China há mais de quatro mil anos. No Brasil, os primeiros plantios comerciais foram em 1924, no Rio Grande do Sul. Para contar a trajetória desse grão no Brasil, a Embrapa Soja selecionou 16 cultivares ícônicas, de diferentes épocas, para estar em exposição na Vitrine de Tecnologias da Embrapa no Show Rural Coopavel, a ser realizado de 10 a 14 de fevereiro, em Cascavel (PR). “O objetivo é mostrar a evolução deste grão, cujo início do plantio comercial no Brasil foi há 100 anos e também celebrar os 50 anos da Embrapa Soja, em 2025”, explica Alexandre Nepomuceno, chefe-geral da Embrapa Soja.

Foto: Divulgação/Sindiveg

Há quatro mil anos, a soja era uma planta selvagem, que crescia na costa leste da Ásia. Nesse período, a leguminosa foi domesticada pelos chineses, o que a torna uma das culturas agrícolas mais antigas do mundo. “A soja semeada atualmente tem a constituição genética da ancestral chinesa, mas ela é diferente tanto em aparência quanto em características morfológicas e de produção”, explica Nepomuceno.

De acordo com a publicação  A saga da soja: de 1050 a.C. a 2050 d.C, editada pela Embrapa Soja, a soja chegou ao Brasil pela Bahia, em 1882, quando foram realizados os primeiros testes com cultivares introduzidas dos Estados Unidos, mas não houve sucesso. Somente após chegar ao RS, em 1914, para testes, e a partir de 1924, em plantios comerciais, é que a soja apresentou adaptação. Porém, a soja obteve importância econômica somente na década de 1960. Até o final da década de 1970, os plantios comerciais de soja no mundo restringiam-se a regiões de climas temperados e sub-tropicais, cujas latitudes estavam próximas ou superiores aos 30º. “O produtor brasileiro tinha que usar as cultivares importadas dos Estados Unidos que eram adaptadas apenas para a região Sul do Brasil”, explica o pesquisador Carlos Arrabal Arias.

“Com as pesquisas da Embrapa, conseguimos romper essa barreira, desenvolvendo variedades adaptadas às condições tropicais com baixas latitudes, permitindo o cultivo da oleaginosa em todo o território brasileiro”, conta Arias. Segundo o pesquisador, a primeira cultivar brasileira para o Brasil Central foi a Doko, lançada em 1980. “Depois desse lançamento, o programa de melhoramento genético de soja continuou gerando novas cultivares com alto rendimento, com sanidade elevada e adaptadas às regiões do Brasil”, explica Arias.

Desde a introdução experimental da soja no Brasil, foram desenvolvidas diversas cultivares, sempre buscando incremento de produtividade, adaptabilidade e resistência a doenças. A Embrapa Soja teve participação ativa nessa evolução, tanto que em 50 anos a instituição desenvolveu cerca de 440 cultivares de soja.  A Embrapa vem desenvolvendo cultivares de diferentes plataformas tecnológicas: tanto soja convencional com resistência a várias pragas e doenças, quanto soja geneticamente modificada resistente a insetos e herbicidas.

Fotos: Jaelson Lucas

Para tornar o Brasil o maior produtor mundial de soja – com 147,35 milhões de toneladas, na safra 2023/2024 – foi preciso muita ciência e dedicação para adaptar esse grão para o cultivo em região tropical. “A soja é a alavanca do agronegócio e da economia brasileira e isso foi possível, graças aos diversos atores que compõem a cadeia produtiva da soja – cientistas, técnicos e produtores –  e que fizeram um trabalho de excelência”, destaca Nepomuceno.

Linha do tempo da soja

Logo na entrada da Vitrine, o visitante poderá ver a soja selvagem (que é perene), e a ancestral “mais próxima” da soja (Glycine soja), cujo ciclo é anual. Além destas, também estarão em exposição algumas cultivares de Glycine max (soja cultivada). Dentre elas, a cultivar Amarela Comum (introduzida dos Estados Unidos, e também conhecida como Amarela do Rio Grande). “Essa soja foi semeada a partir do início dos anos 1920 até o início da década de 1960, e foi fundamental para o estabelecimento e a expansão do cultivo da soja”, explica a pesquisadora Mônica Zavaglia.

