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Lideranças discutem prioridades da Suinocultura durante Câmara Setorial do MAPA
ABCS reforçou as propostas do setor ao PAP e também a importância de combater e erradicar a PSC na Zona não Livre

A Associação Brasileira de Criadores de Suínos (ABCS) participou, na quinta-feira (04) da segunda reunião online da Câmara Setorial de Aves e Suínos do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA). Na oportunidade a diretora técnica da entidade, Charli Ludtke, apresentou as propostas de melhorias relativas ao crédito rural para o Plano Agrícola e Pecuário (PAP) 2021/2022 com o foco na suinocultura nacional. Entre as prioridades do pleito, Ludtke reforçou a necessidade de reativação da linha de crédito de custeio para a retenção de matrizes suínas, adequação das linhas de créditos aos produtores, com taxas de juros reduzidas e a complementação da norma relativa à linha de crédito do programa INOVAGRO.
“A suinocultura nacional passa por grandes mudanças, por isso é essencial que neste PAP sejam incluídos o acesso ao crédito para investimento com o foco em melhoria nas fábricas de ração na alimentação animal e também a adequação dos valores dos financiamentos individuais e coletivos que envolvam bem-estar animal. Os pleitos da ABCS visam fomentar a produção de suínos no Brasil, tanto para consumo interno como para exportação” – destacou a diretora.
Após a explanação, o diretor do departamento de estudos e prospecção e representante do MAPA na Casa Civil para debater as questões causadas pela crise no setor agropecuário devido a Covid-19, Luís Rangel ponderou que a demanda está no “radar” da pasta. O pleito da suinocultura é legítimo e estamos trabalhando para tentar atender o setor”. Ainda na Câmara, o servidor destacou a importância de manter a cadeia alimentar funcionando e entender os entraves de cada segmento, nesse período de crise.
Outro tema trazido no encontro e que é prioridade para a ABCS é o Plano Estratégico Brasil Livre de Peste Suína Clássica (PSC). O diretor do Departamento de Saúde Animal (DSA) da pasta, Geraldo Moraes, explicou que já foram encontrados 69 focos na Zona Não Livre (ZnL), nos estados do Ceará, Piauí e Alagoas e que foram sacrificados mais de 7 mil animais. Moraes finalizou dizendo que até o momento não foram encontrados mais casos da doença.
A diretora da ABCS reforçou a necessidade do MAPA atuar em conjunto com os estados da ZnL para combater e erradicar a doença. “Apesar de não ter nenhum foco, nossa preocupação é porque sabemos que há a circulação viral na Zona Não Livre e por isso a necessidade de trabalharmos em conjunto a vacinação nos estados, mobilizando-os sobre a importância dela”. Charli destacou ainda que a ABCS foi designada como um dos membros da Equipe Gestora Nacional do Plano Estratégico Brasil Livre de Peste Suína Clássica, por meio da Portaria 178, de 2 de junho de 2020 do MAPA. “Vamos trabalhar juntos, iniciativa privada e governo. Pensar e construir soluções, pois com a pandemia acabamos concentrando esforço para resolver a crise gerada pela Covid-19, mas PSC é um tema extremamente relevante e é uma prioridade da cadeia suinícola”. Ficou encaminhado que o DSA vai informar em breve a próxima reunião do Grupo Gestor de PSC.
Ainda na pauta da Câmara foram tratados pleitos como a redução de antimicrobianos na avicultura e suinocultura, abate de machos inteiros pré-púberes e também as medidas de segurança que as plantas frigoríficas estão tomando para evitar o contágio dos colaboradores pela Covid-19. O presidente da Câmara, eleito na última reunião, Ricardo Santim, da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), reforçou que o encontro é uma oportunidade de construir subsídios ao MAPA e criar políticas públicas em conjunto com a pasta.

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Santa Catarina registra avanço simultâneo nas importações e exportações de milho em 2025
Volume importado sobe 31,5% e embarques aumentam 243%, refletindo demanda das cadeias produtivas e oportunidades geradas pela proximidade dos portos.