Outro exemplar em demonstração é a cultivar Pelicano, introduzida dos Estados Unidos na década de 1950, que se adaptou no Brasil e foi semeada até meados de 1960. Ainda na década de 1960, Monica cita a Bragg, uma das cultivares que mais contribuiu para a produção de soja nos estados do Sul e em São Paulo. E também a cultivar Davis, que devido à resistência às doenças mancha-olho-de-rã e podridão parda da haste perdurou por vários anos e deu origem a outras cultivares. “Finalmente, em 1966, temos o lançamento da primeira cultivar de soja genuinamente brasileira de importância comercial, que é a cultivar Santa Rosa. Ela é considerada uma das cultivares mais importantes de todos os tempos, destacando-se em várias décadas”, relata a pesquisadora.

Foto: Geraldo Bubniak

Na década de 1970, Monica destaca além da cultivar Santa Rosa, a cultivar Paraná, em virtude da sua arquitetura de plantas e precocidade para a época. Na década de 1980, a Embrapa Soja desenvolve a BR-16, cujos cruzamentos realizados no campo experimental em Londrina (PR), tem em sua genealogia associada à cultivar Davis. “A BR-16 foi um sucesso desde seu lançamento até início dos anos 2000, devido à boa resistência às doenças podridão parda da haste e ao cancro-da-haste e à ampla adaptação, sendo recomendada do Rio Grande do Sul até Minas Gerais”, conta Mônica.

De acordo com a pesquisadora, a década de 1990 foi marcada pela busca por qualidade fisiológica de sementes, resistência à doenças e precocidade. Com estas características, destacaram-se as cultivares Embrapa 48 e BRS 133. “Essas cultivares contribuíram muito para a sojicultura nacional, por possuírem resistência à pústula bacteriana, mancha olho-de-rã e cancro-da-haste. O cancro foi identificado pela primeira vez no Brasil, em 1989, causando perdas de 80% a 100%. A doença foi responsável por retirar do mercado diversas cultivares suscetíveis”, relembra.

A partir dos anos 2000, tem início uma nova geração de cultivares, com a introdução dos transgênicos (soja com resistência a herbicidas), e ainda pela busca de ciclo e porte de planta que viabilizassem a semeadura do milho 2ª safra e qualidade nutricional. “Nesta fase, destacamos a cultivar BRS 232, com resistência ao nematoide de galhas, alto teor de proteína e elevado potencial de rendimento. Também ressaltamos a cultivar BRS 284, de tipo de crescimento indeterminado (novidade para a época), arquitetura diferenciada de plantas, ampla adaptação (recomendada para os estados de Santa Catarina, Paraná, São Paulo, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Goiás e Minas Gerais), semeada até os dias atuais” conta.

Na década de 2010, a pesquisadora diz que características como resistência à ferrugem asiática da soja, a tolerância a percevejos, a precocidade, o tipo de crescimento indeterminado e a introdução da “segunda geração” de transgênicos (combinação de resistência a herbicidas e tolerância a lagartas) são destaque nas cultivares. Para compor essa década, está em demonstração a cultivar convencional BRS 511 com a tecnologia Shield® (resistência à ferrugem asiática da soja). E ainda a cultivar transgênica BRS 1003IPRO com resistência a herbicidas e tolerância a lagartas e também tolerância a percevejos (tecnologia Block®).

Foto: Danilo Estevão

Nos anos 2020, o destaque é a BRS 1064IPRO, uma cultivar da “segunda geração” de transgênicos, com ampla adaptação (Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, São Paulo, Mato Grosso do Sul, Goiás e Minas Gerais). “Esta cultivar tem ainda estabilidade de produção, o que permite semeadura antecipada e encaixa no sistema em sucessão/rotação da 2ª safra, além de moderada resistência ao nematoide de galhas (M. javanica) e resistente à raça 3 de nematoiide de cisto, tipo de crescimento indeterminado e elevado potencial de produção”, ressalta Mônica.

Coleção com 65 mil tipos soja

As sementes das 16 cultivares de soja, selecionados para compor a Vitrine da Embrapa no Show Rural, fazem parte do Banco Ativo de Germoplasma (BAG), uma coleção de aproximadamente 65 mil acessos (tipos de soja) introduzidos da coleção dos Estados Unidos e de outros países da África, Europa, Ásia, Oriente Médio e Oceania. “O BAG, mantido pela Embrapa, é responsável por guardar a variabilidade genética da soja. Quanto mais acessos diferentes e caracterizados, melhor é a utilização nos programas de melhoramento para desenvolvimento de novas variedades,” esclarece o pesquisador Marcelo Fernandes.

O BAG conta com 21 tipos de soja selvagem (a maioria originária da Austrália) e com cerca de 3 mil acessos de Glycine soja – ancestral da soja cultivada – proveniente da China, e que foi domesticada há mais de quatro mil anos. A evolução da soja se deu a partir da Glycine soja, que foi domesticada e melhorada na China antiga. Tambem compõe o BAG uma coleção com quase todas as cultivares já lançadas comercialmente no Brasil.

Ao contrário da soja semeada atualmente, que é originária da China, a soja selvagem ainda é pouco conhecida, mas possui características que poderão influenciar o futuro dos programas de melhoramento, avalia Fernandes. De acordo com o pesquisador, muitas das sementes selvagens são similares a grãos de mostarda. As plantas são trepadeiras como o feijão e têm folhas redondas e estreitas, ou seja, muito diferentes da soja cultivada atualmente.

Foto: Felipe Rosa

Criado em 1976, o BAG da Embrapa passou por diversas ampliações e hoje é o segundo maior banco de sementes de soja do mundo. No caso da Embrapa, o acesso a essas características foi determinante para modernizar completamente a genética das cultivares BRS. “A Embrapa vem trabalhando em diferentes plataformas tecnológicas para atender às diferentes necessidades do produtor como precocidade, tipo de crescimento indeterminado, reação a novas doenças, alto potencial produtivo da soja, entre outras características”, conta.

Papel da pesquisa

A Embrapa Soja foi criada, em 1975, com o propósito de desenvolver tecnologias que viabilizassem a produção de soja no Brasil. Foi além, tornou-se referência mundial em pesquisa dessa oleaginosa para regiões tropicais. Os pesquisadores desenvolveram tecnologias customizadas para as condições de solo e clima do Cerrado e de outras regiões brasileiras.

Além do desenvolvimento de novas cultivares, a Embrapa e seus parceiros criaram um sistema de produção de soja tropical. Isso inclui recuperação/manutenção da fertilidade do solo, técnicas de manejo da cultura, controle de plantas daninhas e pragas e doenças, melhoria da qualidade das sementes, entre outras. Esse conjunto de tecnologias tem permitido a sustentabilidade agrícola da cultura da soja no Brasil.

Para demonstrar a evolução das cultivares de soja no Brasil, a Embrapa criou uma linha do tempo com diferentes cultivares de soja que contam a história do grão em sua Vitrine de Tecnologias no Show Rural. No quadro abaixo, estão as cultivares da Embrapa que fizeram e fazem a história da soja na região Centro-Sul do Brasil.

Soja: da semente ancestral às cultivares modernas

Fonte: Assessoria Embrapa Soja

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Baixa adoção de sementes certificadas liga sinal vermelho no trigo do Rio Grande do Sul

Avanço genético das cultivares não chega ao campo e compromete o desempenho de mais da metade das áreas plantadas.

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Foto: Cleverson Beje

O Rio Grande do Sul é o maior produtor de trigo do Brasil, responde por quase metade da produção nacional. São milhares de famílias envolvidas em um ciclo que inicia no plantio e termina na mesa das famílias brasileiras, passando pelo melhoramento genético, produtores de sementes, agricultores, moinhos, indústrias alimentícias e o comércio. Segundo estimativas de mercado da StoneX, a safra brasileira 2025/26 deve alcançar 7,5 milhões de toneladas, impulsionada principalmente pelo desempenho do Rio Grande do Sul.

Só no Rio Grande do Sul, a produção deve superar 3,7 milhões de toneladas, com produtividade média próxima de 3.261 kg/ha e área estimada de 1,14 milhão de hectares, segundo levantamento da Emater/RS-Ascar. “O agricultor diante das adversidades climáticas da safra de verão, precisou definir com cautela em quais culturas investir no inverno”, salienta Arthur Machado, Desenvolvedor de Mercado da Associação dos Produtores de Sementes e Mudas do Rio Grande do Sul (Apassul). Para ele, o trigo deveria ser uma aposta atrativa, impulsionada pelas cultivares mais produtivas, de alta qualidade industrial e com maior tolerância a doenças, fruto de anos de aprimoramento genético feito no RS.

No entanto, o que deveria ser um motivo de orgulho vem acompanhado de preocupação. Segundo estimativas da APASSUL, a taxa de uso de sementes certificadas caiu para o menor patamar dos últimos anos, chegando em 48%, considerando a safra gaúcha atual. Isso significa que mais da metade das áreas de trigo no Estado ainda são semeadas com sementes salvas ou de origem desconhecida, um cenário que compromete a qualidade, a rastreabilidade, a segurança alimentar e a padronização exigida pela indústria. Em outras palavras, de cada 10 hectares cultivados, apenas 4,8 utilizam sementes certificadas, o que impacta diretamente o desempenho das lavouras e a reputação do trigo gaúcho.