As importações de milho seguem em ritmo acelerado em Santa Catarina ao longo de 2025. De janeiro a outubro, o estado comprou mais de 349,1 mil toneladas, volume 31,5% superior ao do mesmo período do ano passado, segundo dados do Boletim Agropecuário de Santa Catarina, elaborado pela Epagri/Cepa com base no Comex Stat/MDIC. Em termos de valor, o milho importado movimentou US$ 59,74 milhões, alta de 23,5% frente ao acumulado de 2024. Toda a origem é atribuída ao Paraguai, principal fornecedor externo do cereal para o mercado catarinense.

Foto: Claudio Neves
A tendência de expansão no abastecimento externo se intensificou no segundo semestre. Em outubro, Santa Catarina importou mais de 63 mil toneladas, mantendo a curva ascendente registrada desde julho, quando os volumes mensais passaram consistentemente da casa das 50 mil toneladas. A Epagri/Cepa aponta que esse movimento deve avançar até novembro, período em que a demanda das agroindústrias de aves, suínos e bovinos segue aquecida.
Os dados mensais ilustram essa escalada. De outubro de 2024 a outubro de 2025, as importações variaram de mínimas próximas a 3,4 mil toneladas (março/25) a máximas superiores a 63 mil toneladas (setembro/25). Nesse intervalo, meses como junho, julho e agosto concentraram forte entrada do cereal, acompanhados de receitas que oscilaram entre US$ 7,4 milhões e US$ 11,2 milhões.
Exportações crescem apesar do déficit interno
Em um cenário aparentemente contraditório, o estado, que possui déficit anual estimado em 6 milhões de toneladas de milho para suprir seu grande parque agroindustrial, também ampliou as exportações do grão em 2025.
Até outubro, Santa Catarina embarcou 130,1 mil toneladas, um salto de 243,9% em relação ao mesmo período de 2024. O valor exportado também chamou atenção: US$ 30,71 milhões, alta de 282,33% na comparação anual.

Foto: Claudio Neves
Segundo a Epagri/Cepa, essa movimentação ocorre majoritariamente em regiões produtoras próximas aos portos catarinenses, onde os preços de exportação tornam-se mais competitivos que os do mercado interno, especialmente quando o câmbio favorece vendas externas ou quando há descompasso logístico entre oferta e demanda regional.
Essa dinâmica reforça um traço estrutural conhecido do agro catarinense: ao mesmo tempo em que é um dos maiores consumidores de milho do país, devido ao peso das cadeias de proteína animal, Santa Catarina não alcança autossuficiência e depende do cereal de outras regiões e países para abastecimento. A exportação pontual ocorre quando há excedentes regionais temporários, oportunidades comerciais ou vantagens logísticas.
Perspectivas
Com a entrada gradual da nova safra 2025/26 no estado e no Centro-Oeste brasileiro, a tendência é que os volumes importados se acomodem a partir do fim do ano. No entanto, o comportamento do câmbio, os preços internacionais e o resultado final da produção catarinense seguirão determinando a necessidade de compras externas — e, por outro lado, a competitividade das exportações.
Para a Epagri/Cepa, o quadro de 2025 reforça tanto a importância do milho como insumo estratégico para as cadeias de proteína animal quanto a vulnerabilidade decorrente da dependência externa e interestadual do cereal. Santa Catarina continua sendo um estado que importa para abastecer seu agro e exporta quando a lógica de mercado permite, um equilíbrio dinâmico que movimenta portos, indústrias e produtores ao longo de todo o ano.
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Brasil e Japão avançam em tratativas para ampliar comércio agro
Reunião entre Mapa e MAFF reforça pedido de auditoria japonesa para habilitar exportações de carne bovina e aprofunda cooperação técnica entre os países.

OMinistério da Agricultura e Pecuária (Mapa), representado pelo secretário de Comércio e Relações Internacionais, Luis Rua, realizou uma reunião bilateral com o vice-ministro internacional do Ministério da Agricultura, Pecuária e Florestas (MAFF), Osamu Kubota, para fortalecer a agenda comercial entre os países e aprofundar o diálogo sobre temas da relação bilateral.
No encontro, a delegação brasileira apresentou as principais prioridades do Brasil, incluindo temas regulatórios e iniciativas de cooperação, e reiterou o pedido para o agendamento da auditoria japonesa necessária para a abertura do mercado para exportação de carne bovina brasileira. O Mapa também destacou avanços recentes no diálogo e reforçou os pontos considerados estratégicos para ampliar o fluxo comercial e aprimorar mecanismos de parceria.
Os representantes japoneses compartilharam seus interesses e expectativas, demonstrando disposição para intensificar o diálogo técnico e buscar convergência nas agendas de interesse mútuo.
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Bioinsumos colocam agro brasileiro na liderança da transição sustentável
Soluções biológicas reposicionam o agronegócio como força estratégica na agenda climática global.

A sustentabilidade como a conhecemos já não é suficiente. A nova fronteira da produção agrícola tem nome e propósito: agricultura sustentável, um modelo que revitaliza o solo, amplia a biodiversidade e aumenta a captura de carbono. Em destaque nas discussões da COP30, o tema reposiciona o agronegócio como parte da solução, consolidando-se como uma das estratégias mais promissoras para recuperação de agro-ecossistemas, captura de carbono e mitigação das mudanças climáticas.

Thiago Castro, Gerente de P&D da Koppert Brasil participa de painel na AgriZone, durante a COP30: “A agricultura sustentável é, em sua essência, sobre restaurar a vida”
Atualmente, a agricultura e o uso da terra correspondem a 23% das emissões globais de gases do efeito, aproximadamente. Ao migrar para práticas sustentáveis, lavouras deixam de ser fontes de emissão e tornam-se sumidouros de carbono, “reservatórios” naturais que filtram o dióxido de carbono da atmosfera. “A agricultura sustentável é, em sua essência, sobre restaurar a vida. E não tem como falar em vida no solo sem falar em controle biológico”, afirma o PhD em Entomologia com ênfase em Controle Biológico, Thiago Castro.
Segudo ele, ao introduzir um inimigo natural para combater uma praga, devolvemos ao ecossistema uma peça que faltava. “Isso fortalece a teia biológica, melhora a estrutura do solo, aumenta a disponibilidade de nutrientes e reduz a necessidade de intervenções agressivas. É a própria natureza trabalhando a nosso favor”, ressalta.
As soluções biológicas para a agricultura incluem produtos à base de micro e macroorganismos e extratos vegetais, sendo biodefensivos (para controle de pragas e doenças), bioativadores (que auxiliam na nutrição e saúde das plantas) e bioestimulantes (que melhoram a disponibilidade de nutrientes no solo).
Maior mercado mundial de bioinsumos
O Brasil é protagonista nesse campo: cerca de 61% dos produtores fazem uso regular de insumos biológicos agrícolas, uma taxa quatro vezes maior que a média global. Para a safra de 2025/26, o setor projeta um crescimento de 13% na adoção dessas tecnologias.
A vespa Trichogramma galloi e o fungo Beauveria bassiana (Cepa Esalq PL 63) são exemplos de macro e microrganismos amplamente utilizados nas culturas de cana-de-açúcar, soja, milho e algodão, para o controle de lagartas e mosca-branca, respectivamente. Esses agentes atuam nas pragas sem afetar polinizadores e organismos benéficos para o ecossistema.
Os impactos do manejo biológico são mensuráveis: maior porosidade do solo, retenção de água e nutrientes, menor erosão; menor dependência de fertilizantes e inseticidas sintéticos, diminuição na resistência de pragas; equilíbrio ecológico e estabilidade produtiva.
Entre as práticas sustentáveis que já fazem parte da rotina do agro brasileiro estão o uso de inoculantes e fungos benéficos, a rotação de culturas, a integração lavoura-pecuária-floresta (ILPF) e o manejo biológico de pragas e doenças. Práticas que estimulam a vida no solo e o equilíbrio natural no campo. “Os produtores que adotam manejo biológico investem em seu maior ativo que é a terra”, salienta Castro, acrescentando: “O manejo biológico não é uma tendência, é uma necessidade do planeta, e a agricultura pode e deve ser o caminho para a regeneração ambiental, para esse equilíbrio que buscamos e precisamos”.