Evolução Genética: um salto que não pode ser desperdiçado

Nos últimos anos, o avanço genético das cultivares de trigo foi impressionante. As novas variedades apresentam maior resistência a doenças, estabilidade produtiva e melhor perfil industrial, adequando-se a todas às exigências previstas pelos rigorosos controles industriais. “A semente é o início de tudo. Sem ela, não há genética, produtividade, qualidade industrial ou segurança alimentar. O que está em jogo é o futuro do trigo gaúcho e a credibilidade de toda a cadeia produtiva”, pondera Arthur Machado.

Desde a safra de 2013, o uso de sementes certificadas manteve-se acima de 60%, reflexo dos avanços do melhoramento genético que proporcionaram o desenvolvimento de cultivares com maior potencial produtivo e melhor qualidade industrial. Esse salto tecnológico proporcionou retorno econômico mais consistente e ganhos de sustentabilidade para muitos triticultores do Estado, ampliando a competitividade do trigo gaúcho no mercado nacional. “Mas diante do cenário produtivo geral é preciso que um número maior de produtores invista em sementes de alta qualidade, para que a produção de trigo do RS seja – realmente – maior e melhor”, salienta o Pedro Basso, CEO da SCV e Conselheiro para Trigo e Soja da Apassul.

Segundo dados da Embrapa Trigo, por exemplo, há programas contínuos de pesquisa e desenvolvimento em novas cultivares e manejos. Contudo, todo esse potencial depende de uma base sólida. “O uso insuficiente de sementes certificadas impede que esse salto tecnológico chegue ao campo de forma consistente”, afirma Giovani Faé, agrônomo e pesquisador da Embrapa Trigo de Passo Fundo/RS. Na prática, segundo ele, sementes salvas ou de origem incerta rompem a rastreabilidade do sistema “Por isso, não faz sentido o que alguns produtores fazem, agindo apenas por um ganho momentâneo, quando escolhem sementes sem origem certificada e de baixa qualidade, sem pensar em toda a cadeia produtiva que é prejudicada”, pondera Faé.

A cadeia do trigo é uma das mais integradas e estratégicas do agronegócio brasileiro. Ela tem papel fundamental na segurança alimentar do país – pois impacta diretamente grande parte da indústria de alimentos. A Cadeia do Trigo gera valor em cada elo. “Os obtentores e multiplicadores de sementes asseguram a pureza genética e a rastreabilidade; o agricultor planta o futuro, investindo em tecnologia e na sustentabilidade do sistema de plantio direto; os moinhos transformam o grão em farinha padronizada e de alta qualidade; e a indústria alimentícia converte esse insumo em emprego, renda e alimento”, explica Arthur Machado. A demanda do mercado interno fez com que a indústria moageira intensificasse as importações, isto porque o Brasil não produz, ainda, o trigo suficiente para suprir a demanda interna. Segundo a Secex/Cepea, até maio de 2025 o Brasil já havia importado 3,092 milhões de toneladas de trigo, o maior volume em 24 anos. Além disso, dados oficiais trazidos pelo analista de mercado da Embrapa Trigo, Alvaro Dossa, mostram que o Brasil gastou mais de US$ 11,3 bilhões na compra (líquida) de trigo nos últimos 10 anos.

Um alerta e uma oportunidade

O trigo gaúcho vive um momento decisivo. Este é um alerta que a Apassul vem fazendo. A redução no uso de sementes certificadas, somada à entrada de produtos substitutivos em uma mesma área de cultivo, aliado às pressões de custo, falta de crédito e às instabilidades climáticas, acendem um alerta sobre o futuro da cultura no país. “Se o produtor não investe em sementes de qualidade certificada, não há como garantir a produtividade”, afirma Márcio Só e Silva, CEO da Semevinea Genética Avançada. Mas, em cada desafio, segundo a Apassul, há também uma oportunidade. O agricultor que escolhe a semente certificada não está apenas produzindo mais, está garantindo rastreabilidade, inovação e segurança para sua lavoura e para toda a sociedade. “O trigo produzido a partir de sementes certificadas e manejado de forma adequada contribui para o sequestro de carbono. Ou seja, é um produto que impacta positivamente toda a cadeia de forma sustentável. Este é um grande ativo, que parece não estar sendo percebido como merece pelo mercado e por uma parcela dos produtores infelizmente”, pondera Giovani Faé, da Embrapa Trigo. Para ele, apesar dos grandes desafios que o produto brasileiro sofre quando sai da porteira para fora, como o pesado valor logístico, por exemplo, ainda assim, o produtor que investe em sementes com genética superior associado a um manejo que cuida do solo, ele consegue obter ganhos que valem a pena. “O Rio Grande do Sul tem potencial de aumentar em mais de 40% hoje sua produção de trigo de alta qualidade e gerando retorno ao produtor. Mas não há mágica, o produtor tem que fazer a sua parte usando sementes com procedência e genética garantida”, afirma Faé.

E como funciona o financiamento para que a pesquisa continue? É preciso que o produtor entenda a lógica para manter o ciclo do aprimoramento genético em constante evolução na cadeia do trigo, pois o investimento em desenvolvimento genético é vital. Dessa forma, o valor do royalty de germoplasma faz parte dessa equação gira em torno de R$ 11 a R$ 12 por saca de 40 kg, o que equivale, em média, a cerca de R$ 0,30 por kg. “É difícil determinar com precisão quanto desse montante é reinvestido, especificamente, em pesquisa e desenvolvimento para o trigo, mas estima-se que empresas do setor destinem, em média, cerca de 20% do faturamento em P&D, parcela que sustenta programas de melhoramento genético e inovação”, podera o desenvolvedor de mercado da Apassul, Arthur Machado.

Fonte: Assessoria Apassul
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Lista preliminar de espécies exóticas gera preocupação no campo

Produtores apontam riscos para cadeias como tilápia, pirarucu, frutas e florestas plantadas se cultivos tradicionais forem classificados como invasores.

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Foto: Shutterstock

A lista de espécies exóticas elaborada pela Comissão Nacional da Biodiversidade (Conabio), vinculada ao Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA), foi tema de intenso debate nesta quarta-feira (10) na Comissão de Agricultura e Reforma Agrária (CRA) do Senado. Após atuação da Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA) e de entidades do setor produtivo, o governo anunciou a suspensão temporária do processo de elaboração do documento.

João Paulo Capobianco, ministro substituto do Meio Ambiente, representou a pasta na audiência em lugar da ministra Marina Silva, inicialmente convidada para esclarecer pontos críticos da resolução. Diante da ausência da ministra, os senadores aprovaram novo requerimento de convocação, apresentado pelo senador Jorge Seif (PL-SC), também responsável por propor a realização da audiência.

Seif reforçou as críticas à falta de diálogo e de transparência do Executivo. “O governo avançou com uma lista dessa magnitude sem transparência e sem diálogo mínimo com quem será diretamente afetado. O setor produtivo ficou sabendo depois, quando o impacto já estava colocado na mesa”, afirmou. O senador também alertou para riscos econômicos e jurídicos: “A inclusão de espécies como tilápia, pirarucu, mangueira, jaqueira, goiabeira e eucalipto criaria um ambiente de completa insegurança jurídica. Isso afetaria licenciamento ambiental, acesso a crédito e certificações sanitárias.”

Senador Zequinha Marinho: “Isso comprometeria a competitividade do Brasil no mercado internacional”

O presidente da CRA, senador Zequinha Marinho (Podemos-PA), compartilhou a preocupação, ressaltando que classificar espécies de alto valor produtivo, como a tilápia, como invasoras criaria entraves para financiamento, licenciamento e exportações. “Isso comprometeria a competitividade do Brasil no mercado internacional”, afirmou.

O senador Jaime Bagattoli (PL-RO) lembrou que cultivos como pinus e eucalipto foram incentivados pelo antigo IBDF desde a década de 1960 justamente para impulsionar economias regionais. Ele destacou que “essas espécies não avançaram sobre áreas nativas e hoje sustentam cadeias industriais inteiras, com ciclos produtivos mais curtos que os europeus”. Para ele, considerar essas culturas prejudiciais traria impacto desproporcional sobre estados do Sul.

Senador Jaime Bagattoli: “Essas espécies não avançaram sobre áreas nativas e hoje sustentam cadeias industriais inteiras, com ciclos produtivos mais curtos que os europeus”

Bagattoli também chamou atenção para diferenças agroclimáticas que impedem generalizações. “Manga, castanheira e mogno não se desenvolvem no Sul, assim como espécies amazônicas como pirarucu e tambaqui não se adaptam ao frio. A simples classificação como ‘invasora’ não reflete a realidade produtiva do país”, afirmou.

O senador Luis Carlos Heinze (PP-RS) reforçou o impacto na piscicultura, lembrando que a tilápia diversificou economias regionais e impulsionou renda de pequenos produtores. “Somos o quarto maior produtor de tilápia do mundo e podemos chegar ao primeiro lugar. Uma restrição mal formulada prejudica um setor que emprega, gera renda e funciona muito bem”, disse. Heinze também alertou para riscos de repercussão internacional: “Essa lista pode nos colocar em uma lista negra ambiental. Nenhum país preserva como o Brasil, e precisamos que a política ambiental reconheça isso.”

Capobianco afirmou que a elaboração da lista atende a compromissos assumidos pelo Brasil na COP 15, dentro da meta 6 do Acordo Kunming-Montreal, voltada à redução da introdução de espécies exóticas invasoras até 2030. Ele disse que o intuito é identificar espécies mais agressivas e dialogar com os setores produtivos para mitigar impactos sem inviabilizar a produção. Bráulio Dias, diretor do Departamento de Conservação da Biodiversidade do MMA, esclareceu que a meta se refere à introdução de novas espécies invasoras, não às já consolidadas no país.

Além de espécies da piscicultura como tilápia, tambaqui, pirarucu e camarão-branco, responsáveis por mais de 840 mil toneladas anuais e por mais de 1 milhão de empregos diretos e indiretos, a lista preliminar também inclui culturas tradicionais da fruticultura, como mangueira, goiabeira e jaqueira. No setor de silvicultura, aparecem eucalipto, pinus taeda e pinus caribaea, base da cadeia de papel e celulose e da produção de madeira de reflorestamento.

O debate deve prosseguir no Senado, com a expectativa de que o MMA apresente critérios mais claros, respaldo técnico sólido e diálogo real com o setor produtivo, garantindo proteção à biodiversidade sem comprometer atividades econômicas estratégicas para o país.

Fonte: Assessoria FPA
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Coopavel celebra 55 anos de protagonismo no desenvolvimento agroindustrial

Cooperativa marca mais de meio século de expansão produtiva, fortalecimento regional e contribuição decisiva ao crescimento do agro paranaense.

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Sede da Coopavel, em Cascavel: atualmente, são oito mil funcionários na estrutura da cooperativa - Foto: Coopavel

A Coopavel Cooperativa Agroindustrial comemora na próxima segunda-feira (15), os seus 55 anos de fundação. Uma das mais antigas do Paraná e atualmente uma das 20 maiores do Brasil, a Coopavel historicamente dá inúmeras contribuições ao processo de desenvolvimento agropecuário de Cascavel e dos municípios nos quais atua no Oeste e Sudoeste do Estado.

“Nossa cooperativa é moldada pelos princípios da cooperação, do planejamento, do trabalho e da visão de compartilhamento de oportunidades e prosperidade”, comenta o presidente do Conselho de Administração Dilvo Grolli. Uma missa, às 17h da segunda-feira, 15, no complexo industrial, vai reunir cooperados, diretores e funcionários para agradecer a trajetória de trabalho, realizações e sucesso da Coopavel.

Atualmente com 8,2 mil cooperados e oito mil funcionários, a Coopavel é uma força transformadora em atuação em 21 municípios do Oeste e Sudoeste do Paraná. “Ficamos felizes de contribuir para o fortalecimento do campo, à produção de alimentos e por levar desenvolvimento a tantas comunidades. A Coopavel é uma imensa família alicerçada no trabalho, respeito e valorização das capacidades humanas”, comenta Dilvo, estimando o faturamento da cooperativa em 2025 na casa dos R$ 6 bilhões.

História

A Coopavel foi oficialmente criada em 15 de dezembro de 1970 por um grupo de 42 produtores rurais. Eles buscavam o apoio do cooperativismo para deixar a desfavorável política de preços de grandes empresas nacionais e multinacionais e criar um modelo no qual todos decidem sobre seu futuro e o crescimento da atividade rural. A cooperativa expandiu suas fronteiras e atualmente atua em 18 áreas agroindustriais, o que faz dela uma das mais diversificadas em atuação no Paraná, considerado o estado no qual o cooperativismo está mais aprimorado e fortalecido no País.

Fonte: Assessoria Coopavel
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